Os Imorais falam de Nós - Capítulo 20

CAPÍTULO 20 – CAIO
Depois da magia, vem à tristeza.

        Nós nos despedimos. Já tinha tomado à avenida na direção de casa, e o meu celular avisou que eu tinha recebido um e-mail novo, o quê eu nem liguei, quando eu pudesse, pararia para ler. Encostei o carro, e abri o e-mail que havia chegado, era uma mensagem simples, sem assinatura, e de um e-mail também desconhecido, com as palavras mais dolorosas que eu já tinha ouvido, ou lido na minha vida:
        “Caio, foi muito bom tudo que houve entre nós, e eu gostei mais eu não quero ter você na minha vida o tempo todo. Acho que nós nos afobamos, fomos rápido de mais. Não me leve a mau, mais eu acho que havia confundido as coisas. Sendo assim, vamos seguir as nossas vidas, eu no meu caminho, e você no seu.”
        Essas palavras me doeram mais que se uma faca tivesse sido cravada no meu peito. Eu não precisava de assinatura pra saber que essa mensagem era dele. Mais por que ele queria terminar? Nós já tínhamos passado tanta coisa... Já tínhamos enfrentado tantas provações... As lágrimas desceram, não mais que por dois segundos. O Vicente não tinha escrito aquela mensagem, eu tinha certeza. Eu voltei ao tráfego. Mas, isso não me saia da cabeça: tinha sido ou não ele? Meu coração doía muito, sentia como se eu um dia tivesse sido queimado por um ferro, e agora alguém estivesse passando sal na queimadura.
        Eu cheguei em casa, e o pai dele estava lá junto com a minha mãe. Ainda bem, porque ele conhecia melhor que ninguém o filho, e o modo de escrever do Vicente.
        _ Caio, o que aconteceu?
        _ Olha isso. _ Eu tirei o celular do bolso, e mostrei a mensagem. _ Olha isso Lucas.
        Ele leu em silêncio, e me olhou nos olhos dizendo:
        _ Isso não foi o Vicente quem escreveu. Ele não escreve esses termos. E você tem outro e-mail não lido.
        Eu olhei o celular, e vi que realmente tinha, era um anexo do... Vicente! Uma foto minha com uma menina loira em algum shopping, a qual eu tinha plena certeza que eu não conhecia, nem nunca tinha visto na minha vida...
        _ Que houve Caio? Você tá parecendo que viu um fantasma...
        _ Essa foto!
        _ Que foto?
        Eu virei o celular o deixando ver.
        _ Mas é você nessa foto.
        _ Sim. Mas eu nunca vi essa menina na minha vida!
        _ Filho, diga a verdade.
        _ Eu juro mãe!?        _ Posso ver filho?
        Eu dei o celular a ela, e ela olhou por alguns momentos.
        _ Essa foto é montagem.
        _ Claro! Era só o que faltava! Eu jurei que nunca ia fazer mal a ele! E como eu posso fazer isso? E ainda por sim, mandar um e-mail pra ele com essa foto!
        _ É Ângela, isso faz sentido... Bem eu vô tentar falar com o Vicente...
        _ Não precisa Lucas. Eu já vô responder o e-mail.
        Eu respondi do celular mesmo.
        _ Bem Ângela, eu vô indo. Deixa um abraço pro Alberto. E Caio, quando você conseguir falar com o Vicente, me avisa, por favor, que eu faço o mesmo.
        Ele saiu, e a minha mãe veio se sentar a meu lado no sofá.
        _ Filho, essa foto... Ela é realmente montagem?
        _ Claro né mãe! Eu amo o Vicente mais que a minha própria vida!
        _ Mais é uma montagem muito bem feita...
        _ Sim. E o pior que eu não tô conseguindo falar com ele. E olha que eu já tentei nesse meio tempo... Só deu caixa postal.
        _ Bem, você mandou o e-mail com a resposta?
        _ Sim. Agora é esperar que ele leia.
        _ Bem, vamos dormir então.
        _ É o que nos resta.
        Eu tive uma noite agitada, cheia de pesadelos, aonde o Vicente vinha debochando da minha cara agarrado com uma loira. No dia seguinte, eu não aguentava mais a preção, e fui pra um bar beber, queria beber até entrar em coma. Queria morrer. Ele não queria que eu não o lembrasse? Pois bem, seria isso que eu faria. Bebi como um gambá, um porco mesmo, e a dor não passavam, só piorava. Nessa hora eu fiz a pior coisa que eu poderia ter feito, liguei pro Edu, e arrumei um pouco de maconha.
        “Usando drogas pra me esquecer Caio?” A cada tragada que eu dava, eu o escutava debochar.
        _ Sai daqui seu filho da puta! _ Eu gritava a cada palavra dele. _ Desaparece! Você não queria que eu te esquecesse? Pois é isso que eu tô fazendo.
        “Usando drogas pra isso! Ai como você é um imprestável!”
        Eu tinha uma garrafa de pinga que eu tinha comprado, e com toda a força, eu a joguei na cara do Vicente.
        _ Toma seu filho da puta! Você vai ver, eu vô te apagar da minha memória! Da minha vida!
        As lágrimas desciam. Eu fui ao boteco mais próximo, e comprei mais duas garrafas de pinga. Eu bebia descontroladamente, eu queria morrer, queria causar a mesma dor que ele estava me causando. Fui andando com as garrafas, uma já pela metade na mão, até que eu achei uma praça tranquila, onde eu me sentei e bebi mais.
Depois disso, eu não me lembro de mais nada, a não ser da voz do meu irmão gritando alguma coisa numa confusão.

***

        Eu acordei com uma sensação estranha, e em um lugar estranho.
        _ Graças a Deus filho! _ A minha mãe se levantou da cadeira onde ela estava sentada. _ Você nunca mais faça isso viu!
        _ Mais o que eu fiz mãe?
        _ Bebeu mais que um Maverick v8.
        Eu me lembrei das garrafas de pinga, e ela me disse:
        _ Caio, isso não pode continuar. Você vai se matar assim filho!
        _ Melhor mesmo mãe. Assim ele não precisa me acusar.
        _ Caio! Não fale assim! Ele não te acusou de nada. Somente fez uma pergunta. Que, aliás, eu faria no lugar dele. Filho, se vocês se amam, tem que lutar por esse amor!
        Nesse momento bateram na porta, meu pai e o pai do Vicente entraram.
        _ Graças a Deus! Que susto você nos deu Caio! Ângela eu preciso falar com você um pouco... Pode ser?
        _ Pode falar Lucas.
        _ Melhor lá fora.
        _ Fala... Se for sobre o Vicente, ele deve escutar também.
        Ele suspirou, e começou a contar o plano da mãe do Vicente de nos separar.
        _ Isso reforça a minha dúvida quanto à originalidade dessas fotos. E pelo que a mãe da Marisa me disse, ele tá sofrendo muito, e o pior, parece que a Marisa ouviu uma ideia loca da Gilda, e vai embora largando o menino preso lá.
        _ Lucas!
        _ Pra você ver a que ponto ela vai pra conseguir êxito nos planos dela.
        _ Nossa! E ela já tem data pra voltar?
        _ Não que eu saiba.
        _ E o que você pretende fazer?
        Ele deu de ombros, e ela me olhou desolada:
        _ Eu sabia que vocês teriam muitas dificuldades...

***

        Eu já tinha saído do hospital há quatro dias, mais continuava em um estado depressivo, que deixava a minha mãe atenta como uma leoa defendendo a cria, não me dando tempo nem pra pensar direito.
        Os dias passavam, e eu não pensava em outra coisa, a não ser nele. As notícias que Lucas trazia não eram o: ele chorava muito, e os e-mails não paravam de chegar, e muito menos a dúvida dele de crescer. No domingo à tarde, ele chegou de malas na mão, e disse que tava indo pra lá pra ver o Vicente, que a mãe dele tinha voltado com a Gilda, e deixado ele lá preso. Eu pedi pra ir junto, mais não adiantou. Ele falou que era melhor eu não ir, e que ele ia lá pra resolver de vez o problema das fotos, se eram ou não verdadeiras. Ele não ouviu os protestos da minha mãe, pra ele não ir e não pegar a estrada à noite, e foi. Na madrugada de segunda, ele ligou avisando que tinha chegado, e tudo estava bem.
        No outro dia ele ligou, mas, o tom da conversa foi outro.
        _ Calma Lucas! _ A minha mãe pedia o tempo todo no telefone. _ Ele vai voltar! Afinal, ele conhece melhor que os peões essas terras...
        _ O que aconteceu mãe!
        _ O Vicente sumiu...
        Eu voei como um louco na mão dela e tirei o telefone. Mal conseguia manter a calma pra falar.
        _ Lucas, o que houve com o Vicente?
        _ Calma Caio. Ele saiu a cavalo comigo hoje, e saiu da trilha que nós estávamos seguindo, e não voltou ainda.
        _ Isso a que horas?
        _ Deviam ser umas... Nove horas... Um pouco mais.
        Eu olhei no relógio do meu pai que estava ao lado do telefone, e vi que eram seis da tarde. Eu devolvi o telefone pra minha mãe, e sai correndo pro meu quarto. Eu fiz uma mala com as primeiras roupas que eu encontrei, e assaltei a carteira do meu pai. Eu já ligava o carro, quando a minha mãe saiu de dentro de casa gritando.
        _ Caio! Espera! Você não pode ir agora! Tá escuro! É perigozo!
        _ Eu vô! Eu vô estar lá quando ele for encontrado, ou eu o encontrarei.
        E eu saí com o carro sem dar tempo de ela dizer nada.

***

        Já era quase meia-noite quando eu cheguei à casa da vó dele. O pai dele me esperava na varanda junto com a vó.
        _ Caio! Liga pra sua mãe. Ela já ligou umas três vezes atrás de você.
        Nós nos abraçamos, e ele disse:
        _ Você é um louco!
        _ Sim. _ Eu disse apertando o abraço. _ De amor pelo seu filho.
        Nós entramos, e eu liguei avisando que tudo estava bem e que eu tinha chegado. Não escapei de um sermão da minha mãe, mas... Isso é normal.


                                


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Comentários


foto perfil usuario flyrj19

flyrj19 Comentou em 25/03/2015

Muito bom ,nota10!




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Os Imorais falam de Nós - Capítulo 20

Codigo do conto:
62527

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
24/03/2015

Quant.de Votos:
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