Obrigado pelo seu retorno, uma ótima leitura.
Att Max
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A respiração de Cauê estava ofegante, sua raiva o fazia tremer. Cauã com a mão esquerda no rosto, parado próximo a porta do banheiro, olhava sério para o amigo.
Como aquilo fora acontecer, ele se perguntava. Seu coração acelerou, tomou coragem e falou:
- Me desculpa...
- Desculpa o caralho, não foi você que foi arrombado...
- Sério Cauê! Me desculpa amigo!
- Pega suas roupas e saia. – Cauã ainda tenta se aproximar do amigo, mas – Saia!
Cauã pega suas coisas, sabe que não adianta conversar naquela situação. Ele sai do quarto, ao ouvi a pancada da porta se fechando e suas costas, ele chora, suas lágrimas silenciosas mostram sua dor e seu arrependimento.
Cauê caminha até o banheiro, a agua está fria, ele para enquanto seu corpo arrepia com o frio. Segura a mão, a qual feriu o amigo. Ele começa a chora, trinca os dentes.
- Porra Cauã! Por quê?!
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Cauã chega em casa duas horas depois, entra joga sua mochila no canto, e vai direto ao seu quarto. Assim que cai na cama, escuta batidas na porta. Sua mãe já entra em seguida.
- E é assim, meu filho, chega sem nem dá um beija na sua mãe... – ela não ver nenhuma reação do filho – vai ficar o final de semana todo dessa vez? – ele continua em silencio.
Dona Isabel, olha o filho, desconfia que ele esteja de ressaca, o deixa em paz e sai fechando a porta.
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Três horas depois um carro estaciona em frente a casa do senhor Sandoval. Dele saem Cauê e uma jovem de cabelos longos e negros, depois que pegam suas bolças, seguem para dentro. Dona das Dores quando ver o filho entrando corre ao seu encontro.
- Que demora foi essa rapaz? – ela então observa a jovem ao lado dele, e não espera ele responder – Você não falou que vinha com companhia...
- A paz minha mãe. Essa é a Nayara, minha namorada.
Ela os observa, sorrir e em seguida os acomoda, leva a bolsa da jovem ao quarto de visita. E depois vai ao quarto do filho.
- Pensei que você chegaria com o Cauã... quando a comadre me falou que o filho chegou mais cedo ressacado, fiquei com medo de você está na mesma situação.
- Na verdade nós bebemos ontem a noite com uns amigo da faculdade, mas estou bem – ele pareceu refletir nas palavras, seu olhar por um instante se distanciou.
- Melhor seu pai não ficar sabendo, você sabe que não tolera bebida, e mais você que ele ainda sonha em vê-lo na direção de uma igreja.
- E como o papai está, ele já sabe que cheguei?
Ela fez que sim com a cabeça. Cauê saiu em direção a varanda dos fundos, onde o pai ficava em sua cadeira de rodas olhando para as casas do outro lado da margem, as vezes lendo sua bíblia, e as vezes nada.
- Escutei vozes, por acaso vai nos apresentar sua namorada? – seu Sandoval falou olhando para o filho que chegava pelo lado esquerdo. A paz meu pai!
- Amém! Então, foi por isso que não veio com o Cauã?
- Sim, meu pai, depois que falei com a mamãe ontem, decidi vim com a Janaina.
- Então esse é o nome dela... Não lembro de você ter falado qual a religião dela...
- É da nossa denominação, meu pai.
- Muito bem, fico feliz meu filho...
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Enquanto isso na capital, Nando estava clube com sua namorada, tomando banho de piscina, aproveitando aquele sábado de sol. Os dois pareciam bem descontraídos.
Nando olhava em sua volta, avistava alguns conhecidos da faculdade, e aproveitava para apreciar seus corpos seminus. Ludmila chegou por trás e o abraçou.
- O que foi Nandinho, está tão pensativo?
Como ele era bem distraído, pareceu nem ouvi-la. Mas ela o empurrou para piscina, e ele se vendo no fundo, teve que acordar daquele transe. Pulando fora. nessa hora ele ver passando do outro lado Ricardo, o médico que o tinha atendido. Ele estava com um short florido apenas, sua pele morena clarinha, denunciava que ele não era muito de pegar sol, talvez estivesse todo coberto de protetor solar. Ele estava na companhia de um jovem que ele nunca tinha visto, um rapaz com aparência bem jovem, como ele. Os dois sorriam enquanto conversavam. Apareciam bem íntimos. Nando os seguiu até perde-los de vista.
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Umas quatro horas da tarde, Cauã estava sentado numa barraca num balneário, toma cerveja sozinho. Não olhava para ninguém, nem mesmo para os rapazes que passavam na frente, e alguns deles até o encaravam esperando uma reação do mesmo. Mas ele mantinha seu olhar perdido. Tinha saído de casa naquela tarde para evitar que a mãe fizesse mais perguntas, e também para evitar de ir na casa do amigo, pois ele sabia que sua mãe estava preparando algo para seu afilhado Cauê, e com certeza ela iria pedir para ele ir deixar. Fugir foi a solução.
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Cauê estava para sair com Janaina, quando sua madrinha apareceu, mesmo a família de Cauê sendo de uma outra religião, as mães combinaram de uma ser madrinha do filho da outra, mesmo que só na intensão, assim ficou combinado. Ele ficou incomodado ao ver a madrinha entrar, ainda olhou direito para a porta, como se faltasse alguém entrar.
- Ele não veio, meu filho – disse dona Isabel ao afilhado – ele parece está chateado com alguma coisa.
- Quem não veio? – Janaina apareceu olhando também para a porta.
- O Cauã, meu filho, ele e o Cauê são como irmãos, nasceram quase na mesma época, e cresceram juntos nas margens do Negro.
Em seguida ela apresenta sua namorada a sua madrinha, e saem.
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Nando vai até o bar do clube, e observa quando o médico entra no banheiro. Ele se anima e segue para o mesmo destino. Ao entrar, olha em volta, e não ver ninguém, apenas as cabines fechadas, ele sai porta por porta, vendo se estão fechadas, então ele chega na ultima, se abaixa, e ver dois pareces de sandálias, é o médico , e está com outro cara. Nando parece aborrecido. Dá um soco na porta, e sai correndo. O casal dentro do boxe, param o que estão fazendo. Ricardo guarda seu pau que ainda está duro e babado. O jovem limpa sua boca, e os dois abrem a porta e olha se tem alguém lá, ninguém avista. Eles saem do banheiro desconfiados.
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A tarde o balneário estava mais lotado. Cauã ainda só. Ele uma ora resmungava alguma coisa do tipo “que otário”, “burro”. Ele pega o telefone, disca para alguém.
- Preciso de um conselho.
‘o que foi? Parece que ainda está de fogo’
- Fogo novo...
‘e nem me convida’
- Yara, fiz merda... E das grandes.
‘o que foi dessa vez?’
- Como assim dessa vez? Eu nunca faço merda...
‘anda home, conta logo’
- Eu machuquei um amigo, e agora ele está puto comigo.
‘que amigo?’
- Não importa qual amigo Yara, amigo é amigo, e a gente não pode magoá-lo
‘ok, ok. Tente conversar com ele’
- Acho que ele está com nojo de mim.
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Cauê chega com Janaina no balneário, eles olham em volta procurando um lugar mais reservado para sentarem. Tudo lotado. Eles caminham procurando. Então Cauê avista o amigo sozinho, e algumas garrafas sob da mesa.
- Parece que não tem lugar... – Cauê olha para a namorada.
- Oi Cauê, procurando uma mesa? – um jovem vai passando, com umas garrafas na mão.
- Olá Titu, como vai? Estamos sim, mas parece está tudo ocupado.
Titu, jovem conhecido deles do tempo do colegial, trabalha há uns dois anos por ali. Olha em volta, e não ver nada, até...
- Olha tem aquela em que o Cauã está, você não está com ele?
Aquela pergunta do jovem pareceu martelar, como se o correto seria ele sentar com o amigo, amigo este que todos na cidade sabiam de sua irmandade desde o nascimento. Seria estranho eles sentarem separados num local publico, poderia levantar questionamentos.
- Cauã não é o seu amigo, o filho daquela senhora? – Janaina se mostrou atenta a conversa.
- É sim, mas parece que ele está querendo ficar sozinho, veja a quantidade cerveja.
- Vou lá falar com ele. – Titu sai na direção de Cauã. Cauê ainda tenta impedi-lo, mas não dá tempo.
Cauã olha para Titu, e escuta com atenção. Olha para o lado e ver o amigo ao lado de uma garota. Ele conversa com o jovem, e diz que tudo bem, ele já está de saída. Se levanta vai até o amigo.
Chegando próximo.
- Podem ficar a vontade, já estava de saída. – ele olha para Cauê e depois para Janaina.
- Esta é Janaina, lembra que falei dela ontem.
- Claro que lembro. – ele estende a mão para ela – Prazer, Cauã.
Depois das apresentações, ele sai em direção ao caixa.
Mais tarde, Cauê e Janaina, estão tomando banho, e ela nota o namorado calado.
- Que foi?
- Este lugar, fazia muitos anos que não vinha aqui. Eu e o Cauã a gente sempre vinha aqui com a galera da escola. A gente corria por ali, dávamos mortais nessa lado. – ele parecia mergulhado nas lembranças.
A noite eles foram para um restaurante a beira do rio. E o assunto continuou.
- Ainda lembro uma vez nossas família vieram comemorar nosso aniversário aqui, combinamos de fazer no mesmo dia, porque teimamos naquela época que seriamos irmãos gêmeos... – ele nem tocava na comida.
Quando já estavam voltando para casa, eles passam em frente de um colégio, que está fechado.
- Lembro que foi bem ali, em frente ao pátio, que um dia Cauã levou uma surra tentando me ajuda contra uns caras mais velhos que estavam implicando comigo. – ele falava enquanto caminhavam.
- Vocês parecem bem amigos mesmo, fico feliz que você tenha o Cauã.
Ele se calou. Lembrou da noite passada. Os dois se beijando, eles na cama. Então ele lembra do amigo sobre suas costas. Ele sente ainda a dor da penetração. Lembra do soco que deu no amigo.
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Cauã estava na varanda da sua casa, sozinho, luzes apagadas, olhava em silêncio a água escura refletindo as luzes das casas a frente, mais abaixo dava para ver a casa do amigo, com a varanda iluminada. Seus olhos são atraídos por dois vultos, ele observa, Cauê chegava com sua namorada de mãos dadas, pareciam felizes. Os dois se sentam num banco de madeira. Juntos, ela deita a cabeça no ombro dele. Cauã fica parado, olha fixamente para os dois. Aquela amizade não pode acabar daquela forma mesmo compreendendo a raiva do outro, lembrou-se das palavras de Yara, eles tinham que sentar e conversar seria a única forma de se resolver aquele dilema. Por um momento ale sentiu os olhos do amigo em sua direção. Ele se inquieta, pensa em sair.
- Por que estou preocupado, ele é tão culpado quanto eu... Por que tenho que sair da minha própria varanda... Por que tenho que sentir raiva e mim mesmo? Porque sou burro!!! – sua voz inicialmente se mostrava firme e decidida contudo na ultima frase já está fraca e chorosa.
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Cauê sentado no banco com Janaina em seu ombro. Ele olha na direção da casa do amigo. Ele sente que alguém os observa. Ele se deixa levar pela esperança de que o amigo possa está te observando no meio daquele escuro.
- Você está calado... acabou as histórias de você e Cauã? – a pergunta pareceu inocente, mas Cauê a olhou de lado, sentiu uma ponta de ciúmes, ele então percebe que passou o resto do dia falando do amigo.
- Desculpa Janne, acho que me deixei levar pelas lembranças, fazia anos que não vinha na minha terra natal, e agora para onde olho só tem lembranças ... – ele para por um momento.
- Lembranças de vocês dois! – ela completa. – Te entendo. Mas não foi estranho a forma como ele saiu do balneário, esperava que ele ficasse com a gente nem que fosse por um momento.
- Ele estava bebendo... vai ver ele está sofrendo por alguma garota... Ainda não tivemos tempo de por as conversas em dia.
- Desde que não seja por você, por mim tudo bem.
Ela ainda estava com a cabeça em seu ombro. Aquelas palavras gelou seu peito. A noite pareceu esfriar mais do que o normal.
- Vamos entrar... – Janaina se levanta – estou sentindo picadas de insetos.
- Vá na frente, seu quarto deve está preparado. Amanhã vou te levar para passear de barco.
Ela o deu um beijo, e entrou na casa. Ele ainda ficou um tempo lá. Seu coração estava magoado. Mas então precisava fazer alguma coisa... Sabia que eles não poderiam ficar brigados por muito tempo. Eles sempre brigavam na infância, e sempre faziam as pazes com um forte abraço.
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Cauã ainda na escuridão, observou quando o amigo saiu de casa, aquele percurso indicava que ele iria sair para a rua, ou dá a volta pela ponte e ir até ele. Ele ficou agitado. Ele iria dizer coisas que ele não gostaria de ouvir. Iriam se magoar mais ainda. Ainda estava muito recente para ambos conversarem. Ele presava muito sua amizade, e não deixaria ficar assim. Se levantou, e entrou na casa. Trancou a porta. Foi ao seu quarto e se enrolou. Esperou. E esperou. Escutou passos pelo lado de fora. Duas batidas fracas na porta. Silêncio. Mais duas batidas...
- Cauã, abra a porta...
Escuta a porta abrir. Sua mãe deveria ainda está acordada.
- Oi meu filho, algum problema.
- Oi madrinha... o Cauã já está dormindo?
- Nem sei se ele já chegou... aconteceu alguma coisa?
- Não madrinha, tudo bem, amanhã converso com ele, é sobre o treino de handebol...
- Tudo bem, se deseja eu vou ver se ele já está no quarto.
- Não obrigado.
Ele escuta a porta se fechar. Em seguida os passos da mãe vai até seu quarto. Abre a porta.
- Cauã, meu filho... - ela chega até a cama ver o filho deitado.
Prefere não atender ao chamado.
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Na semana seguinte, Cauê chega a tarde para o treino, o time já está todo lá. Maçaranduba o chama.
- Cadê o Cauã? Pensei que ele vinha com você...
- Não tenho o visto.
Cauê não conseguia encontrar o amigo, e ele não atendia suas ligações. No domingo tinha ido novamente procurar o amigo, e ficou surpreso quando Dona Isabel comunicou que ele tinha voltado a capital. No dia seguinte ele mandou uma mensagem dizendo que o queria encontrar para conversar, sem nenhuma resposta.
Agora ele não apareceu no treino. Segundo dia de treino, a mesma coisa. A noite ele enviou uma mensagem: “Maçaranduba avisou que se você perder mais um treino vai tirá-lo do timo. Esqueça nossas diferenças, vamos esquecer tudo isso, amanhã é sua ultima chance.”
Ele chaga ao treino, e Maçaranduba já esperando.
- Nada do Cauã. Vou ter que riscar o nome dele. O primeiro jogo contra o departamento de CeT será nessa sexta, e não posso confiar no Cauã faltando assim.
- Mas ele é nosso melhor jogador...
- Vou ter que substituir. Ele não tem compromisso com o time.
- Então vai ter que substituir nós dois, se ele não joga eu também não jogo.
- Espera Cauê, deixa de ser tolo, precisamos de você – um dos colega de time tenta pará-lo.
Cauê segue em direção a saída. Ele caminha seguro de sua decisão. Quando vai passando pelo portão, Cauã aparece e o segura pelo braço.
- Também não fico sem você. – os dois se encaram.
Continua.
Nota de esclarecimentos.
Devido ao grande número de contos com o titulo semelhante ao “Entre amigos”, achei mais apropriado fazer esta mudança. Então quem ainda não leu o primeiro capitulo, é o conto anterior a este com o titulo de Entre amigos. Agradeço a compreensão de todos.