Depois de Ter Você - 1

        Às vezes a vida tem a forma mais inusitada de nos mostrar como as coisas acontecem. Sempre achei que era uma pessoa bem-resolvida comigo mesmo, meus próprios sentimentos, minhas certezas e com meu coração. Sempre costumava dizer que eu era uma frigideira, porque acreditava não ter tampa; verdade seja dita, nunca acreditei em amor, paixão à primeira vista, e nunca foi meu foco a vida sentimental; fui sempre extremamente focado no lado profissional. Mas, como eu disse no começo de tudo, a vida, o destino ou o universo, dê o nome que preferir dar, têm uma maneira toda especial de nos mostrar que as coisas nem sempre são como nós pensamos ser. No meu caso, eu precisei viajar mais de quinhentos quilômetros para ser refutado em todas as minhas convicções.
        Nos meus trinta e três anos vividos, nunca achei que alguém a quem conheço há tanto tempo, alguém por quem tinha uma estima muito grande, uma amizade longa; fosse de repente chegar e transformar tudo isso em poucos toques, gestos...
        Nesse ano, resolvi que iria viajar nas minhas férias para Minas, primeiro de tudo para reencontrar familiares que não via há muito tempo e em segundo lugar, encontrar pessoalmente um amigo de longa data que ainda não havíamos nos encontrado fisicamente.
        A primeira etapa da viagem, o reencontro com os familiares foi muito tranquilo, sempre bom esse contato, descansei bastante, me recarreguei.
        A segunda parte, ir ao encontro desse amigo começou muito tranquila. Ônibus saindo dentro do horário programado, estrada boa, trânsito livre tudo dentro dos conformes. Como eu, Bruno, estava de férias, e Téu, meu amigo, trabalhando, já sabia que não iríamos nos ver antes das 18 horas. Eu estava bem ansioso para esse encontro, acho que tanto quanto Téu. Mostrava, obviamente, que tu estavas tranquilo por fora. Por dentro, meu coração estava ansioso.
        Desembarquei por volta das 13 horas, e fui direto fazer meu check in no hotel, que foi um pouco mais simples do que eu havia imaginado; entretanto, bem limpinho e com uma boa localização. Algumas regras meio bestas, mais os hotéis menores tendem a ter esse tipo de regras mesmo. Eu ainda não tinha comido nada nesse dia, já que tinha viajado por bastante tempo, e estava com bastante fome. Como não conhecia a cidade, achei melhor pedir qualquer coisa e comer no hotel mesmo.
        “Já no hotel. Estava com fome, mas já pedi algo pra comer rapidinho aqui.”, mandei por mensagem. “O que você vai fazer?”, perguntou. “Vou ficar de boa. Estou acordado há muito tempo. Vou tomar um banho, bater uma e descansar. Não exatamente nessa ordem.”, respondi. “Não bate agora não, espera pra você bater pra mim.”, li sua resposta e fiquei meio confuso. Ainda não tinha pensado que nossa amizade tomaria esse rumo. Claro, Téo já havia me confidenciado que tinha curiosidade com o corpo de outro homem, mas nunca teve coragem de pedir a nenhum para tocar, ou ser tocado.
        Com o susto demorei um pouco para responder: “A claro, fica tranquilo, vou esperar sim.”, respondi com um tom jocoso, acreditando que era outra de nossas brincadeiras.
        Aqui eu sei que cabe pormos um parêntese: obviamente eu poderia ficar com Téo, porém, o que sinto por ele vai além do tesão. Sinto um carinho muito grande e uma amizade muito forte também e, pra mim, tudo não passava de nossas brincadeiras. Eu, gay assumido, Téo, até então hetero, no meu ponto de vista no máximo curioso... “Não vá por aí, Bruno!”, pensava eu.
        Depois de ter pedido minha comida, de ter comido, o sono e cansaço do dia cobraram seu preço. Acessei o site de contos eróticos para bater minha bronha tranquilo, e me entreguei as histórias lascivas contadas lá. Gozei mais no sentido daquela gozada por obrigação, não sei se faz sentido isso; mas não foi aquela gozada gostosa, que esvazia o saco e a mente. Após isso, fui tomar banho, afinal, estava cansado da viagem e todo sujo de leite.
Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, minha mente vagava pelas memórias e expectativas do encontro. Eu e Téu nos conhecíamos há anos, mas a distância sempre nos impediu de nos vermos pessoalmente. Apesar disso, a amizade floresceu de forma intensa e genuína. Trocas de mensagens e ligações nos mantinham conectados. Mas agora, a realidade era outra – finalmente nos veríamos face a face.
Depois de descansar um pouco, a tarde passou lentamente. Meu estômago estava preenchido, mas a ansiedade continuava a crescer. Passei um tempo explorando o aplicativo de pegação próximo ao hotel, mas meu pensamento estava fixo no encontro com Téu.
Finalmente, o relógio marcou 17h45. Levantei-me para me preparar. Aproximei-me do espelho e ajustei meu cabelo, tentando parecer o mais apresentável possível. Escolhi uma roupa casual, mas arrumada, querendo parecer tranquilo, mesmo que meu coração estivesse acelerado; escolhi um perfume, nada muito chique, mais queria algo que fosse marcante para que Téo lembrasse de mim sempre que sentisse aquele aroma.
Pontualmente às 18h, meu celular vibrou com uma mensagem de Téu: "Cheguei! Estou aqui na recepção.", respondi: “Você quer subir?”, “Se eu puder, é bom que deixo a mochila aí.”. bloqueei o celular, e deixei sobre a mezinha do telefone, aguardando tocar com o aviso, de que Téo estava na portaria desejando subir; autorizando assim que atendi. Fui para o lado da porta, sentindo meu coração palpitando com a expectativa de finalmente encontrar um amigo querido.
Ouvi passos vindo pelo corredor silencioso. Ao virar a esquina que dava para a porta do meu quarto, lá vinha ele. Téu parecia um pouco diferente das fotos e vídeos, mas ao mesmo tempo, exatamente como eu o imaginava. Seus olhos brilharam ao me ver, e ele abriu um sorriso largo. Entramos no quarto e ao fechar a porta nos olhamos:
— Bruno! Finalmente! — disse ele, abrindo os braços para um abraço caloroso.
— Téu! Não acredito que estamos nos encontrando de verdade! — respondi, correspondendo ao abraço.
A sensação de finalmente encontrar aquele amigo querido era indescritível. Ficamos ali, nos abraçando por um momento, absorvendo a realidade do nosso encontro. Téo me abraçou apertado, como se com medo de que eu fosse escapar a qualquer momento; senti seu peito junto do meu pulando com pequenos soluços, Téo se deixou levar pela emoção, e aqui sou obrigado a confessar, também estava emocionado; mas, mantinha-me sob controle; pensava: “Vou liberar essa emoção depois, quando estiver sozinho.” Fiquei sem saber o que fazer quando percebi que ele estava chorando. Queria consolá-lo, porém sem embaraçá-lo. Decidi que meu consolo naquele momento seria transmitido através do meu abraço. Estreitei com mais força Téo junto a mim, esfregando de forma carinhosa suas costas.
        Para mim estava sendo mágico aquele momento, mesmo que através do algodão de sua camiseta, pude sentir seus ombros largos, seu peito, sua leve barriguinha de shop, seus braços fortinhos, seu cheiro... naquele momento, algo dentro de mim se soltou e naquele momento, mesmo que eu não soubesse ainda, tudo estava fadado a mudar.
— Vamos? — Téu perguntou, após soltarmos o abraço. — Conheço um lugar ótimo para jantarmos e conversarmos com calma. Hoje tem shop em dobro, e a chapa de carne mista tá com preço bom.
— Claro! Estou faminto e ansioso para colocar a conversa em dia.
        - Trouxe algo de presente de Minas para você... – Disse entregando-me uma sacolinha com um laço de corda.
        - Não precisava! – Respondi maravilhado com a atenção e carinho.
        Abri a sacolinha e tirei uma pequena garrafa de licor de doce de leite.
        - A vendedora disse que mesmo quem tem intolerância a lactose pode tomar, perguntei antes de comprar. – Disse Téo encabulado.
        - Obrigado! – Respondi sorrindo e tornando a abraçá-lo. Acho que inclusive, eu estava descobrindo meu novo lugar favorito na terra, dentro dos braços de Téo.
Saímos do hotel e caminhamos pelas ruas de Minas. A cidade tinha um charme especial, com suas ruas de paralelepípedo e construções antigas. Conversamos sobre nossas viagens, família, trabalho, mas logo a conversa começou a aprofundar.
— Sabe, Bruno, eu sempre senti que tínhamos uma conexão especial — disse Téu, enquanto esperávamos nosso pedido no restaurante. — Mesmo com a distância, sempre estive certo de que um dia nos encontraríamos assim.
— Eu também, Téu. Mais vamos parar com essa frescurada, somos machos, meu! – Respondi fazendo piada.
        - Olha como você é, Bruno, eu aqui abrindo meu coração pra você e você não me leva a sério...
        - Tá bom Téo, não brinco mais. Mais cara, eu concordo com você, também achava que nunca ia dar certo da gente se encontrar... Primeiro tua ex... Depois nossas questões financeiras... E agora a gente está aqui! – Falei sorrindo olhando nos olhos de Téo. – Os dois frente a frente, tomando um shop de má qualidade em um shopping qualquer de BH. Chupa mundo! – Fingi gritar levantando meu copo plástico para um brinde, acompanhado por Téo rindo.
        - Bruno, será que eu posso ficar no hotel com você essa noite?
        - Olha, acho que não tem problema não, O quarto até tem uma segunda cama mesmo. Se você não se importar de ficar na cama de solteiro...
        - Tranquilo, - respondeu. – Achei que você ia querer dormir de conchinha...
        Gargalhamos; lembrei que um dia contei a ele que eu sou igual a criança: esquentou as costas eu durmo.
        Pagamos nossa conta e chamamos nosso Uber com destino ao hotel. Havia algo de estranho no ar... uma certa malícia... parecia que a noite estava dizendo que aquele momento era o momento dos amantes. E eu me perguntava: quais amantes? Qual momento? O ar tinha traços de excitação...

CONTINUA

Espero que estejam curtindo!

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Forte abraço!


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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico victorpass-sjc

Nome do conto:
Depois de Ter Você - 1

Codigo do conto:
215371

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
24/06/2024

Quant.de Votos:
4

Quant.de Fotos:
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