Os Imorais falam de Nós - Capítulo 10

CAPÍTULO 10 – Uma Viagem inesperada

        Nós rodamos por um tempo pela cidade. Quando eu estava já de saco cheio de tanta enrolação, ele disse:
        _ Eu tinha pensado nisso já há um certo tempo, e queria que fosse especial pra mim, e pra você também; eu só não tinha encontrado o lugar ainda. Mais agora depois de pensar bastante, eu finalmente achei.
        Nesse momento eu notei que ele tava entrando em uma estrada que eu não conhecia, pelo menos não tava lembrando naquela hora.
        _ Caio! Agente tem aula amanhã! Onde...
        _ Pode ficar tranquilo, eu conversei com a sua mãe, e agente não têm nenhuma aula importante amanhã, e a sua revisão foi remarcada pra semana que vem.
        _ Você é loco!
        _ O que seria da vida sem um pouco de loucura?
        Eu olhei no fundo dos olhos dele, e vi algo a mais brilhando lá. Acho que pela primeira vez, eu realmente estava sendo amado, desejado, em fim, eu pela primeira vez, despertava um sentimento tão profundo em alguém.
        _ Onde você quer chegar com isso Caio?
        Nesse momento, pela terceira vez, mais por motivos diferentes, eu estava vendo uma lágrima brilhando no canto dos olhos do meu amado.
        _ Nós vamos dormir na minha casa em Ubatuba.
        Depois que ele falou isso, eu me dei conta que nós estávamos na Dutra, e eu liguei a estrada ao lugar.
        Eu não havia ido nessa casa que ele tava falando. Já tinha ido com ele à praia? Sim já tinha. Mais essa casa... Eu nem sabia que ele tinha casa em Ubatuba. No Guarujá eu sabia. Mais Ubatuba...
        _ Você não tinha casa no Guarujá?
        _ Tenho ainda. Mais meu pai quis comprar aqui pelo fato de ser mais perto que Guarujá.
        Em comum até agora pra mim, era só o fato de nós gostarmos de praia, e estarmos indo pra Ubatuba.
        Depois de um tempo, ele continuou:
        _         Olha, quando nós chegarmos lá, você finalmente vai entender. Mais o que eu tenho pra dizer, é muito mais que especial, mais que qualquer coisa que nós tenhamos vivido. Quero dizer, mais que nós tenhamos vivido normalmente até agora... Bem, eu não sei mais o que dizer... Tô perdido!
        E mais uma vez, eu notei uma lágrima brilhando nos olhos de quem até àquela hora, tinha sido a pessoa mais querida na minha vida, e no momento a mais importante.
        Ele reduziu a velocidade, e pegou a disqueteira no porta-luvas.
        Apoiando-a na minha cocha, ele abriu e tirou um cd sem que eu visse o que estava escrito.
        Ele pôs no rádio, e a doce voz do Renato Russo, encheu o carro com uma linda melodia em italiano.
        _ Você gosta não?
        Ele me olhava fixamente e do olhar dele, se desprendia uma energia que me fazia ter cada vez mais vontade de pular no pescoço dele e beijá-lo até os dois perderem o fôlego.
        Quando eu ia abrir a boca pra responder, o Renato começou a cantar uma música que eu adorava.
        _ Você me conhece melhor que qualquer outra pessoa Caio!
        Ele sorriu, e me deu um beijo rápido dizendo logo depois:
        _ E você, Vicente! É o motivo da minha vida desde o dia que você tomou coragem.
        Eu dei outro beijo rápido, e ele aumentou a velocidade do carro e nós fomos ouvindo a voz de Renato em total silêncio.
        Quando o cd acabou, nós estávamos já na Tamoios.
        Com um sorriso doce nos lábios carnudos, ele me pediu pra pegar um cd com o meu nome escrito na disqueteira.
        Eu peguei e coloquei. Quando a primeira música começou, os meus olhos se encheram de água, era ele cantando “Codinome Beija-flor” do Cazuza, acompanhado por alguém no piano.
        _ Caio! Não acredito!
        _ Como?! _ Ele disse rindo. _ Por que não?
        _ Quem tá tocando?
        _ A minha mãe. Eu contei uma história pra ela, disse que era pra uma amiga, e pedi pra ela tocar e gravei. Depois eu mexi no volume do que eu tinha gravado dela tocando, e cantei por cima. Foi só.
        _ Eu já te falei que você é incrível?
        _ Não... Mais eu gosto disso...
        Nós fomos conversando coisas sem muito valor depois disso.
        A viagem passou quase sem que nós notássemos, quando nos demos conta, já estávamos em Ubatuba. Ele parou em um posto na avenida principal, e comprou um pacote de batatas, que nós comemos quase todo enquanto um frentista malhado abastecia o carro, e nos dirigia olhares que nos deixavam nus.
        Nós saímos do posto. Antes de retomarmos a avenida, ele vendou os meus olhos.
        _ Pra que isso Caio?
        _ Só pra não estragar a surpresa.
        _ Você hein...?
        Bem, nós fomos continuando, e todas às vezes que eu tentei por a mão na venda, _ detalhe, improvisada com uma camiseta preta estrategicamente esquecida no banco de traz. _ Ele vinha e tirava a minha mão pondo-a junto à dele carinhosamente.
        Depois de várias tentativas minhas de tentar espiar um pouco pra onde ele estava me levando, e sem sucesso, eu finalmente senti o carro reduzir até parar completamente.
        Ele segurou com firmeza a minha mão e disse:
        _ Só mais cinco minutos, e você vai finalmente ver onde nós estamos.
        Eu pude ouvir ele tirando um molho de chaves do cinzeiro do carro e descendo para destrancar acho eu o portão. Depois ele voltou e ligou o carro novamente, e entrou na garagem que tinha uma pequena descida, e me lembrou da garagem da casa que o meu pai tinha comprado para que nós pudéssemos passar alguns dias na praia nas férias de fim de ano. Ele parou e desligou o carro tirando as chaves do contato em seguida.
        _ Só mais um minuto.
        Ele desceu e tirou alguma coisa do banco traseiro e saiu de perto por alguns instantes. Quando ele voltou, ele bateu a porta do lado dele, e a de traz que ele tinha deixado aberta. Dando a volta, ele veio para o meu lado do carro, e abriu a minha porta, me dando a mão logo em seguida.
        _ Ah Caio! Quando eu vô poder tirar isso??
        _ Calma garoto!
        Ele me conduziu as cegas, por um chão de piso e depois por algo que eu pensava ser um jardim. Nós entramos em um lugar que me lembrou a sala de uma casa, e ele me levo por uma escada, e parando a frente de uma porta que eu percebi estar fechada, ele passou um braço ao meu redor, e disse com uma voz suave enquanto tirava lentamente a minha venda improvisada.
        _ Esse lugar me traz muitas lembranças boas, e eu espero que pra você também.
        Eu estava em um corredor levemente familiar, enfrente a uma porta de madeira fechada. Teatralmente, ele pôs a mão na maçaneta, e abriu a porta lentamente.
        Ele ascendeu à luz, revelando uma suíte imaculada, com uma cama de casal king sise, e por fim eu me dei conta de onde nós estávamos!
        _ Aqui?!
        _ Ah, eu tinha que te despistar de uma forma não?
        Nós estávamos na minha casa!
        Um quarto que eu conhecia muito bem era o quarto destinado aos meus pais, mais nas últimas vezes que eu fui pra lá eu tinha ficado nele.
        Por incrível que pareça, a casa não estava cheirando mal, na verdade estava cheirando a limpeza recém-feita.
        _ Como...?
        _ Agora chega de fazer perguntas. Vá tomar um banho, que eu vô lá em baixo arrumar alguma coisa pra gente comer.
        _ Mais você não falou que nós íamos vir pra cá, eu não arrumei nada.
        _ Fica tranquilo. Você tem tudo que precisa no banheiro.
        Ele disse isso, apontando a porta do banheiro dos meus pais.
        Pasmo ainda, eu fui beijado e fui pro banho. Entrei sem nem olhar em volta no chuveiro, e em fim pude pensar em tudo o que tinha acontecido naquelas últimas quatro semanas.
        Eu saí do banho e me enxuguei em uma toalha de algodão que estava dobrada sobre a moldura da banheira, e olhei em volta para ver se tinha alguma roupa posta em algum canto que eu não tivesse reparado. Não tinha nada! Pendurado na parede ao lado da pia tinha um roupão de ceda. Rindo eu me “vesti”, e desci para encontrar o meu amado.
        Quando eu entrei na cozinha eu o encontrei de banho tomado, e vestindo um roupão igual ao meu. Com um largo sorriso ele disse:
        _ Você está muito bem!
        _ Eu digo o mesmo!
        Ele veio a minha direção e em um abraço longo, eu fui beijado com uma ternura imensurável. Eu fechei os olhos, e curti cada segundo.
        Ele terminou de me beijar, e nós nos separamos. Aí, finalmente eu olhei para a mesa, onde um balde de inox com gelo abrigava uma garrafa de vinho tinto, e duas taças de cristal estavam ao lado. Em uma bandeja, um prato com macarrão que com toda certeza não tinha sido feito por ele. Mas, com a fome que eu estava, me encheu a boca d’água.
        _ Bem vamos jantar?
        Eu olhei nos olhos dele e disse:
        _ Vinho? Nossa tudo isso porque você ganhou um carro?
        Ele riu com gosto.
        _ Não só... Agora senhor, permita-me levá-lo a sua mesa.
        Eu entrei no jogo.
        _ Claro, mais só se o senhor maitre, se comprometer em me fazer companhia, porque odeio jantar sozinho.
        Com um sorriso enorme nos lábios, ele disse:
        _ Terei que ver com o proprietário, mais o senhor me desculpe à intromissão, mais não tem namorada?
        _ A pessoa que eu convidei para jantar hoje, não pôde vir.
        _ Bem, farei o possível, agora, por favor, me acompanhe.
        Rindo nós subimos as escadas, e ele nos levou para o quarto. Ele pousou a bandeja sobre a mesa de cabeceira, e sentou na cama.
        _ Vem, que tá muito bom!
        _ Não foi você quem fez isso não?
        _ Não... Eu pedi para um restaurante italiano entregar aqui antes que nós chegássemos.
        Nós comemos a seco. Depois que nós tínhamos terminado, ele pegou a garrafa de vinho e me entregou.
        _ Abra pra gente brindar.
        _ Sim, mais brindar a quê?
        Ele só sorriu. Eu tirei o alumínio que envolvia a rolha da garrafa, e já fazia força com saca-rolhas, quando um brilho me chamou a atenção.
        _ Caio!
        Presa junto com a rolha, uma aliança de prata, brilhava a meia luz do quarto. Com cuidado, eu tirei a rolha com a mão, e já tirava o anel do gargalo da garrafa, quando ele tirou a garrafa das minhas mãos, e serviu uma taça, deixando a aliança cair junto com o líquido escuro em seguida serviu outra depositando outro anel igualzinho no interior. Ele pôs a garrafa no balde novamente, e ergueu a mão oferecendo-me uma taça.
        _ Vamos brindar?
        Trêmulo eu peguei a taça, e ergui a mão.
        _ Vamos brindar a quê?
        _ Isso depende.
        Ele ficou de joelhos na minha frente, e disse com os olhos rasos d’água:
        _ Vicente, você quer ser o meu namorado, estar comigo pra toda a eternida...
        Eu não deixei que ele terminasse a frase, pois me curvando um pouco, eu tapei-lhe a boca com um beijo ardente.
        Lágrimas minhas e dele, juntavam-se em nossos rostos, formando uma delicada cachoeira.
        _ Caio, como você pôde um dia pensar que eu não te aceitaria?
        Ele se levantou, e disse:
        _ Um brinde! Ao nosso amor, a nossa vida...
        _ A você, por estar aqui comigo hoje, e certamente, estará pra sempre.
        Nós brindamos, e como noivos recém-casados, nos tomamos um longo e lento gole do vinho. Depois, nós nos beijamos, e sentimos o gosto do vinho misturado ao nosso próprio.
        _ Falta uma coisa ainda.
        Ele disse isso, depois que nós já tínhamos terminado de tomar a primeira taça. Com um gesto rápido dele, a taça jazia sobre a bandeja, e o anel que estava dentro brilhava na palma da mão dele. Eu pude ler na parte ] ao lado de um coração, o meu nome seguido pela letra “C”. Ele pegou o outro anel do par, e pousou-o ao lado.
        _ Acho que tá na hora de deixarmos isso meio oficial não?


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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico victorpass-sjc

Nome do conto:
Os Imorais falam de Nós - Capítulo 10

Codigo do conto:
61531

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
03/03/2015

Quant.de Votos:
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