Acordo com o meu despertador de todas as manhãs: o choro do Gustavo. Levanto-me da cama e o vejo em pé dentro do berço fazendo beicinho, assim que me vê sentando na cama, ele para de chorar. Dou um pequeno sorriso com isso e saio da cama com toda a preguiça do mundo, vou até o berço o pegando no colo. O coloco em cima da cama, troco sua fralda, vou até a sala e o coloco no cueirinho, ligando a TV em seguida, no desenho que ele gosta. Vou até o banheiro e rapidamente faço minhas higienes. Volto para a sala e ele está do mesmo jeito que o deixei minutos atrás. Vou para a cozinha e faço sua mamadeira, o retiro do cueiro e sento-me no sofá com ele em meu colo. Dou a mamadeira para ele que rapidamente segura em suas pequenas mãos, mas sem desgrudar nenhum minuto os seus olhos da TV. Minha mãe entra na sala e nos cumprimenta. - Bom dia filha, bom dia meu querido. – diz dando um beijo no Gustavo. - Bom dia mãe. - Pelo visto o Gus madrugou hoje em. Ainda são sete da manhã. - É, mas em compensação ele também dormiu a noite todinha, não acordou nenhuma vez. - Vai se acostumando que agora vai ser sempre assim. Nessa idade eles costumam acordar bem mais cedo. - É, percebe-se. – digo dando um beijinho no rosto dele. Minha mãe vai para a cozinha, eu acredito que para fazer o café da manhã. Fico olhando para ele e observando pela milionésima vez os seus traços.É tão lindo é o meu filho. Hoje em dia não me imagino mais sem ele, não consigo nem acreditar que um dia eu cogitei a possibilidade de tirá-lo de mim. Apesar de todas as dificuldades que estamos passando agora, eu não me arrependo da escolha que eu fiz. Se eu pudesse mudar algo nisso tudo seria apenas na forma que ele foi concebido. Eu agradeço a Deus todos os dias por aquele desgraçado estar preso. Ele com certeza saberia que eu estava esperando um filho dele se não estivesse preso. E eu não ia querer que o meu filho nascesse no meio de bandidos. Tudo bem que de certa forma não mudou quase nada, eu continuo morando na favela, até porque não temos como sair daqui, tudo que temos é essa casa aqui no morro. E também minha mãe acharia muito estranho, eu querer sair daqui de repente. Mas conhecendo o DG como eu conhecia, ele me obrigaria a ficar com ele, e eu não ia querer decepcionar mais ainda a minha mãe, fazendo-a pensar que tinha tido um caso com um bandido. - Sophia o café já está pronto. – me chama da cozinha. Vejo que o Gus já mamou todo o leite, o desço do meu colo e coloco-o sentado no chão, e ele como sempre muito entretido com o desenho passando na TV. Vou até a cozinha me sento á mesa de forma que dava para vigiar o Gus na sala. Tomo o café da manhã junto com a minha mãe e a cada dia mais eu fico feliz da nossa relação aos poucos está voltando ao normal. Eu tento não forçar nada, eu deixo que as coisas aconteçam naturalmente. Conversamos um pouco sobre coisas aleatórias e quando terminamos de tomar o café da manhã a ajudo a lavar a louça. Vou para o quarto e arrumo uma pequena bolsa com as coisinhas que vou levar do Gus para a casa da Mila. Por volta das nove horas vou me arrumar, apesar da casa dela não ser tão longe assim da favela, eu quero chegar lá cedo pra aproveitar o dia. Assim que me apronto, pego o Gustavo na sala e o arrumo também. Depois de prontos eu pego a bolsa, colocando-a no meu ombro, o Gustavo no colo e antes de sair de casa me despeço da minha mãe. - Mãe, eu já estou indo. Tem certeza que ficará bem sozinha? - Claro, Sophia, pode ir. - Qualquer coisa me liga, tá? - Pode deixar, fica tranquila. Vocês vão voltar tarde?! - Não, de tardinha a gente está de volta. – vou até a minha mãe dando um beijo em sua bochecha. – Tchau mãe. - Tchau, vão com Deus. Saio de casa e ao olhar aqueles tantos de escadas que tenho que descer já fico cansada. Tomo coragem e começo a descer. Alguns minutos depois, me encontro no pé do morro e pego uma vã que me levará até o ponto de ônibus que tenho que pegar para chegar até a casa da Mila. Algumas poucas horas depois eu chego ao condomínio e já encontro a Camila na portaria me esperando. Ela vem correndo na minha direção e me abraça. - Meu Deus que saudades que eu estava de vocês. – diz ainda agarrada a mim e ao Gus. - Eu também, amiga, você me fez tanta falta. - Ai! – o Gus geme entre a gente. Acabei esquecendo-me que estávamos nos abraçando muito forte e ele se encontrava entre nós duas. - Ai amor da dinda, vem aqui. – a Mila pega ele do meu colo e começa a aperta-lo em seus braços. Ela sabia que isso o deixava bastante irritado, mas sempre teimava em fazer. O Gus já estava vermelho de tanto tentar desgrudar aquela louca dele. – Eu também morri de saudades de você, meu amorzinho. - Como foi de vigem? - Ah foi fantástico, Nova Iorque é perfeita, da próxima vez que eu for eu vou levar vocês comigo. - Só que não né amiga, até parece que tenho dinheiro pra isso. - E eu disse que EU iria levar vocês, sendo assim, eu pagarei. - De jeito nenhum Camila. - Receba como um presente de aniversário para os dois. - Não Camila, eu nunca irei aceitar isso. E vamos parar com essa conversa... Eu estou cansada, quero sentar. – mudo de assunto tentando fazê-la esquecer dessa ideia louca. Eu nunca aceitaria isso. - Me empolguei tanto que esqueci que estávamos aqui na portaria ainda. Vamos o motorista está nos esperando ali. Ela pega na minha mão e me arrasta até o carro, entramos e dentro de cinco minutos já estávamos em frente a sua casa. Nós descemos e a tia Patrícia veio nos receber. - Sophia, menina que saudades. – me abraça, depois de me soltar vai até a Mila e pega o Gustavo dos seus braços. – Como esse menino está grande, ele está muito lindo. - É, e muito levadinho também. – digo rindo. - Vamos entrar meninas, já está todo mundo ai. Entramos e dou de cara com a família da Mila quase toda ali, tinha umas tias dela, os primos que conheço da época da escola e o Fernando, irmão da Mila, também estava. A maioria estava com roupa de banho, acredito que estavam na piscina, com esse calor que faz lá fora não esperava outra coisa mesmo. A Mila pega a bolsa do meu ombro e leva para o seu quarto. Cumprimento a todos e a tia Patrícia, como uma tia babona que é, saiu apresentando o Gustavo para todo mundo na casa, as mulheres ficaram encantadas com ele. - Amiga você trouxe biquíni? - Não, nem sabia que vocês iam tomar banho de piscina. E mesmo se eu soubesse não traria, eu morro de vergonha de usar biquíni ou qualquer coisa que não me deixe confortavelmente tampada. - Não importa, eu te empresto um. - Não, não precisa, eu não vou entrar na piscina. - Tem certeza Soph? Está muito quente. – diz levantando uma sobrancelha. Realmente está muito quente, mas não vou ficar de biquíni na frente dessas pessoas de jeito nenhum. - Tenho sim, estou naqueles dias. – minto. - Então tá bom. Diz e sobe as escadas novamente, acredito eu que pra trocar de roupa. E eu vou até onde está o meu filho, que faz a alegria da mulherada naquela rodinha. - Tia ele está atrapalhando a senhora? Se estiver pode me dá ele. - Que nada minha querida, pode deixar, ele é tranquilo. - O seu filho é muito lindo... Sophia né?! – diz uma mulher de cabelos castanhos e olho verde, muito linda. Já tinha um pouco de idade, da pra perceber, mas não era velha demais, muito pelo contrario, era bem conservada. - Sim. - Que cabeça a minha nem apresentei direito vocês. Soph, essas são minhas irmãs, a Fatima, Helena e a Julia. – diz apontando para cada uma delas. - Prazer. - O prazer é todo nosso. – diz a moça que tinha me dirigido a palavra minutos atrás, que descobri se chamar Julia. Vejo que a simpatia e beleza vêm de família mesmo. - Senta ai querida. – a Helena diz apontando para o espaço vago no sofá. Um pouco envergonhada me sento ao seu lado. - E o Rodrigo, Julia? Ele vai vim? – pergunta a minha tia. - Ai Patrícia, você sabe muito bem como é o seu sobrinho, né? Falei com ele ontem, disse que teria o almoço e ele disse que se desse, viria. - Eu não gosto nem um pouco desse jeito dele. Ele fica tão lá na dele, isso me preocupa. Eu estava boiando totalmente no assunto. Mas resolvi não prestar muito atenção. Olho para o Gustavo e o vejo em pé no colo da tia Patrícia, mexendo em seu cabelo. - Eu também não gosto. Ele é tão fechado, só sabe trabalhar e trabalhar... Ele ontem me ligou me pedindo pra arrumar uma empregada pra ele. Acendeu uma luzinha na minha cabeça quando ouvi a palavraempregada. Mas também não me atrevi a me pronunciar. - Mas e a empregada dele? – pergunta a Fatima. - Vai se aposentar. - Ela é que deve ter se cansado do homem ranzinza que é o seu filho, Julia, parece ter 60 anos ao invés de 33. – diz a Helena fazendo as outras rirem. - Mas a questão é; ele quer uma empregada pra ontem, não sei onde vou encontrar uma pessoa de confiança pra ficar lá na casa dele tão rápido assim. E vocês sabem bem como ele é com essa questão de segurança. Não posso colocar uma pessoa que ele considere perigosa lá dentro. Nossa, pelo jeito que elas falam esse cara, ele deve ser um saco. Penso distraída enquanto mexia em minhas unhas. - Sophia. - Sim tia? – digo levantando minha cabeça rapidamente para encará-la. - A Camila estava me falando que você estava atrás de um emprego, não é mesmo?! - Sim, mas não consegui nada até agora, está difícil. – solto uma respiração pesada. Ela olha para as irmãs de um jeito estranho e depois todas olham para mim. Espera ai, será que é o que eu estou pensando? Ela quer que eu... - Você tem alguma experiência em trabalhar em casa de família? – pergunta a Julia. Não eu não tenho, mas eu sempre fiz tudo dentro de casa. Quando minha saia para trabalhar eu que cuidava da casa. Mas era a minha casa, não a casa dos outros. - E..eu não dona Julia, mas eu não estou entendendo, a senhora quer que eu trabalhe para o seu filho? - Sim, porque não? Apesar de eu estar te conhecendo agora, você me parece ser uma pessoa bem confiável... - Até porque se não fosse eu não a deixaria entrar na minha casa. Eu te conheço há anos, Soph, sei que é de confiança e sei que meu sobrinho vai gostar de você. - Se a minha irmã diz, eu confio na palavra dela. Meu deus, eu não sei o que dizer. Quem diria que um emprego iria vir assim do nada. Mas eu também não sei o que fazer. Eu não estou em condições de ficar rejeitando trabalho, mas eu também não tenho experiência. - E ai Sophia, você aceita? - Eu não sei Julia, eu nunca trabalhei como empregada antes. Não que eu não saiba fazer os afazeres domésticos, não é isso. Mas é que eu realmente nunca trabalhei na casa de alguém. Ainda mais ricos iguais a vocês, eu não sei fazer aqueles tipos de comidas chiques, eu só sei fazer comida simples e... - Perfeito, o meu filho odeia esse tipo de comida “de rico“ – faz aspas com o dedo. – Ele valoriza é uma boa comida caseira. Eu não sei o que dizer, eu estou muito tentada a aceitar. - E o salario é ótimo, eu te garanto. Só tem um “porém”. - O quê? - Você terá que dormir lá, pois ele gosta de acordar e ter café da manhã pronto na mesa e também ter sempre alguém a sua disposição á hora que ele precisar. - Mas, eu tenho o Gustavo, eu não posso deixa-lo, minha mãe está com um problema na perna, ela não pode ficar correndo atrás dele o tempo todo. O tempo que ela fica com ele é curto, então não muda muito, agora a semana inteira, eu acho que não vai dá. – digo um pouco triste, eu até queria aceitar esse emprego, mas depois dessa. - Olha, então vamos fazer assim, eu vou te dar um tempo pra pensar direito sobre o assunto, só não demora muito, viu? - Tudo bem, eu vou pensar. – digo agora um pouco mais aliviada. - E ai Gustavo, vamos para a piscina com a titia?! – a Camila chega gritando com ele que parece entender, pois fica eufórico pulando no colo da tia Patrícia. Ela o pega do colo da mãe, tira sua roupa o deixando apenas de fralda e vai para a piscina. Fico ali conversando com as tias e a mãe da Camila, elas são bem legais. Mas era também inevitável eu não pensarna proposta que a Julia me fez, realmente é irrecusável, mas eu não tenho com quem deixar o Gustavo, e nem me atreveria a pedir para leva-lo para a casa desse tal de Rodrigo. Pelo o que eu ouvi delas, ele é bastante conservado, gosta da sua privacidade e eu levando uma criança pra lá mudaria completamente isso. Almoçamos todos juntos, foi um dia bem agradável. Quando já estava entardecendo eu resolvi ir embora, não gosto muito de ficar andando pelo morro a noite. E o Gustavo também já tinha caído de sono, a Camila se ofereceu para me levar em casa e eu aceitei, afinal estava cansada e não aguentaria ficar pegando ônibus com o Gustavo no colo. Sem falar que de carro eu levaria muito menos tempo do que de ônibus. - Você vai aceitar a proposta da minha tia pra trabalhar na casa do Rodrigo? – diz passando a mão pelos cabelos do Gus que dormia tranquilamente em seu colo. - Não sei Camila, eu vou pensar, eu não tenho com quem deixar o Gustavo, minha mãe não pode ficar com ele a semana inteira. - Posso ficar com ele se você quiser, eu não me importaria nem um pouco. - Lógico que não, Camila, você tem sua vida, não vou fazer isso com você. - Sophia, quando eu te disse que estaria com você sempre que precisasse eu estava falando sério. E ficar com o meu afilhado não é nenhum sacrifício. - Obrigada amiga. Mas eu vou tentar resolver isso de outro jeito. Eu preciso desse emprego. - Mas já sabe, se mudar de ideia, eu fico com ele sem problema nenhum. Dou o assunto por encerrado e seguimos o caminho em silêncio. Quarenta minutos depois o motorista estava parando o carro no pé do morro. - Quando chegar em casa me liga, tá? – me da o Gustavo e depois deixa um beijo no meu rosto. - Está bom, amiga. Tchau. - Tchau. Saio do carro e começo a subir o morro. Só Deus sabe o quanto eu estou cansada, minhas pernas ainda doem de ontem, mas forço-me a andar um pouco mais rápido. Chego em casa e encontro minha mãe na sala assistindo TV, vou até o quarto coloco o Gus no berço e ligo para a Mila avisando que havíamos chegado bem em casa. Volto para a sala e conto para a minha mãe a proposta que a dona Julia tinha me feito, ela achou o máximo. - Mas mãe, eu terei que dormir lá. Eu não tenho com quem deixar o Gustavo, a senhora não pode ficar correndo atrás dele o tempo todo. - Minha filha a gente dá um jeito, o que não pode é você perder essa oportunidade. Você mesma disse que o salario é ótimo. Eu com a minha aposentadoria posso te ajudar a pagar uma creche pra ele ficar, aqui no morro mesmo. Ai eu ficaria com ele só a parte da noite que ele não dá trabalho nenhum. - Não sei mãe, eu não sei se vou aguentar ficar longe dele. Não sei se vou consegui deixar ele na creche com pessoas que eu não conheço. - Fica tranquila, Sophia, a filha da Maria a minha amiga, trabalha naquela creche ali na rua de trás, é confiável. - Então a senhora me apoia mesmo a aceitar esse emprego? - Sim Sophia. Se o salario for bom mesmo como disse, você pode até mesmo ir juntando o dinheiro para a sua faculdade. - Ah mãe, eu já até desisti de fazer a faculdade faz tempo. - O quê? Como assim desistiu? Claro que não, sempre foi o seu sonho ser Médica. - Eu sei mãe, mas depois que o Gustavo nasceu eu cheguei á conclusão de que não vou conseguir, agora eu tenho um filho para sustentar, e a faculdade requer tempo, dinheiro, pelo menos agora, nesse momento, vai ser um pouco impossível. - Se você sou... – ela parece se arrepender do que iria dizer e não termina a frase. Mas eu sei bem o que ela iria me dizer. “Se você soubesse quem é o pai do seu filho isso não estaria acontecendo.“ - Desculpa, filha, eu não... Ela tenta pegar minha mão, mas me levanto do sofá me afastando dela. - Tudo bem, não tem problema, mãe, já estou acostumada da senhora estar sempre jogando isso na minha cara. Saio da sala a deixando sozinha. Sim eu já tinha de fato me acostumado, mas isso não mudava o fato de que doía ouvir tais palavras. Porque sim, eu sei muito bem quem é o pai do meu filho. Mas eu não poderia dizer para sua própria segurança. Entro no banheiro, tiro minhas roupas e entro debaixo do chuveiro, deixando minhas lágrimasmisturarem-se com a água que caia do chuveiro. [...] Rodrigo Estava com trabalho até o pescoço. Já não aguentava mais ficar trancado dentro daquela sala com aqueles papeis para ler, ainda bem que a Clara estava me ajudando, estávamos no meio de uma investigação do caso de um peixe muito grande. Estávamos investigando a participação do Deputado Federal Hernandes Felix em desvio de dinheiro publico. A investigação, claro é sigilosa, falta pouco, bem pouco para conseguimos as provas concretas para prendê-lo. Jogo os papeis em cima da mesa e me despreguiço na cadeira. Olho as horas no relógio e me assusto, a hora passou muito rápido. - Meu Deus, Clara, a hora passou tão rápido que eu nem percebi. Você deve estar morrendo de fome e eu te prendi aqui o dia inteiro. - Realmente, estou faminta, mas estava tão entretida aqui que nem liguei. - Pode ir comer alguma coisa, eu ainda vou ficar mais um tempinho aqui. - Não quer vim comigo? – diz dando um sorrisinho de lado. Eu sei que a Clara sente algo por mim, ela tenta disfarçar, mas eu já saquei e a vi várias vezes me olhando com desejo. Não sei se é só tesão ou algo a mais. Mas sente. - Não. – seu sorriso vai se desfazendo aos poucos. – Vou ficar mais um pouco aqui. - Quer que eu peça pra alguém trazer algo pra comer? - Não precisa, obrigado. Tudo o que eu preciso está aqui. – digo levantando minha inseparável garrafa térmica cheia de café. - Okay então. Ela sai e eu volto minha atenção para os documentos a minha frente, fico mais algumas horas ali até receber uma mensagem da Camila. Se tem uma pessoa na qual eu me dou bem, essa pessoa é a Camila, apesar de ser bem mais nova que eu, ela é a única que consegue me entender e me dar o meu espaço, que todo mundo tenta invadir. Aquela baixinha é além de prima uma irmã pra mim. Ela é a única que consegue tirar um Rodrigo mais carinhoso de dentro dessa rocha que eu sou. “Fiquei te esperando aqui em casa o dia inteiro e nada de você aparecer. Fiquei triste. :( “ Sorrio e respondo. “Desculpa Mila, é que eu estou atolado de trabalho, não tive nem tempo de sair de dentro da delegacia hoje. Me desculpa.“ Mando a mensagem e começo a arrumar as coisas em cima da mesa, já tinha quebrado a minha linha de raciocínio, vou levar esses documentos para casa, lá eu trabalho com mais calma. Arrumo todas as folhas dentro de uma pasta e me levanto sentindo meu pescoço doer. Ouço novamente o barulho de mensagem apitando no meu celular e pego vendo outra mensagem da Camila. “Tudo bem, você está desculpado só porque o assunto é trabalho. MAS É TRABALHO MESMO NÉ?” “Haha ciumenta nem um pouco, né? Sim é trabalho” Respondo e logo em seguida saio da sala. Daqui a pouco o delegado do plantão da noite iria chegar para pegar o meu lugar se é que ele já não chegou. Ouço outro barulho e abro a mensagem. “Já disse que não gosto de te dividir com essas putinhasque você surra. E acho muito bom mesmo que o motivo de não ter vindo seja apenas o trabalho.” Sorrio com isso. Ela é a única da minha família que sabe que eu sou um dominador. Acho que as outras pessoas não reagiriam muito bem com essa noticia. Ela um dia me pediu para leva-la ao clube, colocou na cabeça que queria ser a porra de uma submissa, eu claro não deixei. Eu lá vou deixar aqueles filhos das putas tocarem na minha priminha. Nunca. Entro no meu carro e respondo. “Te juro, só trabalho mesmo... Agora eu vou dirigir, depois nos falamos” Envio e em questão de segundos ela me responde. “Acho bom mesmo... E tudo bem, depois nos falamos. Beijos.” Coloco o celular no banco ao lado e vou em direção a minha casa. Minutos depois já estava estacionando o carro na garagem, assim que desço meu celular toca e vejo no visor que é a minha mãe. - Oi mãe! - Filho, como você está? Por que não foi no almoço na casa da sua tia? - Muito trabalho mãe. – respondo simples. - Você tem que descansar, só sabe trabalhar, trabalhar e trabalhar. - Tá mãe. A senhora me ligou para isso? – digo tentando não ser grosseiro com ela. Mas acho que acabei sendo. - Nossa, filho, não! Não foi pra isso, mas é que eu me preocupo. – sua voz sai triste. - Então foi pra quê? Entro em casa e um cheiro delicioso de comida caseira invade minhas narinas, fazendo minha barriga roncar alto. - Eu te liguei pra avisar que eu achei uma empregada pra você... Bom, ela ainda não aceitou de fato, mas eu sei que vai. - Como assim ela não aceitou ainda? Pensei que ia procurar em uma agência ou sei lá... Subo as escadas rapidamente, entro no meu quarto retirando o coldre junto com a minha arma colocando em cima da cama. Coloco as pastas com os relatórios em cima da cabeceira e me sento na cama tentando tirar o sapato. - Eu até ia meu filho, mas eu achei essa menina e... - Menina, mãe? – pergunto incrédulo. - Sim, ela é de confiança Rodrigo. - E onde encontrou essa pessoa? - Ela é amiga da Camila. - Amiga da Camila mãe, e por acaso as amigas dela sabem fazer algo a não ser ir ao shopping fazer compras e reclamar da vida? Eu pensei que a senhora iria me ajudar, mas estou vendo que não. - Calma meu filho, ela não é assim. E ela está precisando do emprego. Só que ela ainda vai pensar, pois ela tem um filho e não sabe se vai poder dormir ai. - Ela tem filho mãe? Isso não vai dar certo, dona Julia. Eu não quero uma empregada que tenha que ficar saindo sempre por causa de criança não, você sabe muito bem disso. - Eu sei, mas dá uma chance pra ela Rodrigo. Você tem que parar de ser assim, tão egoísta e só pensar em si mesmo. Tem um mundo aqui fora tem pessoas que precisam de ajuda, o que é o caso dela. - Eu estou pouco me fodendo pra isso mãe, eu só quero uma empregada que fique sempre a minha disposição sem que nada atrapalhe. - Olha o jeito que você fala comigo Rodrigo, eu sou sua mãe... – respiro fundo. – Dá uma chance para ela, vai. O que você acha dela ficar ai um tempo de experiência e depois se você não gostar você troca? - Não sei não mãe. Essa mulher ai deve nem saber lavar uma roupa direito. - Ai que você se engana viu... Vai Rodrigo, não custa nada. - Aaaaah – rosno bagunçando meus cabelos. – Esta bem, mãe, manda essa mulher vim, mas qualquer coisinha, eu digo qualquer coisinha mesmo que ela fizer de errado, eu a mando embora na mesma hora. - Tudo bem meu filho, mas a questão agora é esperar ela resolver a situação dela. - Porra agora eu vou ter que ficar esperando ela. É isso? - Meu filho entenda... - Tudo bem mãe, só não demore muito. A Zeiva só ficará aqui por mais duas semanas, esse foi o prazo que ela me deu. E se dentro desse prazo essa mulher já não estiver aqui em casa nem precisa vir mais. – digo e desligo o celular em sua cara. Porra, agora eu terei que ficar esperando a vontade da empregada de querer vir trabalhar. Já estou vendo que essa porra não vai dar certo. Tiro minha roupa e vou para o banheiro, entro debaixo do chuveiro e deixo a água quente cair sobre meu corpo fazendo-me relaxar.
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