Blue Eyes

Capitulo 1 – O garoto de intercambio

Por onde começo? Sempre me pergunto antes de começar a escrever meus diários, geralmente pelo ultimo acontecimento marcante, ou me apresentando, mas desta vez vou começar num ponto da história em que possa deixa-los curioso. Isso seria uma ótima estratégia, contudo o que tenho em mente agora para relatar adiantaria muito minha narrativa, assim, vamos partir do princípio.
Na manhã daquela segunda feira fria e nada estimulante, cheguei até a porta da sala do terceiro ano do ensino médio, final do primeiro semestre, ultima prova, antes da tão sonhada férias. Minha vontade era de dá meia volta correndo para meu quarto. Mas então alguém me empurra sala adentro.
- Vamos Hugo, você consegue – Paula, minha colega e amiga desde sempre, praticamente me levou rebocado até o meu lugar.
- Você estudou? – perguntei com olhar irônico.
- Não! Sabe que não estudo. – ela sorriu e sentou ao lado.
- Então por que toda esta euforia?
- Acordei de bom humor.
- Já sei, o Luciano respondeu sua mensagem.
- Você parece bruxo as vezes. E você, por que está com cara de peixe morto? A prova não lhe causaria todo este transtorno.
- Quem dera que fosse só isso.
Nessa hora o professor chegou, e tivemos que mudar de assunto.
Terminamos logo a prova e fomos para a área social.
- Me conta Hugo, não me diga que você levou outro fora da Cristina?
- Viu, somos almas gemias.
Cristina era terceiranista também, mas da segunda turma, eu tinha uma quedinha e mesmo já tendo levado três foras, eu não desistia.
- Será que ela não suspeita de você?
- Lá vem você com esta história de novo. Já te falei milhões de vezes que não gosto de garotos – eu tinha a fama de gay no colégio, típico rapaz que anda só com garotas, gosta de rock internacional e pop, não curte futebol, e claro só anda bem arrumado. O típico afetado e discriminado pela sociedade machista.
Se eu era gay, isso nem eu sabia, nunca tinha saído com nenhum garoto antes, nem a famosa experiência entre primos, ou colegas de sala. Mas isso não me preocupava, eu queria mesmo era namorar a Cristina, que entre as outras terceiranistas era a única que sabia se vestir bem, mantinha o cabelo sempre impecável, sabia combinar roupa e calçados. Contudo ela só tinha olhos para o bonitão do time da escola.
Naquele dia voltei para casa resolvido a tomar uma atitude, iria praticar esporte e entrar para uma academia. Garotas gostão de corpos másculos e fortes. Típico em nossa sociedade.
Chegando em casa encontro o corno do meu irmão sentado na mesa de jantar ao lado de outro cara, ambos com livros abertos. Passei direto por eles.
- Boa tarde né Hugo! – eu o encarei.
- Boa tarde.
O outro cara me encarou, sorriu e estendeu a mão.
- Boa tarde.
- Esse é David, aluno de intercambio, vai ficar com a gente uns quatro meses – o encarei, e depois olhei para o cara que ainda estava com a mão estendida e me olhando.
- Prazer, me chamo Hugo – apertei sua mão e ele retribuiu.
Fato, geralmente quando uma casa recebe um aluno de intercambio, há uma visita antes, uma preparação, informações e toda uma burocracia. E eu não estava sabendo nada disso. Mais tarde conversei com minha mãe, e ela achou estranho eu não está sabendo de nada, pois há mais de uma mês não se falava em outra coisa naquela casa. Culpa do meu vídeo game, e das horas de bate papo com a Paula no telefone, disse minha mãe.
O tal David, tinha dezenove anos, idade do Henrique, meu irmão, e ambos iriam estudar juntos na federal de MG. Num instante refleti que nada daquilo importaria, afinal, não mudaria nada na minha insignificante vida.
Passei a tarde jogando no meu quarto, depois do jantar, sai para rua do condomínio onde tinha uma pracinha, e contei a novidade para Paula. Nisso escuto passos em minha direção. Olho de lado e lá estava o David.
- Posso me sentar com você? – ele apontou para o lado do banco vazio.
- Claro senta ai – desliguei o telefone na mesmo hora.
- Então Hugo, seu irmão falou que você está entrando de férias...
- Ainda tem as recuperações, caso eu fique em alguma.
- Entendo... – o encarei com mais calma, ele tinha um corpo nada fora do comum, não era musculoso, mas tinha olhos azuis, bem azuis.
- Então, estou curioso, como que um gringo americano, fala tão bem português? – ele me encarou com ar interrogativo, e logo depois sorriu.
- Você acha que meu português é bom?
- Geralmente gringos não conjugam os verbos – ele sorriu quase rindo.
- Verdade – deu um apequena pausa e continuou - Sou filho de pais brasileiros, na minha casa desde pequeno falamos português. Minha mãe me dava aula em casa, domino as duas línguas – fiquei com aquela cara de bobo – e você sabe falar inglês?
- Apenas o trivial mesmo, consigo interagir um pouco quando o diálogo não é muito extenso, entende?
- Claro. Acho que poderemos praticar seu inglês, quando você desejar.
- Claro seria ótimo – respondi sem pensar, e pensando agora, notei que estava bem animado com a ideia de ter aulas de inglês com o David.
- Encontrei vocês – o Henri, chegou e me acordando para a realidade – Vamos David, vou te levar para conhecer umas garotas legais aqui do condomínio.
Eles saíram, eu ainda fiquei olhando os por trás enquanto se distanciavam. Ele era mais alto que meu irmão, cabelos loiros, uma pele branca e lábios rubros. Eu estava prestes as fazer dezessete anos, o normal seria eu me levantar e segui-los, mas algo a se notar ai, é que meu irmão e eu não somos os melhores amigos, assim como muitos, ele não acha que sou o típico garoto que sai para paquerar garotas. Ainda notei o David meio que olhar de lado como se estivesse interessado no que eu poderia está fazendo.
Segundo fato importante a relatar e ficar bem claro, eu tenho um quarto só meu, e quando não tenho aula no dia seguinte, meio que viro um vampiro, fico jogando no ‘pc’ até de madrugada. Já passava da meia noite quando escuto alguém bater de leve na porta. Alguém batendo na porta e de leve, não era nenhum membro da minha família. Girei junto com a cadeira retirei o fone do ouvido e falei.
- Pode entrar – David abriu a porta e pós só a cabeça.
- Posso entrar?
- Está sem sono?
- Fuso horário, quatro horas adiantado, durmo só depois da meia noite. Posso te fazer companhia?
- Claro entra ai... Então, quer jogar também, ou assisti tv?
- Posso ver tv enquanto você joga?
- Claro.
- Não queria incomodar seu irmão, ele já adormeceu, e quando fui beber agua vi o claro.
Ele parecia ser legal. Todo preocupado em não incomodar. Notei que ele olhava em volta, vendo meus desenhos em molduras, e as capas dos meus CDs antigos, afinal quem compra CD hoje em dia? Ligou a tv, e eu retornei ao jogo. Mas me senti estranho com aquele cara ainda estranho para mim, ao meu lado e eu sem dá atenção. Desliguei o jogo.
- Então, alguma coisa interessante?
- Sim, está passando um filme bem antigo – ele não me encarou.
Por um momento o silencio reinou, estava me sentindo constrangido, afinal um estranho estava vendo tv no meu quarto.
- Posso fazer uma pergunta? – ele falou me olhando.
- Manda – também o encarei.
- Coisa boba... – ele sorriu – você e seu irmão não se entendem?
- Meu irmão é o típico jovem que se acha...
- Não compreendo... Como assim, ele se acha?
- Ele se acha o maioral, o melhor, o mais gostosão e o mais pegador.
- Você parece com meu primeiro namorado – não compreendi direito, ele disse namorado, vai ver foi erro de pronuncia.
- Namorada. Você usou a forma masculina – sorri no final, para passar a ideia de que foi engraçado.
- Namorado mesmo. Nós terminamos há três meses.
- Legal – eu disse legal? – Não foi isso que eu quis dizer. Foi tipo, legal você ser...
- Gay? – ele completou.
- Não. Tipo, ser gay mas não tem problema com isso.
- Há, entendi. E você?
- Eu o quê? – juro que não entendi.
- Você tem problema com isso?
- Cara, de boa, não me incomodo, só não venha dá em cima de mim.
- Pode deixar. Acho que seremos bons amigos.
- Já não posso dizer do meu irmão quando ele souber.
- Ele me levou para ver umas garotas...
- Foi né, creio que deve ter sido engraçado para você.
- Foi. Eu nem ligo, estou tentando esquecer meu ex. não quero me envolver agora, entende?
Aquele papo, foi bem estranho. Duas horas depois já estávamos bem confortáveis, descobri que ele tocava violão, e que era bom em desenhos digitais, quando ele saiu eu estava bem leve, me senti feliz.
Dia seguinte, acordo com meu telefone tocando.
- Oi, isso é hora de me ligar Paula?
- Desculpa, devo ligar quando você terminar o almoço? – almoço?
- Espera... – olhei o relógio, já passava do meio dia – nossa perdi o almoço.
- Não me diga que acordou agora?
- Foi... O que foi mesmo?
- Você ontem desligou na minha cara... Me conta quem é esse cara, deve ser lindo, americano.
- E gay, pode esquecer.
- Sacanagem. E como você sabe que ele é gay?
- Ele me contou.
Nossa conversa é interrompida, minha mãe entra sem bater.
- Diga para Paula que você liga depois, vem almoçar, mas antes vá lavar essa cara de defunto.
- Escutou.... te ligo depois.
Cheguei a mesa, minha mãe estava só.
- Cadê o David?
- Ele já saiu com Henrique.
- Foram para onde?
- Não sei filho, acho que para universidade.
- Ah tá.
- O que foi, parecesse interessado?
- É que ele parece um cara legal, tenho medo do Henri estragar ele.
- Deixa de implicar com seu irmão. Termine, que hoje você vai fazer feira comigo.
Fazer feira não era meu forte. Mas aproveitei para comprar uns salgados para comer a noite enquanto jogava. No final da tarde fui para a casa da Paula, mas não deu para ficar com ela, pois o Luciano estava lá, e ela meio que me expulsou. Então a noite chegou e eu sozinho. Eu precisava planejar algo urgente, se não minhas férias seriam um vazio só. A Paula de namorado novo não iria ter tempo para suprir minha necessidade de companhia. O ruim de se ter apenas uma amiga, é quando ele não pode está ao seu lado, você fica apenas procurando coisas sem sentido. E lá estava eu, no meu quarto esperando o jantar ser servido.
Terceiro fato, não tenho pai, quando eu tinha dez anos ele foi embora com outra mulher, hoje só aparece próximo aos nossos aniversário. Eu meio que nem lembro dele. Assim quando Henri não está em casa, são apenas minha mãe e eu. mas naquela noite foi diferente. Ao lado da mesa estava David compartilhando o jantar. Minha mãe fazia perguntas sobre a vida dele nos EUA, ele respondia de boa, e eu apenas o olhava. Então lembrei de um detalhe.
- E o Henri, não quis sair com ele hoje? – ele sorriu, balançou negativamente a cabeça.
- Ele me chamou, mas eu estava muito cansado. E acho que ele iria sair com a namorada.
- E depois do jantar, tem algo para fazer? – a pergunta saiu meio que sem querer.
- Nada. E você?
- Só jogar mesmo.
- Vocês poderiam ir na praça um pouco, tomar um ar – minha mãe falou.
- Claro. Assim você poderia me dá aquelas dicas de inglês – minha mãe nos encarou – que foi mãe?
- Vejo que já estão se entendendo, que bom.
- Sim, já conversamos ontem – David interpôs antes de responder.
- Otimo, mas só depois de lavarem a louça.
- Sim, claro dona Elena.
Na pia ele se mostrou bem ágil, parecia que lavar louça era um atarefa corriqueira. E era. Ele me disse que estas tarefas domesticas na casa dele eram compartilhadas por todos os membros da família. Ele tinha dois irmãos mais novos e já estava com saudades.
Na praça foi bem divertido nosso papo, praticamos inglês e falamos um pouco mais sobre nós.
Na hora de dormir, o Henri ainda não tinha voltado. Como dia seguinte seria um domingo, ele não iria para faculdade, então o convidei para ver um filme na sala onde a TV era bem maior que a minha. Preparamos pipoca, minha mãe ficou com a gente um pouco, depois ela se recolheu. Antes do filme terminar o Henri chegou. Ficou meio que surpreso ao me ver na sala vendo tv.
- Cuidado David para não ser infectado com o vírus nerd.
- Pode deixar, já fui contaminado – ele sorriu em seguida e meu irmão ficou meio parado entendendo, depois pegou um copo e tomou um pouco de refrigerante com a gente. Mas ele parecia com sono e se recolheu.
- Obrigado – falei sem olhar para ele.
- Não por isso. Acho que ele não gostou.
- Melhor você não o confrontar, afinal vocês são colegas.
- Sim, mas não gosto que vocês se tratem assim. Apenas quis quebrar o clima.
- Valeu.
Foi uma noite bem diferente na minha casa, eu estava conversando com o David tão abertamente que parecíamos velhos amigos.
Adormeci vendo a tv, acho que o filme não estava tão empolgante. Então desperto com uma voz.
- Vamos dormir – era o David com seu rosto quase sobre o meu.
Pude senti ainda seu hálito, seus olhos me encaravam. Suas mãos sobre meus ombros. Por um segundo me senti estranho.
- Já acabou o filme? – olhei em volta.
- Sim.
Fomos dormir. Mas ao me deitar o sono se foi, não conseguia apagar a imagem do David sobre mim.
continua

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Comentários


foto perfil usuario theweekend

theweekend Comentou em 27/05/2018

Maravilhoso!

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morsolix Comentou em 27/05/2018

Opa.Uma história sua... é sinal de história boa envolvente.Ja estava fazendo falta.Lido e votado.Inicio gostoso e chamativo.

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anjogabriel Comentou em 27/05/2018

Gostei muito do seu conto. Continue logo.




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Ficha do conto

Foto Perfil maximilan
maximilan

Nome do conto:
Blue Eyes

Codigo do conto:
117634

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
26/05/2018

Quant.de Votos:
8

Quant.de Fotos:
1