DUSKE - 05 : NI-KI, um beijo pela eternidade.

Depois que Jake foi dormir, Ni-ki entrou em seu quarto, ele estava pensativo, compreendia a preocupação do seu amigo Sunoo em relação a procura de Jake pelo fantasma do seu antigo amigo.
Jake era inteligente e calculista, mas quando se tratava de encontrar a reencarnação do seu antigo amigo, ele simplesmente era impulsivo. Infelizmente não existia uma foto dele para ajudar nas buscas, assim a única forma de ajudar o mestre era dando seu apoio e permanecer fiel ao seu lado.
Talvez a preocupação de Sunoo era apenas ciúmes, afinal Jake não iria abandoná-los, ou mesmo deixá-los esquecidos. Jake em todos os séculos, nunca procurou outro noivo, ou se mostrou indiferente com eles. Não havia motivos para tal suspeita.
Mas agora algo estava diferente. As atitudes do príncipe Jake apontavam para uma provável mudança. Jake encontrara finalmente aquele que seria a reencarnação do seu antigo amigo.
Deveria realmente se preocupar?
Ele se vira na cama, a única luz no quarto vem de um abajur ao lado da cama.
— Ele me escolheu, entre todos os outros naquele navio, ele me escolheu.
…
Séculos antes, em um porão de navio cargueiro, corpos se acumulavam uns sobre os outros, não havia espaço para conforto. homens, mulheres e crianças, sem banho há muitos dias, sem local para aliviar suas necessidades fisiológicas tornava o ambiente insuportável.
Em meio a essa tribulação infeliz estava o jovem Nishimura Riki, ele procurava se manter isolado o máximo que podia dos outros homens, por ter uma aparência jovial e inocente, ele era alvo de inúmeras tentativas de assédio. Ao seu lado tinha outros jovens bonitos e delicados como ele, que no escuro da noite dava para ouvir gemidos acompanhados de choro, bem próximo a ele, assim ele não dormia, procurando ficar entre as mulheres que entre a escuridão não sabiam da companhia.
A alimentação era racionada ao extremo, além de insuficiente para nutrir suas necessidades físicas, também era um alimento contaminado por falta de higiene. Com os dias adiante muitos adoeceram de cólera, levando a óbito muitos jovens e crianças, assim como idosos.
Nishimura Riki adoeceu, e logo sua beleza jovial deu lugar a uma expressão pálida e cadavérica. Logo ele foi separado para o alojamento dos coléricos, e tinha apenas dois voluntários olhando por aqueles infelizes.
Um homem jovem e de estatura alta, e seu ajudante, mais jovem e de semblante alegre. Sempre ao anoitecer eles apareciam, com bacias, e panos limpos, e mesmo com gritos de desagrado do capitão, aqueles homens pareciam não se importar. Eles cuidavam dos doentes com humanidade, alguns chegavam a declarar que preferia ficar doente do que retornar ao vagão dos escravos.
— Quantos anos você tem? - Jake perguntou enquanto ele limpava o rosto do jovem Nishimura Riki.
— Tenho 17, senhor.
— Quase minha idade - Sunoo fala enquanto observa seu mestre cuidar do doente.
Jake olha em sua volta, observa aqueles pobres escravos, com um destino incerto, isso para aqueles que conseguirem chegar ao seu destino. Infelizmente a cólera quase não tinha cura, nas condições oferecidas pela viagem era certa a morte de todos ali. Enquanto Jake procurava conversar com o jovem mais do que com os outros, Sunoo já tinha notado essa diferença no trato dele com o loiro.
— Jake, está pensando em beijá-lo? - Sunoo perguntou ao seu mestre quando eles retornaram ao porão do navio, a parte que ficava mais a baixo do vagão onde ficava os escravos, o sol iria nascer em breve.
— Não sei, você acha que ele merece essa maldição?
— Mestre! Não fale assim, seu beijo é um presente, o Ni-ki será um lindo companheiro.
— Ni-ki? - Jake o encarou com dúvida.
— O nome dele é Nishimura Riki, então já estou batizando com seu nome de vampiro.
— Você não perde tempo… Sunoo, você tem razão, esse garoto merece ser salvo, mas só se não tiver mais jeito, entendeu?
Mas Sunoo não pareceu ouvi-lo, ele tinha adormecido.
A noite seguinte, quando Jake e Sunoo chega ao vagão dos doentes, ele observa que já não tem o mesmo número de doentes, havia dois acordados, e dois enrolados por completos.
— Onde estão os outros doentes? - Jake pergunta agitado quando não encontra o seu jovem preferido.
— Levaram os outros a pouco para jogar ao mar, e ainda tem esses dois depois - um dos doentes falou desanimado, como se soubesse que sua vez não tardaria.
Jake e Sunoo, vão até os enrolados e os descobre, um deles é o jovem Nishimura. Jake se declina e procura escutar alguma batida em seu peito.
— Nishimura. Você consegue me ouvir?
Como um milagre o loiro abre lentamente os olhos.
— Preciso que me responda. Você me seguiria por toda a vida e seria fiel a mim?
O loiro parecia duvidar daquelas palavras. Parecia um sonho.
— Eu preciso que você me responda. Um beijo pela vida eterna. Sendo meu servo.
— Vida eterna? Eu vou morrer?
— Vai morrer, a menos que aceite meu beijo.
— Aceito.
O beijo foi discreto, aquele momento apenas Sunoo presenciou, horas depois o jovem estava recuperado. Jake entregou umas moedas de ouro ao capitão, e assim o jovem Nishimura Riki se tornou Ni-ki.
…
A noite seguinte, Ni-ki abriu os olhos e Jake o observava.
— O que aconteceu, mestre?
— Ni-ki, hoje eu vou ao show sozinho, quero que você e o Sunoo saiam e aproveitem a noite sem mim.
— Mas mestre é quem vai o servir?
— Você é tão engraçado, até aprece que eu não sei me virar sozinho.
— Então, é ele? O cantor, é aquele que o senhor tanto procura?
— Ainda não tenho certeza, mas meu coração parece ganhar vida sempre que eu olho a foto dele.
— O Sunno vai relutar em deixá-lo só num evento com tanta gente.
— Bobagem, eu ficarei na ala VIP… E você, como se sente?
— Eu fico feliz por você. Acho que o senhor precisa de um descanso. Se for realmente ele, todos nós poderemos levar uma vida mais tranquila na Sibéria ou qualquer outro país mais ao norte.
— Desculpe por eu sempre fazê-los me acompanhar para esses países ensolarados.
— Nós sempre iremos onde o senhor for, em relação a isso o senhor não tenha dúvida, sempre seremos gratos.
Jake o abraça e o beija na boca.
— Obrigado Nishimura Riki.
— Mestre! Não me chame assim, soa estranho.
Os dois se abraçam.
— Vamos nos arrumar, o sol já se pós há uma hora, e eu quero me preparar para o grande show.
— Nossa, parece um adolescente indo ver seu idol.
Eles riram.
…