O Professor e seus Anjos - T4. C28: Um fantasma que chora

C. 28 Um fantasma que chora

Acordei no meu horário habitual, porem meu corpo ainda dormia, a noite foi longa, tendo que escutar as mazelas daquele anjo caído, suas desventuras e sua desgraça. E lá estava eu com olheiras roxas, e os olhos ainda cerrados. Como eu iria hoje à faculdade, chegando assim lá, não só a Natalia iria me encher de perguntas, como o Miguel iria achar que eu estava numa farra das pesadas com muito sexo, droga e Rock n’Roll, e antes fosse. Mas então o deixei dormindo, sabia que ele precisava desse sono mais do que eu. Mesmo uma voz em minha cabeça dissesse que ele não merecia, eu não o largaria na rua, afinal eu ainda sentia um pouco de carinho por ele. Mas a voz que cada vez mais lembrava a do Daniel, dizia que eu estava ficando fraco, e que dar cobertura para Rafael era uma loucura.
Ao caminhar para a faculdade, parecia que o fantasma de Daniel estava ali na minha frente me encarando, e eu não tirava Rafael de minha cabeça – ele estava na minha porta chorando, magro, olhos fundos, cabelo grande e despenteado, e com uma mochila nas costas, me fazia encarar aquele fantasma, como se eu pudesse dizer que faria o mesmo com ele. Ao entrar na minha sala Rafael se desmanchara em lágrimas.
- O que aconteceu com você rapaz?
Durante a viagem no circular, fiquei relembrando sua lamentação ao ser expulso de casa pelo pai, quando o mesmo descobriu que Rafael era garoto de programa, homossexual e drogado tudo de uma só vez, e ali estava ele no meu apartamento aquela hora da noite procurando um abrigo, mas por que eu, por que não a sua namorada Fernanda que era tão gostosa.
- Desde que Daniel morreu que eu venho vagando, me sentindo culpado...- claro que ele me contou tudo antes de conseguirmos dormir.
Enquanto entrava na faculdade, meus pensamentos estavam na parte em que ele me contava no fora que a Fernanda lhe deu quando o viu na esquina de uma rua afamada por servir de ponto de prostituição, claro que não teve como ele reverter, e depois de tudo lá estava ele me contando tudo, e como ficou naquele estado triste, como as drogas em poucos meses tinha tirado o dos amigos, da escola, e da sua família, e o único jeito era se vendendo para poder pagar seus vícios de bebidas, roupas de marcas, e algumas substancias proibidas.
Perdi a primeira aula, fiquei sentado num banco da praça no centro da faculdade, e ao meu lado o fantasma silencioso de Daniel ainda persistia em me encarar como se eu fosse o responsável por tudo, e como se eu fosse o cara mais imbecil de toda a face da terra. Mas de uma forma ele poderia ter razão, claro que ele fazia parte de minha consciência, assim, eu sabia que eu não poderia fazer nada, ou melhor, que eu não tinha nada a ver com isso, e por tanto não deveria me importar com o Rafael, e nem com sua infelicidade. Mas ele me fez feliz por um momento em minha vida, e não seria justo eu negar isso a ele. Eu precisava sim fazer alguma coisa se não minha consciência não me deixaria dormir, seria um duelo de sentimentos, um o culpava por tudo e o outro desejava o salvar.
Assim fiz com que aquele fantasma que me fazia sentir remoço por algo que não fiz parte, fosse embora. Estava feito, eu iria ajudar o Rafael, iria deixá-lo ficar em meu apartamento por alguns dias até ele melhorar de ânimo. Enquanto eu concluía minhas decisões, Natalia chegou por trás e perguntou:
- Anda, mim conta logo, o que aconteceu ontem ...
E eu num susto, me virei e a encarei. – Oi! Bom dia! Tudo bem!
E ela: - Nossa, desculpe Anjo, foi mau – creio que ela se assustou com minha aparência zumbificada.
- Tá, me desculpe também, não tive um domingo fácil, primeiro aparece o Miguel...
- O Professor Miguel?
- Sim, o arcanjo Miguel, lindo, perfeito e comprometido... É, esse mesmo, mas fale baixo, e depois o Rafael...
- O Rafael, aquele...
- Que me iniciou nos prazeres nunca antes sentido... Nossa Nat, você parece surda, fica repetindo tudo... É, o Rafael, justamente ele, mas não é só...
- Só falta você dizer que o Daniel também apareceu...
- Quase isso... Bem, o pior é que o Rafael aparece de mudança, foi expulso de casa pelo pai.
- Nossa Anjo, que barra... Mas e o professor, onde entra nessa história?
- Ai é outra, depois eu te conto. Agora não dá, ele vem ai... Olá Professor Miguel?
- Olá Natália e Caladriel, tudo legal? E por favor amigos, fora da sala podem me chamar apenas de Miguel.
- Força do hábito, sabe como é. – eu disse sorrindo, e a Natalia ficou apenas observando aquela troca de gentilezas.
Miguel ficou em pé entre nós, ao lado esquerdo de Natália e direito meu...
- Então Caladriel, depois queria falar com você... – disse ele meio tímido com a presença da Nat.
- Olha pessoal podem ficar a vontade, tenho que ir na cantina antes que o intervalo termine. – Nat disse isso enquanto se levantava e saia me dando um beijo a distancia e um sorriso de canto bem malicioso.
- Nat, me liga mais tarde. – ainda gritei, mas acho que ela não ouviu. Então olhei pro Miguel e disse - Então, agora pode sentar.
- Na verdade é coisa rápida mesmo, é que eu não queria falar na frente dela que a gente tinha marcado um encontro... quer dizer... bem você sabe amanha a tarde... - interrompi.
- Calma, já sei, eu vi na TV, o cinema ainda vai ficar fechado até quinta, olha agente pode deixar pro sábado se você preferir, por mim tudo bem.
- Ok, pra mim tudo bem, mas é que eu queria conversar mais com você sobre aquele assunto...
- Tudo bem Miguel, a gente pode conversar, quando daria certo pra ti?
- Amanhã continuo com a tarde livre, eu poderia ir à sua casa pra gente ver um DVD e conversar...
- Olha no meu ap, não vai dá – lembrei que eu estava com hospede. – Mas pode ser no seu apartamento? Completei, e ele demorou um segundo de reflexão...
- Sim, sem problema, mas fica um pouco longe, eu posso pegar você se não se importa...
- Por mim tá ótimo, às 13 horas?
- Ok, melhor, a gente sai logo da faculdade, assim não perdemos tempo, passamos num restaurante para almoçar...
- Nossa, e você não faz comida em casa?
- Faço, mas acho que você não vai querer comer a minha...
- Olha por mim tudo bem, como comida requentada todos os dias mesmo.
- Então, combinado, agora tenho que ir, até amanha então.
- Até, tchau.
- Tchau.
Ele saiu, parecia nervoso, para um homem acostumado com aventuras, ele parecia marinheiro de primeira viagem.

...

A ultima aula não assisti na mesma turma da Nat, depois voltei para casa, lembrando de levar umas quentinhas pois agora tinha o Rafael para me responsabilizar. [Até quando?]
Entrei e tudo estava calmo, falei “Olá” e nada de resposta, imaginei que ele poderia está no quarto, ou mesmo saído, tudo estava silencioso, fui ao meu quarto, ele não estava lá. Troquei minha roupa, pus um short sem cueca, e depois me encaminhei ao banheiro para aliviar a bexiga, e quando abro a porta, estava lá, sentado na tampa do vaso, com as mãos no rosto, e nu. Foi uma visão fantasmagórica, lembrei dele na nossa primeira transa, vendo seu corpo branquinho e liso, mas agora ali, ele estava mais magro, e a pele por incrível que pareça, estava mais branca, mesmo assim foi uma visão maravilhosa, eu admito que ele era bonito, e ainda é, mas naquele dia, naquele estado emocional e físico, me comoveu.
- Rafa, tudo bem?
Ele me olhou, erguendo a cabeça lentamente com os olhos roxos, e então falou.
- Não... – entre soluços ele continuou – o que vai ser de mim Anjo, como vou me virar sem o apoio dos meus pais, não tenho emprego, não tenho ninguém, minha família moram todos longe e sei que eles também não me receberiam sabendo o que aprontei aqui...
- Calma. Venha, deixe eu te ajudar, tome um banho e depois vamos comer.
Ainda o ajudei a entrar no Box, mesmo naquela situação, eu não pude deixar de olhar seu corpo pálido, frágil e jovem. Minha imaginação estava me traindo ou eu estava ficando maluco, mas tive a leve impressão de estar vivendo um déjà vu, porem não com o Rafael, mas com Daniel, e ele parecia me observar por baixo do braço com seus olhos negros e fundos, disse para mim mesmo que aquilo não era real, ao deixar o Rafael debaixo do chuveiro, fui na cozinha preparar a mesa para nós, mas ao chegar lá me deparei com o Daniel me olhando negativamente, sabia que não era real, mas me deu vontade de falar com ele...
- O que você quer de mim...
- Ele não pode ficar aqui com você, você sabe que ele é responsável pela minha infelicidade... – sua voz era serena sem emoção.
- Não, ele não tem culpa de sua escolha infeliz, nem ele nem eu, foi você que escolheu seu fim, você mesmo admitiu, me deixe em paz!
- Ele não pode ficar! Ele não pode ficar! – aquela frase imperativa se repetia na minha cabeça, e o rosto do meu Daniel, jovem, lindo e morto, não saia de minha mente, eu sabia que o Rafael fez parte de nossas vidas, mas ninguém pode ser culpado pelas escolhas dos outros, principalmente quando essa escolha é errada e definitiva.
- Falando sozinho Anjo? – era o Rafa me observando, enrolado na toalha, com o cabelo molhado caído pelo rosto, estava lindo, bem melhor agora...
- É, não se preocupe, ando meio estressado...
- Por minha causa?
- Não, você não fez nada... quer dizer, por que seria você? Olha vá se vestir que assim você me tira a concentração.
- Humm! Então ainda desperto desejos?
- Claro, você continua lindo, mas vamos, se ajeite pra gente comer.
- Anjo!
- O que foi?
- Obrigado!
- Anda! Vai logo, que estou morrendo de fome.
Ele saiu em direção ao quarto, eu o observei e já notei uma leve mudança em seu ânimo.
...

À tarde estávamos deitados, eu na cama e ele no coxão extra, eu sem sono, e ele calado. Quebrando aquele silencio constrangedor, ele falou...
- Anjo eu posso lhe fazer uma pergunta?
- Só se for outra... Brincadeira, claro.
- Eu posso lhe fazer um agrado?
Estranhei aquela pergunta, não acreditei que ele poderia está falando de sexo naquela situação.
- Que tipo... – precisava mostrar segurança e tranquilidade em nossa conversa.
- O que você desejar...
- Qualquer coisa?
- Sim, pode ser o que você quiser, só falar que eu faço.
Não pensei duas vezes e respondi logo.
- Olha Rafa, eu o acolhi não com segundas intenções, é verdade que você ainda me desperta desejos e tudo mais, mas não quero que você me faça nada por agrado ou como algum tipo de pagamento, você vai ficar aqui até você melhorar, e vou te ajudar, mas não quero nada em troca.
E entre lágrimas ele falou...
- Sou tão indesejado assim, você deve ter uma imagem tão negativa quanto meu pai.
- Ei, nem venha por palavras na minha boca, escute o que eu disse... não quero nada que seja como uma troca de favores, não quero me sentir pior depois.
- Você é muito legal... – e ao dizer isso ele se levantou e me deu um beijo na boca me pegando de surpresa, seu hálito continuava inebriante como da primeira vez, ainda pensei em afastá-lo, mas fazia tanto tempo que não beijava, desde minhas férias, que meu corpo logo respondeu, então foi quando ele passando a mão em corpo, como se o que se seguiria fosse mais intenso, me preparei e já ia o abraçando, num movimento de corpo abri os olhos e vi Daniel com lágrimas nos olhos em pé na porta, aquela visão me fez afastar o Rafael bruscamente...
- O que foi Anjo, não gostou?
- Desculpe Rafa, não é você, apenas não superei ainda...
- Entendo, eu é que peço desculpas, acho melhor eu ir procurar outro lugar...
- Nem pensar, pode ficar ai, eu é que tenho que me recuperar, se não vou ficar vendo fantasmas a vida toda.
- Mas então você gostou?
- Claro, sempre gostei de seus beijos, mas acho que não rola mais entre a gente...
- É, acho que eu não aproveitei no tempo certo, mas podemos ser amigos né?
- Claro.
Claro que eu estava com medo de tudo aquilo, o Rafa novamente em minha vida depois de tanto tempo afastado sem dar sinal de vida, e mesmo assim eu tinha que dar um voto de confiança.

...

No final da tarde fui para o colégio onde meus adorados alunos estariam me esperando, e enquanto eu caminhava com o coração aflito, revendo minhas atitudes, achando que poderia está me envolvendo numa luta que realmente não era minha, meu celular tocou, por que noticias ruins sempre vinham pelo meu celular.

continua...

Foto 1 do Conto erotico: O Professor e seus Anjos - T4. C28: Um fantasma que chora


Faca o seu login para poder votar neste conto.


Faca o seu login para poder recomendar esse conto para seus amigos.


Faca o seu login para adicionar esse conto como seu favorito.


Twitter Facebook



Atenção! Faca o seu login para poder comentar este conto.


Ultimos 30 Contos enviados pelo mesmo autor


213674 - O amigo, puto, da minha filha. parte 2 de 2 - Categoria: Gays - Votos: 11
213414 - Eu e o amigo, puto, da minha filha. - parte 1/2 - Categoria: Gays - Votos: 19
205565 - Meu professor me deu uma surra de raba na praia… - Categoria: Gays - Votos: 18
205529 - Fui acender a fogueira e queimei a rosca - Categoria: Gays - Votos: 17
200484 - Jake encontra seu amado. - Categoria: Gays - Votos: 1
200028 - DUSKE - 05 : NI-KI, um beijo pela eternidade. - Categoria: Gays - Votos: 1
199019 - THE BITE - XXIII: O xerife apresenta Parrish a Derek , Scott é abordado por Garrett - Categoria: Gays - Votos: 3
198969 - DUSK 04 - Sunoo, o primeiro noivo de Jake - Categoria: Gays - Votos: 2
198712 - THE BITE XXII Scott x Liam. Surpresa no fim de noite, Scott e Chris - Categoria: Gays - Votos: 2
198574 - DUSK - 03: O Rei Jay e seu plano de vingança. - Categoria: Gays - Votos: 1
198569 - THE BITE - XXI : O encontro entre Stiles e Derek Jovem - Categoria: Gays - Votos: 3
198256 - THE BITE XX - Scott mostra a Peter quem é o verdadeiro alfa - Categoria: Gays - Votos: 3
198255 - DUSK - 02 : O Astro do K-Pop - Categoria: Gays - Votos: 2
198202 - O que acontece no banheiro, permanece no banheiro - Categoria: Gays - Votos: 12
197726 - Uma rapidinha com o filho do meu ex colega - Categoria: Gays - Votos: 20
197157 - Uma rapidinha com o entregador de água - Categoria: Gays - Votos: 37
191082 - que bunda - Categoria: Gays - Votos: 5
190906 - na noite escura... eu, um canalha. - Categoria: Poesias/Poemas - Votos: 5
190109 - Dusk - 01: O Príncipe e o Rei dos Eternos - Categoria: Gays - Votos: 2
189934 - DUSK - Prólogo - Categoria: Gays - Votos: 2
185993 - Monitor pirocudo ensinando a armar a barraca. - Categoria: Gays - Votos: 24
185414 - Dei para o motorista do app - Categoria: Gays - Votos: 16
181426 - Festinha particular com meus primos gêmeos. - Categoria: Gays - Votos: 23
181356 - A presa vira predador. ativo vira passivo, e passivo vira ativo. - Categoria: Gays - Votos: 2
179805 - EROTIC CAMP 01 - Trai a namorada com o negrão dotado. - Categoria: Gays - Votos: 21
176159 - Fazendo ativo de passivo dominado. - Categoria: Gays - Votos: 4
175470 - Totalmente dominado pelos gêmeos - Categoria: Gays - Votos: 5
174306 - Quem gozar primeiro perde? - Categoria: Gays - Votos: 9
174112 - Reencontrei meu amigo no mercado e tiramos o atraso no banheiro. - Categoria: Gays - Votos: 9
173826 - Scott e Stiles encurralam Isaac antes da lua cheia. - Categoria: Gays - Votos: 3

Ficha do conto

Foto Perfil maximilan
maximilan

Nome do conto:
O Professor e seus Anjos - T4. C28: Um fantasma que chora

Codigo do conto:
105216

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
24/08/2017

Quant.de Votos:
3

Quant.de Fotos:
1