O Professor e seus Anjos - T4 C35: Um Anjo na minha cama

C. 35 – Fase de teste / Um Anjo na minha cama
Não sabia onde eu tinha visto aquele homem, ele era alto, forte e muito másculo para acreditar que ele poderia está beijando um rapaz. Claro que este tipo de cena em baladas não surpreende mais ninguém, e eu mesmo já reagia de maneira natural quando via este tipo de cena, e acredito que a Isis também era acostumada a ver até situações mais ousadas, do que ver um jovem beijando outros, mesmo se este outro fosse mais velho. Ele deveria ter uns 40 anos no mínimo. Seu rosto era muito familiar e deveria morar por perto, mas minha cara de surpresa e de espanto foi tão explicita quanto a da Isis, ela me tocou no ombro antes de vê-lo beijando o garoto. Então ela me perguntou?
- Não é aquele aluno novo do terceiro ano?
- Sim, é o Joel, mas nossa eu não sabia que ele era gay.
- Nem eu nunca tinha percebido que tinha jeito, até tu tem mais jeito que ele.
Aquele comentário da Isis me deixou rubro, mesmo sem ver minha face eu sabia que ela estava vermelha, só em senti o calor me queimar. E ali olhando para Joel, beijando aquele arcanjo, sim, mesmo não simpatizando com o cara, eu conhecia um arcanjo de longe, ele abraça meu anjinho com jeito, as pessoas nem deram por elas, afinal o Joel era novo naquele ambiente, então a cena só mais chocante para nós que éramos seu professor, o garoto do terceiro ano, com rosto comum, com aproximadamente 1 e 75, cabelos curtos castanho escuro, com olhos cor de mel. Vestia o mesmo conjunto jeans e camiseta vinho gola V, justa ao seu tórax mais forte, e mesmo sendo fora dos padrões, ele tinha uma boa aparência, dando uma perfeita harmonia entre sua vestimenta e sua proporção peitoral ainda de um adolescente.
- Isis, você disse que eu tenho jeito de gay, você fala sério, você acha mesmo que eu tenho?
- Calma Caladriel, eu falei não do jeito afeminado, mas do seu comportamento, muito educado, sentimental, e coisa e tal, não grila, eu até gosto assim.
- Ah tá, mas olha, vamos sair daqui não quero que ele nos veja. – parece bobagem agora, mas eu me senti incomodado vendo ele beijando outro cara, e mais ainda sabendo que ele era gay.
- E por que não, do que você tem medo?
- É que eu não quero ser cúmplice dele, se o pai dele sabe que eu o vi, pode querer que eu seja o responsável e coisa e tal.
- E você conhece o pai dele é?
- Sim é o meu professor da faculdade. Vamos?!
- Tá, eu também não estava gostando mesmo desse ambiente, tem muitos casais gay aqui. – detalhe, acabei levando ela para a balada que eu já me sentia mais familiarizado.

...

Numa sorveteria ali perto, pedimos duas taças de Milk-shake, então eu inicie o assunto que na verdade preferi não tocar durante a balada pra ver se ela tinha alguma reação diferente, e como ela se mostrou negativa a cena homoerótica anteriormente, aproveitei o assunto para investigar o suposto caso dela com a Nat.
- Então Isis, lá na festa, você pareceu não aprovar aquele tipo de relacionamento, você tem preconceito?
- Nossa, Caladriel, que pergunta mais direta em, você é sempre assim? – fiquei sem jeito e tentei desfaçar.
- Nem vem me responder com outra pergunta, vamos me diga...
- Olha não é preconceito, é aceitação mesmo, não me vejo fazendo aquele tipo de cena em publico. Acho que se os caras se gostam, que vão procurar um lugar mais reservado, e você?
- Eu? – que barra, pergunta leva a outra pergunta.
- Depois reclama se eu respondo com outra pergunta...
- Não ligo, desde que não me cantem. [dizem que mentira tem perna curta, para quem eu estava mentindo então?] Bem, você disse que não beijaria outra mulher em publico, mas e num quarto?
- Espere, a conversa está tomando outro rumo, você não me avisou que estávamos jogando o jogo da verdade, pode parar. Não gostei!
Ela respondeu dessa forma, mas seu tom não é o que pareceu, ela estava mais era sorrindo do que séria.
- Tá, então, mas você tem preconceito ou não tem?
- Já tive, não nego, mas hoje não dar para vivermos selecionando as pessoas, onde vamos temos que conviver com eles. No nosso ambiente de trabalho, no salão de beleza, nas baladas, e até mesmo em nossas famílias. Eu mesmo tenho uma prima que é gay, e um tio. Então não tem como fugir.
- Sei, eu também tinha um pouco, mas nunca ao ponto de criticá-los, tenho um amigo que estes dias foi espancado por ser gay, e é triste.
- Quem? O Rafael?
- O Rafael? Por que você lembrou logo dele, ele tem jeito também?
- Não seu bobo, o Rafael é mais macho do que você – ela disse rindo – Veja só você falou dele, não lembra? E além do mais, eu notei ele paquerando um cara no balcão antes de sumir na noite.
- Nossa, você não deixa escapar nada.
- Bem, vou pedir um taxe, tenho que ir, mesmo sendo um domingo, é o dia que mais trabalho elaborando as aulas da semana.
- É verdade, você e essa mania, de ficar saindo pra balada no meio da semana, e quando é no sábado já quer ir pra casa. – soltei essa verde.
- Eu não fico saindo no meio da semana pra balada, de onde você tirou essa ideia.
- Foi só um meio de falar, mas você nunca sai nos dias da semana?
- Que nada, quem passa a semana trabalhando e sai logo no meio dela para balada? Só se você me arrastar.
- Sério, que ótimo saber que estou com todo este prestigio.
- Tá bom, você tá meio estranho hoje, vamos dormir que amanhã tem muito o que fazer. Vou indo, meu taxi tá chegando ai. – ou ela estava mentindo ou o Rafael se enganou e viu a Nat com outra pessoa.
Nos levantamos e nos despedimos. Voltei para casa pensativo, analisando cada palavra dela, não sei se eu fiz mal em não perguntar direto se ela tinha saído com a Nat e tirar logo essa duvida de uma vez, pois nossa conversa só me deixou mais grilado.

...

Chego perto do meu condomínio e vejo o Rafael na pracinha, de sempre, conversando com um cara que nunca vi, não deu pra ver se era anjo ou arcanjo, ou mesmo um serafim, já que ele gostava de pegar todos, passei direto, e fui para o apartamento, para minha surpresa, estava lá sentado ao pé da porta, com a cabeça caída nos joelhos encolhidos, meu professor, meu arcanjo. Chegando mais perto o acordei, e ele ao me ver logo ficou de pé.
- Desculpe Caladriel, mas precisava vim falar com você.
- Bem, isso deu pra ver, mas o que aconteceu?
- Eu briguei com minha mulher, e sai de casa para tomar um ar, e vim saber se você poderia me deixar dormir hoje aqui... – o olhei sério, fiquei sem crer no que tinha ouvido.
- Não seria melhor você voltar e tentar conversar com sua esposa?
- Não estou com cabeça para conversa, ela acha que eu estou traindo ela...
- E não está?
- Mas com mulheres, e não com você...
- Comigo? Nós estamos tendo um caso, e você não me avisou?
- Você parece aborrecido, o que aconteceu? – como ele é sínico.
- Acontece que eu não estou tendo um caso com você, na verdade você me assediou, e você pega e termina seu casamento por minha causa antes de me consultar, não acho coreto, enquanto que seu filho fica jogado por ai, com... - preferi não continuar, vai que ele ainda não sabe sobre o filho, eu não quero ser o cara que revelou o segredo do garoto – fica por ai com amigos de pouca confiança...
- Você viu o Joel?
- Vi sim, ele estava chorando na escola, e depois eu o vi na balada, acho melhor você voltar pra casa e ligar pro seu filho, e procurar ele, antes que você possa se arrepender.
- Mas Caladriel e a gente, eu estou apaixonado por você, não paro de pensar na gente naquele boxe...
- Eu também gostei, mas não passou de um momento único, não existe nós..
- Não acredito em você, acho que você tem medo de se sentir culpado pela minha separação, mas não é você, sou eu, eu é que não quero continuar vivendo esta mentira. – quase admitia sua afirmação.
- Mas você não ama sua mulher?
- Amo, mas meus desejos, minha natureza quer outra forma de amor.
- Mas você não sente excitação por ela e outras mulheres?
- Sim, mas é diferente, quando estou com você, e quando penso em você, meu corpo reage de uma forma completamente mais eufórica e rápida. É um desejo incontrolável.
- Não Miguel, o que você sente não é amor, nem paixão, é apenas desejo, isso passa, hoje eu posso dizer que sim, o amor que eu senti, ou que eu pensava que era amor, passou da mesma forma que o seu vai passar, e depois você vai querer ir procurar sua esposa e ela não vai mais estar disponível, e então vai me culpar. Não Miguel, é melhor você ir. Vai procurar seu filho, e volte e converse com sua esposa. Ainda há tempo.
- Você sabe o que estar falando?
- Sei sim, e eu estou gostando de outra pessoa, ela é linda e merece todo o meu afeto e carinho.
- Se for uma mulher, você vai se arrepender, não pode lutar contra sua natureza Caladriel. – isso ele poderia ter razão, mas eu teria que tentar para ver.
- Não estou lutando contra, Miguel, estou apenas me deixando levar pelo curso natural das coisas, se eu vou me arrepender ou não só o futuro vai saber, agora é melhor você ir.
Ele saiu, não me disse mais nada, naquela madrugada de domingo, eu fiquei acordado sem pregar um olho, mesmo o Rafael, depois que entrou, tentando me ajudar, não conseguia parar de pensar em tudo e principalmente na imagem do Joel beijando um cara, pois até então não imaginava que ele gostasse da fruta. Aquela imagem era como um sonho, um sonho em que eu não participava, vendo o Joel, bem fofo e lindo, abraçado com aquele cara, me deixava perdido. Eu não sabia mais o que fazer, era muita informação para eu processar.

...

A semana seguinte foi pura desolação, na faculdade a Nat me evitava e mesmo eu a procurando para conversar ela se afastava, na escola não tive mais contato direto com o Joel e mesmo assim ele não olhava nos meus olhos como sempre fazia nos intervalos quando a gente se cruzava, fiquei as noite tentando encontrar ele para conversar, e nunca encontrava um oportunidade, acho que tinha ficado realmente chateado comigo. Então fiquei sabendo que o Miguel tinha voltado pra casa, por meio de fofocas na faculdade. Apenas a Isis ainda me dava um oi, e quando a gente se encontrava mais reservado, ele se mostrava afetuosa e já dando uma de namorada, mas nosso namoro mesmo ainda estava na faze de teste. Já estava começando a achar que ela não queria avançar o sinal comigo.
No sábado, apenas o Rafael me fez companhia, meu celular não tocou, nem a Isis me deu sinal, o que mais me chateou, é no final da semana, eu estava me sentindo o rejeitado, e nem sabia por que.
Meu aniversário estava chegando, e eu estava sentindo muito a falta de minha amiga, então resolvi mandar uma mensagem pedindo desculpas, e marcando um encontro para conversar com ela no domingo, mas ela retornou dizendo que já tinha um encontro, também não disse com quem, e eu claro, não perguntei. Então liguei para a Isis, mas ela disse que iria viajar para visitar a mãe. Liguei em fim para a única pessoa que iria conversar comigo, liguei para minha mãe. E para minha surpresa ela me deu uma noticia que me abalou as estruturas, meu primo Nithael estava noivo, e com casamento marcado ainda para uns 4 meses. Nossa eu iria rever meu primo e se casando, depois de nós termos caídos literalmente no mato, pelados, e trocando caricias. Me bateu uma saudade naquela hora. Mas então ele iria se casar, isso significava que ele gostava de mulher, fiquei apenas refletindo sobre mim, e para variar, minhas questões eram: realmente o que eu quero para minha vida... mas nessas horas o Rafael passava uma ora enrolado na toalha, ora só de cueca indo a geladeira beber água, ora ficava coçando seu saco enquanto via TV, e assim eu me perdia, será que eu era como o Nithael, gostava de garotos só para uma aventura? Ou será que o Nithael era como eu, queria uma mulher só para me enganar? Que dor de cabeça.
O Rafa era lindo, mas nossa relação ficou mesmo de irmão, eu o desejei, mas ali, não sentia mais tesão, mesmo ele me atacando uma vez ou outra, eu sabia que era apenas loucura dele, ele estava cada dia melhor, trabalhava direito, mas uma coisa que eu notara, era ele não falava mais nos pais dele, ele definitivamente estava mudado, mais maduro e mais responsável. Prometeu dividir o aluguel o que eu aceitei, afinal ele queria um lar para ele também, então ainda naquela noite de domingo, conversamos sério, e resolvemos mudar de apartamento para um com dois quartos, assim ele poderia ficar mais a vontade e levar seus convidados sem se preocupar comigo, e claro, eu também teria mais privacidade. E assim com mais conforto e sem pagar muito mais por isso.
....
Na segunda, esperei a Nat, tinha que conversar com ela. Na entrada mesmo eu a abordei.
- Bom dia!
- Oi Anjo, tudo bem?
- Tudo! Olha queria pedir desculpas, sério, estou com muita saudades de você, e queria saber se você me perdoa...
- Claro Anjo, eu é que não agi certo com você, é que naquele dia você me fez umas perguntas estranhas, e eu estava tão contente querendo lhe falar minhas novidades, e acabei ficando chateada...
- Então, Nat é sobre isso que eu queria esclarecer, eu estava fora de si ao achar que você estava saindo com a Isis...
- Pois é Anjo, você foi imaginar coisas onde não existia, eu nunca sai com a Isis fora aquela noite onde nós estávamos juntos...
- Então, você poderia me contar agora o que aconteceu na noite daquela terça, pois até agora não entendi...
- Anjo, essa era a novidade, naquela noite fui com minha irmã Violet mostrar alguns pontos bacanas, ela estava passando alguns dias aqui cidade...
- Sua irmã? Não sabia que tinha uma.
- Pois é como as coisas são, ela é meia irmã, filha de outro relacionamento do meu pai, em outra cidade.
- Como eu fui tonto...
- Isso acontece, e acho que você ficou paranoico depois de tantos envolvimentos tumultuados.
- E você nem sabe do resto...
Relatei os últimos acontecimentos para a Nat sobre o Miguel, a Isis que meio me deu um fora, do Joel com um homem mais velho. Mas foi bom pois ela entendeu meus conflitos e me perdoou, assim nossa amizade se normalizou.
O Miguel passou por mim com a cara fechada, e depois da aula, ele me deixou um pedaço de papel onde tinha escrito: “Não vou desistir de você!”
Lendo aquele pedacinho de papel, fez meu sangue sumir, e minhas mãos suar frio, não sei qual era o medo, mas alguma coisa ele iria aprontar.
...
Chegando em casa abro a porta, vou a cozinha bebo algo, tiro minha camiseta e a jogo numa cadeira da mesa como sempre faço, depois vou direto para o banheiro tomar um banho para só depois ajeitar meu almoço. Minha rotina era de sempre, geralmente não saia de toalha do banho, nem sei porque algumas pessoas ficam de toalha se estão só em casa, e mesmo que o Rafael esteja, eu mesmo saiu nu, afinal estou em minha casa. Assim, vou ao quarto vestir um shortinho mais confortável para passar a tarde preparando minhas aulas da semana. Mas ali deitado na minha cama, dormindo feito um anjo, claro que ele já era um anjo. Fiquei pasmo, olhei para um lado, olhei para o outro, procurando entender qual foi a parte do filme que eu tinha perdido, pois como ele teria entrado, se a porta estava fechada. Claro, o Rafa deve ter vindo em casa no seu horário de almoço para trocar de roupa, ou pegar alguma coisa que tinha esquecido, e na verdade foi. Ele depois me contou que tinha vindo pegar uns projetos de marketing do seu trabalho para mostrar para seu chefe, e ao chegar viu Joel me esperando, então o convidou apara entrar, e como já o conhecia preferiu deixá-lo dentro, sabendo que eu não iria demorar. Claro que não o recriminei pelo seu ato, também teria feito o mesmo, já sabendo que o Joel não faria nada de mau.
Parado e nu em frente ao Joel, ele abrindo os olhos e me encarando, não tive tempo de correr e vestir algo.
Ele foi logo falando:
- Nossa que surpresa boa, é tudo pra mim?
continua...