O sepultamento do Senhor Gonçalves ocorreu na tarde do dia seguinte, a família preferiu não adiar, os parentes mais distantes chegaram de avião logo na manhã seguinte ao falecimento, a maioria moravam no Rio de Janeiro, nunca tinha ido a um velório tão rico como aquele. Alex estava muito abatido, sempre ao meu lado. Juliana ficava com seu pai providenciando tudo, além do pessoal da funerária. De longe eu notei Alberto nos observando, ele era um jovem com uma presença forte. Filipe com Ariel e Alicia esteve todo tempo conosco. Adriano compareceu com o pai dele, e seu namorado. Outros colegas da faculdade, e amigos da família compareceram. Meu tio com tia Elena estiveram ao nosso lado todo tempo. Tudo muito organizado.
O sepultamento foi o momento mais triste, Alex chorava, mas um choro contido, ele apoiado no meu ombro, e eu o segurando pelo ombro. Me senti triste mais por Alex, aquele momento de perda veio a prestação na vida dele, eu ainda sentia a minha perda, e por isso sabia muito bem como seu coração doía. Apertava seu ombro mostrando que eu estava ali, ao lado dele. Alberto estava quase em frente, seus olhos sempre nos procuravam. Queria entender qual era a dele, curiosidade, ou ciúmes do primo? Eu confiava em Alex, mas não confiava no primo. Não sabia quais sentimentos ele tinha pelo meu Alex. Depois do sepultamento apenas os familiares ficaram, nos despedimos dos nossos amigos, Filipe ainda me perguntou se nós estávamos precisando de alguma coisa. Aqueles dia foi bem estressante fisicamente e emocionalmente.
Fomos todos para a casa grande da família Gonçalves. O jantar estava seria servido, muitos parentes do Alex ainda por lá. Tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas que estavam curiosas para saber qual a minha ligação com a família, e eu apenas dizia que eu era apenas amigo. Num momento em que muitos procuravam Alex para conversar, Alberto me procurou.
- Olá Lucas, poderia me dá alguns minutos?
- Sim, claro.
- Otimo. Olha, não pude deixar de observar vocês dois, este tempo, e claro que eu sei sobre vocês – ele pareceu bem direto e misterioso ao mesmo tempo.
- O que você quer saber?
- Calma, não vou por este caminho, minha curiosidade não é o relacionamento de vocês – ele pareceu mais misterioso.
- O que você quer afinal?
- Quero? Estou com inveja...
- Não seria ciúmes? – ele sorriu com minha pergunta.
- Também, não nego, mas inveja do meu primo, ele conseguiu encontrar alguém que o suportasse.
- Não entendi.
- Melhor não entender, apenas saiba que eu gostaria de conhecer melhor você, quem sabe sermos amigos.
- Olha não vejo problema, apenas não me faça interpretar mal suas ações.
- Acho que começo a entender porque o primo se apaixonou por você. Vai ser interessante a gente conversar outro momento. Sim Lucas, vamos deixar este papo só entre nós, o primo pode ficar com ciúmes.
- Ele não precisa ter ciúmes. Certo?
- Certo. Apenas esquece tá.
Ele saiu, ainda procurei lembrar do que ele falou, era enigmático, é como se ele concorresse com Alex, e que nessa corrida em encontrar alguém que os entendesse e os suportasse, o primo saiu ganhando.
Em seguida Alex voltou meio chateado com uma conversa que teve com o tio. Depois do jantar e da reunião de família, voltamos para nosso apartamento. Tivemos uma noite calma, abraçados. Durante o café, Alex recebeu uma ligação. Alberto. Fiquei calado esperando eles terminarem, o motivo era um convite, um passeio. Não seria um passeio qualquer, seria na Argentina, na casa do Alberto, não me alegrei, afinal eu tinha meus motivos, não me sentia confortável com o primo dele, ele parecia me devorar com os olhos, não parecia o tipo de pessoa que tem respeito pelo outro. Contudo, o momento era do Alex, eu tinha que fazer um esforço por ele. Aquele viagem, seria um escape para nós, eu estaria com ele, e ele iria aliviar sua tensão. Acabei concordando.
...
Alex
Chegamos à capital argentina cedinho, fomos os quatro no mesmo taxe. Minha tia numa porta, eu no meio e Daniel na outra porta, Alberto na frente com o motorista. Daniel estava encantado com as vielas e os palacetes por onde íamos passando.
Chegamos no apartamento de minha tia, ela parecia ainda triste, nos recebeu com boa educação que sempre teve, mas uma coisa estava diferente, ela sorriu em alguns momentos, nos encaminhou para nossos quartos, eu e Daniel ficamos no quarto de visitas, onde fora meu por um bom tempo, ainda estava como eu tinha deixado. Alberto estava todo animado, não parava de falar, seu estado falante só poderia ser uma coisa, ele estava feliz, e o motivo, só poderia ser a presença de Daniel, eu conhecia os joguinhos do primo, ele estava interessado nele, e eu iria fazer parte desse jogo, apenas tendo cuidado para não baixar a guarda. Ele gostava de brincar comigo, de me provocar, mesmo depois ele acabaria deixando de lado como se nada houve acontecido. Não fazia por maldade, apenas esse era seu comportamento.
Todos cansados da viagem, nos deitamos, e dormimos um pouco, acordamos já perto do almoço, contudo, resolvemos sair nós três para almoçar fora.
Eu conhecia os melhores lugares de Buenos Aires, e Alberto conhecia os melhores quando o assunto era festas e baladas. O local escolhido por mim, ficava próximo um shopping, eu os deixei no restaurante e fui até uma das lojas do shopping. De longe dava para vê-los, eles conversavam, Daniel parecia tranquilo, e sorria. Depois que entrei na loja, procurei resolver logo aquela compra, e depois retornei.
- Logo no primeiro dia e já deixa o cordeiro aos cuidados do lobo – Alberto sorriu todo faceiro com aquela provocação.
- No caso primo, resta saber quem é o lobo e o cordeiro.
- Olha só Lucas, viu o que ele falou de você?
- Acho que Alex nos conhece muito bem Alberto.
Daniel sorriu, depois daquela tarde, eu fiquei sabendo mais ou menos o que andaram conversando na minha ausência. Alberto tinha investigado sobre Daniel, nada além disso. E conhecendo o primo, eu suspeitava que ele estava gostando do Daniel, e que seu objetivo era conquista-lo. Ele estava precisando de um amigo novo, alguém que o confrontasse. Alguém com personalidade, pois a maioria dos seus amigos, eram muito passivos e interesseiros. Alberto se parecia muito comigo nesse ponto, e eu apenas o instigava.
Naquela tarde de sexta, ainda demos uma volta com Alberto, depois ele nos deixou com a desculpa que precisava encontrar sua namorada. Qual namorada não sei, nunca vi.
Mas o importante é que eu estava com Daniel, e queria leva-lo até um lugar que eu gostava muito. Ficava num lugar mais reservado do Jardim Japonês. Eu gostava de lá principalmente por que lá eu tinha muita paz, e sempre imaginei levando Daniel lá.
Chegamos, o sol ainda estava a um quarto do poente, uma tarde fria, o parque estava bem verte naquela época, o gramado bem aparado, e alguns casais faziam piquenique. Algo bem comum por lá, era um ponto estratégico para os enamorados.
- Nossa Alex que lugar lindo, você nunca me falou dele...
- Não, mas foi de proposito, eu queria te mostrar pessoalmente. Sempre que eu estava com saudades de você eu vinha aqui e ficava sozinho lembrando e chorando com saudades.
- Já sei que veio muito então.
- Sim. Praticamente morava aqui. Mas hoje tem um motivo especial, hoje eu quero te fazer uma pergunta.
Me ajoelhei na sua frente, peguei a caixinha que estava no bolço, olhei nos seus olhos, abri a caixa, e ele pode ver as duas alianças brilhando naquela tarde ensolarada. Seus olhos se encheram de lagrimas, e sua mão foi até a boca contendo um grito de felicidade e de surpresa.
- Lucas Daniel, aceita casar comigo?
...
continua...
O que eu posso dizer foi lindo esse capítulo alegrou meu dia tava me sentindo péssimo hoje obrigado.
ta muito bom... mal posso esperar pelo próximo.