gringobrasileiro - Uma segunda chance - Parte 9

“Não. É claro que não. Me desculpa, mas não”

Não sei se foi o nervosismo, ou a confusão pela qual meu cérebro passou nos terríveis segundos de silêncio que seguiram aquele monte de palavra conectadas. Eu simplesmente agi da maneira errada. Eu deveria ter pensado um pouco mais, antes de ser tão objetivo. Não sei como aquela informação o atingiu, mas agora era tarde mais, eu apenas gritei “claro que não”, quando ele, apaixonado, me pediu em casamento.

Vamos aos fatos: um latino americano sem cidadania estadunidense decide se aventurar em uma relação homossexual, perde o primeiro rapaz por quem se apaixonou em um terrível acidente. Depois da depressão, conhece um homem lindo e doce, com que se apaixona. Ele tem 21 anos, e o homem, tem 38 anos (apesar de ter mentido no primeiro encontro, dizendo que tinha apenas 32). Como se apenas a idade, em si, não fosse um problema, ele já foi casado. Tinha mais experiência do que eu – um menino que está começando a se arriscar na vida. De alguma forma, possui dinheiro e casas, e eu, apenas um estudante que provavelmente terminaria a vida vendendo arte na praia. Ele, completamente tranquilo com sua sexualidade, e eu, preso dentro de um armário que constantemente me levava à Nárnia.

Quais eram as chances de essa história funcionar?

Agora era tarde. Ele tentou disfarçar, mas eu percebi o tamanho da decepção em seu rosto. Eu tentei consertar, e por mais de uma vez, expliquei as razões, meus medos e inseguranças. Mas ele apenas olhava o céu estrelado.

“Eu não vou retirar a minha proposta. Se você se casar comigo, você vai ganhar cidadania americana e poderá viver aqui para sempre. Não precisará mentir para os outros. Eu te vi cantando! A gente vai encontrar um bom empresário e faremos as pessoas começarem a te ouvir. Você vai dar certo na carreira de música aqui. Eu tenho muitos contatos em Los Angeles, e eu sei que eles se interessariam em te ouvir. Portanto, apenas pense, mas pense com carinho. Você tem um futuro brilhante pela frente” – Argumentou pausadamente, tentando controlar suas emoções.

Eu sentia no tom da sua voz que ele estava tentando encontrar argumentos que me mostrassem que uma boa solução para mim era simplesmente ficar nos Estados Unidos. Eu, como artista que sou, sei que as coisas não funcionam com tanta facilidade assim. Mesmo ele tendo dinheiro, não significa que as pessoas gostariam da minha música, e principalmente, de mim. Além do mais, eu tinha meus planos no Brasil. O que me assustava era a possibilidade de esconder minha sexualidade, isso era como um fantasma para mim. Eu temia passar por tudo isso, mas não via muita saída.

“Eu prometo que vou pensar bem sobre isso” – Respondi calmo, mas com o coração abalado.

Apenas dormimos aquela noite. Pelo menos ele dormiu. Estava muito cansado, e não conseguia desligar minha cabeça, e me lembro quando próximo das três horas da manhã, ele se levantou para fechar a janela.

Acordamos relativamente cedo, e ficamos deitados na cama por um bom tempo. Apenas nos olhando, trocando algumas carícias, e conversando trivialidades. Meu coração, por outro lado, não se desligava da noite anterior. Eu queria falar mais sobre aquilo, mas definitivamente não podia. Não estava preparado para isso. Mais tarde, ou talvez no outro dia, quando voltasse para Nova Iorque, pudesse ligar para a Bia e falar o que estava acontecendo. David e John também poderiam me ajudar com isso, mas por hora, estava assustado e cansado.

Aquele dia foi bonito, calmo e único. Fizemos amor depois de café da manhã, e gozamos fartamente. Tomamos um banho e fomos explorar a cidade. Apesar dos pesares, tentei me concentrar no quanto aquele final de semana estava sendo lindo. Sonhos realizados, apaixonado e feliz. Não tinha muito do que reclamar da vida. E, finalmente, de férias da faculdade. Voltaria em breve, de qualquer forma. Exploramos as locações dos filmes, e ele me mostrou a casa que Nicholas Sparks passa parte do verão, quando está escrevendo um novo romance. Caminhamos sobre uma das praias em que Querido John foi gravado, e também caminhamos nas locações em que Ronnie estava no hospital com o pai doente, em A Última Música. Almoçamos em Downtown, e a comida era surpreendentemente boa. Eu comi uma boa pratada de macarrão com queijo até morrer, e ele, claro, pediu um prato que continha grelhados. Não era fácil manter aquele corpo. No final da tarde, fomos até uma academia ainda em Downtown, afinal de contas, passaram-se três dias apenas comendo, e sem ir à academia, além disso, a única maneira em que gastávamos nossas energias era através do sexo – e bota energia nisso. Ainda na academia, mas no banheiro, ele me chupou, e gozamos juntos. Ninguém viu. Espero. Os planos eram de que voltaríamos para sua casa, comeríamos algo junto, assistiríamos algum filme, faríamos amor, e no outro dia, segunda-feira, bem cedo, dirigiríamos de volta à Carolina do Sul, veríamos alguns lugares e voltaríamos ao aeroporto. Meu voo iria para Nova Iorque, e o dele, para Los Angeles. Maldita distância.

Jared é OBCECADO por Ariana Grande, e depois de eu perder uma aposta, ele me fez jurar que conectaria seu telefone ao carro, e ouviríamos apenas a voz da infeliz. Mas como aposta é aposta, eu tive que suportar. Não me julguem, caros leitores, Ariana “Grande” é uma excelente cantora, mas bem sem gracinha (opinião própria). Enfim, o sol do final da tarde atravessava as árvores centenárias que enfeitavam aquela linda estrada. Apesar do inverno, aquelas árvores preservavam suas folhas, bem diferente do tipo de árvore encontrada no Norte. O carro branco corria, e Ariana gritava...

O telefone tocou.

“Você se importa se eu atender no alto-falante do carro? “ Perguntou sem tirar os olhos da estrada.

“Claro que não. Atende aí” – Respondi não me importando muito.

“Dimitry, o que manda? “ Perguntou descontraído.

Falei sobre o fato de que Jared fora casado por 8 anos, mas deixei de mencionar o indivíduo. Dimitry é um lindo espécime da raça gay, e sua origem é mediterrânea. Grego, ou qualquer coisa do tipo. Não faz meu tipo (porque se parece um pouco comigo), mas definitivamente um homem bonito. Dois anos mais jovem que Jared, viveu ilegal nos Estados Unidos por alguns anos, mas não o impediu de fazer fortuna. Quando se casaram, atingiu a legalidade. Fizeram fortuna juntos, e depois de divorciados, manteram a amizade de sempre, e os laços de trabalho. Estavam constantemente em contato, por causa das casas que Dimitry administrava as vendas. Formado em economia em seu país de origem. Inglês, uma bosta.

“Nada demais. Só ligando para dizer que o cliente da casa de ontem decidiu ficar com a residência, mas ele quer um update na sala. Disse que não gosta de nada ecológico, e está disposto a pagar bem! “ – Disse do outro lado da linha.

“Ótimo! Isso me deixa feliz. Manda a ver; Só me diga o que fazer e amanhã, na parte da tarde, eu posso te mandar a planta” – Respondeu concentrado.

“Okay. Por que você não pode me mandar hoje? Já tem planos? “ – Perguntou Dimitry.

“Sim. Eu vou para a academia. Estou em Boston. Acabei de chegar do mercado e estou indo para casa” – respondeu, ignorando o fato de ter mentido descaradamente.

Conversaram sobre mais algumas coisas, mas meu pensamento não conseguia sair da mentira que dissera. Eu me senti doente e um pouco tonto, como se algo estivesse acontecendo em meu estomago. Será que eu estava enganado a seu respeito? Será que eu estava me envolvendo em uma mentira daquele tamanho? Eu definitivamente não estava preparado para saber que estava sendo tratado como idiota o tempo todo. Será mesmo que o relacionamento dele tinha acabado, ou eles mantinham um relacionamento, mesmo sabendo que Jared vivia a maior parte do tempo em Los Angeles, e Dimitry, em San Francisco? Será que eles ainda eram casados? Será que todo o desenrolar de sua vida, do qual contara em nossas noites de amor, eram tudo mentira? E por citar as noites de amor, ele estava realmente pensando em mim? E o tal do amor, era mesmo verdade? Não sei! Eu estava confuso, e meu coração, decepcionado. Eu queria chorar, mas tampouco queria demonstrar fraqueza. Queria gritar, mas ao invés disso, envolvi meu canto com o “Tattoed heart” da tal Ariana.

Chegamos em sua casa, cozinhamos juntos, trocamos algumas carícias, e finalmente sentamos para comer. Eu estava completamente incomodado com o que tinha acontecido, mas temia abrir meu coração ali. Não queria estragar o momento, mas eu mesmo estava em pedaços.

“Está acontecendo alguma coisa? “ – Perguntou, desconfiado.

“Está tudo bem. O frango está maravilhoso” – Respondi, tentando contornar a situação.

Uma vez mais, conversamos sobre trivialidades e rimos. Uma das vantagens de ser ator, é que você pode interpretar quando as coisas ficam difíceis. E o fiz muito bem.

“Você se importa se eu fizer uma ligação? “ – Perguntei enquanto retirávamos a mesa.

“Não. Claro que não. Fique à vontade. Vá até o quarto, onde o wifi é melhor e eu vou colocar as louças na máquina” – respondeu com naturalidade.

Trinta e dois degraus mais tarde, e eu me tranquei no quarto. Chorei. Chorei muito, mas não permiti que ele me ouvisse. Eu precisava falar. Eu precisava gritar, e no desespero, abafei um grito na almofada da cama, e minhas lágrimas regaram meu desespero.

“Bia? Bia, você me ouve? “ Perguntei através de uma ligação de Skype.

“Sim, Leo. Te ouço bem. Está tudo bem? Você está chorando? “ Perguntou, já percebendo que algo estava fora do lugar.

Dali em diante, downhill. Eu chorei muito e expliquei em detalhes o que estava acontecendo. Bia ficou muito brava, porque disse que eu deveria ter dito que algo estava acontecendo desde que conheci esse segundo homem. E disse também, que era a segunda vez em que eu falhava em dar uma informação sobre o que estava acontecendo em minha vida. Argumentei que estava passando por muita coisa de uma vez só, mas no fundo, sabia que ela estava coberta de razão. Não podia simplesmente deixar ela de fora da minha vida, e procura-la quando as coisas não estão bem. Ele era uma das melhores pessoas que eu tenho, desde sempre.

Bia entendeu que a situação não estava fácil, e me ajudou a entender que eu precisava de um tempo para mim, e que a melhor maneira seria colocando tudo em pratos limpos e me afastando de uma vez só. Naquela mesma noite, telefonei para David, que junto com John, demonstrou todo o apoio para mim, caso aquela situação resultasse em um coração quebrado. Talvez fosse tarde, pensei.

“Leo, tá tudo bem? “- Perguntou do outro lado da porta.

“Está tudo ótimo. Deixe-me apenas finalizar a ligação e eu já desço” – Menti.

Procurei toda as gavetas, até que encontrei um papel em branco, e com a caneta que guardara em meu casaco, comecei uma carta:

“Querido Jared,

Eu queria poder dizer que é mentira, e que estou confuso, mas a verdade é que estou completamente apaixonado por você. Você faz com que eu me sinta bonito, importante e amado. Ouvir que você me ama, é uma das coisas mais lindas que já ouvi. Sério. Ao mesmo tempo, respondi com toda a sinceridade do meu coração. Fiquei com medo, quando você me propôs casamento, mas pensa comigo: nós somos muito, mas muito diferentes. Eu sou apenas um estudante, e você tem dinheiro. Eu estou no processo de gostar de quem eu sou, e malhando como um louco, já você atingiu a perfeição de corpo. Eu conheci um menino até hoje, você já foi casado. Você gosta de Ariana Grande. Eu vivo em Nova Iorque, e você em Los Angeles. Como se não fosse suficiente, hora ou outra, precisarei voltar ao Brasil. O que aconteceria? Sem mencionar o fato de que eu sou mais novo do que você, que muito provavelmente não quererá passar muito tempo perto. Eu sou apenas um menino. Até hoje, no final da tarde, eu tinha certeza que estava vivendo uma linda história de amor, até que seu telefone tocou. Você me disse sobre Dimitry, mas mentiu para ele. Por que? Tem algo que você esteja escondendo? Você disse estar feliz comigo, mas depois de me dar um dos melhores finais de semana, diz que está em Boston, voltando de um supermercado? Você tem vergonha de mim? Eu não estou preparado para isso, Jared. Definitivamente não estou. Me dói dizer isso, mas por favor, mantenha distancia de mim. Vou esconder essa carta, e quando você a encontrar, eu possivelmente já estarei no aeroporto. Por hora, encontrarei uma desculpa para voltar mais cedo.

Eu te amo muito, mas não quero viver mais uma mentira.

Com amor,

Leo”.

A tinta da caneta fora borrada com minhas lágrimas, e derramei meu coração naquela carta. Escrevi o que não poderia dizer sem desabar em choro. Contei a verdade. E pensei em uma desculpa plausível.

“Está tudo bem? “ – Perguntou me dando uma taça de vinho.

“Sim. Está tudo bem. Eu vou ter que ir para casa mais cedo” – Respondi.

“Como assim? Aconteceu alguma coisa? “ – Perguntou meio decepcionado.

“Não. Parece que vai ter uma audição de última hora para o musical do Rei Leão, e pela cor da minha pele, e classificação vocal, eu qualifico, então vou tentar” – respondi tentando ser o mais natural possível.

“Poxa, que pena! Eu vou comprar a sua passagem de volta então” – Respondeu já pegando o computar.

“Não. Não se preocupa. Eu já comprei online. Achei que devia reservar antes que perdesse o assento” – Respondi encarando o chão.

Não sei se ele comprou a história, mas o fato é que naquela noite, comprei um voo de volta para Nova Iorque, e ao invés de voltar para Charleston, voaria de Savannah, com uma conexão em Atlanta. Apesar de ser mais caro, e também demorado, eu sairia daquela situação com calma – e classe.

Tentei não conversar muito naquele final de noite, e expliquei que estava cansado e preocupado com o teste. Ele definitivamente sabia que algo estava errado, mas preferiu parar de perguntar. Preparei minhas coisas, e deixei agendado um táxi para às 6 horas da manhã. Ele se ofereceu repetidamente para me dirigir até o aeroporto, mas convenci-o a ficar em casa e apenas descansar antes de dirigir de volta para Charleston. Como os planos mudaram, ele entregaria o carro em uma locadora de Savannah, e voaria de lá também, mas às 12 horas.

Dormimos.

Bem, pelo menos ele dormiu. Eu realmente não estava bem.

Acordei. Me arrumei rápido, e ouvi o táxi buzinando do lado de fora. Beijei sua testa, e uma última vez, o olhei. Aquilo me partia o coração, mas sabia que era o melhor a se fazer. Eu já o amava demais, e não queria deixar ele partir meu coração em mais pedaços. Eu não viveria aquela mentira.

Deixei a casa em paços de algodão, e apesar de ter a senha do alarme, preferi não o colocar, porque não queria acordá-lo e ter que dizer adeus.

Em meu caminho ao aeroporto, Sam Smith cantava ao meu ouvido:

“Você e eu, nós fizemos um pacto para o bem ou para o mal. Não posso acreditar que você me decepcionou, mas a prova está no jeito que dói. Por vários meses eu tive minhas dúvidas, negando cada lágrima. Eu queria que isso tivesse acabado agora, mas eu sei que eu ainda preciso de você aqui.
Você tem estado tão indisponível, e agora, eu sei o porquê! Seu coração é totalmente inesquecível, e ainda assim, Deus sabe que você tem o meu! Eu tenho te amado por tantos anos, mas talvez eu simplesmente não seja suficiente. Você me fez perceber meus medos mais profundos, ao mentir e nos partir a parte. Você diz que eu sou louco, porque você não sabe que eu sei o que você fez! Mas quando você me chama de ‘baby’, eu sei que não sou o único. ”

Chorei como um condenando, enquanto Sam cantava em meu ouvido.

CONTINUA.


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Nome do conto:
gringobrasileiro - Uma segunda chance - Parte 9

Codigo do conto:
75438

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
10/12/2015

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