10. Brincadeira entre amigos

                                                          Thomaz
      Mario, nervoso, desviou o olhar e perguntou ao Horário, com a boca quase fechada:
      - O que ele está fazendo aqui?
      - Então vocês se conhecem. – concluiu Horácio, contente. Mas o seu ex não compartilhava dessa alegria. – Bom, já que vocês estão aí, eu vou comprar mais uma cerveja e já volto. – bebeu o restante que havia no copo e saiu. Mario, enfim, se sentou na minha frente e com a respiração ofegante, indagou:
      - De onde você o conhece? E o que vocês dois estavam conversando?
      - Quer mesmo saber o que nós dois conversávamos? Era sobre um assunto muito interessante, tenha certeza disso. – e sorri maleficamente. Arrastei o prato com os poucos pedaços de pizza, cruzei os braços e zombei: - Então você passa o tempo todo do seu dia infernizando o pobre do Júlio porque você pensa que ele é gay, quando no final quem é gay aqui é você! Que coisa feia, hein!
      - Eu não sou gay porra nenhuma! – as mãos dele tremiam feito um liquidificador.
      - Cara, isso até parece mentira: eu precisava de um lugar para sentar e a única mesa quase vazia era a dele. Deve ser porque amanhã é meu aniversário e...
      - Thomaz, seja lá o que ele tenha te dito é mentira!
      - Sério? Pois não parecia mentira... Aliás, o seu ex é bem mais legal que você. E deve ser por isso que vocês não estão mais juntos: ele não aguentou teu mau humor.
       Parece que finalmente acertei no alvo e irritei Mario. Ele mordia os lábios de tanta raiva e seus punhos se fechavam aos poucos. Ele me daria um murro, se pudesse. Divertindo-me com a situação, perguntei:
      - Tia Ivana nem deve saber disso, imagino. E como é que ninguém nunca desconfiou...?
      - Garoto...
      - Já pensou se ela soubesse?
      - Ela não vai saber. Ninguém vai!- Mario coçou a cabeça, aflito. Ele olhava para os lados como se estivesse se escondendo de algo ou de alguém.
      - Você não pode, em hipótese alguma, contar nada dessa conversa a ninguém, ouviu bem? Muito menos a...
      - Muito menos a quem? Tia Ivana e Júlio? Você tá maluco? É claro que vou contar a eles.
      - Não vai adiantar. Você não tem provas e nem terá. E você que não se atreva a pegar seu telefone! – ameaçou-me.
      - Eu não ia pegar nada e nem vou. Não preciso de provas. Júlio confia em mim. Ah, cara, ele deveria estar aqui. Você teve muita sorte, porque eu o convidei, mas ele não pode vir. – e comi mais dois pedaços de pizza.
      - Quanto você quer para ficar de bico fechado, seu intrometido?
      Era essa a pergunta que eu esperava ouvir. Apreciei sua cara de aterrorizado por uns segundos e respondi:
      - Abra a sua carteira e me dê todo o dinheiro que você tem. – ordenei, com seriedade. Ele me obedeceu. Abriu a carteira e tirou duas notas de cem reais, deixando apenas uma nota de vinte. Guardei as notas no meu bolso, com cautela.
      - Não posso te dar tudo. Agora suma daqui antes que Horário apareça.
      Levantei-me da mesa com meu copo de refrigerante e o devorei num único gole. Deixei o copo na mesa e perguntei:
      - Você está ciente de que está ferrado, não é? – perguntei, enojado.
      - Quem vai se ferrar será você se não der logo o fora daqui! – Mario quase gritou, mas ameaças dele não me intimidavam. Horário se aproximava da mesa com dois copos de cerveja nas mãos. Esperei-o e avisei que eu já ia embora e o ex do padrasto de Júlio lamentou.
      - Que pena. Eu gostei de você, garoto. – e pôs os copos na mesa.
      - É, mas ele... – Mario tentou falar, mas eu o cortei.
      - Me dê seu nome completo, então. Assim eu posso te procurar no facebook. Pode ser?
      - Não precisa nada disso. – tentou Mario. - Thomaz, você já estava...
      Mario foi novamente cortado, mas por Horácio.
      - Horácio Leal. Você vai me achar fácil. Estou com uma roupa branca, é meu jaleco de dentista. – explicou Horácio.
      - Ótimo, então. – apertei a mão dele e depois a de Mario, que lutava para que as mãos largassem a tremedeira. Ele nem sequer olhava na minha cara. – A gente se vê. – e desci.
      Tive que lutar contra a vontade de não sair dando pulos de tanta euforia pelo shopping. Meus dentes estavam quase saindo da minha boca de tanto que eu sorria. Tudo estava claro agora: Mario fingia ser o machão e cercava Júlio com ofensas, mas no fim o veadinho era ele. Infelizmente não pude fazer uma foto ou gravar um áudio, porém isso não tinha relevância alguma. Afinal, eu encontraria Horácio no facebook, tirei dinheiro de Mario e eu sabia que Júlio confiava em mim e duvidaria da minha palavra. Sentei-me num banco, conectei a internet e imediatamente procurei Horácio na rede social. Por sorte, o 3G estava colaborando e o encontrei e solicitei amizade. Para que nada desse errado, fiz um print da página dele e salvei. Que Deus abençoe o criador do print.
       Júlio não atendia a minha ligação e nem pude mais tentar, pois papai me ligava para avisar que já estava no shopping. Fui obrigado a varrer Mario e Horácio da minha mente para me concentrar na compra do meu notebook. Logo depois que o compramos (por sorte, papai não hesitou, mesmo que o valor não fosse tão baixo como ele pensava que seria), ele, mamãe e eu fomos para a praça de alimentação e comemos pizza. Eu poderia comer pizza todos os dias e não me enjoava. Pizza poderia ser servida no almoço também e eu não acharia ruim. Ao chegarmos em casa, liguei para Júlio, mas ele não me atendia. Guardei os duzentos reais na minha gaveta de camisas e verifiquei se Horácio já havia aceitado minha solicitação. Nada ainda.
      “Venha mais cedo amanhã. Preciso falar com você o mais rápido possível!”, digitei a mensagem e enviei a Júlio por WhatsApp. A minha ansiedade para contar ao Júlio tudo o que eu descobria era de outro mundo. E até mesmo eu estava achando difícil de acreditar: o padrasto de Júlio já foi casado ou foi namorado de um outro cara. Porém, ainda melhor foi vê-lo amedrontado ao saber que eu descobrira o segredinho dele. Em pouco tempo essa fama de machão dele iria acabar.
      
      No dia seguinte, fui acordado pela minha mãe e pelo meu pai cantando “parabéns a você”, com um beijo, um abraço dos dois e um três sacolas de roupas como presente de aniversário. Outro presente que ganhei de meu pai foi uma mochila preta, muito mais estilosa que a outra velha que eu tinha. Fui tomar café e também recebei um feliz aniversário de Fabíola, junto com um boné azul claro, muito bonito. Em pouco tempo, eu recebia, através de ligações, mensagens de texto ou mensagens por rede social, felicitações de amigos, namorada, colegas, primos, tios e até de alguns professores pelos meus dezessete anos. Contudo, algo que eu li me chamou mais atenção ainda: uma mensagem de Horácio.

      “Oi querido. Parabéns pelo seu aniversário. Quando você estiver livre, me avise. Preciso conversar algo muito sério com você”.
      Não havia dúvidas de Mario e ele conversaram sobre mim. Mas o que eu achei estranho foi que Horácio parecia bem amigável e não assustado ou ameaçador como o ex dele. E logo depois, meu celular tocou. Era Mario. Eu nem lembrava que eu tinha o número dele na minha agenda. Júlio o adicionou para mantar contato com ele e com a mãe, quando fosse necessário.
      - Garoto, eu preciso conversar seriamente com você.
      - E por quê? – me fiz de desentendido.
      - Você sabe muito bem o porquê. Você tem que me assegurar que ninguém vai ficar sabendo...
      - De nada. Eu já falei. Ninguém vai ficar sabendo de nada. Agora vou desligar. Tchau. – e desliguei muito antes que ele pudesse dizer alguma coisa.
      Fiquei feliz, pois aquele fora o ano que mais recebi ligações de amigos e parentes me parabenizando. À noite, a casa estava bem animada e meus pais e eu prontos para esperar os poucos convidados que iriam à nossa casa para comemorar meus dezessete anos. Por recomendação de mamãe, comi uma pratada de lasanha antes da chegada deles, pois eu, como aniversariante, seria o que teria menos chance de comer o que quer que fosse quando começasse a festa.
      Quando acabei de comer a lasanha, vi Júlio passar pela porta aberta, vindo até mim. Meu amigo estava bonito e perfumado, com seus cabelos loiros bem penteados. Além do abraço, o que eu queria era beijá-lo ali mesmo. Por isso o chamei até meu quarto. Fechei a porta, deixei o presente na cama, abraçamo-nos de novo e o elogiei:
      - Você tá gatinho, hein.
      - Obrigado. Você também está. – Júlio afagava meu rosto. – Espero que você goste do seu presente de aniversário.
      - Eu quero outro presente de aniversário. – falei, com um sorriso de galanteador e o beijei a boca. Um beijo que tinha cuidado para não chegar ao fim, que me sugava os lábios, a força e o desejo. Ele estava cheiroso, com o rosto ainda mais macio, e isso aumentou meu prazer. Beijei-o no pescoço e depois no rosto. Por último, um celinho. – Já te falei que você beija bem pra caramba?
      - Acho que sim. – ele me olhava encantado. Alguém bateu a porta naquele instante e nos soltamos na hora, assustados. Era Lígia, que vinha acompanhada de Luma. Recebi mais presente e beijos das duas. Depois de me soltar, minha namorada comentou, com estranhamento:
      - Engraçado, você e Júlio estão com o mesmo perfume.
      - Verdade. – concordou Luma. Logo tentei uma desculpa:
      - O Júlio que adora usar o meu perfume quando vem aqui em casa.
      Dando pouca bola para a minha desculpa, Lígia me puxou para fora do quarto e fui receber os outros convidados. Nem tive tempo de comentar com Júlio sobre o que aconteceu no shopping, mas oportunidade não iria faltar. Aos poucos, meus primos e amigos foram chegando, entre eles, Roberta, a garota que Júlio ficou interessado. De fato, ela era a negra mais sensual que eu conhecia, porém a menina que realmente queria ficar com ele era Luma. E ele não. Era muito contraditório.
      Enquanto meus amigos, primos e eu comíamos e falávamos bobagens pelos vários cantos da casa, meus pais e tios conversavam sobre os variados assuntos que mais estavam em voga naquele período: crise econômica, festas de fim de ano, as tramoias da presidente Dilma e, claro, beijo gay. Preparei minhas orelhas para ouvir o que eles diziam:
      - Oh Jair, não seja tão preconceituoso! – repreendeu minha mãe ao meu pai.
      - Não é questão de ser preconceituoso, Neuza... É que... – meu pai tentou argumentar, mas ficou sem palavras.
      - No fundo, acho que todo mundo é preconceituoso, mas nem todos percebem ou tem coragem de assumir. – argumentou meu tio Antônio.
      - Faz sentido. – concordou minha tia, Soraia, mulher dele.
      - Eu não sou preconceituosa a nada. – defendeu-se minha mãe.
      - Ah, não é. Mas me diga, Neuza: e se você soubesse que o Thomaz é gay? Ou se ele namorasse uma moça muito mais velha que ele? E pobre? Han? – perguntou tia Soraia e minha mãe ficou sem ter o que dizer. E eu nem soube mais o que ela falou, pois fui interrompido por Luma.
      - E então? Será que é hoje que beijo o seu amigo Júlio? – perguntou, interesseira e assanhada.
      - Eu não sei...
      - Você acha que eu não me garanto?
      - Acho que sim, mas você vai ter ficar no pé dele. Júlio é muito tímido. – menti. Na verdade, eu já havia até desistido de fazer os dois ficarem. Júlio não queria, e forçar seria muita sacanagem com meu amigo.
      Quase uma hora depois, meus tios e alguns primos foram embora e ficaram apenas os mais próximos. Minha mãe e meu disseram, pela primeira vez, para que eu não me preocupasse com a louça, pois eles lavariam pra mim e assim que a fizessem iriam dormir: estavam esgotados.
      Meu primo Gésio, um rapaz moreno, meio careca, de rosto redondo e de sorriso largo, com um corpo nem tão magro e nem tão gordo, me abraçou e disse no meu ouvido:
      - Primo, vamos chamar os seus amigos que ficaram lá pra baixo, na pracinha do conjunto. Tenho uma surpresa pra você.
      Na companhia de Júlio, Lígia, Roberta, Luma, Gésio, Ingrid, minha prima magricela e muito tímida, branca como um algodão e cabelos tão longos que acho que nunca foi apresentada a uma tesoura; Rômulo, um amigo de classe, negão e gorducho, um dos caras mais desastrados e malucos que eu tive o prazer de conhecer; e Armando, o Dino, o rapaz galã da nossa turma, que todas as meninas suspiravam quando ele passava por perto, devido ao seu corpo esbelto, seus cabelos longos e esvoaçantes, seu sorriso maroto e a pela bronzeada; desci até a pracinha do conjunto.
      Gésio saiu correndo na nossa frente e voltou com duas sacolas pretas em mãos: em uma havia três diferentes tipos de vodca, com copos de plástico e na outra um violão. Sempre que havia oportunidade, ele tocava violão pra gente. Estava claro qual era a intenção dele: beber e pegar um porre. Teríamos tempo pra isso, ainda era meia-noite. Fizemos um círculo no chão da maloca do conjunto e Gésio distribuiu um copo de vodca para cada um. Rômulo foi o primeiro a se servir e encheu o copo. A única que não aceitou foi Ingrid, que não havia aberto a boca até então. Ela não sabia o que estava perdendo. Mesmo pura, a vodca era saborosa.
      Com o violão apoiado no corpo, Gésio dedilhou algumas e notas e foi saindo uma canção pop, de ritmo tranquilo e contagiante. Com uma voz grave e afinada, ele começou a cantar:
      “Ah, quase ninguém vê/ Quanto mais o tempo passa/ Mais aumenta a graça em te viver”.
      Nessa trilha sonora romântica, Lígia me puxou e me arrancou um gostoso beijo. E longo, por sinal. Eu tive que largá-la para poder respirar melhor. Foi a primeira vez que notei algo estranho no beijo dela: eu não me senti tão excitado como normalmente eu sentia.
      - Oh in veja desses dois! – suspirava Rômulo.
E assim que Gésio terminou a canção (“Eu amei te ver/ eu amei te ver/ eu amei te ver”), Luma gritou:
      - Hey, que tal se a gente brincasse de verdade ou desafio?!
      Todos aceitaram, exceto Ingrid que foi obrigada por Gésio a participar da brincadeira. Lígia se levantou e foi até o porteiro para pegar uma caneta, a qual definiria a verdade e o desafio do jogo. Ela voltou e entregou a caneta ao Gésio e se sentou ao meu lado, do meu outro oposto estava Júlio, seguido por Roberta, Luma, Gésio, Dino, Rômulo e Ingrid.
      - Lá vamos nós! – anunciou Gésio, que pôs o seu violão de lado e explicou: - o bico da caneta apontará o desafiador e a outro lado, o desafiado. – e a girou. Depois de uma giratória demorada, o objeto declarou que Gésio desafiaria Ingrid. Nossa prima fez uma careta, pois ela já sabia o que viria por ali. – Verdade ou desafio?
      Ingrid pensou por um minuto quase inteiro e disse, com um ar cansativo: “Desafio”.
      - Ótimo. – disse Gésio, enchendo um copo de vodca e entregando a ela. – Beba. Se você não beber, minha prima, você ficará fora da brincadeira.
      - Beleza. – ela deu de ombros, pegou o copo e virou. Virou. Bebeu como se fosse água e não fez careta, que foi algo que me surpreendeu.
      Ingrid foi a próxima a girar a caneta, que determinou Dino desafiando Luma. Meu amigo sorriu como um tremendo safado. Eu sabia que não vinha nada que prestasse dali. E o pior se concretizou quando ela respondeu um “desafio”.
      - Beleza, beleza! – Dino, empolgado. – Vou matar meu desejo: quero um beijo gay de um minuto entre você e Roberta.
      - O negócio tá ficando bom! – empolgava-se Rômulo, bebendo mais vodca.
      - Vocês são uns tarados, isso sim! – julgou Lígia, reprovando-os.
      - É sério isso? – Roberta perguntou com uma careta de nojo.
      - Seríssimo. – respondeu Dino, esfregando as duas mãos juntas.
      - Essa é fácil. – disse Luma, que, sem cerimônias, trouxe Roberta para perto de si e a beijou. Roberta hesitou no início, mas depois a beijou também. Todos nós soltamos gritos e assobios pela cena quase lésbica que presenciávamos. O mais legal de tudo era que elas beijavam com língua e com vontade.
      - Vocês são duas safadas! – gritou Dino, que não tirava os olhos delas. Nenhum de nós piscava. Não queríamos perder um segundo da cena. Era encantador vê-las aos beijos. E quando se largaram foram ovacionadas por nós.
      - Você é outro safado! – disse Luma, com um sorriso cínico. Ela girou a caneta, que determinou Roberta desafiando Gésio. Ele pediu um desafio e teve que dançar o funk “Beijinho no ombro”, da Valesca Popozuda, ao som do celular de Lígia. Foi uma cena demasiadamente bizarra, quase não parávamos de rir. A caneta, logo em seguida, apontou para mim sendo desafiado por Ingrid. Ela me olhou com seriedade e disse, decisiva:
      - Quero um beijo seu, de um minuto, com Júlio.
O meu olhar com o dele se cruzaram concomitantemente. Eu tinha que fingir surpresa e nojo, embora eu não achasse nem um pouco ruim. E não entendi de onde ela tirou essa ideia.
      - Opa! Hoje a viadagem rola solta! – brincou Dino.
      - Agora o negócio não tá mais ficando tão bom. – Rômulo fez uma careta e bebeu mais vodca.
      - Vocês dois não precisam fazer isso. – defendeu-nos Roberta.
      - É, amor... – tentou Lígia.
      - Eles vão se beijar, sim. – insistiu Ingrid, com ar de mandona.
      - Não tem problema algum. – eu falei. Não era a primeira vez que brincávamos de verdade ou desafio e se não fizéssemos ou respondêssemos o que eles pediam, ficariam no nosso pé muito tempo.
      Arrastei-me para perto de Júlio, dei uma risadinha e ele devolveu um sorriso acanhado.
      – Nós somos amigos íntimos, não tem problema. – e o beijei. Primeiramente nossos lábios só se tocaram, em seguida, nossas línguas se entrosaram sem hesitação. Com exceção de Lígia, todos gritavam animados.
      - Isso é que se chama amizade! – gritou Gésio. Fiquei mais perto dele e intensifiquei o beijo. Meu pênis se moveu rapidamente, principalmente porque senti as mãos dele tocarem meu rosto e nosso beijo se alongou, e nossas línguas se encontraram várias vezes.
      - Cara, se eu não os conhecesse eu diria que vocês já haviam se beijado antes. – comentou Gésio, admirado. Nós nos largamos, e demos ás mãos, com um sorriso estampado no rosto. Naquele momento, o celular de Luma tocou. Era o pai dela que estava em frente ao conjunto. Roberta e Lígia iriam aproveitar a carona. Elas abraçaram um por um, na despedida, mas, para a surpresa de (quase) todos, ela, finalmente, beijou Júlio. Eu pensei por um momento que ele não fosse retribuir, mas me enganei. Não foi tão longo quanto os outros, mas foi um beijo de verdade. Ela sussurrou algo no ouvido dele e se juntou às meninas.
      Gésio, enquanto esperava um táxi passar, perguntou a mim e ao Júlio:
      - Que beijo foi aquele?
      - Ah foi só um beijo de amigos – disse Júlio.
      - E se a gente não se beijasse vocês iam ficar nos enchendo o saco por meses. – lembrei.
      - Isso é verdade. – disse Rômulo, guardando as vodcas na sacola. – E nem sei porque Ingrid pediu o beijo...
      - Mesmo assim... – continuou Dino, desconfiado. – Vocês ficaram mais à vontade que a Luma e a Roberta.
      - Gésio, vocês devem ser muito homens, isso sim! Seguros na masculinidade de vocês. Ou não teriam feito o que fizeram.
      O táxi apareceu e nós nos calamos. Os três entraram no táxi e eu devolvi a caneta ao porteiro. Ingrid pegou um outro táxi, pois o caminho dela não era o mesmo que os outros.
      - Só ficamos nós dois. – falei ao Júlio. Nós subimos e encontramos a casa deserta, arrumada e silenciosa. Meus pais já foram dormir e só acordariam de manhã. – Você vai dormir aqui hoje. – afirmei, entrando no quarto com ele e trancando a porta. – Aliás, tenho uma coisa pra te contar. Quase eu esqueço.
      - E eu tenho o seu presente de aniversário aqui comigo. – Júlio disse.
      - Mas você já me deu.
      - Não. É outro. – e ele tirou algo do bolso. Era uma camisinha. Deu-me um gostoso beijo nos lábios e perguntou: - Tá a fim de usar em mim?
      Com um sorriso escancarado no rosto, respondi, pegando o preservativo ainda empacotado:
      - Te prepara, pois hoje a noite vai ser longa!


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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico historiasemsegredo

Nome do conto:
10. Brincadeira entre amigos

Codigo do conto:
73391

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
01/11/2015

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