As provas daquela e das outras manhãs que se seguiram foram feitas na maior tranquilidade, mesmo com Mario me ignorando em casa e minha mãe fingindo não ver. Até mesmo em Matemática eu me saí bem, inclusive Thomaz em Redação, que me contou através de SMS. Nós não conseguíamos nos ver naqueles dias e os pais dele o ocupavam bastante. O único dia que pude vê-lo foi na sexta-feira, após a última prova, de Química. Thomaz já havia me dito antes de entrarmos na sala que assim que terminasse de resolver as questões ele iria ao ginásio do colégio para jogar bola com nossos colegas.
Por eu ter sido um dos últimos, como sempre, a sair da sala, eles já estavam no finalzinho do jogo e iriam entrar as meninas, que também queriam jogar. Sentei-me na arquibancada para assistir e me assustei com alguém me cutucando. Era uma garota loirinha, magra e de cabelos bem lisos, acompanhada de uma garota negra de cabelos encaracolados; ambas eram muito bonitas.
- Oi, eu sou a Luma. – apresentou-se a loirinha e eu não fiquei muito feliz com isso. Era a tal prima de Ligia.
- E eu sou a Roberta. Tudo bem? – perguntou-me a negra, sorridente. Ela era muito mais charmosa que a outra. Eu achava isso talvez porque Thomaz e Lígia queriam que eu ficasse com Luma. E como se tivessem combinado de se encontrarem, o casal apareceu junto, mas de lados diferentes. Lígia beijou a mim e ao namorado e sentou-se ao lado das meninas e Thomaz, para me deixar envergonhado, beijou as meninas, a namorada, nos lábios, e a mim, na bochecha. As três não deram bola para o beijo que recebi de meu amigo. Éramos amigos íntimos, não havia problema. Creio que esse foi pensamento delas. Sendo que essa foi a primeira vez que Thomaz faz algo do tipo, em público.
- Então você conheceu minha prima e minha amiga, Julinho. – deduziu Lígia, com um largo e meigo sorriso. Se eu não gostasse tanto dela, teria dito um “Infelizmente”. Ficar com uma garota por obrigação não era algo agradável e era isso que iria acontecer.
- Luma estava louca pra te conhecer. – falou Thomaz, dando-me cotoveladas. Ele estava com a camisa do colégio pendurada no ombro e estava suado até a testa. E, claro, meu amigo me excitou sem que ele percebesse.
- E você, Thomaz, vai nos convidar para sua festa de aniversário? – perguntou Roberta, com um sorriso afável.
- Claro. Mas ainda tem quase um mês para o meu aniversário.
- Um mês? Seu aniversário é semana que vem, dia 05, vai cair no sábado. Eu te lembrei aquele dia na sua casa. – lembrou Lígia.
- Acho que estou confuso. Pensei que dezembro estivesse longe. – ele falou, coçando a cabeça.
- Você não sabe mais nem a data do seu aniversário. Lembra o seu nome, ao menos? – brincou Roberta.
- Acho que sim. É Zé Luiz.
- Acho que não. – riu Luma.
- Até semana que vem a gente vê o que faz para eu comemorar meus dezessete anos. – ele esclareceu, e dirigindo-se a mim, inquiriu – Júlio, venha comigo na sala? Eu esqueci meu caderno lá.
- Vamos. – e me levantei.
- Mas vamos logo, antes que tranquem a sala.
Thomaz beijou a namorada nos lábios, disse que depois ele iria ao banheiro, mas não demoraríamos. No caminho, ele me abraçou, pondo os braços por trás de meu ombro, enquanto andávamos, porém eu o afastei. Thomaz estava muito suado e nem tão cheiroso assim. Apesar de que isso era pura bobagem: eu continuava excitado.
- E ai, você ficar com a Luma? – ele estava interessado e eu me chateando.
- Não sei. Eu preferia a Roberta. – contei, quando chegamos na sala de aula, que estava com as luzes apagadas, mas com a porta apenas encostada. Nós entramos, acendemos as lâmpadas, encontramos o caderno dele em cima da mesa dos professores e nos surpreendemos quando vimos a chave na maçaneta.
- A gente bem que poderia chamar as meninas aqui. O que você acha? – ele me lançava aquele olhar sacana. Eu ri e concordei.
- Acho que sim.
- Mas eu acho... – Thomaz começou, e trancou a porta. – Que nós poderíamos aproveitar um pouco, já que estamos sozinhos aqui. – ele sugeriu. E eu não acreditava no que eu ouvia. Mas entendi perfeitamente a pretensão dele.
- Eu também acho.
Thomaz apagou as luzes e eu não vi mais nada. Apenas senti que fui pressionado contra o quadro negro e recebi um tremendo beijo de meu amigo. O suor e seu fraco perfume deixaram de me incomodar e passaram a ser os responsáveis para o aumento do meu tesão. Seus cabelos estavam molhados e seus lábios úmidos, quentes. A língua dele se jogava na minha com pressa e vontade de saciar a nossa sede. Aquela situação, na sala de aula trancada e na escuridão, com Thomaz melado de suor depois de jogar bola era ainda mais arriscada. No entanto, era assim que queríamos matar nosso desejo.
Meu pescoço levou uma leve e gostosa mordida, que foi o suficiente para que meu pau armasse a barraca. Thomaz voltou a me beijar nos lábios e quando me soltou, abruptamente, perguntou-me, acendendo as luzes:
- Que doidice é essa que nós estamos fazendo?
- Foi você que começou.
Thomaz me soltou, passou as mãos no rosto e depois bagunçou os próprios cabelos e soltou uma risadinha:
- Não sei o que tá havendo comigo.
- Nem eu. Mas se você quiser, a gente para.
- Eu não quero parar. – olhando nos meus olhos.
- Então, me beija. – e Thomaz obedeceu, devolvendo um beijo intenso, com muito tesão. Ele degustava meus lábios, minha língua sem sossego, quase me entorpecendo. Era como se houvesse um imã que nos prendia ali. Para que tudo ficasse perfeito, faltava apenas uma cama. Até que senti as mãos dele pegaram meu pênis e lá ficarem, confortavelmente.
- Você tá com tudo, hein!
BAM BAM BAM
Alguém batia desesperadamente na porta.
- Thomaz e Júlio, o que vocês estão fazendo? Estão com quem aí dentro?! – Lígia perguntava, desconfiada.
- Nós vamos sair. – Thomaz cochichou no meu ouvido. – Mas nós vamos para a minha casa e vamos terminar o que a gente começou.
Estou adorando ler cada parte desta estoria tão interessante, não vejo a hora de ler a continuação.
muito bom teu conto! e bem escrito! valeu! aguardando os próximos, um abraço!
Gosto muito da sua narrativa, sabe bem trabalha com dois cenários diferentes. Já pode escrever um livro.