As conversas haviam começado num pedido de socorro velado. Pensamentos ruins me rondavam e ela foi solícita e amiga.
Mas com o tempo, ainda que de forma muito sutil, em conversas recheadas de entrelinhas, o tom dos assuntos foi se modificando e se tornando mais provocativo, mais erotizado.
Era evidente a curiosidade dela em relação a mim, assim como era evidente o seu pudor. Uma disputa entre forças íntimas, se conter ou curtir.
E assim íamos, nos falando de vez em quando, nos olhando na sala de aula, nos corredores, quase que numa disputa.
Tudo mudou em uma noite de chuva.
Assim que entramos na sala de aula, uma chuva desabou e o barulho tornou impossível ser ouvido. Todos passaram a se aglomerar pelos corredores na esperança de ir embora.
Nossos olhares se cruzaram, surgiu um sorriso cativante e sedutor e pelo celular, mandei uma mensagem chamando ela para dar uma volta. Ainda era por volta das 19:30 e haveria um bom tempo até o ônibus partir de volta.
Estranhamente ela aceitou e escondida conseguiu chegar ao meu carro.
Estávamos ambos molhados e meio sem graça, sem saber bem o que falar.
Conduzi até um lugar mais tranquilo, apesar que a chuva havia espantado todos da rua e quando parei, reparei nela. Sandálias baixas, pés molhados e um vestido creme com algumas estampas coloridas, de um tecido leve. Um pescoço longo e bem feito se destacava e dava suporte a um sorriso lindo.
Ficamos nos olhando por um tempo, as vezes uma frase solta, realmente sem sabermos o que fazer, o que falar.
Estávamos sem jeito um com o outro, sem saber como agir, até que num lampejo de coragem, levei a mão e a toquei. E foi um toque simples, correndo os dedos pelo seu rosto e a segurando pela nuca, por baixo do cabelo.
Ela fechou os olhos e suspirou. Parecia que um peso havia saído de nós.
Quando reabriu os olhos, eu estava mais perto e nossos olhares buscaram nossas bocas que por fim se encontraram.
Surgiu um beijo calmo, quase adolescente, mas que permitiu uma aproximação de corpos e a puxei para mim, a estreitando nos braços.
Beijei seu pescoço e o percorrer da barba na sua pele fez com que seu braço se arrepiasse e outro suspiro escapasse.
O beijo adolescente foi dando lugar ao desejo e isso trouxe o furor, os sentidos alertas.
Ela estava quase sentada em meu colo, atracados. Nos beijávamos agora com mais sofreguidão e nossa respiração pesada era abafada pela chuva que insistia em nos acobertar.
Sentada sobre mim, impossível não sentir o volume do meu membro, sentir suas pulsações. Talvez o calor ultrapassasse até mesmo a barreira dos tecidos.
Eu a segurava pela cintura com a mão esquerda e a apertava contra meu peito, sentindo seus seios arfarem a cada respirar.
Desci a mão direita e toquei seus tornozelos pelo lado interno de suas pernas com a ponta dos dedos. Rocei levemente as unhas em sua pele.
Nossas bocas ainda se digladiavam.
Fui subindo o toque em sua perna, tocando sua panturrilha e sentindo a maciez da sua pele.
O perfume que saia de seus cabelos me inebriava e eu me enterrava no seu pescoço, sentindo o seu calor e seu cheiro bom.
Meus dedos superaram as panturrilhas e quando alcançaram os joelhos, quase que instintivamente suas pernas se afastaram e subi um pouco mais, sentindo a maciez de suas coxas, o calor que aumentava a cada centímetro percorrido pernas acima.
Ela nem percebia, mas movia os quadris sobre mim, num movimento lento, cadenciado, instintivo.
Mais um pouco e toquei sua calcinha. Ela estremeceu, como se tomada por um choque.
A umidade e o calor foram demais para o tecido, que estava todo melado.
Fiquei passando os dedos em seu sexo por sobre o tecido e surgiram os primeiros gemidos.
Entre idas e vindas, descobri um espaço por onde meus dedos invadiram sua calcinha. Seu sexo estava ensopado e latejava, pulsava.
Nossos beijos haviam cessados e ela enroscada no meu pescoço, encostou a cabeça em mim e relaxou, somente sentindo, curtindo.
Tocava seu clitóris com calma, segurava ele entre os dedos, massageava as laterais de sua vulva, e por fim, a toquei, colocando meus dedos no seu sexo e sentindo todo o calor que dali emanava.
Ela estava linda, possuída pelo desejo. O carro todo embaçado não nos permitia ver nada e nem sermos vistos. A chuva continuava.
Comecei a mover meus dedos dentro dela, num movimento de vai e vem cadenciado, lento, mas que foi aumentando conforme sua respiração aumentava.
Estava próximo.
De repente, num espasmo, senti suas unhas se cravarem no meu pescoço, suas pernas se fecharem com força, esmagando meu braço e ela gemeu mais alto, anunciando que gozava.
Ainda sentada em meu colo, estava mole, apoiada em meu ombro.
Sua respiração foi serenando.
Meus dedos estavam melados de seus sucos, estavam com seu cheiro.
Ela consultou o relógio e deu um pulo. Hora de ir.
Se arrumou, me deu um beijo e disse: “Somos dois loucos, mas adorei!!”. Quando foi abrir a porta perguntei: “E eu?”, no que ela somente disse: “Quem sabe um dia, quem sabe...”