Cap. 4: Sonhos se tornam reais, infelizmente.
Alex:
Aquela manhã no hospital, aquele dia mal tinha começado e para mim seria o dia mais longo da minha vida. Juliana não parava de entrar e sair do quarto, ora tomava café, ora olhava o celular, e eu querendo Daniel perto de mim, mas não tinha coragem de fazê-lo vim ficar comigo, não queria que se sentisse constrangido com minha família, sei que eles não iriam ficar calados vendo-o perto de mim, não era uma boa hora para criar conflitos.
Numa dessas entradas no quarto Ju veio até meu ouvido e falou.
- Adriano está na recepção, eu falei com ele e disse a situação. Ele falou que iria esperar mais um pouco.
- Mas você falou para ele que não era necessário?
- Falei, mas ele disse que tudo bem, queria ficar por perto para qualquer novidade. Você sabe primo como ele ainda gosta de você.
- Sei sim. Obrigado prima. Alguma noticia do Daniel, ele te ligou?
- Ligou. Na verdade eu falei com ele a pouco. Disse para ele vim, que não teria problemas.
- Mas Ju, não era para ter feito isso, você sabe que o tio não vai querer ele aqui, e talvez o pai... – mas ela me interrompeu.
- Primo, eles não vão dizer nada, relaxa, é melhor ele perto de você, você sabe que o tempo está passando.
A Juliana sempre soube como me fazer mudar de ideia. Agora eu fiquei um pouco mais aliviado, Daniel logo iria chegar.
Meus amigos foram poucos, tive amigos falsos e amigos verdadeiros, estes amigos se contava numa única mão. O primeiro deles era o Adriano, para ele eu fui sua primeira paixão, mas na época eu não tinha despertado para esse tipo amor, eu o amava, sabia dessa verdade, mas não compreendia que era o tipo de amor que une duas pessoas de maneira sentimental e sexual. Adriano sumiu da minha vida, como já foi explicado em relatos anteriores, mas não custa lembrar que ele se redimiu e esqueceu de sua vingança depois que viu o amor que há entre mim e Daniel, o perdoei, contudo meu pai mantem um ódio pela família do Adriano, o motivo até onde sei é que meu pai achava que ele e eu poderíamos ser um casal, e ele não suporta a ideia de seu filho ser gay, e então causou nossa separação, deixando em mim a impressão de que fui abandonado pelo meu melhor amigo, e isso me causou um sentimento de raiva e rejeição por novas amizades.
Há uns três meses quando nós decidimos sair do nosso apartamento depois que briguei com meu pai, o Adriano foi um dos que nos ajudou. Ele nos ofereceu transporte, e mão de obra, pessoalmente se juntou a mim, ao Filipe, Ariel, Alicia e Daniel a carregar nossos pertences. Na segunda feira ainda, ele ficou com a gente no novo lar, apartamento que era dele, e nos concedeu para ficar o tempo que fosse necessário. A principio não fiquei a vontade com a ideia de ficar devendo esse favor a ele, mas na nossa condição, não poderíamos rejeitar esta oferta tão generosa.
Ficar próximo ao Adriano durante a tarde sem o Daniel por perto, já que ele tinha que trabalhar, foi interessante, digo pois eu ainda não tinha ficado com ele numa situação parecida, assim, sem termos nenhuma discórdia, nós estávamos tão ocupados arrumando as coisas, limpando, e organizando, que nem me dei conta do quanto estávamos perto um do outro. Filipe com Ariel tiveram que sair um pouco, e quando notei estávamos a sós. Foi quando ele falou.
- Em fim sós. – riu e sorriu. Seu sorriso ainda era encantador.
- Então vamos correr que tem mais trabalho para dois.
- Alex, eu estou preocupado com Daniel, você não está?
- E como não estaria, você sabe do que é capaz o velho.
- Você ainda vai se encontrar com ele, digo, para conversarem sem brigar e tentar reverter essa situação.
- Não sei, agora só quero viver em paz, não quero olhar para meu pai.
- Mas ele é seu pai, e você vai ter que fazer isso um dia.
- Adriano vamos mudar de assunto...
- OK.
Mantemos um dialogo sadio, coisas corriqueiras, nada de pessoais. Vez por outra eu o pegava me olhando, eu sabia que mesmo depois de todo esse tempo Adriano ainda sentia algo por mim. E sei o quanto é ruim ficar perto de quem gostamos e não poder ter. Depois o pessoal voltou, e preparamos um jantar surpresa para Daniel.
Foi uma semana diferente, pela manhã íamos a faculdade, a tarde eu ficava só, e ele ia trabalhar. Mesmo indo ao shopping na terça final de tarde, e Daniel tentando me animar, eu estava ficando deprimido, mas foi só no final de semana que fomos passar com os tio dele, que eu realmente mudei de atitude. Foram dois dias bem familiar, e o momento mais memorável ocorreu quando fomos dormir, no mesmo quarto onde dei o primeiro beijo, ou na verdade devolvi, a ironias, eu tinha uma ideia do que eu sentia por outros homens e não sabia a verdade intensidade dos meus sentimentos, por mais que eu tentasse escondê-los de mim mais meu coração sofria. Recordar aquele dia me fez renovar meu amor por ele, parece bobagem de um romântico mas as vezes os pequenos detalhes é que nos faz tremer. Lembro que quando eu fui visita-lo, foi logo depois de termos uma discursão sobre nossos sentimentos e de um beijo que dei nele, naquele final de tarde quando entrei no quarto dele, meu primeiro espanto foi com o quarto dele, com a simplicidade, mas logo depois eu só tinha olhos para ele, deitado, doente de paixão, foi esse diagnostico que ele me revelou algum tempo depois, que teve febre por causa do da raiva e do beijo junto com suas emoções de amor por mim. Ali foi nossa primeira conversa em que pude acreditar que eu teria alguém para a vida toda, alguém que eu pudesse me apoiar e nunca estaria só. Nessa segunda visita ao quarto dele, fizemos amor com muita paixão, como sempre fazíamos, mas ali, teve um calor a mais, uma pimenta mais forte, não entendia mesmo depois de todos estes anos nós ainda sentíamos tanta paixão e tesão um pelo outro. Talvez esse fosse o verdadeiro amor.
Eu estava renovado, meu corpo e minha alma estavam fortes, não me importava de lavar louça, lavar banheiro, dividir as tarefas de casa não seria o problema, desde que ele se mantivesse ao meu lado, coisas simples como eu já falei faz toda a diferença, vendo ele dividir as tarefas do lar mesmo depois de um dia fora de casa, dava para crer que eu poderia ser feliz sem ter as facilidades que o dinheiro me proporcionava, no inicio ele tentava fazer mias coisas, não deixava lavar o banheiro, mas fui tomando atitude e me impondo, queria fazer as mesmas coisas, era gostoso vê-lo só de shortinho curto com um avental na pia, ou só de cueca limpando a sala. Os dias foram se passando e tudo parecia tranquilo, mesmo assim vivia apreensivo com meu pai, algo me dizia que ele não estava parado, que ele não iria deixar barato, coisas que qualquer um poderia esperar. No final daquela semana, acho que foi na sexta, quando estávamos almoçando, chegou dois caras perto da gente e perguntou quem era Lucas Daniel, nós nos olhamos e logo fiquei temeroso.
- Quem deseja saber?
- É que temos um recadinho para ele, e só pode ser pessoalmente.
Daniel se levantou, mal deu tempo, e ele levou um soco que o derrubou, ainda tentei segurá-lo mas o ato foi muito rápido, nos pegou de surpresa, corri para apoiá-lo, o outro cara deu um chute nele, e depois saíram correndo.
- Alguém chame a policia – mas não adiantou para nada, as pessoas que estavam por perto tiveram medo, se afastaram, outras correram para fora.
- Daniel, você está bem – minhas lágrimas já corriam pela face, eu não compreendi aquele momento, mas lembro que chorei, as pessoas ficavam em volta - Daniel?! Fale alguma coisa - lembrei que eu já tinha visto uma sena parecida com aquela, mas não consegui saber onde, Daniel estava com a cabeça no meu colo segurando a barriga dolorida, até que ele retornou a consciência.
- Estou bem, foi só porque ele me pegou de surpresa.
- Vamos para um ponto de atendimento médico, precisa ver esse machucado.
- Vamos, em casa boto gelo, preciso ir trabalhar, não foi nada, estou bem.
Daniel parecia forte, as pessoas mais calmas ficaram perguntando o que tinha acontecido, poucas viram realmente, e por isso não entendiam, e diziam que foi alguém acertando contas com os dois, e isso me deixou pensativo, não sabia que Daniel tivesse inimigos além do meu pai. Eu não poderia deixar isso passar em branco.
Depois que ele foi trabalhar já se sentindo melhor, liguei para o escritório dele, não queria encontra-lo na minha antiga casa.
Infelizmente não consegui para o mesmo dia. Tive que segurar minha raiva, controlar minhas emoções, isso não estava certo. Mas essa seria nossa ultima conversa franca.
Quando Daniel voltou do trabalho, eu estava o esperando com o jantar quase pronto.
- Que cheiro bom, não me diga que preparou o jantar – ele parecia todo contente.
- Especial para você, mas claro que não chega nem perto do que você faz.
- Meu fofo, o que você fizer para mim será maravilhoso – ele sorria, mas seu rosto apresentava o hematoma do soco e isso me deixava entristecido.
- Ainda doe?
- Só um pouco quando sorrio, e meu estomago ainda apresenta um desconforto, mas estou bem.
- Daniel você por acaso tem algum inimigo que eu não saiba?
- Que pergunta Alex, não duvido de ninguém.
- Nem do velho?
- Você acha que seu pai seria capaz de uma coisa dessas, eu acho que não.
- Ele seria sim, e vou falar com ele.
- Não vá! Me prometa que não vai se encontrar com ele.
- Eu não prometo, preciso tirar esta história a limpo, ou se não teremos paz.
- Mas então me prometa que não vai mais provoca-lo.
- Amanhã. Só amanhã é que eu vou falar com ele, e só ai é que verei como vou me comportar. Mas agora vamos jantar, não quero que meu esforço perca o gosto por causa desse papo...
Quando estávamos terminando de lavar a louça, digo nós, pois um lavava e o outro enxugava e guardava, nessa noite eu estava na pia. A campainha tocou.
Daniel foi a porta e escutei quando ele falou.
- Amor temos visita – depois escutei vozes familiares, riam por causa do “Amor” que Daniel enfatizou só para brincar.
- Filipe e Ariel?
- Isso mesmo, depois você limpa a pia, vá vestir uma roupa e venha para a sala.
- Como assim, ele está nu? – Ariel perguntou toda curiosa, e eles riram.
- Deixa de ser bobo Daniel – entrei na sala de short com pano de prato nas mãos. – Boa noite amigos, e fui falar com eles.
- Mas não é nenhuma novidade vocês por aqui né? – Daniel perguntou enquanto se sentavam.
- Sim... Mas o que foi isso no seu rosto? Não me diga que já começaram a brigar... – Filipe nos encarou, parecia sério, mas seu ar de deboche logo tomou conta do rosto.
- Não, foi um incidente, depois contamos. Antes a surpresas de vocês – falei deixando a a oportunidade para eles.
- Advinha quem vai ser os padrinhos mais fofos da cidade?
- Como assim padrinhos? Vocês já são casados – Daniel se adiantou.
- Não Amor. Padrinhos de bebe... Ai meu Deus, vocês vão ter bebe ...
- Não acredito... – nunca vi o Daniel tão alegre assim, eu também, parecíamos duas franguinhas pulando no terreiro.
- Não sabia que vocês eram tão bichas assim – disse Filipe todo cheio de fofoca.
Demos muitas gargalhadas com sua piadinha boba. Ainda ficaram até umas vinte e duas horas. Foi uma noite maravilhosa entre amigos. Contudo o resto da noite não dormi direito lembrando do soco e então lembrei de onde eu tinha visto aquela cena, fora de uns sonhos que eu tinha visto há anos logo no inicio de tudo, mas no meu sonho tinha mais coisas, e acho que fiquei impressionado, não queria que aquele sonho se tornasse realidade. E sim, ele era real e eu não poderia deixar Daniel, e pensando bem algumas coisas aconteceram, eu fui embora deixando ele, sei que minhas intenções foram boas, mas eu ainda era um covarde, queria fazer a coisa certa, e eu tinha que lutar. Lá pelas três da madrugada, Daniel se levantou, não viu que eu ainda estava acordado, pensei que ele iria ao banheiro, mas não, ele saiu em direção a sala, esperei um pouco e não ouvi nenhum barulho, fiquei temeroso, me levantei e fui até a sala e lá estava ele na varanda, chorando enquanto olhava a noite.
Ainda pensei ir até lá, mas fiquei parado, acho que ele também não tinha dormido ainda, fiquei ali, até ele decidir voltar a cama. Pela manhã notei suas olheiras pesadas e escuras.
- Tudo bem meu amor?
- Tudo, por quê?
- Seus olhos, parece que andou chorando.
- Não dormi direito, mas esquece, tudo vai ficar bem.
- Sim, vai sim, não se preocupe com meu pai, eu vou falar com ele e acabar com esta perseguição. Ele tem que entender que eu não sou mais aquele garotinho. Pode ficar tranquilo...
Seus olhos pareciam não concordar comigo.
A tarde foi uma tortura para mim e imagino que para Daniel também, depois de uma longa espera no escritório do meu pai, ele me manda entrar. E lá está ele sentado com as mãos sobre o birô.
- Vamos meu filho, pode entrar, não via a hora de seu retorno.
E eu, bem eu fiquei em pé pensando em como começar aquela conversa sem ter que responder seu comentário.
...
Cont.
seus contos sempre nos deixando curiosos vc sabe prender a nossa atenção em por isso amo seus contos meu Anjo
Nossa, amei esse conto, votado com louvor! Adoraria sua visita na minha pagina, ...bjs Ângela: Casal aventura.ctba
Pelo amor de Deus fala qual desgraça deixou ele no hospital, não me mata de curiosidade .
Sou apaixonado por esse casal. Sinto que o pai do alex esta tramando alguma coisa pra separar o casal. Ja to agoniado com essas cenas do hospital, o que aconteceu com alex pra ele esta ali.
Paixão por esse conto. Simplesmente não sei lidar...Parabéns Max!