gringobrasileiro - Uma segunda chance - Parte 10

Foi um voo tranquilo e confortável. Tentei, sem sucesso, dormir e esquecer tudo o que estava acontecendo. O mais importante é que em poucas horas eu estaria de volta em meu quarto, onde confidentes, as paredes me escutam e sempre guardam os segredos mais obscuros e doloridos.

Eu sabia que não seria fácil. Eu sabia que assim que ele visse a carta, ele me ligaria, mandaria uma mensagem, ou qualquer coisa do tipo. Eu sabia que não deixaria passar. Assim que cheguei no aeroporto, já desliguei meu celular, na esperança de não me estressar até que chegasse ao aeroporto.

Quando enfim desembarquei em Nova Iorque, John estava me esperando com um sorriso de orelha a orelha. Insisti que não fosse me buscar, mas por qualquer motivo que não me lembro, ele não trabalharia naquele dia. O primeiro detalhe que notei, foi o frio intenso. O calor do Sul realmente faria falta - pensei.

“Milagre! Você não está usando seu celular” – Comentou John, enquanto caminhávamos para seu carro.

“Eu estou com medo de ligar as notificações. Ele provavelmente vai ter tentando me contatar” – Respondi preocupado.

Eu sabia que hora ou outra precisaria conectar meu celular outra vez. E sim, teria que enfrentar o que deixei naquela linda casa vermelha em Savannah. Não para minha surpresa, a mensagem veio:

“Baby, eu acordei, fiz algo para comer e vi sua carta no chão, perto da cama. De onde veio? Caiu do céu? Eu li chorando. Meu coração dói, minha cabeça dói. Eu te amo, e nunca quis te machucar. Quando eu menti para o Dimitry, era porque eu não queria machucá-lo. Ele ainda me ama, e nós estivemos juntos por 12 anos. Ele não consegue deixar as coisas acabarem. Estar com você me faz muito feliz, e eu estou muito orgulhoso de estar com você. Você está na frente dele, sempre. Eu vejo você em minha mente, seu sorriso, você cantando para mim, e nós dois fazendo amor. Eu quero nada para você além de felicidade, saúde, e ser um homem de sucesso, e amado. Eu não estou tentando ficar distante, baby, eu juro. Nós temos vidas separadas, você está lá, e eu estou em todos os lugares. Mas você está sempre em meu coração. Eu te amo. Eu não sei o que futuro será para nós, mas eu sou muito sortudo por ter você em minha vida. Eu te amo, com toda a minha alma. Tenha um excelente dia, e por favor, fique feliz quando pensar em mim”

Eu sabia que a mensagem viria, e também sabia que me acertaria em cheio. O primeiro detalhe a se notar, é que ele mentiu uma vez mais, sobre o tempo em que permaneceram juntos. Não que isso seja um grande problema, mas não deixa de ser uma mentira. Ele me disse que não estavam juntos, mas agora, explica que Dimitry não consegue deixar as coisas acabarem. Fui claro ao escrever a carta, e pedir, por favor, que ele me deixasse em paz, porque eu não estava preparado para viver uma mentira. Ao invés de simplesmente me deixar com a minha solidão e drama, ele escolhe dizer que me ama com toda a sua alma. Ele tinha razão em algo: ele também não sabia o que seria o futuro para nós. Dizia ser sortudo por me ter em sua vida, mas até descobrir que ele estava mentindo para seu ex, atual ou que quer que seja, eu também me sentia o mais sortudo. Não estou apenas falando de ele ter mentido, mas desde o começo eu fui sincero com tudo o que podia. Entreguei meu corpo para ele, dispensando qualquer tipo de proteção. Além disso, também dei meu coração por inteiro. Sim, eu estava ciente dos riscos, mas ainda assim, escolhi simplesmente colocá-lo na mesa e abaixar todas as minhas armas. Decidi me despir de todas as desconfianças e medos, e simplesmente me entregar. Como era de se esperar, eu quebrei a cara. Como poderia acreditar que ele estava dizendo a verdade? Como poderia continuar com aquilo?

Uma vez mais, senti um peso em meu corpo, e uma repentina dor de cabeça. Eu implorei que ele desaparecesse, mas ele fez simplesmente o contrário, contrariando meu desejo. Respondendo assim, com tanta doçura e verdade, acabou reacendendo a esperança que eu apaguei dentro do meu peito. Por mais que a razão dissesse o contrário, eu recriei a expectativa que talvez, quem sabe, poderíamos funcionar juntos. Poderíamos dar certo. A verdade é que eu o queria a qualquer custo, simplesmente o desejava como louco. Já estava envolvido demais para simplesmente apagar o que vivemos. Mas não queria dividir seu amor. Queria-o apenas para mim.

Não consegui segurar minha emoção, e as lágrimas desceram meu rosto sem controle.

“Está tudo bem? “ – Perguntou John, preocupado.

“Sim. Está tudo bem. Apenas o que estava esperando” – Respondi.

“Ele foi estúpido, ou alguma coisa? “ – Perguntou.

“Na verdade, totalmente o contrário. Ele está sendo completamente fofo e doce, e afirma que me ama” – Respondi, ainda olhando para a mensagem de texto.

Não falamos muito até que entramos no carro. Finalmente, o ar quente me deu um pouco de alívio, mas minha cabeça seguia doendo.
Como de costume, quando algo acontecia e um dos dois precisava me dirigir para algum lugar, eles se comunicavam através do speaker do carro, e foi o que fizeram:

“Pois então, como você sabe o Sr. Leo foi pedido em casamento, realizou o sonho de conhecer as locações do filme, descobriu que Jared estava mentindo, saiu na calada da noite, e deixou uma carta. Só um pouco dramático” – Explicou John pelo telefone, ao David.

“Parece simples, mas não foi” – Brinquei.

“Você está bem, Leo? “ – Perguntou David, do outro lado da linha.

“Ele está bem... bem para baixo. Vamos conversar quando chegarmos em casa. Acho que ele precisa de uns conselhos” – Respondeu John, tomando meu lugar, e também parando no sinal vermelho.

Despediram-se do telefone, e juntos dirigimos para casa. O caminho foi tranquilo e o transito não estava tão ruim assim. Falamos sobre coisas sem importância, mas principalmente sobre todas as coisas boas que me aconteceram no Sul dos Estados Unidos. Eles sabiam que eu morria de vontade de conhecer aqueles lugares, e portanto, estavam completamente animados por mim.

O dia passou rápido, e muito preguiçoso, passei a maior parte do tempo na cama. Eu queria pular esta parte da história, ou simplesmente inventar qualquer coisa. Quando fechei a porta atrás de mim, era como se as paredes se aproximassem um pouco, dificultando minha respiração. Era como se o lugar estivesse completamente vazio e meus pensamentos reverberassem naquela acústica maldita. Pela primeira vez desde que tudo aconteceu, estava sozinho, e tive um maior tempo para digerir todas as informações. A verdade era que me sentia traído e usado. Senti que minha confiança tinha sido manchada, e mesmo com a mensagem mais sincera possível, seria simplesmente difícil voltar a acreditar nele. Por outro lado, tampouco queria fazê-lo sofrer. Uma avalanche de pensamentos para uma mente tão debilitada. Chorei. Chorei. Chorei. Peguei meu violão, e desabei.

E dormi.

Mais de cinco horas seguidas. Deixei meu telefone na parte de
baixo da casa, e por isso, se qualquer pessoa tentasse me telefonar, não conseguiria. Acho que o cansaço e a falta de sono do final de semana me tinham destruído. Eu precisava daquele longo e calmo cochilo.

“Posso entrar? “ – Perguntou David, abrindo a porta do meu quarto.

“Claro. Senta aqui” – Respondi, me ajeitando para sentar na cama.

“Sinto muito que as coisas tenham acontecido desta maneira. Eu conversei com John, e ele tinha certeza que Jared te pediria em casamento. Eu achei que não aconteceria, mas aparentemente, ele realmente o fez. Eu sei que ele mentiu para você, e você deve estar se sentindo muito mal, mas você precisa conversar com ele e abrir seu coração. Você não pode manter tudo isso dentro de você. Não vai te fazer bem” – Falou David calmamente com um olhar sereno.

David tem algo muito paternal no modo em que falava. Era sempre muito sério e focado, que quando falava algo que envolvia o coração, era muito comovente. Ele se preocupava comigo e eu sabia que ele não queria que eu me machucasse. Não consegui apenas ouvir suas palavras e não fazer nada. De impulso o abracei, e derramei meu coração em seus ombros. Chorei muito. Tentei explicar como me sentia, mas não sei se ele entendeu, porque estava tropeçando as palavras e engasgado com as lágrimas.

Ele me disse que eu precisava matar aquele medo e falar com ele de uma vez por todas. Segundo ele, eu poderia ter me enganado no que diz respeito a seu relacionamento com Dimitry. Eles provavelmente precisavam manter certa proximidade, afinal de contas, eles têm um negócio juntos. Eu apenas cheguei na história e simplesmente não podia mudar tudo o que já tinha acontecido ali. Não cabia a mim.

David também me disse que casamento não seria uma má ideia, se eu decidisse ficar nos Estados Unidos. Também me disse que se eu resolvesse me casar com Jared, ele pagaria todos os advogados de imigração, e em pouco tempo eu me tornaria um cidadão americano. Além disso, disse que me daria uma festa na cidade de Provincetown (chegaremos neste ponto da história).

Mesmo sendo um homem totalmente sensato e cheio de razão, eu realmente achei que ele estava sonhando demais. Isso era mais a cara do John. Mas ainda assim, eu sabia que deveria ouvi-lo e deveria conversar sobre o que estava sentindo. Eu não podia segurar aquilo por um tempo maior. Doía. Pesava.

Quando David finalmente deixou meu quarto, tive tempo para pensar um pouco mais no que estava acontecendo. Talvez eu devesse realmente ligar para ele, me desculpar e me jogar nessa aventura. Mas e se... e se algo acontecesse, e se ele piorasse ainda mais a situação. Eu precisava de uma segunda opinião.

“Bia? “ – Perguntei na ligação

“Fala, Leo. Me diz qual é a bomba desta vez” – Perguntou rindo.

Conversamos pelos próximos dez minutos. Expliquei minha situação, e detalhadamente, tudo o que tinha acontecido desde o dia em que nos conhecemos naquele hotel, até o dia em que o deixei dormindo, em Savannah.
Uma de suas maiores qualidades é que Bia sempre fora muito autentica e verdadeira. Sempre escolheu expor sua opinião, e agora, não era diferente.

“Eu acho que você está se metendo em algo preocupante. Este cara já te deu provas suficientes de que ele não te merece. Você deveria simplesmente esquecê-lo e bola para frente. Se eu bem te conheço, você não vai me ouvir e ligará para ele assim que desligar comigo. Certo? “ – Perguntou, certa da resposta.

“Sim. Acertou. Eu preciso ligar para ele. Preciso colocar tudo isso em pratos limpos” – Respondi.

“Tudo bem. Estarei aqui se as coisas derem errado” – consolou-me desejando-me o mal, ou apenas certa do final da história.
Enfim, desliguei o telefone e sabia que agora era a hora. Enquanto procurava por seu nome em minha lista de contatos, meu coração palpitava em meu peito, e já sentia o tremor chegando. Contar até dez e respirar fundo. Quando enfim chamava, orando baixinho para que ele não pudesse atender a ligação.

“Oh, baby. Ainda bem que você me ligou” – Disse, excitado.

“Oi, Jared” – Respondi em baixo tom.
Senti meu coração acelerando repentinamente, e temi continuar a ligação. Tentei falar qualquer coisa, mas fui interrompido por sua voz.

“Escuta, em poucos dias, eu preciso ir à Paris, mas será apenas por uma semana. Assim que eu desembarcar em Los Angeles, pegarei um voo para Nova Iorque. Eu sei que você está assustado, mas apenas quero que você entenda que eu realmente te amo, e estou disposto a lutar para que você fique aqui” – Disse Jared, no Sul do país.

“Você tem certeza de que é isso que você quer, Jared? “ – Perguntei.

“Certeza? Absoluta! Eu quero você, Leo. Achei que isso fosse claro em minhas atitudes” – Respondeu, sem titubear.

“Eu aceito” – Respondi.

“What? Aceita que eu vá à Nova Iorque? “ – Brincou.

“Aceito me casar com você” – Verbalizei.

“ARE YOU SERIOUS? “ – Gritou do outro lado da linha.

“Sim. Estou falando sério. Eu te amo, e se você está realmente disposto a lutar ao meu lado, a gente vai dar um jeito” – Respondi, disposto a realmente me jogar de cabeça.

Vamos a alguns fatos: Sim, um jovem de 21 anos não poderia pensar em casamento tão cedo, entretanto, lá estava eu, vivendo uma louca aventura amorosa em outro país. David e John estavam dispostos a me ajudar com todos os advogados de imigração, e documentação necessária para fazer aquilo se tornar concreto, portanto dinheiro não seria problema. Eu estava apaixonado, e tinha um homem apaixonado por mim. Já seria um problema brigar pelo fato de me casar com um homem, mas agora, eu simplesmente decidi pouco me foder para o fato de ele ser tão mais velho do que eu. Seria apenas mais um detalhe. Paulatinamente, eu estava fazendo bons contatos profissionais, e logo, estaria em um bom emprego, caso decidisse ficar. Não via razão para não me arriscar. Além do mais, por um instante, me esqueci de tudo o que me esperava no Brasil.

E assim aconteceu.

O mês de fevereiro passou voando, e março estava logo ali. Ele foi à Paris, voltou, veio a Nova Iorque, e voltou para LA. Passamos alguns finais de semana juntos, quando ele veio à Nova Iorque apenas para me ver, ou aquele dia em que viera a trabalho. Fizemos amor de várias maneiras, e nos amamos perdidamente. Algumas reuniões no departamento de imigração, vários e-mails para advogados no Brasil, dois almoços com advogados brasileiros que atuavam em Nova Iorque, uma hora dirigindo até o escritório de um advogado panamenho, e uma visita a uma linda mulher que advogava no Queens.

Eu já tinha todas as informações que precisava, e além do mais, eu tinha aproximadamente um mês antes que meu visto expirasse, e eu fosse obrigado a retornar ao Brasil. Era uma corrida contra o tempo.

23 de março de 2015.

Era uma manhã comum, e o frio começava a partir para longe. O sol já queimava forte, e eu ocupado com um texto de uma aula de composição. Um café ao lado da mesinha do quarto, e calça, sem camiseta.

O telefone tocou. Jared ligando.

“Hey, babe” – Perguntei descontraído.

“Hey, handome. Só estou ligando para saber como estão os preparativos. Você precisa de algum documento meu? Tem alguma coisa que eu precise pagar? ” – Perguntou, procurando ajudar.

“Está tudo bem! David tem me assistido com todos os detalhes, e especialmente com as coisas em que fico confuso” – Respondi.

“Que ótimo! Me deixa saber se eu precisar fazer qualquer coisa” – Respondeu do outro lado.

“Na verdade, tem algumas coisas que nós precisamos pensar!” – Comentei

“Claro. Fala! “ – Respondeu.

“Bem, você mora em Los Angeles, e eu, em Nova Iorque. Como vai ser depois que nos casarmos? “ – Perguntei ingênuo.

“Nada muda. Você tem sua vida, eu tenho a minha. Você já tem uma família que cuida de você aqui, e eu tenho vários compromissos. Você lá, eu aqui” – Respondeu direto.

Oi?

Uma faca me rasgando por dentro. Mal podia respirar.

CONTINUA.

PS: Abaixo, segue a mensagem printada, no dia em que falamos.

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Comentários


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Comentou em 17/01/2016

Leo, vc cortou a foto, pode isso produção? kkkkkkkkkk




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Ficha do conto

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Nome do conto:
gringobrasileiro - Uma segunda chance - Parte 10

Codigo do conto:
75499

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
12/12/2015

Quant.de Votos:
4

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