_ Sarah, você é estranha!
Foi exatamente o que eu disse assim que nós nos vimos. Depois das perguntas de praxe, eu subi com ela, e nós fomos pro quarto.
_ Sarah, o Caio tá ai agora.
_ Nossa, que legal! Eu tava com saudade dele também.
_ Ele tava também.
Assim que nós entramos no quarto, e a porta foi fechada, o Caio tomou a atitude.
_ Sarah, eu tenho uma coisa pra dizer pra você.
_ Aliás, nós temos.
_Nossa, conta logo gente, to curiosa!
_ Eu e o Caio, agente... Ta...
_ Nós estamos...
Nós nos olhamos nos olhos, e no momento exato, como se houvesse um diretor coordenando uma cena de um filme, nós falamos juntos:? _ Agente tá junto...
_ Como assim?
_ Aí Sarah, você às vezes é meio burrinha não?
_ Aí, fala logo.
_ Agente tá junto... Sabe...
_ Não...
Eu olhei pro Caio com uma cara divertida:? _ Você quer que agente te mostre com um desenho?
_ Ai, fala logo!
_ Eu já falei.
_ Eu to boiando Vicente.
Eu me virei pro Caio, e pulei no pescoço dele e dei um beijo de novela nele.
_ Nossa! Vocês fizeram isso mesmo? Não é zoeira não né?
_ Eu to falando que agente tá junto.
_ Nossa! Agora eu entendo, por que vocês andavam sempre juntos!
_ Não era bem por isso. Isso é meio que recente.
_ Como assim?
_ Faz pouco tempo que agente tá junto.
_ Nossa!
_ Na verdade, uns três dias.
O Caio falou isso com uma naturalidade que eu me espantei.
_ Gente! Me conta tudo!
Nós contamos tudo mesmo. Até as partes sórdidas.
_ Nossa! Eu nunca podia imaginar!
_ Nem agente. _ Disse o Caio com um sorriso largo nos lábios. _ Foi tudo muito rápido e novo!
_ Olha eu to espantada realmente.
Nós conversamos mais um tempo até que ela teve que ir embora.
_ Eu vejo vocês amanhã na aula NÉ? Ou o casal tá de lua de mel?
_ Não. Você vai nos ver amanhã na aula sim. Nós temos prova.
_ Certo. Olha eu faço questão, quero ser a madrinha desse casório ta?
_ Tá.
Nós rimos e descemos juntos pra levá-la a porta.
Assim que agente atingiu o fim da escada eu me lembrei de dizer uma coisa:? _ Sarah, a minha mãe não tá sabendo de nada ainda ta, fica quietinha ta?
_ Pode deixar.
Quando nós saímos, eu reparei que tinha um carro preto parado na porta de casa.
_ Ué, quem será o dono desse carro?
_ Acho que você conhece muito bem.
Ele disse isso balançando uma chave e com uma cara de moleque travesso.
_ Tá tirando!
_ Não. É a mais pura verdade!
Ele tinha ganhado um carro! Na porta da minha casa, agora tava parado um Fox preto.
_ Não posso acreditar!
_ Nem eu quando o meu pai me entregou a chave.
_ Olha, é...
Ele me interrompeu:
_ Nós vamos sair pra comemorar.
_ A minha mãe não vai deixar. Por causa dá escola amanhã.
_ Olha, eu convenço ela. Vai tomar um banho, e deixa o resto comigo.
Por incrível que pareça, eu confiei nele, e fui fazer exatamente o que ele me mandou.
Depois, já de banho tomado, e de roupa trocada, eu saí do banheiro e o encontrei sentado na minha cama com uma cara de vitória inconfundível.
_ Vamos?
_ Caio, às vezes eu não consigo acreditar em você!
Rindo, nós descemos as escadas.
_ Mãe...
_ Ela saiu com a Gilda.
_ Não acredito! Aí tem dedo seu não?
_ Eu dei uma mãozinha...
Nós saímos e enquanto eu trancava a porta, ele foi para o carro.
Quando eu entrei, eu senti o cheiro de carro novo, o melhor cheiro no mundo pra mim.
_ Caio você já escolheu o lugar aonde vamos?
Enigmático ele sorriu e disse:
_ Uma surpresinha. Só posso dizer que pra você é um lugar novo...
Eu sou curioso, não nego. Mais por mais que eu usasse todas as minhas melhores táticas, eu não pude descobrir nada.