No dia seguinte, logo após o café da manhã e depois de bater um papo com Ester e Nara, peguei o meu celular e liguei para Júlio. Eu estava preocupado com a mãe dele, por tê-lo feito voltar pra casa tão cedo. Meu amigo me contou algo que quase me fez derramar meu último gole de café: uma amiga da amiga de tia Ivana, do hospital, a enviara várias fotos de Mario através do whatsApp. Ele estava acompanhado de um outro homem, em um bar gay de Luz dos Olhos, aos beijos. Júlio reconheceu na hora sendo Horário, mas emitiu esse fato à mãe. O desespero dela foi imenso, mas não conseguia entrar em contato com o Mario. Aparentemente, ele a bloqueou do aplicativo e desligou o celular. Ela não dormiu nada a noite toda.
- Caramba, cara. E ai? Você disse o que a ela? – perguntei, na sacada do apartamento. Caio ainda dormia no meu quarto.
- Consolei, né? Mas não contei que eu já sabia de tudo. O problema é que o filho da puta do Mario não atende a merda do celular!
- Sinto muito pela sua mãe. De verdade...
- Eu também, mas era de se esperar que isso acontecesse... Mas... Cara... Júlio, meio hesitante. – Tenho uma coisa pra conversar contigo. Posso ir aí na tua casa agora?
- Pode. Vou só tomar um banho e te espero.
- Me espera na praça do conjunto. Não quero demorar.
- Você tá quase tão sério quanto naquela vez que me disse...
- Eu sei... Até depois.
Preocupei-me com o tom de voz de Júlio e eu suspeitava que algo iria sobrar pra mim. Peguei minha toalha e fui ao banheiro. Fiquei por quase dois minutos de olhando em frente ao espelho. O dia anterior foi um tanto curioso: à tarde, eu beijei três pessoas diferentes, Lígia, Júlio e Noely e à noite recebi um súbito beijo de Caio e se dependesse dele, sabe-se lá o que ainda rolaria. No entanto, não soubemos o que teria rolado porque eu fiquei desconfortável de ter o rosto de Júlio martelando na minha mente, e esse pensamento novamente me perseguia no banho. E até eu sair do quarto, já arrumado para encontrar com Júlio, quando ouvi a voz sonolenta do nerd tarado do Caio:
- Vai encontrar seu amiguinho?
- Vou.
- Boa sorte. – e voltou a dormir. Meu relógio marcava quase nove e meia.
Júlio demorou pelo menos uns vinte minutos para chegar no conjunto e ao aparecer, ganhei um dos abraços mais longos, porém mais vazios de meu melhor amigo. Talvez não vazio, mas penoso, tristonho. Eu podia sentir num abraço. Os olhos dele estavam ainda mais tristes.
- Me diz, o que tá havendo?
- Você já deve saber. – e sentamos num banco. O sol estava fraco, assim como o tom de voz de Júlio.
- E o que seria?
- Vou ser direto. Thomaz, desde aquela nossa conversa de ontem e de tudo o que vem acontecido nesses últimos meses... Eu tô confuso, cara. Confuso mesmo. E tenho a impressão de que você também está.
- Tô sim, mas continue falando.
- Cara, eu já transei com o Zeca, e já transei com o Zeca e com o Regis ao mesmo tempo. Foi algo gostoso, com muito tesão, mas é diferente de quando... Eu simplesmente te beijo. – disparou, lacrimejante.
- E a Roberta?
- Eu gosto da Roberta, da companhia dela, mas não é mesma coisa. Vejo ela como uma amiga, sem nenhuma malícia. Agora, você... Eu vejo com malícia, com doçura, com carinho, com saudade... Eu me lembro de quando a gente não ficava e de hoje em dia... Cara, é diferente em tudo. Não é o mesmo sentimento, de jeito nenhum. E eu tenho certeza absoluta que com você não é muito diferente porque você já me disse isso ontem mesmo. Acontece que... A gente prometeu que não ia se apaixonar um pelo outro, mas acho que tá um pouco difícil. Eu tô confuso, mano.
- Eu também tô. Percebi isso ontem, na verdade.
- Uma hora a gente ia confundir tudo, não tem jeito. Mas você mesmo disse que quer ter novas experiências, com outros garotas e garotas. Eu não. Não me vejo mais fazendo o que eu fazia com o Zeca.
- Tá, mas...
- E você não tem medo de enfrentar a vida. Eu tenho. Se a minha mãe sabe disso tudo, eu tô ferrado. A sua não, é mais liberal, e mesmo o seu pai não sendo, você enfrentaria os dois, e isso é uma grande diferença entre nós dois...
- Júlio... – eu tentei tocá-lo, mas ele se desvencilhou.
- Acho melhor a gente se distanciar, ao menos por um tempo.
- Não podemos nos distanciar, cara. Nós somos melhores amigos!
- Não é só isso, você sabe muito bem. Essa história de amizade colorida não vai dar certo. Não somos não maduros ou racionais para não confundir as coisas. E eu tô confundindo e... Antes que eu comece a sofrer por tudo isso... – Júlio se levantou. Notei que caiu uma lágrima dos olhos dele. – Acho melhor a gente parar de se ver.
Não resisti e o abracei. Ele também não conteve as lágrimas.
- Cara, a tua amizade é importante demais pra mim. A tua presença, o teu abraço, as nossas conversas... Eu não quero ficar longe de ti, do meu melhor amigo, do meu loirinho, de jeito nenhum. Não quero. Não quero!
Beijei-o no rosto, e ele não retribuiu. Doeu muito.
O sol desaparecia. As nuvens se acinzentavam. Estava tudo tão cinza. Tudo tão triste.
Júlio me soltou.
- Não tô dizendo que eu nunca mais vou te ver. Não é isso. Mas quero sim, ficar um tempo longe de ti. Senão... A gente vai confundir mais e vai destruir de vez essa amizade de anos... É melhor acabar com esse colorido da amizade, do que acabar com amizade por inteira.
- Colorido? Pra mim vai ficar tudo tão preto e branco. – lastimei.
- Pra mim também, mas é melhor preto e branco do que sem cor alguma.
- O ruim é que você nem me deixou falar. – tentei a palavra.
- Você também tá confuso. Nós somos apenas dois garotos, sem maturidade, experiência de vida, não vamos dar conta de nada. Não temos voz pra enfrentar nada ainda. Por favor, Thomaz, se você realmente gosta de mim como diz ou pensa que gosta, vamos ficar longe um do outro.
- Tá... Se você quer assim. Eu não concordo. Te apoio, mas não concordo.
- Obrigado.
- Isso é um adeus? – perguntei, secando uma lágrima.
- Sim.
- Não, não. Não se diz “adeus” aos amigos. E eu não vou dizer “adeus” a você.
O céu não estava mais cinza. Perdeu a cor.
Nem o bom humor de Ester, a alegria japonesa de Nara, a tagarelice de Caio, o jeito descontraído e despojado de Dionizio, a comida deliciosa de Fabiola, a presença de meus pais em casa com mais frequência, os (poucos) beijos de Lígia, que passava mais tempo saindo com Dino do que comigo; a brabeza de Ingrid, o som do violão de Gésio ou as altas conversas que eu tinha com Noely pelo whatsApp. Nada isso mais me distraía e eles percebiam. Todos percebiam. Todos perguntaram por que Júlio não aparecia mais em casa e eu apenas disse que tivemos uma discussão e decidimos ficar um tempo sem manter contato, mas não estávamos com raiva um do outro. De um lado eu sentia o olhar desconfiado de Caio e do outro, de Dio. Mas como eu não dava abertura para conversar com nenhum deles, ninguém tocava no assunto.
Estranhamente, Ingrid me enviara uma mensagem de texto:
“Preciso falar com você, primo. É assunto do seu interesse”.
Porém, eu não tinha vontade alguma de falar com ninguém e sobre assunto algum. Dionizio tentou me arrastar por várias vezes para sair com ele para a casa de Al, com Tali ou de outros amigos. Ester e Nara praticamente me chantagearam a ir com elas ao shopping e comprar os presentes de Natal das pessoas de casa. Comprei malmente os dos meus pais com o pouco dinheiro que eu tinha. Até Caio persistia em alguma atividade para me alegrar, mas os eventos nerds me entediavam mais ainda. Até que, no dia 23 de dezembro, antes de eu sair para me encontrar com Lígia, fui chamado por meus pais no quarto deles.
- Conte pra gente, por favor, o que tá havendo, filho. – pedia mamãe, infeliz.
- Thomaz, nunca te vimos tão pra baixo. – disse meu pai.
- Está tudo bem, sério. – mentia.
- Não, não está. Fui eu quem te deu à luz. Te conheço mais que ninguém nesse mundo. Eu sei que você não tá bem! – mamãe, agoniada.
- Mãe... Não se preocupem. De verdade.
- Nenhuma mãe fica tranquilo quando vê um filho desse jeito.
- Pai também não fica. – acresceu meu pai.
- Isso tem a ver com Júlio, não é? – mamãe inquiriu.
- Tem, mas eu já falei, só estamos sem no falar por um tempo. Assim que passar o Natal tudo volta a ser como era antes. – falei, com veemência.
- Você tem certeza? – papai, circunspecto.
- Tenho. Sou o melhor amigo do Júlio. Ele não vai conseguir ficar sem falar comigo por muito tempo.
Minha atuação foi tão boa que até eu mesmo estava me enganando com meu texto. Eu não tinha certeza alguma de que Júlio e eu voltaríamos às boas, mas de uma coisa eu não duvidava: eu teria uma conversa séria com Lígia. Nas poucas vezes que nos vimos depois do dia na casa de Al, não éramos mais como antes. O sentimento que eu tinha por ela não se igualava ao do início do namoro, eu sofria por um garoto, sem contar o fato que eu a traí com ele e com Noely. Isso não era justo. Nem com Lígia, nem comigo. E eu que queria ter tantas experiências...
Marcamos de nos encontrar em uma lanchonete, próxima à casa de Lígia. Minha namorada estava sentada a uma mesa do lado de fora, bebendo uma água mineral. Ela usava com vestido curto e uma blusa azul, bem comportada. Cumprimentamo-nos com um selinho e me sentei. Meu objetivo era ser direto, mas sem feri-la.
- Lígia... Eu estive pensando e... Acho melhor a gente terminar...
Eu esperava, sinceramente, um “não”, acompanhado de um choro ou um “por que?”. Mas ou vi um:
- Eu também.
- Você também? – perguntei, pasmo.
- É... Bem, eu tô com peso na consciência, Thomaz. E você já deve imaginar o motivo, não é? Com certeza a Ingrid deve ter te contado.
- Hum... Não... – falei, sem entender nada do que ela dizia.
- Ingrid me pegou beijando o Dino na casa do Al, naquele dia, na hora em que você saiu de carro com a Ester. – assumiu, sem jeito. E minha cabeça começou a pesar. O chifre, enfim, tornou-se sólido. Meu cavalheirismo não me permitiu devolver um “Estamos quites”.
- Então era por isso que ela me avisou, naquele dia mesmo, pra eu tomar cuidado com meus amigos. E vem querendo falar comigo pessoalmente, mas até agora não nos encontramos... – deduzi.
- Acho que sim...
- Desde quando vocês ficam?
- Bem... Ele tentou ficar comigo no seu aniversário, sem ninguém ver. Talvez a Ingrid tenha desconfiado.
- E por que você me vinha com aquele papo de que achava que estava sendo traída?
- Ah, eu realmente estava te achando estranho, e continuo te achando estranho, frio e distante quando a gente se beija. E se você tivesse mesmo me traindo eu me sentiria menos culpada, sabe?
- Sei... – ri da explicação dela e disse? – Você é uma safadinha, isso sim.
- Posso até ser. Mas não sou que beijo ruivas na na casa do amigo do meu primo! – retrucou. Ela sabia.
- Quem te disse? Não tinha ninguém vendo!
- Você que pensa! E precisa dizer quem me falou? Eu sei e pronto. Sorte sua que ela era bonita. – brincou. – Mas agora... Seja sincero comigo: tá rolando alguma coisa entre você e o Júlio? Venho desconfiando disso já tem um bom tempo... Roberta e eu, na verdade.
- Sim, mas... Desculpa. Sei que te traí com ele, com a Noely. Sei que foi safadeza, assim como não foi nada legal da sua parte o que você fez, me traindo com o Dino, mas não fale sobre o Júlio. Ele e eu confundimos tudo, por isso estamos distantes. E eu tô sofrendo pra caramba com isso. Não sei se o que eu sinto por ele é só amizade ou é tem algo a mais... Por isso, não toca nesse assunto. Eu te peço, por todo esse tempo de namoro. – implorei, segurando as lágrimas.
- Por esse tempo todo de namoro e de amizade, Thomaz. – e me abraçou. Eu precisava de um abraço tão caloroso e amável como esse e eu não sabia. Nesse abraço eu me debrucei, e deixei cair algumas poucas lágrimas.
- Me prometa uma coisa, Thomaz: não minta para si mesmo e faça o que tiver que ser feito.
Eu não entendi bem o que ela quis dizer com isso. Contudo, eu não suportava mais sofrer. Tinha que virar o jogo para eu quebrar aquele clima chato.
- Lígia, me responde uma coisa, com sinceridade. – soltei-a e fingi seriedade na pergunta: - Dino beija melhor que eu?
Lígia caiu na gargalhada e respondeu:
- Empate.
A magia do Natal, enfim, me trouxe um ânimo. Natal é Natal. Presentes são presentes. Família é família. E família biruta como a minha é outra história. A presença dos meus primos em nossa casa estava dando, é claro, um ritmo diferente na nossa casa. Eu já estava me acostumando com a presença deles (e dos amigos deles) e até esquecia que eles já iriam embora logo no segundo dia de 2016. Até mesmo Caio, que eu pensei que ficaria indiferente comigo por eu não querer ficar com ele, agia como se nada tivesse acontecido. Apenas me elogiava uma hora ou outra, assim como o gato do meu primo Dio, que, infelizmente, era hetero. Isto é, cada momento ao lado deles eu aproveitava, mesmo que eu ainda sentisse muita falta de Júlio.
Toda a tristeza que eu sentia por estar distante de meu melhor amigo teve uma amenizada não somente com a presença de Ester, Dio, Nara e Caio em casa, mas também pela conversa que eu tive com Lígia. Eu não esperava tanta maturidade e compreensão da parte dela e muito menos em saber que eu levara um chifre. Mas, como eu já mencionei, estávamos quites. Ela e Dino continuaram ficando depois que nós terminamos o namoro, mas não assumiram nada sério, e nem pretendiam, achavam que era muito cedo. Para que tudo ficasse bem, faltava apenas eu voltar a falar com meu melhor amigo.
A noite de Natal foi festejada, pela terceira vez, na casa de meu tio Ivo, irmão de meu pai e pai de Gésio, onde teria comida, sobremesa e bebidas, momento de oração e um DJ pra agitar a noite. Depois que a casa dele foi reformada, ampliando área de baixo como um local para festas, decidimos que a noite natalina seria lá mais uma vez. Foi, além disso, uma ótima oportunidade para que Dio e Ester reencontrassem alguns primos e tios que não viam havia um bom tempo. E só ali eu percebi o quão eles, sobretudo Dio, era parecido com o meu pai e meu tio; a genética era realmente forte.
Cada um de nós levou um presente unissex para uma brincadeira: o amigo da onça, a qual iriamos sortear um integrante da família na hora e daríamos a ele o presente, e caso ele quisesse, trocaria com outro membro. O jogo não poderia ter sido mais cômico. Quase todos os meus parentes tinham uma veia para o lado palhaço e ninguém parava de rir e de se divertir. Em seguida, fizemos um enorme círculo, oramos, agradecemos a Deus por tudo o que nos foi proporcionado naquele ano e nos abraçamos, afetuosamente. Vale ressaltar, que havia um ou outro que não estava ali porque brigara com um outro, mas isso é o de menos. Se não houver intrigas familiares não há graça.
Após a comilança, tio Ivo anunciou o DJ KJ e até quem estava parado, como Caio, que alegava não saber dançar absolutamente, se animou para ir à pista. A maioria dos familiares e amigos ali presentes se aglomeravam para curtir a música eletrônica que o DJ KJ tocava. Normalmente, eu também estaria entre eles, mas apenas mexia as pernas, sentado. Feliz eu estava, mas não com tanto pique assim. Ester e Nara me tiraram da cadeira e fui rebolar ao lado delas, embora eu preferisse ficar sentadinho no meu canto. Ingrid, com ajuda do álcool, rendeu-se e dançava com Gésio “até o chão”. O álcool deve ter contribuído para isso.
Quase uma hora depois, pedi ao meu tio Ivo que pudesse subir e ficar no quarto dele por uns minutos, argumentando que estava cansado, e ele permitiu. Confortavelmente frio no quarto dele, deitei na cama e me espreguicei. Peguei meu celular e digitei o nome de Júlio. Eu já havia desejado “Feliz Natal” para muitos amigos, inclusive Lígia, e eu achava que ele também merecia. Mas desisti logo.
Alguém batia na porta do quarto e eu falei para entrar. Era Dio, com um copo de cerveja na mão. Meu primo usava uma camisa de mangas compridas azul piscina, mas já estava com metade desabotoada, com seu peitoral pouco peludo e bem atlético em exibição. Sexy. Essa era a palavra certa pra ele. Dio já havia bebido o suficiente e me veio com a seguinte proposta:
- Meu primo, me diz aí: o que eu faço pra tirar essa tristeza da sua cara?
- Ah... Quer mesmo saber?
- Quero.
- Quero um beijo seu. – brinquei.
Dio pôs o copo no criado-mudo, sentou-se ao meu lado na cama e disse:
- Então você vai ter um beijo meu.
Pisquei os olhos várias vezes, boquiaberto. Vindo dele, nem parecia loucura, mas me assustei ainda assim. Prontamente, cheguei bem perto de Dio, senti seu perfume e o beijei no rosto.
- Que porra de beijo foi esse?! No Júlio e no Caio foi de língua e tudo!
Fiquei ainda mais estupefato. Ele sabia sobre meu beijo em Caio! E ainda leva a sério sobre eu pedir um beijo dele.
- Você tá maluco?!
- Quero um beijaço, como você deu no Júlio ou na Lígia. Anda! – mandava, seriamente.
- Você é hetero, primo! E eu tava brincando!
- E o que é que tem?! Tô pedindo um beijo, não você em casamento.
- Você tem certeza disso? Pra mim não é nenhum sacrifício...
- Melhor ainda. Vai!
Olhei-o e ri. Toquei seu queixo e o trouxe até mim. Seus lábios tinham gosto de cerveja. Sua língua estava agitada. Beijo úmido. Mas foi foda! Senti meu pênis se erguer na mesma hora somente por eu ter beijado o gostoso do Dionizio. Por mais estranho que pareça, ele retribuiu e não parou o beijo. Para um heterossexual, foi um beijo de língua e bem demorado. E aproveitando-me da situação, desabotoei mais a camisa e pus a minha mão para dentro. Pude sentir o seu peitoral farto e minha pica quase rasgar a cueca. Dio se posicionou melhor e ficou mais á vontade para me beijar. Ainda abusado, pus a mão no seu pênis, que também estava ereto, ainda que não estivesse tanto quanto o meu.
Quando Dio me largou, beijou-me no rosto e depois um selinho. Ele lambia os lábios como se tivesse saboreado uma sobremesa muito gostosa.
- Cara... Você tem uma boca e tanto, hein!
- O que deu em você?!
- Ah, eu queria te trazer uma alegria e fazer algo diferente por mim também, ora. Beijar um cara, nunca tinha feito isso antes.
- E gostou?
- Gostei, mas vou ficar com as mulheres mesmo. Agora... Primo, quero que você dê um beijo desses no Júlio.
- Eu não vou vê-lo tão cedo.
- Mas deveria. A única vez que eu vi vocês dois juntos eu senti que vocês dois estavam caidinhos um pelo outro. Do jeito que vocês se beijaram, do que jeito que vocês se olhavam, com tanto carinho e cumplicidade... Não entendo como vocês dois estão separados.
- Nós somos garotos. Nossos pais e nem ninguém iria aprovar!
- FODA-SE, CARA! Fodam-se seus pais e qualquer outra pessoa. Meu primo, - ele me deu um tapinha no rosto – pra você ser feliz só depende de você e de mais ninguém. Na verdade, você precisa do Júlio, mas pelo que eu você diz, ele deve tá tão inseguro quanto você. E você tem que tomar a atitude e mostrar a ele que vocês podem enfrentar isso juntos.
- Não é assim tão fácil.
- Concordo. Porque nada nessa vida é fácil. E o que vem com facilidade não tem graça e acaba logo. Cara, - Dio me abraçava por trás – viva. Você não tem que ter medo de viver. Tem que enfrentar a vida do jeito que ela é, só assim ela vai valer a pena. O pior é você ficar parado, porque o tempo passa e você além de deixar de lado o cara que você gosta, ainda pode perder um amigo.
- Mas eu não quero perder meu melhor amigo.
- E não vai, se você fizer o que eu tô dizendo. Faça o que tem que ser feito e você vai ganhar muito mais que um amigo.
Gosto demais desse conto mesmo não querendo que os dois ficassem juntos desde o começo, mais agora já acho que vai ser bom para os dois
nossa... quando acabar ficarei com saudades.. malvadeza essa distância dos dois!!
Nossa a partir do Júlio pedido um tempo me fez lágrima muito bom sua história.