Os Imorais falam de Nós - Capítulo 22


CAPÍTULO 22 – Vicente
Revelações

        Eu acordei, e vi meu pai e o Caio na minha frente. Mal tinha murmurado os nomes, e eles se ajoelharam ao meu lado, e o Caio veio pra me abraçar. Eu ainda estava com raiva, mesmo lembrando o que Jeremias havia falado.
        _ Não vem com essa não Caio. Você acha que tá tudo bem né? Claro que acha, afinal, eu fui mais uma conquista né? Pois bem, sabe o que mais, acab...
        Meu pai me calou com um aperto no braço.
        _ Cala a sua boca moleque. E põe uma roupa e vem comigo.
        Eu estava assustado, nunca tinha visto meu pai falando assim, ainda mais comigo. Eu fiz o que ele me mandou, e fomos. No caminho ninguém dizia nada. Eu ouvia os soluços do Caio no cavalo a minha frente, e a respiração nervosa e mal humorada do meu pai.
        Nós chegamos à casa da minha vó, e ela nos recebeu com o habitual sorriso hospitaleiro, e levou o Caio pra dentro.
        _ Certo Vicente. Você pode falar o que você quiser mais acusar sem provas! Se você não aprendeu isso, eu preciso me jogar de uma ponte com os pés amarrados a uma pedra. Porque eu lembro muito bem, eu ensinei isso a você. Filho, eu compreendo que você está com o orgulho ferido, mais isso não justifica...
        _ Orgulho ferido... Não justifica... Não justifica porque não é com você. Orgulho ferido, porque, não é o seu orgulho.
        Pela primeira vez na minha vida, meu pai ergueu a mão contra mim. O tapa pegou em cheio o meu peito fazendo que eu me desequilibrasse do cavalo, e com que eu fosse seguro por ele.
        _ Filho, eu nunca imaginei que eu teria que fazer isso. Mas... Agora venha. Vamos tomar um banho, e comer alguma coisa.
        Depois do banho, eu estava deitado no meu quarto, quando chegou um novo e-mail. Mais uma vez era ele. Numa cama, com outra garota sorridente. Mais dessa vez tinha um novo detalhe. Tinha uma data no rodapé da foto. 1º de Dezembro. Eu não via mais nada na minha frente. O grito que saiu da minha garganta foi algo horrível. Meu pai, junto com o resto dos atuais habitantes da casa, entrou. Eu mal tinha visto o caio, já soltei:
        _ Você ainda fala que me ama!
        Meu pai tirou com força o celular da minha mão, e olhou.
        _ E por um acaso Vicente, você olhou a data na foto?
        _ Sim. 1º de Dezembro...
        _ E você sabe que dia é hoje?
        Eu fiz que não com a cabeça. Com um sorriso angelical no rosto lindo, ele veio perto de mim e disse:
        _ 1º... De... Dezembro...
        Eu olhei no calendário do celular, e não acreditei. Então essa foto tinha sido...
        Eu olhei na foto, e no Caio na minha frente. O Caio da foto estava com o cabelo mais curto que o que estava na minha frente. Nesse momento, o celular do meu pai tocou.
        _ Eu vô atender. Vocês ficam bem?
        _ Sim.
        Ele saiu, e foi seguido pela minha vó. Eu meio em dúvida estiquei a mão com o celular mostrando a foto a ele. Depois de um tempo nos olhando nos olhos, numa conversa muda, ele me abraçou, e foi correspondido. Nós nos beijávamos nos apertávamos, até que nos soltamos.
        _ Me desculpa Caio... Desculpa por ter duvidado de você.
        Como resposta, ele me abraçou e se aconchegou na cama.
        _ Bem, acho que eu te desculpo... Mais eu quero um troco, por tudo que eu passei.
        Eu sorri com cara de safado. Mais ele pegou o celular dá minha mão, e olhou e-mail por e-mail que eu havia recebido. Depois de olhar, ele se levantou, tirando a roupa ficando só de cueca.
        _ O que é isso Caio!
        Sem dizer nada, ele mostrou a foto dele com a menina na cama.
        _ Desde quando eu tenho essa mancha no peito? Desde quando eu tenho esse tufo de pelos perdidos no meio da barriga hein?
        Nesse momento meu pai entrou radiante:
        _ Sabia! Acabei de ter certeza. O meu amigo fotógrafo acabou de dizer. As fotos são todas montagens. Menos...
        _ A primeira. _ Ele disse sorrindo. _ Nessa foto, eu estou com uma prima no aniversário dela. Nós tínhamos ido comemorar no shopping.
        Eu o abracei e o beijei como se fosse à última vez. Meu pai se juntou ao abraço. Nós nos separamos pra fazer a mesma pergunta:
        _ E quem fez essa montagem?
        Nós rimos, e eu disse:
        _ Não sei... Posso até saber, mais eu me recuso a acreditar. Eu suspeitaria que fosse a minha mãe...
        Eles assentiram. Nós olhamos, e meu pai disse:
        _ Ela teve ajuda da Gilda. Com certeza. Bem, deixa isso comigo... _ Ele olhou pro Caio, e falou meio sem graça. _ Eu interrompi alguma coisa?
        Eu nem consegui responder de tanto que eu ria.
        _ Não Lucas...
        _ Então, por que você está só de cueca?
        As minhas gargalhadas aumentavam a cada pergunta sem jeito dele.
        _ Pra fazer uma comparação pai. Ele tava mostrando umas coisas que nem eu nem você percebemos.
        Ele riu sem jeito ainda, e disse:
_ Bem, eu         vô dar um jeito de tirar vocês daqui... Logicamente sem a sua mãe saber.
        O que será que ele tinha em mente? Nós nos olhamos, e dissemos juntos:
        _ Como assim?
        _ Eu vô pegar a sua mãe no flagra.
        _ Eu preciso fazer as provas finais, quero terminar o ano pai!
        Ele me olhou pensativo.
        _ Bem filho, isso é verdade... Eu tenho uma solução... É contra as regras, leis e tudo mais, mas, eu tenho certeza que eu convenço a dona Álvara. Me deem um minuto. _ Ele saiu com o celular na mão, e voltou dez minutos depois. _ Oh mulherzinha carne de pescoço! Mais eu consegui convencer depois de várias ameaças...
        _ E o que ficou acertado?
        _ Você vai fazer as provas aqui mesmo. Eu vô aplicar, e depois eu entrego assim que eu chegar a São Paulo. Ela vai mandar por e-mail. Eu abro no meu notebook, e você responde em uma folha a parte.
        Eu disse:
        _ Eu tenho outra opção?
        _ Sempre há uma segunda opção. Ficar retido e refazer o terceiro ano.
        Quinze minutos depois, eu estava sentado à mesa da sala, respondendo uma questão atrás da outra, uma prova atrás da outra. Em pouco mais de duas horas, eu consegui terminar, claro que com uma ajudinha do Caio que conseguia passar cola discretamente sem que o meu pai visse... Ou ele viu e deixou quieto. Isso me fez rir gostosamente, mesmo apesar do cansaço.
        As provas foram lacradas em um envelope de ofício, e foram levadas ao correio pelo meu pai. Ele disse que ainda não podia levar pra São Paulo, porque tinha algumas coisas a serem resolvidas aqui ainda. Ele queria ter certeza que nós iríamos ter um lugar pra ficar, e que a minha mãe não descobriria, já que como ele mesmo dizia, isso atrapalharia fatalmente os planos dele.
        Depois de várias sugestões da minha vó, e minhas também, o Caio veio com a menos provável, porém a melhor de todas:
        _ Nós não podemos ficar na casa de vocês na praia? Bem, eu imagino que nós já estamos de férias... E eu acho que lá seria o lugar menos provável pra ela procurar...
        _ Bem, você não deixa de ter razão Caio. Ela não vai lembrar-se de lá, e as chaves estão comigo, porque eu tinha planejado te levar pra praia quando ela te trouxe pra cá.
        Pronto, lugar decidido, nós passamos a segunda etapa do plano dele. Que era?
        _ Eu preciso fazer que ela pense que você está aqui ainda... Ela ligou alguma vez pra cá?
        Foi a minha vó quem respondeu:
        _ Sim, mais nunca pediu pra falar com ele.
        _ Bem, é provável que isso continue acontecendo, mas, nós não podemos dar motivos pra ela desconfiar. Como ela é louca, nada a impede de querer de uma hora pra outra falar com o Vicente pra saber se ele está bem ou não... E isso é o que está complicando agora... Porque não dá pra ficar falando o tempo todo que ele está no banho, dormindo, a cavalo em algum lugar...
        _ Lucas, leve os meninos daqui, e deixe que eu me acerte com a Marisa caso ela ligue. A decisão que eu tomar dessa conversa, será dito a você na mesma hora.
        Como não havia nada melhor, ele concordou, mais disse uma coisa:
        _ Faz assim então dona Beatricia: se ela ligar e perguntar por ele, a senhora fala que ele tá do mesmo jeito, e essas coisas. E caso ela peça pra falar com ele, ai a senhora diga que ele fugiu, que a senhora não sabe pra onde. O resto deixe comigo.
        Pronto, tudo resolvido.


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Comentários


foto perfil usuario flyrj19

flyrj19 Comentou em 25/03/2015

Nota 10 !




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Os Imorais falam de Nós - Capítulo 22

Codigo do conto:
62529

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
24/03/2015

Quant.de Votos:
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