Júlio
O Colégio Disciplina, onde estudávamos desde criança, tinha todo o meu apreço por vários motivos. Além de ter ótimos professores, acessíveis e dinâmicos, era espaçoso e vendiam uma pizza saborosíssima. Mas o motivo principal que me fazia passar tanto tempo no colégio eram suas inúmeras salas vazias, sobretudo em época de provas. Meus colegas e eu já a havíamos usado para comemorar festas de aniversário surpreso, aulinhas particulares e umas brincadeiras básicas de verdade ou consequência. Algumas vezes fomos pegos e lavados á diretoria, mas isso era o de menos.
Naqueles dias, o nervosismo parecia não querer me largar. Um exemplo disso foi quando Lígia batia na porta da sala de aula do Disciplina, enquanto Thomaz e eu estávamos nos beijávamos descontroladamente. E era bem possível que a prima dela, Luma e a amiga Roberta, também a acompanhavam. Thomaz, contudo, fazia pose de pensativo; com a mão no queixo, como se estivesse analisando uma obra de arte em um museu. Dei um tabefe no ombro dele, em silêncio, e, gestualmente, perguntei o que nós faríamos. Ele acordou num estalo e me olhou assustado. Deve ter entrado em transe.
- Pega seu celular, faça cara de preocupado e finja que está falando com a sua mãe. – Thomaz ordenou, em sussurros.
- Quê?
- Faz isso, anda. – pediu, apressado. Peguei meu celular e o fiz o que ele mandava. Thomaz abriu a porta e Lígia, Luma e Roberta apareceram, com duas expressões curiosas.
- Por que vocês demoraram tan... – Lígia começou a pergunta, mas Thomaz pediu silêncio com um “shii”, apontando para mim. Ouvi-lo, quase inaudível:
- Não façam barulho. Júlio está falando com a mãe dele no celular...
Thomaz continuou um cochicho, porém não pude mais ouvir. Senti apenas o olhar bisbilhoteiro das três meninas sobre mim. Meu amigo saiu da sala com as três e eu continuei lá dentro, fingindo que falava com a minha mãe e que o assunto do qual tratávamos era de derradeira seriedade. Permaneci lá dentro por mais cinco minutos e saí. Thomaz e as meninas estavam do lado de fora e notei a aflição neles.
Roberta foi a primeira a perguntar, muito preocupada:
- Então, está tudo bem com a sua mãe, Júlio?
Antes que eu respondesse, Thomaz falou por mim, num tom dramático, pondo a mão no meu ombro:
- Eu contei a elas que sua mãe ligou muito preocupada em queria falar urgente com você e como estava uma barulheira por aqui, tivemos que entrar na sala de aula.
- Ah sim, claro... – e assenti, tentando não sorrir. Inventei uma desculpa bem idiota: - Minha mãe está uma fera com Mario. Ela acha que ele a está traindo e tá uma fera.
- Caramba! Eu não acredito, Júlio! – Lígia, estupefata. – Não consigo imaginar aqueles dois separados.
- Eu imagino isso o tempo todo. – escapei a sinceridade. Os três estranharam, e Thomaz soltou uma risadinha.
- Como assim? – perguntou Luma
- Você quer que os dois se separem? – Roberta, sem jeito. Lígia resumiu:
- Júlio não gosta do padrasto dele e vice-versa. Mas você parecia tão preocupado no celular.
- E estava. A mamãe tá arrasada. Ela quer que eu vá logo pra casa. Não que vá adiantar alguma coisa, mas prefere que eu esteja lá com ela.
- Eu entendo. Minha mãe também é assim e quando algo de ruim acontece, gosto de fazer companhia pra ver se ela se sente melhor. – Roberta, em solidariedade. Fiquei me sentindo mal por estar mentindo, mas ao mesmo tempo eu estava achando tudo aquilo engraçado. Eu sabia convencer como mentiroso e nem tinha ciência disso.
- Acho que você deve fazer o mesmo, Júlio. – concordou Lígia. E lembrei de um detalhe importantíssimo:
- Thomaz, você pode ir lá comigo? A mamãe só quer que eu fique lá com ela, mas ela não vai me dar muita bola e vou ficar sem ter muito o que fazer.
- Claro que sim. – ele disse, fingindo apoio. – Gata, vou fazer companhia a ele, mas amanhã eu juro que te procuro. – Thomaz prometeu à Lígia, e se beijaram por mais de um minuto, logo em seguida. Um ar constrangedor estabeleceu durante o beijo demorado deles. Roberta, Luma e eu ficamos olhando para o nada, constrangidos; como velas ambulantes. O gelo foi quebrado com o celular de Luma tocando; era o pai dela, que estava próximo ao colégio e ia buscá-la.
- Esse fim de semana será só nosso, hein. – exigiu Lígia, ainda abraçada ao namorado, o qual logo eu estaria aos beijos.
Educadamente, Luma nos ofereceu carona no carro do pai dela. Nós argumentamos que iria apertar um pouco, mas ela sabia que eu morava tão longe do colégio Disciplina, então não haveria problema; Thomaz pegou seu caderno que ainda estava na sala e fomos com as meninas. Lígia, Thomaz, Roberta e eu nós divertíamos no banco de trás do automóvel, falando alto e ouvindo música com o pai de Luma, que nem se importava com a algazarra. Despedi-me das meninas com um beijo em cada uma e Thomaz e Lígia se prolongaram no deles, para variar.
Tivemos que andar mais um pouco para irmos até ao conjunto de Thomaz; tínhamos que disfarçar, afinal. Ao chegarmos lá, encontramos Fabíola, a diarista que cuidava do apartamento dele, saindo em direção ao supermercado. Ela perguntou se ele tinha as chaves de casa e respondeu que sim e pegamos o elevador.
- Já te falei, eu sou bom em inventar mentiras. – vangloriava-se Thomaz, antes de entrarmos no apartamento dele. Fomos direto para o quarto dele.
Thomaz passou a chave logo que entramos e jogou a camiseta na cama. Minha cabeça doeu quando ele me empurrou contra a parede e me tascou um beijo voluptuoso. Era dilacerante, violento, mas deleitoso. A língua dele estava úmida e eu ficava em êxtase só de saber minha língua se enrolava com a dele, do cara que eu sempre achei um tesão: meu melhor amigo. Seus lábios passaram pelo meu queixo e depois pelo meu pescoço.
- Você tá cheiroso, cara. – ele me disse, no ouvido.
- Tô nada. – discordei, mas Thomaz continuou beijando-me no pescoço, arrancando-me longos gemidos. Sua língua deslizou até voltar aos meus lábios, ficando por um longo tempo. Era um beijo incansável, longo, que nos sugava o corpo, a libido.
- A gente não corre perigo de a Fabíola voltar? – perguntei, ofegante.
- Ela vai demorar no supermercado. E só vem no meu quarto pra me chamar pro almoço. Vamos aproveitar. – e ganhei outro beijo. E quem o prensou na parede fui eu.
- Agora você vai à loucura. – provoquei, mordendo sua orelha. Thomaz estava de olhos bem fechados quando eu, de joelhos, baixei sua calça jeans e sua cueca. Seu pênis estava grande e grosso, do jeitinho que eu gostava. Suado ou não, a pica dele tinha um gosto de se repetir, de por na boca e não largar mais, e chupar e chupar e chupar. E foi o que eu fiz. Chupei a as bolas, e todo a sua vara até onde não pude aguentar e sentia um fervor ainda maior quando Thomaz forçava minha cabeça em sua pica.
Thomaz se levantou e foi até a cama. Ficou totalmente nu e sentou-se na cama e ainda ajoelhado, tirei minha camisa e continuei a chupá-lo, com mais vontade ainda. Por mim, naquela posição eu ficava o dia todo, pois o eu pênis todo já estava com gosto gravado em mim. Ele se deitou, larguei sua vara e beijei sua barriga lisinha e depois seu peito, dando leves mordidas no mamilo, que eram responsáveis pelos sorrisos sacanas dele. Beijei todo o seu braço, seu queixo e seu pescoço, com um chupão que o fez gritar. Calei-o com um outro longo beijo.
- Cheguei, Thomaz! – gritou Fabíola. A diarista havia acabado de chegar em casa e nós levamos um susto.
- Tá legal! – Thomaz berrou. Assustado, ele preferiu vestir a cueca e por um short. Deitei na cama ao lado dele, mas ainda assim ele não parava de me beijar. Trouxe-me para perto dele com as mãos e me beijava com delicadeza. Olhou em meus olhos e, meio estonteante, disse:
- Você beija bem pra caramba.
- Você também.
- E você chupa muito bem, também. – ele sorriu e me beijou, não me dando chance de elogiá-lo. – Mas, me diz: você topa ficar com a Luma?
- Não sei... – eu sabia que ele iria tocar nesse assunto. – Eu preferia ficar com a Roberta.
- E transar? Eu não sei se ela toparia...
- Cara, eu não quero transar com uma garota! – e me afastei dele.
- Mas você precisa saber se vai gostar ou não.
- Não preciso. Eu não quero. Não há necessidade. Aceite isso. – e me sentei na cama. Com uma demonstração de arrependimento, Thomaz se sentou ao meu lado, aproximou-se de mim, deu-me um celinho e pediu desculpas.
- Tudo bem. Não vou forçar a nada. Mas cara... Transar com mulher é bom demais. – ele disse, com os olhos brilhando.
- É? Eu prefiro homens.
- Homens? Você já transou com homens, por acaso? – duvidando.
- Na verdade, você é só o segundo com quem fico. O outro tem dezoito anos e é uma delícia. E sim, já transei com ele.
- Sério? Quem é esse cara?
- Você quer mesmo saber quem é?
- Quero. – ele balançava a cabeça, ansioso.
- É um sobrinho do Mario.
- Do seu padrasto chato? O seu tio tem um sobrinho que é gay? E quem é?
- Você já o viu uma vez. É o Zeca.
Thomaz se posicionou melhor na cama. Ele ficou visivelmente surpreso.
- Se um dia seu padrasto machista souber que o Zeca, todo metido a garanhão, é gay e tá pegando você... Caralho!
- E fodendo também! – acrescentei.
- Caralho de novo! Quando vocês transaram?
- Nesse fim de semana.
- Safado! – e ele me empurrou.
- Mario quase descobre. Eu ainda fico puto porque ele tem tanta raiva de mim...
- Você tem que esquecer esse cara. Eu, no seu lugar, já o teria mandando ir à merda e à puta que pariu. E não sei como a tia Ivana tem tanta paciência.
- Nem eu... Mas é melhor assim, ao menos eu posso transar com o sobrinho gostoso do Mario.
- Esse papo me deu uma vontade... – Thomaz me lançou sua cara de tarado e me beijou novamente. Foi um beijo quase sem fim. Seus lábios tocaram e morderam levemente os meus, até me sugar a saliva. Ele ficou em cima de mim e me beijou o pescoço. – Não quero mais parar de te beijar.
- Espera. – e o empurrei. – Você não acha errado de tá traindo a Lígia?
- Não estou traindo a Lígia.
- Tá sim. E comigo.
- Mas você é meu melhor amigo, então não conta. Não há nada de errado nisso.
Caí na gargalhada e conclui:
- Somos o que, então? Amigos que ficam? É uma amizade colorida?
- Sim. Nós somos. – e ele me beijou nos lábios. – Amigos. – e me beijou no rosto. – Íntimos. Amigos íntimos. Agora cala a boca e me beija. – obedeci, com um beijo calmo e apreciador, percorrendo a língua, seus lábios como se só isso me restasse no mundo. Meu amigo era uma delícia, em todos os sentidos, e em todas suas obras corporais. Tocar no corpo dele, no rosto, nas mãos, beijar seus lábios, seu pescoço, sua barriga lisinha me dava uma incrível sensação de paz. Esquecemos que Fabíola estava no lado de fora da casa e não paramos de nos beijar. Era um beijo até melhor que o do Zeca e de outras meninas que eu já havia ficado. O beijo do meu amigo. Meu amigo íntimo.