Daniel
O dia nem tinha amanhecido direito e eu nem imaginava que ele iria durar tanto, com Alex no hospital e eu com medo de enfrentar sua família. Quando sai do apartamento, ainda estava apreensivo pensando como enfrentaria todos, entrei no carro dei a partida, o motor disparou, seu barulho me despertou, olhei em volta, aquele condomínio que estávamos morando há três meses já nos parecia familiar, mesmo o apartamento não sendo nosso, eu já o chamava de meu, força de expressão claro. Antes de passar a macha ré, o celular tocou.
- Oi tio – tio Carlos me ligando aquela hora, seria a segunda ligação inesperado na mesma manhã.
- Tudo bem meu filho?
- Tudo, estou de saída para o hospital...
- Já ia ligar para saber se você queria ir lá, quer minha companhia?
- Tio, seria bom, mas e o senhor, quer realmente ver o senhor Gonçalves?
- O momento não é para intrigas meu filho, temos nossas diferenças, mas sei que ele mesmo não nos querendo por perto, nessas horas ele sabe como se comportar, não esqueça que ele é um homem de atitudes. Passe na minha casa, eu vou com você.
- Obrigado.
Falar com o tio normalmente agora é um alivio, diferente de há três meses quando nossa situação ficou bem complicada. Até então o senhor Gonçalves vinha mantendo a palavra ao filho de não despedi-lo, mas quando Alex não atendeu a sua ordem naquela noite fatídica, meu tio soube logo no outro dia de como seu sobrinho vinha se comportando pelas costas. Meu tio disse que mesmo sabendo da minha situação, e mesmo sabendo que poderia ainda tentar negociar com o patrão, preferiu ficar calado, pois ele poderia ter falado a verdade que não sabia de nada e que eu não morava mais sobre o mesmo teto, mas Tio Carlos me disse que desde o ultimo evento que me obrigou a sair de casa, que ele não era mais tão próximo assim do chefe, mas ele não poderia simplesmente pedir demissão, se não perderia seus direitos legais, mas naquele dia fora diferente, ele simplesmente aceitou, e saiu cheio de planos com o que conseguiu dos direitos trabalhistas, na mesma semana entrou em contato com uns amigos da área e montaram seu próprio escritório. Mesmo assim nestes três meses não foi fácil para eles, sofreram com a concorrência, contudo eles não eram nenhum inexperiente, sabiam as artimanhas dos empreendimentos e conheciam muito bem a região. Minha tia Elena ficou abalada, mas sabia que o esposo estava correto em ficar do lado do sobrinho, ele logo me procurou para saber como eu estava e se o chefe tinha feito algo de ruim para mim e Alex, então contei tudo a ele sobre aquela noite.
Quando Alex entrou pela porta, eu continuava esperando, mesmo sem saber se ele voltaria, eu não acreditava no que poderia estar acontecendo, mas ele voltou e me abraçou forte, senti seu corpo tremer de uma forma que me deixou com medo, o segurei com força, deixei ficar ali o tempo que fosse necessário. Ele não me largou, senti suas lagrimas, seu soluço. Alex chorou, e eu chorei junto, sabia que algo de ruim tinha acontecido. Quando ele se acalmou, me olhou e disse.
- E agora Amor. Minha vida, o que será de nós?
- Amor, Vida!!!! Estamos juntos lembra, nada vai nos abalar.
- O velho prometeu tirar o apartamento da gente...
- Mas o apartamento não está no meu nome?
- Mas ele tem seus meios de provar que foi comprado com dinheiro do escritório, se formos para justiça, só vamos gastar o dinheiro que não temos, será uma causa perdida. E pior, não quero confrontá-lo tenho medo do que pode acontecer com você e sua família.
- Certo, agora fiquei preocupado. Mas me diga o que ele disse.
- Disse que se eu não o deixasse ele tiraria tudo de nós, inclusive iria despedir seu tio.
- Como ele é covarde.
- Vamos, fazer nossas malas, não quero ficar mais nem um minuto aqui.
- Calma meu amor. Antes você perguntou se eu o amava.
- Sim.
- Então, mantenha sua cabeça. Concordo sim em sair do apartamento, mas não assim. Precisamos pensar para onde vamos. E sobre meu tio, ele já me avisou durante este tempo que eu não me preocupasse com a situação dele, pois se um dia chegar a ser despedido ele saberia se virar. Agora é com a gente. Alex olhe para mim, agora eu é que pergunto, você me ama?
- Sim. Você sabe o quanto amo.
- Então, tem que confiar em mim. Vamos jantar, vá tomar um banho, que eu vou esquentar o espaguete.
Depois de calmos ele conseguia me olhar sem temer minha reação.
Na manhã seguinte não fomos para a faculdade, passamos a manha arrumando nossos pertences pessoais, livros, roupas, objetos pequenos coisas que poderiam ser levados num carro, mesmo que fosse em duas vezes ou três. Não queríamos morar juntos com outras pessoas, Filipe naquela manhã se prontificou a nos dá cobertura pois tinha um quarto sobrando, ainda ficamos balançados a aceitar, porém quando Adriano soube disse que seu apartamento estava pronto para nos receber, pois o mesmo estava morando noutro apartamento mais próximo do litoral, pois seu namorado morava por naquela região. Acertamos então de ficar lá até encontrar outro lugar que desse para nós comprar. Assim, nossos amigos logo vieram nos ajudar com a mudança, Adriano veio com uma Strada da empresa do pai, Filipe com Ariel e alicia ajudaram a carregar e descarregar, a tarde enquanto fui trabalhar, eles ficaram no apartamento arrumando tudo, e quando retornei, me fizeram uma surpresa. O clima estava bom, os ânimos favoráveis, tudo parecia bem. Mas não estava. Nem ficou por algumas semanas. Naquela manhã mesmo antes da gente carregar a strada com nossas coisas, tio Carlos me ligou falando de sua demissão, na hora fiquei sem saber o que dizer, e ao mesmo tempo esperei suas palavras de recriminação. Contudo o que ele falou foi.
- Está precisando de alguma coisa meu filho?
- Agora mesmo não tio, nossos amigos estão aqui nos ajudando, vamos nus mudar, pois o pai de Alex ameaçou de tomar nosso apartamento.
- Entendo. Venha morar com a gente, sua tia sente muitas saudades de você.
- Obrigado tio, eu também sinto, mas preferimos morar sozinhos.
- Lucas, não os culpo, só quero que você seja feliz. E lembre-se, estamos aqui, quando quiser aparecer podem vir.
- Obrigado tio, em breve vamos aí tomar um café.
O final da tarde parecia tudo calmo, o pessoal só foram embora depois da janta improvisada. Adriano parecia preocupado, Filipe parecia mais um irmão todo tempo me perguntando como eu estava, se queria alguma. Quando eles saíram, olhei para Alex e falei.
- Viu meu amor. Você não só tem a mim, viu quantos amigos legais temos.
- É verdade, e eu preocupado com o dinheiro da minha família.
- quanto a isso não se preocupe, logo você vai conseguir um emprego, mas enquanto não consegue, veja, eu tenho minhas economias, tenho o dinheiro dos alugueis que recebo todos os meses certinho, e ainda tenho o meu trabalho, logo vamos nos acertar. Não estamos só.
Era verdade. Mas o que me preocupava era o comportamento de Alex, ele ficou calado, e quando ele ficava calado, só poderia ser preocupação e até mesmo inicio de depressão. No segundo dia depois que voltei do trabalho, o encontrei com o olhos vermelhos.
- Alex, vamos ao shopping?
- Fazer o quê? – ele me olhou sem animo.
- Vamos as compras. Já esqueceu que você até sem cueca ficou. Vamos, você precisa de roupas novas.
- Daniel, tá louco, com que dinheiro vou comprar?
- Não vamos falar em dinheiro. A loucura já foi feita, você não precisava jogar suas roupas e cuecas no seu pai. Agora vamos.
Ele se viu numa situação que não podia retrucar.
Depois do shopping, Alex ficou menos caldo, já sorria, e me abraçava com mais carinho, me beijava, e eu o via melhorando seu humor, no sábado logo pela manhã, recebi uma ligação da tia Elena nos convidando para passar o fim de semana com eles, Alex não pareceu a vontade com a ideia com medo de sermos julgados, mas eu conhecia meus tios. Então arrumamos uma bolsa, apenas com muda de roupas e escovas de dente.
O almoço do sábado foi bem constrangedor, por parte de Alex e meus tios, mas no café da tarde, já estávamos todos mais confortáveis, então meu tio puxou o assunto.
- Então rapazes, vocês tem certeza que não querem morar com a gente, até vocês poderem comprar o próprio apartamento?
- Senhor Carlos...
- Apenas Carlos, sem formalidades. – o tio interrompeu Alex.
- Então... Carlos, nós já estamos bem habituados a morar sozinhos, o apartamento do Adriano é bem confortável e ele fez questão da gente ficar lá, então vamos aproveitar.
- Certo, assim fico contente também, mas vamos repetir mais finais de semana como esse...
- Vamos já combinar meus filhos... todo final de semana vocês correm pra cá. Vou adorar a companhia de vocês. – minha tia interrompeu o tio, toda animada.
- Obrigado tia, mas assim vamos acabar abusando da hospitalidade.
- Deixa de coisa, fica combinado então. No dia que vocês tiverem outros planos é só avisarem.
- Alex, você ainda está procurando emprego certo?
- Sim e não, estas semanas foram bem complicadas, tem as aulas para por em dia, está chegando o final do semestre, e agora com estas reviravolta fiquei meio perdido.
- Olha eu e uns amigos estamos montando um escritório imobiliário, estamos na organização ainda, mas creio que em duas semanas já estaremos na ativa, se você não se senti desconfortável teríamos uma vaga para você como corretor.
Pude perceber o brilho nos olhos do Alex.
- Nossa senhor Carlos, seria muito bom.
- Sem o senhor... Mas então aceita... assim que estivermos na ativa entro em contato.
Aquela noticia foi uma vitamina de animo para Alex e para mim, pois fiquei mais aliviado em vê-lo feliz.
A noite, depois do jantar, e do papo em frente a tv, fomos para o quarto, meu antigo quarto, parecia que estava do mesmo jeito de quando eu sai há uns quatro anos. Me sentei na cama e Alex ficou olhando em volta, pareci alembrar de alguma cena.
- Um real por seus pensamentos.
- Parece que estou revendo uma cena de um filme. Foi aqui onde eu quase me perdi nos seus beijos...
- Não senhor, foi aqui onde você me deixou mais doente do que eu já estava com seu beijo. Lembro que eu tremia de febre.
- Verdade, você era todo apaixonado por mim, vivia me devorando com seu olhar constante...
- Não era bem assim, verdade que eu te olhava as vezes, mas eu sempre o pegava olhando para minha bunda, para meu sorriso. Você me desejava e não queria admitir.
- Quem foi que me roubou um beijo enquanto eu estava fragilizado numa cama de hospital?
- Aquilo foi uma fraqueza, você estava tão bonito, seu semblante parecia de um anjo.
- Eu parecia com um anjo?
- Sim, afinal eu te via como um demônio arrogante.
- Mas afinal você se apaixonou por um anjo ou por um demônio?
- Sabe que eu já me perguntei a mesma coisa, mas eu me apaixonei pela criança que estava em você. Por sua forma de me tratar em segredo, por sua forma de me olhar. Você até não percebia, mas você deixa pistas de que começava a sentir algo por mim. E por isso eu comecei a me confundi, ora eu sentia simpatia por você, ora eu sentia repulsa, mas creio que eu me apaixonei primeiro por você.
- Nesse ponto creio que você está errado...
- Qual ponto?
- Sobre ter se apaixonado primeiro. Eu logo soube que meus sentimentos estavam mudando em relação a você, mas eu não podia aceitar que você fosse essa pessoa gentil e verdadeira. Depois que você me defendeu brigando com Claudio na faculdade, eu tremi nas bases. Claro que nessa época eu ainda não sentia algo mais sexual, era um sentimento de amizade, um sentimento mais puro que ao sentir seu beijo, aquele beijo roubado, eu me perdi nas minhas crenças, eu simplesmente não me reconhecia, só sabia de uma coisa, eu não queria ficar longe de você, as coisas só tinham cor, vida quando você estava por perto.
- Você nunca me disse isso.
- Nunca tinha pensado assim. Agora estamos aqui onde tudo começou a ficar mais claro para mim.
- Eu ainda lembro quando você entrou por aquela porta e veio e se sentou ao meu lado, ainda lembro que tremi de medo, seu toque, sua pele tocando a minha, me deixava em pavor, era um sentimento novo. Fiquei logo excitado, algo que nem com garotas era tão forte.
- Sim, naquele dia eu tinha que te ver, tinha que saber o que estava acontecendo com a gente. E ao entrar te vi deitado e com cara de surpreso, isso me deixou confuso, pois seus olhos e seus lábios me fizeram sentar ao seu lado sem nem ao menos perceber o que estava fazendo, e então nos beijamos.
- Você me beijou. Me beije agora, vamos repetir aquela cena.
- Eu já estava pensando nisso.
Assim fizemos amor. Nossos corpos nunca estiveram tão unidos, tão quentes de e ávidos por prazer. Nossas recordações nos alimentaram, abraçado com Alex sentindo seu abraço, confirmava cada vez mais que nossos destinos estavam traçados, e mesmo lutando contra o mundo, iriamos vencer. Mas naquela noite, tive um sonho, não lembro direito, nem mesmo na manhã do domingo eu pude lembrar os detalhes, mas algo me perturbava nele, tinha muito choro, algumas imagens se formavam não sei se era um velório, mas um sentimento de luto e perda dominava meu sonho, não reconhecia as pessoas, na manhã do domingo, fiquei pensativo, mas depois relaxei, e tivemos um dia tranquilo em família. A tarde fomos ao shopping com tia Elena nos divertimos. Quando voltamos para nosso apartamento depois do jantar, notei Alex bem mais feliz.
- Obrigado. – Alex falou sem olhar para mim, seu semblante estava calmo.
- Obrigado?
- Obrigado por me fazer parte de sua família.
Alex nasceu numa família milionária, e poderosa em nosso estado. Ele é o único herdeiro direto, e eu sou ninguém perto deles. Contudo não me sentia inferior a eles, mas temia o que poderia acontecer, e acreditava que Alex também tinha o mesmo sentimento. Afinal o senhor Gonçalves não iria ficar parado apenas com ameaça de tirar o filho do testamento. Enquanto isso eu refletia como poderia está a cabeça dele, convivendo comigo sem o luxo que ele tinha em casa, sem os empregados fazendo tudo para ele, não questionei ele naquele período, tinha medo de fazê-lo sofrer ou entrar em depressão.
Na segunda feira fomos para a faculdade, e ele pediu para ir dirigindo, achei super. Ele estava se soltando e aceitando sua nova vida.
Contudo meu coração ainda palpitava ao lembrar do sonho, eu temia aquele mal presságio, aquela segunda feira não terminaria tão venturosa como nosso final de semana.
Continua....
Nossa mano estou curioso pra saber o que aconteceu com alex, so espero que essa casal que eu amo desde a primeira temporada tenham um final feliz.
Curiosíssimo...será que eles terão um final feliz?
Nossa que aflição em não sabe o que levou o Alex a parar no hospital até agora tu não contou, cresce minha perspectiva sobre não me deixa nessa curiosidade.