Cap. 06 – Quando os desejos são mais vigorosos do que a razão.
Deitado, Ítalo não conseguia prender os olhos, estava com seus pensamentos, todos voltados para esse mistério que o afligia, ficou imaginando o que poderia ter ocorrido, e principalmente onde ele tinha passado todo esse tempo se ninguém o procurou, apenas com uma nota de desaparecido na delegacia, e o que aconteceu com seus pais em especial sua mãe que tinha sido seu ultimo contado, mas e o Rodrigo, por onde ele andava, então ele ficou tentando refazer e fazer os acontecimentos, tudo parecia estranho, principalmente todo esse silencio em sua cabeça, pois até ali, desde que acordara, sua cabeça parecia uma cozinha em dia de reunião de vizinhas, mas ali, ele se encontrava completamente só. Virava-se para um lado, e depois para o outro, e então procurou dormir, pondo a cabeça de lado e fechando bem os olhos, se concentrando apenas em ligar para duas pessoas no outro dia.
...
NO ALTO DO MESMO PRÉDIO ONDE SE ENCONTRAVA NOSSO JOVEM PERDIDO.
Duas figuras conversavam observando a rua, quando eles são interrompidos por um jovem de cabelos curtos e olhos negros, seu corpo forte, e suas mãos firmes e grandes. Dirigiu-se aos outros dois, e falou:
— Olá meus companheiros, como anda a ronda?
— Vejam só quem resolveu aparecer, já era sem tempo.
— Rabbi Atanael e Rabbi Sasael, vocês poderiam me contar o que está acontecendo, ou melhor o que aconteceu com a minha descida ao corpo dele, por que ficamos apagados todo esse tempo, e o que aconteceu para que até eu ficasse sem memória?
— Vamos pelo inicio está bem, primeiro sua descida não foi bem sucedida por talvez o jovem em questão ter uma personalidade muito forte, ele tem seu livre arbítrio bem formado e por isso ouve um choque na hora da descida, mas parece que tudo volteou ao normal depois do último choque quando os dois se encontraram, e pelo visto a força do Caído Luxael é muito forte em sua marionete.
— Calma Rabbi Atanael, uma coisa de cada vez, me fale o que aconteceu durante todo esse tempo, pois mesmo sendo um anjo, sem minhas memórias não posso progredir.
— Maxuel, meu jovem sentinela, você não passou todo esse tempo, o que ouve na verdade foi uma interferência do nosso Comandante da Ordem dos Anjos Celestiais Rabbi Gabriel, que intercedeu ao Príncipe da Ordem dos Arcanjos Príncipe Miguel uma solução para nosso caso, e o que foi sugerido, teve a autorização da ordem das Virtudes, ou seja até o Príncipe Raphael tomou parte de tudo isso, e para o seu bem foi feito uma troca temporal...
Então o jovem sentinela Maxuel fez uma expressão de que estava entendendo.
— Então isso significa que ele ainda não aniversariou, em seu calendário biológico e celestial?
— Isso mesmo, ele ainda não está pronto para ser separado de você, ainda tem que esperar seis dias completos, e só então é que você poderá se separar dele e agir livremente, até tenha muito cuidado, o corpo dele não poderá entrar em contato com outro corpo humano de maneira carnal, ou se não... – Sasael foi interrompido por Maxuel.
— Seremos condenados sem julgamento final.
— Mais uma coisa Maxuel. – Avisou Atanael. – O Caído em questão, é seguidor de Kasabel o responsável por toda a luxúria na face da terra.
— Sim, eu lembro de Luxael, já tive o desprazer de o encontrar alguns séculos passado, mas se é ele que está próximo ao Flávio, já sei que vou ter que ter o máximos de cuidado possível, ou se não estaremos perdidos.
— É melhor você voltar, não deixe o seu protegido só por muito tempo, ou se não Luxael poderá se aproveitar. – Advertiu Sasael.
— Companheiros, que o Criador e todos os Príncipes mantenham nossa Luz sempre forte.
E então os outros dois anjos responderam em um único som:
— Que a Luz perpetua esteja sempre convosco! – E então eles sumiram.
...
Dizem que o sol nasce para todos, e que todos merecem o sol, no entanto nem todos querem o sol, e assim com esse dilema podemos adentrar no apartamento de Susana mais uma com o intuito de sabermos como nosso herói sem causa acordou depois de uma noite tranquila, depois que adormeceu é claro, sabendo que ele esteve atordoado com tantas novidades e mistérios sobre seus últimos dias, sabemos agora que ele está sendo vigiado não só por anjos, mas por outros seres chamados de Os Caídos, seriam estes seres também anjos? Conhecendo a mitologia cristã sobre a existências de anjos e demônios não é mistério para ninguém que os tais demônios na verdade são anjos que se rebelarão contra seu próprio Criador e que foram expulsos do paraíso celestial. Assim podemos dizer que os tais Caídos são na verdades anjos rebeldes ou mesmo os demônios que tanto nos amedrontam. Contudo os que estamos vendo são acontecimentos e fatos estranhos ao que se conta as tais mitologias, e para isso deveremos permanecer atentos para os fatos ocorridos e assim tentarmos assimilar o que eles realmente desejam e quais os propósitos do anjos.
O apartamento estava calmo, apesar de ser uma manhã de segunda feira, Susana parecia aleia a tal dia de expediente. Ela se dirigiu ao quarto onde Ítalo estava acomodado, e o chamou. Este por sua vez diferente dela, saltou da cama como se algum espinho o tinha espetado:
— Que horas são?
— Calma meu rapazinho, são ainda sete horas.
— Nossa, vou perder a primeira aula.
— Mas você está pensando em ir ao colégio já hoje.
Então ele olhou em volta, e viu que estava num quarto bem diferente daquele que ele costumava acordar todas as manhãs, e então ele caiu na real, não estava mais em sua casa, pode se notar uma tristeza em seu olhar, mas nessa hora uma voz interior o acalmou:
“Tudo vai ficar bem, acredite”
— O que você falou? – Se dirigiu a Susana a interrogando como se aquela afirmação tivesse saído da boca dela.
— Não falei nada meu amigo, pelo visto acho melhor você não ir hoje assistir aula, deve se recuperar melhor.
— Não, preciso falar com minha mãe, e falar com o Rodrigo, preciso saber mais sobre esse tempo que estive em off.
— Max, vá com calma, você não sabe o que pode ter ocorrido durante esta semana. Olha eu tenho um celular extra, você pode usá-lo quanto quiser.
— Obrigado Susana, mas é que eu não posso também ficar aqui todo o tempo só dependendo de você, e sem fazer nada, eu também tenho que ir à pousada para ver se minhas coisas ainda estão lá. Contudo acho que o celular será necessário, depois eu te recompenso.
— Ok, então, mesmo assim, eu vou com você.
— Não é preciso, e você tem o seu trabalho.
— Ítalo, espere, veja só, eu sou a dona do consultório, tenho meus assistentes, e além do mais, você já esqueceu que ontem eu fui trabalhar, ou seja, como ontem foi domingo, eu paguei um plantão, então tenho direito a minha manhã de folga, o que me dar tempo de pegar o carro na garagem ir com você.
— Bem, então assim só posso aceitar, né?
— Claro seu bobo, vamos que eu já estou louca para ver tudo isso se resolvendo com você.
— Sabe Susana, ontem eu estive pensando o que seria de mim sem você, até parece que você é o meu anjo da guarda.
— Olha, geralmente eu não faço isso, mas juro que parece que tem uma voz na minha cabeça me dizendo que essa é a coisa certa a se fazer por você, não sei bem o que você tem a realizar, mas parece que fomos unidos por forças maiores.
— Nossa você falando assim me dar até arrepios. Parece estranho, mas eu penso a mesma coisa.
— Então vamos, no caminho paramos para tomar café.
...
A senhora Margarida da Silveira, todas as manhãs gostava de ficar sentada na varanda de sua casa olhando os beija-flores visitando seus jarros suspensos nas pilastras da varanda, mas há mais de sete dias que o seu coração estava apreensivo, seu filho, seu único filho tinha sido expulso de casa pelo próprio pai, e desde então andava sumido, sem nenhum telefonema, ou mensagem, nada que o pudesse localizar ou informar de seu estado. Já tinha pedido ao esposo de irem a delegacia para informar sobre o sumiço, e ainda sem resposta, mesmo assim o Senhor Silveira não acreditava que ele pudesse estar mal, ele queria crer que o filho estava na casa do namoradinho, como ele dizia para si mesmo, e rindo da cara dele. Mas ela como mãe, sentia que o seu filho poderia está passando por uma situação muito ruim, e assim ela vinha passando os dias, nada a fazia esboçar um sorriso se quer. Nada a tirava da cabeça que seu filho precisava de sua ajuda, de seus braços. E lá estava ela, agora sozinha sentada a mesa da cozinha, olhando para a parece engordurada depois de anos de frituras e vapores. Ela não tirava os olhos do microondas, esperando que o seu filho viesse preparar seu cuscuz preferido, todas as manhãs antes de ir ao colégio. Ítalo aprendera essa facilidade dos tempos moderno numa aula pratica de ciências ainda no primeiro ano, e então sempre preparava seu próprio café, até mesmo os seus pais aprovaram a facilidade, e dona Margarida principalmente pois tinha economizado alguns minutos no preparo do tal prato.
Mas naquela manhã, ela tomou um susto quando seu celular, prata, vibrou e tocou sua musica favorita: “Mania de você” da Rita Lee, ela ficou eufórica que quase derrubou o aparelho no chão, mas ficou firme e olhou o numero, sentiu uma leve decepção ao ver que o numero estava oculto, mas naquele momento ela não poderia dar o luxo de rejeitar nenhum telefonema, e então atendeu:
— Alô!
Mas do outro lado estava um Ítalo apreensivo, com medo de está fazendo a coisa errada, tinha medo de sua mãe está com muita raiva, mas mesmo assim sua vontade de falar com a mãe e poder dizer que estava tudo bem com ele lhe deu forças para falar:
‘- Sou eu mãe!’
— MEU FILHO! – Margarida gritou com tanta felicidade que para Ítalo pareceu que ele tinha voltado dos mortos.
‘-Sim mãe, sou eu.’
— Meu filho, graças a Deus você está bem, me conta filho, onde você está?
‘- Mãe, estou bem, sim, estou indo até a pousada para pegar minhas coisas, estou ficando na casa de uma amiga’
— Mas meu filho, fique na pousada, assim eu posso ir vê-lo sempre, e levar alguma comidinha que você gosta. E também repassar sua mesada meu filho, afinal você não pode ficar também na casa dos outros de favores por toda a vida.
‘Mas mãe, eu preciso ficar por aqui, e sobre a mesada, realmente eu vou precisar sim, vou repassar pra senha depois o numero da conta daminha amiga...’
— Mas meu filho, por onde você andou todos esses dias, quase me mata de tristeza.
‘-Mãe, não se preocupe tudo vai terminar bem, pode confiar em mim. Depois conto tudo a senhora... E o papai, como ele está?’
— Meu filho, seu pai anda muito deprimido esses dias, estou até preocupada com a pressão dele, mas depois que eu falar que você ligou tenho certeza de que ele vai melhorar, afinal por mais que ele esteja desapontado e com raiva de você, ele ainda te ama.
‘-Eu sei, eu também estou sofrendo, mas não se preocupe, eu também estou ficando forte, e um dia vocês vão se orgulhar de mim. Um beijo minha mãe, agora tenho que ir, ainda quero ir a escola hoje.’
— Tá bom, vá mesmo, a diretora já me ligou umas três vezes nesta semana passada, vá se não você vai perder o ano letivo novamente, e você não está nada bem...
‘-Nem me lembre. Um beijão e depois eu te ligo.’
...
Ele desligou o celular em seguida e olhou para Susana ao volante, em tão falou:
— Pronto, agora passamos na pousada, você espera um momentinho, enquanto me troco, e você vai me deixar no colégio, que não é longe daqui, ainda quero pegar as ultimas aulas do professor de Matemática que é o mais encrenqueiro.
...
Flávio se encontrava perdido em pensamentos, algo que não era nada fora do comum, até mesmo os professores nem mais o interrompiam, sabiam que ele mesmo se mostrando desinteressado nas aulas, sempre tirava notas suficientes para continuar passando de semestres. Mas Flavio naquela manhã não imaginava nada, apenas recordava a noite de domingo ao lado daquele jovem bonito deitado naquela cama improvisada, que dormia como um anjo, ele se lembrava de cada detalhe do corpo de Ítalo, em especial do volume formado nas partes intimas, as mãos dele também, mesmo sendo de um jovem que aparentemente não praticava musculação, eram grandes e fortes, deveria ser a genética é claro, seu peitoral era bem aparente, e sua experiência dizia que aquele tipo de corpo depois de alguns meses de academia ficaria uma verdadeira maquina de sedução e desejo. E ali, Flavio já imagina trabalhando aquele moleque, deixando ele mais bonito, com um corpo apetitoso, para seu próprio deleite. Só tinha que fazer uma forma dele frequentar a academia onde ele trabalhava, só não sabia como, mas até o final da tarde ele conseguiria.
Assim ele tirou todo o restante do horário. Depois saiu da sala e se dirigiu aos corredores, onde poderia ficar olhando os corpos dos outros alunos que circulavam numa loucura, cada um querendo sair o mais rápido possível, se dirigindo a saída mais próxima, mas Flavio parecia alheio a toda aquela agitação, caminhava lentamente, e ao passar pela porta, ele foi tomado por dois olhos negros e brilhantes em sua direção, o olhar era tão penetrante que ele não teve nem como olhar para outra parte do corpo, e uma voz em seu intimo parecia o empurrar em direção ao estranho.
...
ALGUMAS HORAS ANTES NO COLEGIO ONDE ÍTALO ESTUDA
Antes de Ítalo entrar pela porta da sala e surpreender todos os colegas, estava pensativo o jovem Rodrigo, seu coração continuava temeroso, sabia que alguma coisa de ruim poderia ter ocorrido com seu colega, ele ainda não o chamava de amigo, e nem sabia se iria continuar sendo colega dele, ou mesmo nunca seriam amigos. Pois não sabia mais como evitar todo o desconforto que sentia ao lembrar daquele dia em que ficaram juntos, ele queria apagar aquele momento, mas era inevitável a cena em que ele vendo-se ao lado do colega, vendo seu corpo ali, e ele sentindo cada desejo de tocá-lo, beijá-lo, abraçá-lo, eram mais forte do que sua vontade de reagir, de fugir dali e não cometer aquela loucura, ele sabia que não era bem o que ele queria, mas também existia uma força intima dizendo que ele sentiria um enorme prazer, que ao possuir Ítalo ele estaria se realizando. Então eles se abraçam e se beijam loucamente, e ele sente o corpo do jovem que até aquele momento era apenas um objeto distante e quase impossível de se ter, mas então nem ele mesmo sabia como conseguira forças para se revelar algo que até então ninguém sabia que ele tinha essa vontade única por aquele jovem, e unicamente por ele. Era um desejo novo, que fora crescendo em poucos dias.
Mas seus pensamentos são interrompidos quando escuta um zum zum na sala, e então ele ergue os olhos e se depara com Ítalo sentando ao lado e olhando para ele com um sorriso espontâneo.
continua...
Por Maximilan