Os Imorais falam de Nós - Capítulo 21


CAPÍTULO 21 – O Reencontro

        Nós estávamos extremamente preocupados, já havia quase doze horas que o Vicente tinha sumido, e não dava o menor sinal de vida. Nem ele, Nem o cavalo que ele estava montado. Eu já não aguentava mais ficar esperando. Fui até um funcionário da fazenda e pedi que ele me arrumasse um cavalo, e que me mos trace o lugar onde ele tinha entrado. O pai do Vicente não queria que eu fosse, mas, não houve quem me tirasse à ideia da cabeça. Para tentar amenizar, ele montou também, e foi comigo.
        Nós já estávamos longe da casa, quando ele me mostrou uma trilha paralela.
        _ Foi aqui que ele entrou.
        _ E vocês não procuraram por aqui?
        _ Eu vim com mais dois peões da fazenda, mais eles não querem andar por essa trilha. Eles dizem que tem muita cobra por aqui, e ficam com medo.
        _ Pois eu vô entrar aí mesmo que tenha um exército de sucuris me esperando.
        Eu não esperei resposta, nem afirmativa, ou negativa dele. Instiguei o cavalo, e saí a galope aberto pela trilha. Eu ouvia o pai dele vindo logo atrás de mim. Os cavalos resfolegavam. Mas, eu não diminuía a marcha, o que fazia que o mesmo ocorresse com Lucas. Depois de um tempo em meio à mata, ao longe se avistava uma clareira.
        _ Vocês chegaram até onde?
        _ Muito antes desse ponto, disso eu tenho certeza.
        Nós avançávamos, e no meio dá clareira eu já vislumbrava uma pequena casinha de colono.
        _ Nossa! Quem será que mora ali?
        Nós dois olhávamos curiosos para a pequena construção. Havia algo negro na frente da pequena cerca do jardim. Conforme nós nos aproximávamos, ela ficava maior. Quando chegamos à clareira mesmo, a notícia que eu tive de Lucas, fez meu coração se encher de esperança.
        _ Esse é o cavalo do Vicente!
        Eu instiguei mais ainda o meu cavalo, e desmontei ao lado do outro.
        _ Tem certeza?
        _ Total.
        Eu entrei no jardim, e fui direto para a porta que estava só encostada. Eu entrei e fui casa adentro, encontrando o quarto, e o Vicente dormindo, da maneira habitual, sem calça e sem camisa. Eu o olhava e me sentia vendo uma escultura de um Deus grego, um deus eternizado pela beleza, e pela doçura.
        Eu me abaixei pra tocá-lo, e percebi algo estranho, pequenas gotas lhe escorriam pelo rosto lindo, mais ele chorava dormindo. Eu acariciei secando as lágrimas. Mas, por que ele estaria chorando?
        _ Filho! Caio! Ele está dormindo?
        _ Aparentemente, sim.
        _ Mais ele tá chorando?
        Eu fiz que sim com a cabeça. Nós o sacudimos, chamamos, mas, nada adiantava.

***
Vicente

        Eu dormi rápido.
        Depois de algum tempo, não sei exatamente quanto tempo, eu acordei, mais não estava na casinha mais. Eu estava em uma pequena casa de pescadores, e ao longe se ouvia o barulho do mar, tranquilizador, e triste ao mesmo tempo.
        _ Ah! Você acordou! Que bom! Bem em tempo de almoçar! Eu fiz um prato especial hoje. Bife a parmegiana... O seu favorito né?
        Um homem de ombros largos, e aparência muito bondosa vinha da cozinha com um avental.
        _ Como eu vim parar aqui? Quem é você?
        Ele me olhou e riu gostosamente.
        _ Você não se lembra? Bem claro que não. Eu o tirei do mar, você quase se afogou. Enquanto dormia, você chamava o tempo todo por uma pessoa...
        _ Eu?
        _ Sim. Você o tempo todo dizia: “Não me deixa Caio! Por favor! Volta!”.
        Como assim? Esse homem surge do nada, sabe que eu gosto de bife a parmegiana... E diz que eu fui tirado do mar...
_ Como assim... O senhor me encontrou afogado no mar?
        _ Isso mesmo. Afogado não, mais se eu demorasse mais um pouco, eu tinha te encontrado realmente afogado.
        Tudo rodava, nada fazia sentido. Meus olhos novamente estavam queimando pelas lágrimas que eu segurava.
        _ Venha Vicente, aqui você é livre, e eu vô te ajudar, você vai ver...
        Ele me assustava um pouco... Como ele podia saber mais de mim que eu mesmo?
        _ Posso te perguntar uma coisa?
        _ Meu nome é Jeremias. Sou pescador, e já ajudei muitos na sua situação. Agora vamos comer, e depois nós conversaremos.
        Nós nos sentamos, eu comi o melhor bife a parmegiana da minha vida. Nós comemos em silêncio, só voltando a falar quando os pratos estavam vazios. Jeremias se levantou, e começou a lavar a louça, e eu fui o ajudar, secando. Terminado, ele me pegou pela mão, e me levou pra praia. Bem, nem preciso dizer que eu já estava em lágrimas mais uma vez... Nós estávamos andando na beira do mar, e ele me pediu pra que eu contasse a minha história.
        _ Mais é muito longa...
        _ Não se preocupe, nós temos muito tempo.
        Eu contei a história, como eu havia conhecido Caio, como nós nos apaixonamos, e como tudo estava acontecendo agora. Ao fim ele parou de andar, e se sentou na areia.
        _ Bem, isso eu já ouvi muito, e pelo que eu conheço do Caio, eu duvido muito que isso seja verdade.
        Como assim? Ele nunca tinha me visto, e eu garanto, o Caio também. Ele me olhava com tranquilidade, e continuava:
        _ Isso é bem provável que seja o que o seu pai diz, e muito provável que o Caio esteja sofrendo tanto quanto você.
        _ Ele não está sofrendo. Se ele gostasse...
        Jeremias se levantou e com um tom severo, me falou:
        _ Você não tem como ter certeza disso Vicente. Eu sei exatamente tudo que passou com o Caio nesse tempo.
        _ Sabe? Pois eu duvido.
        Ele se sentou a meu lado mais uma vez, e contou tudo o que já tinha acontecido com o Caio na minha ausência.
        _ Isso pra mim é história...
        _ Pois eu acho que você tá redondamente enganado...
        _ Bom, eu não sei...
        A tarde caia rapidamente, e nós fomos pra casinha mais uma vez. Tomamos um banho quente, e depois de uma janta maravilhosa, com uma comida muito diferente, e deliciosa, e ele me chamou pra voltar à praia. Já era noite, tudo estava escuro, tudo era um breu enorme. Nós nos sentamos em frente ao mar, e ele começou a falar em um tom baixo e firme:
        _ Veja bem Vicente, você está afirmando uma coisa muito complicada. Eu te dou a minha palavra de que o Caio nunca te traiu, e que ele está sofrendo muito com a sua falta. Eu te garanto, se alguma coisa acontecesse com você, ele não perderia tempo e viria voando pra te socorrer, ou mesmo te ajudar.
        Ele me olhava nos olhos, e eu não conseguia desviar o olhar. Ele se levantou, e me pegou pela mão.
        _ Vamos agora. Temos que ir dormir.
        Nós voltamos para a casinha, e ele me mostrou uma rede e se deitou em outra. Eu me deitei, mais não sentia a menor vontade de dormir. O mais estranho aconteceu nessa hora, eu me ajeitei na rede, e imediatamente dormi. Um sono agitado, estranho. Eu estava em uma pequena casa toda branca, e uma mulher baixinha velava meu sono.
        _ Já não era sem tempo meu querido!
Ela disse isso com um pequeno sorriso nos lábios grossos. Eu ia formular uma pergunta, mais bruscamente eu acordei no casebre mais uma vez.
        Jeremias dormia tranquilamente, e eu estava muito assustado. Levantei-me com cuidado pra não fazer barulho, e fui pra praia. Estava escuro. Eu calculava que já eram três horas da manhã, e fui em direção ao mar. Eu não pretendia entrar na água, já que parecia estar bem fria. Eu fiquei em pé olhando a imensidão do mar a minha frente, e eu tive a sensação de que os meus problemas eram um grão de areia no meio do oceano. Eu me deixei levar pela sensação de estranha dor misturada com paz, e olhando o mar eu comecei a falar:
        _ É tão engraçado como o mar pode ser tão grande, e tão pequeno ao mesmo tempo... Eu fico imaginando, como uma coisa dessas pode existir... Eu lembro que quando eu era criança, eu pensava que a noite, eles guardavam o mar, lembro que uma vez, eu briguei com o meu pai pra saber onde ele tinha guardado o mar... Mais olhando assim, eu acho que os meus problemas atuais são tão pequenos... Só uma rejeição...
        As lágrimas desceram pelo meu rosto, e eu senti um abraço por traz. Era Jeremias que tinha surgido como que por encanto.
        _ Como você me achou aqui?
        Ele não respondeu a minha pergunta, mais me deu uma ordem:
        _ Fale meu filho. Ponha tudo pra fora, tudo que te aflige.
        Eu não me contive mais:
        _ Seu idiota! Por que você fez isso! Você só pensa em você mesmo né? Claro, por que ser sincero com o idiota do Vicente? Lógico, eu fui apenas mais uma conquista na sua extensa lista né? _ As lágrimas se intensificavam. _ Mais olha, eu te o... Eu te o... Merda! A quem eu quero enganar! Eu te amo mais que tudo! Eu te amo mais que a minha própria vida!
        Nesse momento, eu senti um beijo forte, mais não era de Jeremias. Ele me olhou e disse:
        _ Você vai escutar o Caio agora Vicente?
        _ Sim... Tudo que ele tiver pra falar eu vô escutar.
        Nesse momento, uma paz enorme me invadiu, e difusamente eu via meu pai e o Caio com os rostos cheios de lágrimas.
        _ Você aprendeu uma coisa hoje. Aprendeu que você tem um amor único na sua vida.
        Eu chorava, e não conseguia controlar as lágrimas.
        _ Você aprendeu que o seu amor é maior que o ódio. Maior mesmo, tão grande, que ele é um oceano de amor. E com isso, eu o mando de volta ao seu lugar. Mando-te com a minha bênção! E os votos de que de hoje em diante, vocês sejam felizes como nunca. Só te peço uma coisa: Escute o que ele tem a dizer. Não se esqueça disso.

***
Caio

        Eu senti a mão de Lucas tocando o meu ombro, enquanto nós dois escutávamos tudo que o Vicente dizia. Eu me abaixei e disse em meio às lágrimas:
        _ Me perdoa meu amor! Me perdoa Vicente! Eu fiz tudo errado, eu tinha que ter ligado, tinha que ter...
        Eu fui interrompido pelo beijo que partiu dele. Nesse momento, ele foi se acalmando, e lentamente acordando.
        _ Filho?
        Ele abriu os olhos, e fez uma cara de quem não acreditava no que estava vendo.
        _ Caio! Pai! _ Nós dois nos ajoelhamos ao lado da cama, e ele disse na hora em que eu fiz um gesto de abraçá-lo. _ Não! Você não me engana mais...


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Comentários


foto perfil usuario flyrj19

flyrj19 Comentou em 25/03/2015

Muito bom , votado rs




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Os Imorais falam de Nós - Capítulo 21

Codigo do conto:
62528

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
24/03/2015

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