Quando os Anjos Choram
Cap. 1 – Quando um jovem é encontrado nu numa rua escura.
Numa noite de sábado, uma jovem caminhava com seu guarda chuva se protegendo dos últimos respingos, com passos rápidos, seu braço esquerdo segurava a gola da jaqueta, o vento gélido parecia cortar sua pele rosada. Seu calçado de salto médio provocava o único som ali por perto, a rua desolada pelo clima frio e úmido, muito típico naquele período chuvoso, as pessoas trancadas em seus apartamentos nada sabem do que acontece em uma noite de chuva primaveril, e nem saberão o que iria acontecer, apenas a jovem que caminhava ávida de chegar ao seu confortável apartamento de classe média, e com uma cama bem acolhedora e quente.
Susana voltava de sua aula de dança, desde pequena que seu sonho era se tornar uma bailarina de sucesso, mas como seus planos não foram os mesmos dos seus pais, ela se tornou uma veterinária, de nome e com agenda lotada, ela sempre era boa em tudo o que se proponha a fazer, e na dança, desde que assistiu à primeira aula que seu instrutor viu que estava de ante de uma jovem promissora, mesmo ela procurando a dança apenas para se realizar, assim pensou ele, pois daria uma grande profissional.
Ela caminhava, e como caminhava, não queria esfriar o sangue que aquecia seu corpo, sua única parada na padaria da esquina onde compraria seu jantar: pão com alguns frios e suco ao leite de soja. Era o momento em que ela se lembrava de sua mãe. Enquanto caminhava sentiu um arrepio, se abraçou mais forte com seu braço livre para tentar se proteger do frio, se era possível. Com tudo seu corpo continuava se arrepiando, tão forte que se tremia todo, seus cabelos mesmo bastantes úmidos, se ouriçou, e então ela viu um clarão, não um de fotografia, nem de um relâmpago, mas como a de uma lâmpada se queimando, se apagando lentamente, a luz irradiava um tom lilás, parecia luz ultravioleta ao tocar em alguns objetos brancos. Vinha da direção de um beco escuro. Parada, Susana apenas olhava fixamente para o interior tenebroso. Nada se via além da luz mais próxima que projetava uma sombra negra e intensa, mas ela sabia que havia algo ali pertinho dela, então, depois do silêncio proveniente da interrupção dos seus passos na calçada, ela pode escutar uma respiração forte, pode imaginar alguém ali, como se estivesse morrendo depois de uma intensa maratona, ou sendo estrangulado, uma coisa era certo, aquele resto de luz que permanência, parecia envolver um corpo caído.
...
Perto dali, em uma cama quente e abraçado a um jovem mais novo, se encontra Flávio, jovem de 20, solteiro, e que levava uma vida sem consequências, seu dinheiro ganho com seu trabalho em uma academia de musculação, é todo gasto com garotos de programa e bebedeira. Ele se alivia jorrando todo seu esperma na cara do jovem que parecia indiferente com o ato, estava ali apenas como um objeto, apenas fazia o que seu companheiro mandava, depois de receber o esperma em sua face, ele ainda tentava sugar o restinho que sobrou na glande rosada de tanta excitação e do atrito da penetração. Seus corpos suados refletem uma luz de espectro alaranjado vindo de um poste da rua, ao terminar, ele manda o jovem embora com o pagamento no bolso traseiro da jeans.
Flavio ficou deitado, não tomou banho, gostava de ficar sentindo o cheiro do sexo, gosta de se sentir o dominador. Mas cinco minutos depois de solidão, ele ficou sério, se encolheu na cama, e fechou os olhos, sabe que ao acordar no dia seguinte tudo será como no dia anterior.
...
Encolhido no chão estava um jovem caucasiano em posição fetal, Susana ligou seu celular para clarear melhor e se depara com ele, todo molhado, olhos suplicantes em sua direção, ele não falou nada, apenas tremia, para espanto dela, ele se encontrava nu, nenhum pano o cobria, seu peito depilado, a fez perceber que ele não poderia ser nenhum mendigo, no máximo ela pensou de imediato que poderia ser algum riquinho que foi assaltado, e ou, estava drogado. Chegando mais perto ela falou:
— Você está bem?
Ele nada responde, ela ainda repete a pergunta, mas ele nada, apenas estendeu sua mão esquerda para ela. Medo e dúvida não foram suficientes para bloquear a ação humanitária de Susana, ela o ajudou a ficar de pé, tirou sua jaqueta e o enrolou a parte inferior do corpo dele, como estava escuro, ela não pode ver direito seu corpo apenas notara uma pele muito branca como mármore, mais parecido com uma estátua grega em que o modelo tem um corpo perfeito em proporções harmoniosas. Ao se erguer, notou sua altura de um metro e oitenta, nada de mais apenas para ela que tinha dez centímetros a menos, a fez se esforçar mais para poder apoiá-lo bem, já que o mesmo apresentava dificuldades para caminhar, sua primeira ação foi ligar para a polícia, mas ao olhar naqueles olhos azuis profundos seu coração disparou, algo neles se comunicava com seu intimo, ela então seguiu em diante.
Ao percorrer apenas trinta metros aproximadamente, foi abordado por um jovem, o mesmo jovem que recebera dinheiro de Flávio.
— Ei moça, quer ajuda?
— Sim, aceito sim, ele é bem pesado.
— E o que foi que aconteceu?
— Não sei, mas, por favor, pega ele desse lado ai.
Ao ser segurado pelo passante, o jovem teve um sobressalto, respirou fundo e seus olhos pareciam saltar de suas órbitas. Susana segurou firme pensando que ele fosse sentir algum ataque epilético, mas logo o jovem se acalmou. Eles não entenderam a reação do outro que pareceu reagir ao toque do rapaz.
Ao chegarem no apartamento, Susana agradeceu ao rapaz, e ele ao se prontificar para sair teve sua ação interrompida pela mão do jovem, que o agarrara fortemente. E então ele falou pela primeira vez:
— Quem é... – Mas sua fala não foi concluída, ele apenas apagou.
Os dois então resolveram leva-lo para dentro.
...
O dia amanheceu preguiçoso, as ruas movimentadas, Flavio estava na cozinha, preparava seu lanche, alheio ao mundo externo, parecia mais um zumbi, tinha que fazer tudo como ele fazia todos os dias, foi ao banheiro, tirou seu short de malha surrado, mostrando uma bunda malhada e costas firmes e largas, era um belo homem jovem, seu cabelo liso caia sobre os olhos castanhos médios, sua boca fina, mas com lábio salientes, e um queixo dividido, era magro, e malhado, praticava malhação todos os dias, mesmo antes de fazer faculdade de educação física, estava já do quinto período de faculdade, conseguiu um emprego na academia que frequentava como auxiliar, mas logo conquistou a clientela, de preferência feminina, mas era os garotões que ele mais se encantava, adorava ajudar os jovens que se mostravam inexperientes, desde que trabalhava ali, já levara vários virgens para sua cama.
Ao terminar o banho, ele se arrumou, e foi à faculdade, não gostava de chegar atrasado, o que era uma virtude sua. Ele adorava ser perfeito.
...
Susana ao despertar ficou olhando o teto amarelado com o tempo, estava buscando em sua mente algo perdido, uma lembrança vaga, e então ela saltou da cama...
— Meus Deus, tem um garoto nu dentro do meu apartamento.
Ela correu a sala e procurou-o no sofá, mas ele não estava lá, estava em frente à janela, nu, ela ficou parada olhando ele, e então despertou novamente.
— Olá, tudo bem? – seu coração disparou, ele ao se virá mostrou um corpo branco e atlético, então ela caminhou um pouco em sua direção, e mesmo vendo-o sem roupa, não pareceu envergonhada, enquanto se aproximava pode conferir melhor o corpo dele, mas ainda sem nenhuma reação constrangedora, parecia não ligar para o jovem de frente para ela.
— Venha cá, não é legal ficar ai, pode chamar atenção das pessoas.
— Desculpe Susana, não queria lhe causar transtornos.
— Espere, você me conhece? Nós já fomos apresentados? Porque eu não lembro.
— Não, tem uns envelopes de contas sobre a mesa, desculpe não entendi, você também não me conhece?
— Tudo bem. Não te conheço também. Mas então quem é você?
Ele pareceu refletir um momento fez cara de quem perdeu algo precioso, olhou para ela e respondeu.
— Não sei.
..........
Continua.