Eu fazia massagem nele, e não demorou muito pra logo ele dormir o sono dos justos.
As conversas na sala diminuíram, e eu pensei que já era hora de eu ir até lá e me envolver um pouco.
_ Olha Ângela, o meu único medo no momento, é o quê a Marisa vai fazer com os dois...
_ Por quê?
_ Ora, se eu bem conheço a minha mulher, eu tenho pra mim que ela vai fazer todo o possível para separar os dois de alguma forma...
Eu entrei nesse momento na sala, e eles mudaram de assunto. Percebendo isso, eu disse:
_ Olha gente, eu ouvi tudo o quê vocês disseram. E o Vicente também.
_ Nossa! Filho, eu não te ensinei que isso é errado?
_ Mãe, foi inevitável...
_ Eu creio que sim... Mais onde ele tá agora?
_ Ele dormiu. Aliás, eu acho que agora dormir vai fazer muito bem pra ele.
Eles me olhavam de uma forma tão estranha. Mais depois de um tempo, o pai do Vicente, me olhou e disse:
_ Caio, eu tenho que te dizer umas coisas...
_ Pode falar tio.
_ É o seguinte: você realmente gosta do Vicente não?
_ Sim. Mais que tudo...
_ Pois, esteja certo de uma coisa: vocês vão passar por vários problemas, e em geral, eles serão causados pela mãe dele.
_ Lucas, você não tá se precipitando não?
_ De maneira alguma Ângela. Quando alguma coisa não dá certo, do jeito dela é claro, ela não vai medir esforços para que tudo saia como ela deseja.
_ Olha Lucas, mais nós estamos falando do filho dela! Da felicidade do filho dela!
_ Se for pra ela não ter vergonha com as amiguinhas dela, ela passa por cima disso... Sem dúvida alguma...
_ Lucas!
_ Verdade Alberto.
_ Mais eu estou disposto a tudo pelo Vicente.
_ Bem, eu garanto uma coisa a vocês: De minha parte, farei tudo o quê for possível, e o impossível também. _ Ao ver o olhar do meu pai, ele completou: _ É difícil Alberto? É sim. Sem dúvida. Mas nós vamos fazer o quê?
_ Vai ser difícil pra todo mundo Alberto. Mais se nós ficarmos juntos...
_ Eu não tenho dúvidas... Filho, eu só quero te dizer uma coisa: Se em algum momento eu ver você sofrendo de alguma forma, não tenha dúvidas, tomarei as suas dores na mesma hora.
Eu o abracei, e nós rimos um pouquinho.
_ Bem, agora Caio, eu vô precisar da sua ajuda.
_ Pode pedir tio.
_ A carta do Vicente chegou ontem...
- Nossa! Como assim! Ele não me contou nada!
_ Ele não sabe ainda. Nós não dissemos nada. Eu ia dizer quando eu cheguei em casa... Mas... Bem, eu comprei um carro pra dar a ele, e eu gostaria que você entregasse pra mim... Ou melhor, comigo.
_ Nossa! Não tenho dúvidas! Quando e onde?
_ Eu pensei hoje mesmo... Mais onde eu realmente não sei... Vamos fazer assim: eu vô pra casa agora, e vejo como tá à situação por lá. Eu ligo pra você ta?
_ Sim. E quanto ao Vicente?
_ Ele deve continuar sem saber de nada.
_ Ok.
_ Bem eu vô indo.
Ele se levantou e saiu junto com minha mãe. Meu pai que estava calado até então, me olhou e disse:
_ Filho, senta aqui comigo. Ou melhor, vamos sair pra tomar uma cerveja?
_ Só me deixa chamar o Vicente...
_ Não filho... Eu queria falar com você sozinho...
_ Certo então.
- Muito bem vamos... Eu vô por uma camisa e nós saímos.
_ Mais pai, você não tem a reunião com o cliente?
_ Ah, ele que se dane... A minha família vem em primeiro lugar.
_ Tem certeza?
Como resposta ele pegou o celular e ligou pra secretária dele dizendo que ia se atrasar, e entrou no quarto dele pra trocar de roupa. Minutos depois ele voltou e sorrindo disse:
_ Vamos?
Sem nada dizer eu levantei e já estava a meio caminho da porta quando ele disse:
_ Você se importa de ir dirigindo?
_ Não... Mais no meu carro ou no seu?
_ Vamos no seu.
Eu voltei e peguei a chave, e saímos.
Quando agente tava perto do centro, ele me disse pra ir até o shopping, e nós paramos em um restaurante que ele sempre vinha com os amigos pra jantar, ou pra fazer um “happy hour”, e chegando lá ele já disse ao garçom:
_ Nós queremos uma cerveja e dois copos, e não queremos ser incomodados de maneira nenhuma.
O garçom só concordou e trouxe a cerveja, e virou as costas.
_ Filho, eu falei pra você vim comigo aqui hoje, porque eu acho que nós temos que ter uma conversa que eu já devia ter tido há um tempo...
_ Mais você teve.
_ Não sobre sexo. Sobre a descoberta do amor... Ou do desejo, seja lá como você queira chamar. Filho isso na sua idade é comum...
_ Pai, não é curiosidade como você tá pensando. Eu sei muito bem o quê, e quem eu quero... E quem eu quero agora é o Vicente.
_ Filho o meu medo é de você sair machucado dessa história...
_ Pai, fica tranquilo...
_ Mais filho...
_ De verdade. Eu e o Vicente, a gente nunca tinha realmente sentido tesão por homem, mais quando ele veio, nós descobrimos que podemos ser felizes como somos, e estamos.
_ Você tem certeza?
_ Acho que nunca tive tanta na minha vida.
_ Bem filho, eu sendo assim, apoio você totalmente!
_ Pai!
Nós nos abraçamos por cima da mesa e ele pediu a conta.
_ Bem filho vamos agora que o trabalho me espera.
Nós chegamos em casa e tinha um recado do pai do Vicente pedindo pra eu ligar pra ele.
_ E o Vicente mãe?
_ Continua dormindo como uma criança.
Eu sorri e liguei pro pai dele:
_ Lucas?
_ Caio, é o seguinte, as coisas aqui aparentemente estão mais calmas. O Vicente já acordou?
_ Não ainda.
_ Certo. Acorda ele, e venham jantar comigo e com a mãe dele. Traga seus pais também.
_ Vô falar aqui em casa.
_ Certo. Às nove horas tá bom?
_ Tá ótimo.
Nós desligamos depois de nos despedirmos, e eu fui acordar o meu menininho dorminhoco.
O conto é ao mesmo tempo suave e áspero, pela força do amor dos meninos e pela expectativa das barras a enfrentar. Está ótimo.