Desde que saí da minha terra natal (Ilhéus-BA), nunca mais havia visto meu padrinho; e lá se vão 18 anos. Quando nos vimos pela última vez, eu ainda era um garotinho, descobrindo os prazeres da vida, conhecendo e desenvolvendo meu corpo, entendendo a explosão de hormônios que só aumentavam dentro de mim e me levavam a me acabar nas punhetas e fantasiar fodas deliciosas. Meu padrinho era recém casado e sua esposa estava grávida, fato que o deixou muito feliz, pois ele sempre adorou crianças.
Pois bem. Saí de Ilhéus e deixei pra trás lembranças e pessoas que me faziam muito bem, dentre os quais, o carinho e cuidado que meu padrinho sempre teve por mim. Durante muito tempo senti falta dos momentos em que ele me colocava no colo e afagava meus cabelos; dos abraços apertados que ele me dava, me fazendo sentir toda a proteção do mundo. Por diversas vezes, dormi em sua cama, aninhado em seus braços e sentindo o calor do seu corpo no meu. Eu amava aquele homem. Um amor de criança/adolescente para alguém que era como se fosse meu próprio pai.
Por todos os anos seguintes, nunca foi possível que meu padrinho viesse me visitar, ou eu ir até ele. Matávamos a saudade por telefone, ouvindo a voz um do outro, ou, por fotos, que nos faziam acompanhar as mudanças em nossos corpos, resultado do tempo que passava. Mas meu amor por ele nunca acabou. E o carinho dele por mim também parecia o mesmo, pois quando conversávamos eu sentia como se estivesse em seus braços, recebendo todo seu afago e afeto.
No início do mês, aconteceu algo que mudou minha vida para sempre. Numa tarde de um sábado chuvoso, eu estava em casa, deitado no sofá, assistindo e curtindo o friozinho daquele fim de tarde, quando ouço alguém chamar ao portão. Esperei pra ver se minha mãe ou outra pessoa iria ver quem era, mas ninguém apareceu. Ouvi, novamente, as palmas do lado de fora. Não tive alternativa, a não ser me levantar e ir verificar quem estava chamando em pleno sábado e debaixo de chuva.
Levantei-me, vestido num calção curto, de tecido mole, e sem camisa. Senti a sensação de frio do ambiente, mas não quis vestir uma camisa, porque ainda teria que ir ao quarto buscá-la. Ao abrir a porta, meu coração disparou, meus olhos se petrificaram e eu não consegui fazer um movimento sequer. Do lado de fora, estava ele, o homem por quem eu nutria o amor mais sublime. Sim, era meu padrinho. Não o mesmo de antes. Ele havia mudado. Ele estava bem melhor. Muito mais bonito. Muito mais homem.
Ali fora, debaixo da chuva, seus cabelos negros, pingando água, caíam sobre sua testa e quase tocavam seus olhos. Seus lábios grossos, avermelhados, estavam entreabertos, num sorriso discreto e encantador, que revelavam dentes perfeitos. Uma barba espessa, porém, bem aparada, dava um charme especial àquele rosto quadrado e, estupidamente, másculo. Seus braços estavam fortes e pareciam querer rasgar as mangas da jaqueta de couro marrom, que ele usava por cima de uma camisa de mangas compridas, num tom azul celeste. Os botões da camisa, pareciam estar presos por um fio, a ponto de se soltarem e deixar à mostra seu peito musculoso e peludo que estufava o tecido fino daquela camisa. Na cintura, um cinto marrom escuro sustentava uma calça jeans azul marinho, que, mesmo que eu não quisesse ver, se ajustava perfeitamente ao seu corpo, revelando um volume acentuado na região do seu pau, assim como coxas volumosas, perfeitamente torneadas. Para finalizar, usava um sapato mocassim, marrom escuro, que arrematava a harmonia diante dos meus olhos.
Saí do transe quando ouvi sua voz grave e sorridente:
-Betinho, vai deixar mesmo seu padrinho pegar um resfriado?
Só então me dei conta das outras pessoas que estavam com ele: sua esposa e um rapaz, que julguei ser o seu filho.
Peguei o controle, abri o portão e ele entrou. Eu ainda estava estranhamente sem reação, quando o vi largar suas coisas no chão da garagem e correr de braços abertos ao meu encontro. Nesse momento, senti como se estivesse sonhando. Ele me apertou entre seus braços e eu me deixei envolver por aquele corpo que, mesmo molhado, irradiava calor e me aquecia. Minhas narinas aspiraram o aroma gostoso do perfume impregnado em seu pescoço e, involuntariamente, lágrimas começaram a correr pelo meu rosto. No momento em que ele me ergueu do chão, num abraço muito mais apertado, o contato muito próximo com seu corpo fez meu pau pulsar, sem que eu tivesse controle sobre ele. Eu me desesperei, pois não entendia o que estava acontecendo e tive vergonha e medo de ele ter sentido minha excitação. Ele me colocou no chão, pegou em meu rosto com as duas mãos, me deu um beijo carinhoso no rosto, secou uma lágrima com os dedos e falou:
- Que homem bonito você se tornou, meu menino!
Nesse momento, meus pais apareceram e eu aproveitei o barulho e a movimentação para correr para o quarto, torcendo para que ninguém tivesse notado a barraca armada no meu short. Me joguei na cama, coloquei as mãos no rosto e, ofegante, pensava:
"O que está acontecendo comigo?"
"Será que ele percebeu?"
"O que ele vai pensar de mim?"
"Preciso de um banho".
Tirei o short, peguei uma toalha, entrei no banheiro que havia em meu quarto e deixei a água quente escorrer pelo ralo os pensamentos e sensações que, agora, me perturbavam.
CONTINUA...