COM O NOVINHO DONO DE BIQUEIRA

Meus contos tentam seguir uma ordem cronológica das minhas experiências, mas aqui é uma ruptura. É a experiência que estou vivendo no dia de hoje.

Bom essa história, começa lá atrás. Tenho uma diferença de uns 10 anos com esse rapaz. O fato é que já na minha adolescência eu pagava um pau para ele. Ele já vivia aqui pelo o prédio correndo e brincando, mas com as nossas diferenças de idade eu jamais ousaria nada, então tudo era fruto de um fetiche meu.

Conforme o tempo ia passando, eu amadurecendo mais avistava ainda pelo o prédio, logo consegui chegar a maior idade ter meu primeiro emprego e ele ainda na adolescência, já começou a entrar na vida do crime. Sabe como é morar em prédio sempre circula a fofoca.

Uma certa noite eu chegando do trabalho ele vou chamar aqui de Bene (fictício) me abordou, em uma breve conversa, falou que sempre admirou minha família, pela nossa união, confraternizações e o respeito que exibimos tanto dentro de casa como no salão de festas do prédio, que ele invejava isso em minha família, questionou- me, se sabia sobre ele já está na vida do crime, disse que ouvi boatos, então ele me confessou que sim, que era novo nessa vida, que me assumindo tinha vergonha de me contar. Mas que estava ali para me pedir dinheiro emprestado para pagar uma dívida com o dono da biqueira/agiota.

Vendo sua aflição e até pela conversa franca que tivemos emprestei, confesso que era 50,00 reais na época era até que muito. Mas o emprestei ele me deu um abraço, me agradecendo.

O tempo seguiu passando, eu na minha vida ele na dele as vezes quando nos encontrávamos pela rua, fazia ele questão de me comprimentar conversávamos e ele sempre lembrava dessa ajuda que forneci a ele.

Mas tempo se passando e eu me mudei, fui morar no centro de SP capital, afinal tinha meus planos de me formar e seguir carreira profissional, mas meus pais continuaram morando aqui na leste e isso, me permitiu a vim os visitar todos os finais de semana.

Em uma noite de sexta chegando na leste o encontrei no portão do prédio, ele me disse que estava sendo expulso de casa, que seu pai descobriu que ele estava trabalhando em uma biqueira. Me pediu abrigo e eu fui muito sério e disse que não podia. Ele me compreendeu e agradeceu, conversei muito com ele sobre sair dessa vida, criar planos e se estruturar como um cidadão do bem. Ele me ouviu e disse que tentaria. Segui o final de semana preocupado com o rumo e onde ele teria se hospedado.

Novamente o tempo se passou, retornando a ZL eu o encontro na mesma rua que meus pais moram, porém uns três prédios antes. Ele estava com uma namorada e dizia ser pai. Me contou que a biqueira estava fraca e que precisava comprar leite e fralda a sua filha. Emprestei mais uma quantia e falamos sobre ele sair dessa vida, que agora sendo pai, seria importante dar um bom exemplo, mas ao terminar a conversa falo para ele que com esse empréstimo ele ia me pagar, pagar muito caro e com juros, rimos me despedi e segui o meu caminho.

Então se passaram mais um tempo, soube por terceiros que ele havia sido preso por tráfico e que sua mulher e filha havia deixado, que as visitas estavam sendo realizada por sua mãe. O tempo seguiu passando e agora ao fim deste ano de 2024, uma moto se aproximou de mim me bloqueando a passagem tira o capacete e era ele.

- Salve como é que está ? (Bene)

- Estou bem, que grata surpresa (Eu)

- Voltou a morar aqui ? (Bene)

- Sim, meus pais faleceram, com tomar conta do AP (Eu)

- Eu saí da cadeia, tive uma briga com meu pai e ele foi embora, está morando eu e uma mina com os filhos dela (Bene)

- Triste saber que brigou com o seu pai, mas no demais bom saber que está livre e construindo uma nova família (EU)

- Eu saí tem pouco tempo, a moto é alugada preciso pagar o aluguel vc me ajuda ? (Bene)

- (Dei risada) tem coisas que não mudam (Eu)

- É que sai da vida do crime e tbm a pouco da cadeia a moto uso para meu ganha pão, quero ser honesto, mas tudo torna difícil quando se sai da cadeia, tô pedindo sua ajuda, querendo seguir o seu conselho (Bene)

- Então me envia o boleto dessa moto e eu pago o boleto, pode ser assim ? (Eu)

- Então pega o meu contato que te envio tudo via whats (Bene)

Então assim fizemos, logo ele me enviou no whats paguei o aluguel e tudo parecia que seguiria só até aí. Até que mais tarde ele me chama no whats para ir até o estacionamento do prédio. Fui lá até o seu encontro estava ele e um menino. Me disse que era filho da mulher dele. Que estava aguardando o Ifood chamar fez alguns trabalho. Mas que a mulher que ele tinha estava com uma dívida. Se eu podia ajudar. Fui franco falei que não podia. Então nós despedimos voltei para o meu AP e ele seguiu para o AP dele.

Meu whats tocou de novo a noite, era o Bene me pedindo para ir a casa dele. Cheguei lá e a casa um tanto bagunçada, começou a me explicar que teve uma briga com a mulher e que ela foi embora com as crianças, me contou que a conheceu na vida do crime, que parte da dificuldade dele, era por conta dela.

Que ela ou pagaria uma dívida com outras criminosas ou teria que entrar na cadeia levando o celular dentro de sua xota. E que por isso havia vendido sua máquina de lavar roupas, para pagar essa dívida e com isso acabaram brigando e decidiram se separar.

- Certo! Mas o que estou fazendo aqui ? (Eu)

- Pow! Vc sempre me aconselhou e queria ter alguém para conversar, vc pode me ouvir ? (Bene)

- Claro, posso sim. Mas ainda tem mais coisas ? pq já me falou que está morando só e da briga (Eu)

- Bom o fato que eu tbm quero beber e queria uma companhia, quero que seja essa companhia e que tbm banque a bebida (Bene)

- (Dei risada) Tá bom, mas precisa ser breve amanhã eu viajo (Eu)

- Beleza só me faz o Pix que eu vou comprar Draft e um cigarro, vc bebe Draft ? (Bene)

- Eu não bebo nada, nem fumo sou careta de tudo (Eu)

- Há mas a Draft vc vai tomar. Vou ir de moto, fica aí me faz o Pix e já volto (Bene)

Então seguiu se assim, logo ele retornou com 5 garrafas cigarro e a noite seguiu.

- Contei toda a minha vida, me fala de vc (Bene)

- Mas eu não tenho o que contar, sou de boa trabalho, vivo estudando é isso. (Eu)

- Uma vez eu vi vc fechando o portão da entrada social, vc estava com alguém na madrugada ? (Bene)

- Pode ser que sim ou que não, como vou saber o dia que se refere (Eu)

- Só me diz era um homem ? (Bene)

Nessa hora eu ri, não sei se de nervoso, ou da audácia e tbm não sei como essa risada deu a entender para ele.

- Não ! Não era um homem. Pq acha que era um homem ? (Eu)

- Não sei, nunca soube de nenhum relacionamento seu, até hoje não construiu família (Bene)

- Entendi, mas não era um homem. (Eu)

Ele foi contando a vida na cadeia e como queria passar o final de ano. Me confessou que estava com algumas conta atrasada e que ia para o interior, passar as festas com a mãe e que lá ia arranjar um emprego por indicação dela. Já perto do dia clarear me serviu mais um copo e pediu para aguardar. Fui até o banheiro depois me voltou passando por mim só de cueca, confesso que fiquei surpreso e tbm decepcionado, já que não notei nenhum volume em sua cueca, pegou uma toalha e voltou para o banheiro tomou um banho e saiu arrumado.

-Eu terei que sair agora, vou levar uma encomenda de tráfico ao litoral (Bene)

- É sério isso ? (Eu)

- Sim, os cara vão pagar bem e depois eu preciso do dinheiro (Bene)

Falou isso me mostrando uma conversa no whats que chegou enquanto estávamos lá bebendo e conversando.

Eu me levantei vim para casa e fiquei pensativo com a conversa e com ele só de cueca passado em minha frente.

Continua ....

Fotos fictícias ...