Júlio
Quando eu acordei, Zeca ainda estava ao meu lado, deitado, digitando no celular. Sem camisa, suado e não muito odoroso, mas o seu ar de virilidade, seu corpo moreno e bem definido para um rapaz de dezoito anos me excitavam ao extremo, independente se estava perfumado ou não. Percebendo que eu havia acordado, Zeca bloqueou o celular e colocou em cima da cômoda ao lado da minha cama e me deu um beijo nos lábios.
- Dormiu bem, bela adormecida?
- Acho que sim. E não sou bela adormecida. – resmunguei. Eu poderia ser gay, mas não gostava que me relacionassem nada ao sexo feminino. Olhei no relógio e meu coração teve um salto. Passava das sete horas da noite. Pelo horário, minha mãe e meu padrasto já deviam ter chegado. Foi como se Zeca tivesse lido meus pensamentos.
- Calma, garoto. – ele se pôs em cima de mim e me beijou no pescoço. – Tia Ivana e tio Mario já chegaram há meia hora. – e me beijou outra vez – Estão no quarto, caídos de porres.
- Como você sabe? – perguntei, preocupado.
- Porque eles bateram aqui e perguntaram por você. Eu fingi um ronco e eles devem ter imaginado que você estava dormindo. Deram até boa noite e disseram que o veriam amanhã de manhã.
Apesar da confiança de Zeca, minha preocupação não cessou. Até que me lembrei de um detalhe importante. Olhei para o corpo dele. Estava sem camisa. Verifiquei o chão do meu quarto e não havia camisa nenhuma jogada. E ele não foi para a minha casa com o corpo desnudo.
- Você estava de camiseta, não estava? – perguntei, subitamente.
- Estava. – respondeu, beijando meu peito.
- E cadê?
- Acho que está lá fora. – e ele me olhou espantado, como se tivesse levado um beliscão. Levantou-se da cama um pouco sério e totalmente sem roupa. Ele vestia com agilidade sua cueca e depois a bermuda, e pude perceber melhor sua bundinha arrebitada. Na verdade, de “bundinha” não tinha nada. Eu poderia ter sentido o maior tesão em vê-la se não fosse pelo receio da camisa. Antes de entrarmos no quarto, Zeca a jogou no chão da sala e lá ficou.
Cuidadosamente, Zeca destrancou a porta do meu quarto e saiu. Ficou fora por apenas um minuto e depois entrou com a camisa no ombro. A cor era preta e eu nem havia notado até então.
- Está aqui a camisa. Ela estava jogada, próxima do sofá. Você está sossegado agora?
- Estou.
Zeca jogou a camiseta na minha cara e eu senti cheiro ainda forte de roupa passada e o mesmo perfume que ele usava, já que ele pouco a usou não teve tempo de receber o suor do seu corpo. Zeca se jogou sobre mim e tirou todo o cobertor. Meu corpo foi beijado por ele e logo meu pênis se espertou e a boca de Zeca o encontrou, e sem aviso prévio começou a chupá-lo. Minha pica não era tão grande e nem tão grossa quando a dele, mas ainda assim ele a chupou com gosto. Passou a língua pela cabeça, cuspiu em cima e o enfiou todo na boca. Senti todo o gosto azedo dessa chupada quando ele me beijou a boca.
- Como é que pode um garotinho de dezesseis anos ser tão gostoso? – ele perguntou, beijando-me no rosto.
- Você que é. Um cara forte e gostoso desse transando comigo. Eu tenho muita sorte. – elogiei-o e ele voltou a me chupar, e não falei mais nada. Apenas senti o gosto da boca dele na minha pica por uns bons minutos. Eu segurava firme na cama e no travesseiro para não gozar. O medo, no entanto, me invadiu subitamente. Mario ou minha mãe poderiam acordar a qualquer momento, logo Zeca e eu estaríamos ferrados. Zeca percebeu meu temor, parou de me chupar e me vestiu novamente.
Um outro beijo nos lábios eu recebi e Zeca se levantou, perguntando:
- Acho melhor eu ir, não é?
- Também acho.
Zeca vestiu sua camisa preta e eu também me vestia. Já totalmente cobertos de roupa, perguntei:
- Você não tem medo?
- De quê?
- Disso tudo. De alguém descobrir?
- Ninguém vai descobrir. Acredite em mim. – disse, com uma piscadela. Destranquei a porta, mas antes de abri-la o beijei e perguntei quando íamos nos ver de novo:
- Eu te ligo. Não te preocupa.
- Tudo bem.
- Acho que vai ser na minha casa, mas eu confirmo.
Abri a porta e silenciosamente nós saímos do quarto. Por sorte, não havia ninguém na sala e fora de casa. Os vizinhos não estavam fofocando pelo lado de fora. Entrei e fui ao banheiro, eu precisa de um banho bem tomado e de um proveitoso descanso. Aquela transa me deixou extremamente cansado e minha bundinha ainda estava dolorida. Mas não me arrependi de absolutamente nada.
Perdi minha virgindade com Zeca, o sobrinho do meu padrasto. Todos pensavam que ele era o maior garanhão da família, e não estavam realmente errados. Quando eu o conheci, havia um mês, ele estava ficando com uma garota e sua irmã, Suzana, me contou que ele levava em casa uma ficante nova por semana; e isso acontecia desde os seus quinze anos. A beleza, pelo que eu vi em algumas fotos antigas, já era presente desde essa fase, porém a partir do dia que ele fora aprovado no vestibular para Educação Física e passou a frequentar academia e se tornou um rapaz mais atraente do que já era.
Foi justamente numa noite em que minha mãe, Mario e eu, após outra tarde de bebedeira, tivemos que dormir na casa dele, onde o irmão de meu padrasto, o Moca, morava. Mamãe foi dormir no quarto de Suzana e Mario, que já estava num estágio avançado de embriaguez numa rede, e eu no quarto de Zeca. Eu ainda estava acordado, deitado em um colchão ao lado da cama dele, quando vi Zeca nu em pelo trocando de roupa. Fiquei fascinado com o seu corpo sarado e moreno e ele percebeu na hora que eu não tirava os olhos dele. Assanhado, apenas de cueca e deitando ao meu lado no colchão, ele sussurrou no meu ouvido:
- Tio Mario enche o saco de você dizendo que você é gay. Isso é mentira?
- É sim.
- Que pena. – lamentou, pondo a mão nas minhas pernas. – Porque se fosse verdade, a gente poderia brincar um pouco.
- Mas é mentira. Porque eu também gosto de garotas. – eu disse, no ouvido dele. Zeca me devolveu com um sorriso safado.
Havia muitos caras bonitos na minha classe e em toda a minha escola; poucos na vizinhança e quase nenhum parente, já que nossa família não era tão grande. Mas nunca me passou pela cabeça que eu pudesse ter a chance de ficar com um dos mais gostosos que eu já vira. Tenho quase certeza que Zeca só deu atenção a mim quando ouviu Mario me chamar de veadinho na frente dele, pois ele já me conhecia havia um certo tempo. E a forma de como ele foi até meu colchão se insinuando me confirmou o que eu pensava. Ainda assim, eu jamais poderia supor que o meu primeiro beijo com outra pessoa do mesmo sexo que eu seria com o sobrinho do meu padrasto, o rapaz que tinha a fama de pegar todas as meninas mais gatas. O risco de alguém descobrir tudo naquela noite era fatal, mas eu não podia perder essa oportunidade.
Uma ideia, contudo, me surgiu. Aquilo tudo poderia ser uma armadilha. Zeca e Mario deveriam estar armando um jeito de provar que eu sou realmente gay. Eu não iria cair dessa brincadeira deles.
- Na verdade, eu só gosto de garotas. – corrigi-me, tentando me fazer de heterossexual, algo que eu não me considerava, pois eu sentia atração sexual por garotos e achava que isso não era um sinônimo de masculinidade.
Zeca ficou confuso com a minha informação e insistiu:
- Vou estar lá fora, caso você realmente queira. – e saiu do quarto.
O cara poderia ter um corpo sarado e ser muito charmoso, mas eu resistiria. Até porque aquilo tudo não passava de um plano entre ele e Mario para terem certeza de que eu era gay e eu servir de chacota. Se dependesse de mim, Zeca dormiria na sala, porém eu não iria ao encontro dele. O problema era que não dependia de mim, mas de meu desejo e de minha curiosidade. Era agora ou nunca. E com a desculpa de que eu iria ao banheiro para urinar, saí do quarto.
A sala, porém, estava vazia. Fui, então, ao banheiro, pois, de fato, eu estava com vontade de fazer xixi. “A minha mãe vai ficar decepcionada”, latejava na minha cabeça. Mas a carne era fraca. Fraquíssima.
- Eu sabia que você viria. – Zeca sorria, enquanto lavava o rosto.
- Eu quero fazer xixi. Você vai demorar muito? – perguntei, como se não me importasse nem um pouco com a presença dele ali. Zeca nem me deu ouvidos.
- Entra aqui. – secando o rosto com uma toalha, mas não me movi. E vendo que eu não dei um passo, Zeca me puxou pelo braço e me colocou para dentro do banheiro, que era espaçoso o suficiente para caber nós dois. A atitude dele era sugestiva, tanto para quem preparara uma armadilha para mim ou para quem queria me traçar. O medo pulsava em mim.
Mas preferi não agir.
- Me larga. – pedi, sem muita vontade.
- Sei que é isso que você quer. – e trancou a porta do banheiro. O corpo másculo dele me deixou trêmulo. Notando meu nervosismo, ele perguntou:
- Você nunca beijou um cara antes, estou certo?
- Está.
- E você está louco pra me beijar. Estou certo?
Mudo por alguns segundos. Foda-se.
- Estou.
Zeca me puxou e me beijou. Os lábios de um homem são diferentes dos lábios das mulheres em vários sentidos, mas não sei dizer exatamente que diferenças são essas. São beijos mais viris, mais sórdidos, e ao mesmo tempo mais prazerosos e deliciosos. Eu saboreei sua saliva, cada gota que eu podia, e senti seus lábios levemente carnudos nos meus, frios, com um gosto peculiar do sexo masculino. Um tipo de beijo que eu não conseguia largar e muito menos acreditar que estava acontecendo.
Quando Zeca me soltou, eu implorei:
- Por favor, nunca conte isso a ninguém. Muito menos ao Mario, senão eu tô ferrado.
- Não contarei. Mas só com uma condição.
- Qual?
Zeca baixou o short e a cueca e eu puder ver uma pica grossa e dura. Eu já havia visto filmes pornôs antes, então não era novidade ver um homem bonito como aquele sem roupa. Mas na minha frente e com o pênis ereto era a primeira vez. Eu sabia o que ele esperava de mim. Abaixei-me com muita calma e ele me fez sentar na privada. Aquela coisa na minha frente com a cabeça descoberta: era a primeira vez que eu iria chupar um pau. A ansiedade era intensa. E quando o coloquei na boca eu pude comprovar: era úmido, um pouco azedo, mas saboroso, e até melhor que o beijo.
Minha boca degolava aquela pica, e Zeca me fez a seguinte pergunta:
- Gostosa, né?
A resposta que dei foi balançando a cabeça afirmativamente.
- Você quer continuar chupando?
Larguei a pica e disse que sim.
- Então não para e a gente vai continuar se encontrando para você beijar todo o meu corpo. Você quer?
- Quero.
As nossas duas primeiras provas foram Geografia e Física e elas estavam boas, nada complicadas, ao menos para mim e até mesmo para Thomaz. Ele e eu quase não nos vimos, apenas com aceno de cabeça antes da prova. No dia seguinte nós teríamos Matemática e História e mesmo que a primeira não fosse a minha favorita, nem de longe, eu não estava tão preocupado. Ele saiu antes de mim e eu nem pude falar com ele.
Cheguei em casa e me deparei com Mario esquentando o almoço. Não era muito comum ele estar em casa naquele horário, próximo do meio-dia. Três ou quatro da tarde, essa era a hora em que ele geralmente chegava. E como sempre eu fazia quando o via, entrei, fingi que ele não estava li, passei pelo corredor e fui direto para o meu quarto. A porta se abriu e Mario me olhou desconfiado.
- Então, tenho uma perguntinha.
- Faça. – deixando a mochila na cama.
- Ontem, quando chegamos da casa do meu irmão, sua mãe e eu vimos uma camiseta jogada no chão da sala.
Tentei disfarçar meu nervosismo. Era de se esperar que essa pergunta viesse à tona. E eu estava ferrado. Fodido. Eu estava fodido. Mas eu tinha que tentar manter a calma.
- De quem era aquela camiseta? – perguntou, com a cara amarrada, aproximando-se de mim.
- Que camiseta?
- Olha aqui, seu veadinho. – Mario veio para cima de mim e me pegou pelo braço com veracidade. – Eu até aceito que você dê esse cuzinho para aquele seu amiguinho ou seja lá pra quem for. Mas não traga ninguém aqui para a casa da sua mãe. Não faça essa vergonha pra ela e nem pra mim. Entendeu?
- Não, não entendi. Não sei do que você tá falando. – insisti, e ele apertou meu braço com mais força.
- De quem é aquela camiseta preta? DE QUEM É? QUEM VOCÊ TROUXE PRA CÁ?
- Ah, aquela camiseta preta? – fingindo me lembrar da tal camiseta.
- SIM. DE QUEM ERA? ERA DO SEU AMIGUINHO THOMAZ?
- Não. Era do seu sobrinho Zeca.