Sophia Fecho a porta e o alivio toma conta de mim. O Gus solta a minha mão e corre até a minha mãe abraçando-a forte. - Que cara é essa, Sophia? Solto minha bolsa no chão mesmo e me jogo ao seu lado no sofá e levo as minhas mãos ao peito. - Mãe, eu acho que estou sendo seguida... Eu acho não, tenho certeza. - Ai meu deus, como assim? Você acha que é o... - DG? Com certeza, mãe, ele é a única pessoa que teria interesses em mim. – levo minhas mãos ao rosto por um instante, tapando-os – Eu estou morrendo de medo, se ele está me seguindo significa que ele já sabe do Gus e já sabe onde nós estamos. - E o que você vai fazer, minha filha? Tiro minhas mãos do rosto e encaro-a. Sua expressão é de medo, assim como eu. - Eu não sei mãe. Eu só sei que tenho que falar com o Rodrigo, eu não posso esconder isso dele. Levanto-me do sofá e pego minha bolsa que há minutos eu havia jogado no chão, pego meu celular e envio uma mensagem para ele. “Preciso falar com você. Quando puder, me ligue” - Eu vou dar um banho no Gustavo pra você, pela sua cara eu sei que está cansada. - Ai obrigada mãe, eu estou mesmo. Ela sai com ele em direção ao corredor dos quartos e eu retiro os meus saltos esticando as pernas no sofá. Assim que faço isso meu telefone toca. Rodrigo. - Alô. - O que está acontecendo, Sophia? – consigo sentir a preocupação em sua voz. - Você já está em casa? - Não, estou na delegacia ainda. Saio daqui á uma hora. Você pode passar aqui em casa? - Porra Sophia, você está me deixando preocupado, caralho. Aconteceu alguma coisa com o Gustavo, com você? - Não. Mas eu prefiro falar pessoalmente. - Porra, - ouço sua respiração funda do outro lado da linha. - Tudo bem. Quando eu sair daqui eu passo ai para conversarmos. - Obrigada, amor. Beijos. - Beijo. Levanto-me do sofá e vou andando lentamente, por conta das dores em meus pés, até o quarto. Assim que entro, retiro a minha roupa e vou direto para o banheiro. Deixo que a água quente caia pela minha cabeça fazendo com que todo o meu corpo se relaxe por um instante. No começo eu até pensei que essa sensação de estar sendo vigiada seria coisa da minha cabeça pelo fato do DG estar por ai. Mas não é possível, isso está acontecendo não é de hoje, não é de hoje que eu tenho essa sensação de estar sendo vigiada, porém eu não dei muita importância, até agora. Hoje eu realmente tive uma sensação muito estranha, de que a qualquer momento algo de ruim aconteceria... Ai! Um arrepio sobe pelo meu corpo só de pensar que o DG possa estar atrás de mim e do meu filho. Saio do banheiro e coloco uma bermuda e uma regata simples. Ajeito o meu cabelo e os deixo secando naturalmente, vou para a sala e encontro o Gus sentado no chão brincando com os seus carrinhos. - Mamãe, binca. - Vamos, vamos brincar. Sento-me ao seu lado e começo a brincar com ele. Já consigo sentir o cheiro de comida vindo da cozinha e sei que minha mãe está fazendo o jantar. Não demorou muito tempo e a campainha tocou e eu sei que é o Rodrigo, pois ele é o único que sobe sem ser anunciado. Assim que abro a porta ele entra e me beija. Como ele veio do trabalho ele está fardado, só que ao contrario de hoje cedo a sua arma não está amostra em seu coldre e eu sei o porquê. Ele não gosta de ficar armado, desse jeito, perto do Gustavo, ele diz que não é uma boa ficar armado perto de uma criança de dois anos. Então quando ele não a esconde na cintura debaixo das roupas, ele deixa no carro. - Papai, papai. – diz o Gus eufórico. Separo-me do beijo e o vejo correndo até a gente. Ele abraça as pernas do Rodrigo, que abaixa e o pega no colo. Oi filhão, como foi na escolinha hoje? – diz depois de deixar um beijo sobre sua cabeça. - Escolinha legal, papai. Os olhos do Rodrigo brilham cada vez que o Gustavo o chama de pai. Eu já desisti de tentar explicar para o Gus que ele não é o papai dele. Mas ele parece não querer entender. E por mais que seja difícil de admitir, quem está ao lado do Gus quando ele mais precisa, quem sempre faz de tudo um pouco por ele, é o Rodrigo, e tudo que eu mais temi que acontecesse, aconteceu. O Gustavo se apegou a ele de uma forma que chega a assustar. Quando o Rodrigo não vem, ou demora muito para ligar, ele pergunta pelo papai dele. Os dois ficaram conversando por um tempo até o Rodrigo me olhar, e apenas por ele eu entendi que era a hora de dizer o que tanto me afligia. Deixei o Gus com a minha mãe por um tempo e levei o Rodrigo para o meu quarto. - Agora me fala o que está acontecendo. Você não tem noção do quanto eu fiquei perturbado no trabalho nessas ultimas horas, não consegui me concentrar em nada mais. - Senta. – pego em sua mão fazendo-o sentar-se de frente para mim, na cama. - O que foi? Você quer terminar? - Não, claro que não. – falo um pouco desesperada demais. - Então o que foi? – diz ríspido. - Eu vou ser direta. – digo e ele apenas acena com a cabeça – Rodrigo eu acho que... eu acho não, eu tenho certeza de que eu estou sendo seguida. - Porra, como assim Sophia? - Sei lá Rodrigo, eu sinto isso não é de hoje, parece que onde quer que eu vá tem alguém me vigiando. Eu até pensei que era coisa da minha cabeça, mas sei lá... - Porra Sophia, era pra você ter me dito isso antes. – ele se levanta da cama nervoso e começa a andar pelo quarto. – Você não devia ter me escondido isso. VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO DO PERIGO QUE VOCÊ ESTÃO CORRENDO? – ele grita, mas respira fundo passando as mãos nos cabelos, tentando se acalmar. – Nós estamos falando de um bandido, Sophia, bandido esse que teve coragem de te estuprar cruelmente, sequestrar vocês seria pouco pra ele. - De-desculpa Rodrigo. – digo com dificuldade devido ao bolo que se formou na minha garganta. – Eu só não achei que era relevante, pensei que fosse coisa da minha cabeça. - Sophia, é logico que era relevante. Você tem noção de que agora eles já sabem onde você mora? - E-eu sei. – uma lágrima desce do meu olho, mas eu a seco rapidamente. – É isso que me deixa com mais medo ainda de ele fazer alguma coisa com o Gus. Eu vou dar um jeito. – Diz ríspido. O Rodrigo vira de costas pra mim e anda à passos largos até a porta, mas algo o faz parar abruptamente e se virar de volta para mim. E da mesma forma que ele foi, ele voltou e me levantou da cama com uma só mão, envolvendo-me em seus grandes braços logo em seguida. - Eu sou um estupido, grosseiro, eu sei. Mas é que eu não sei o que eu faço se acontecer alguma coisa com vocês, Sophia... e-eu não sei. Você e o Gus são muito importantes pra mim. Você sabe disso. - Desculpa por não ter falado antes. - Tudo bem. Eu vou colocar seguranças pra andar com vocês... E isso não está em discussão, Sophia, amanhã mesmo terá um dos meus homens de confiança que trabalham comigo, aqui, pra te acompanhar onde vocês forem. - Tudo bem, eu sei que é para o nosso bem. - Amor olha pra mim. – diz pegando o meu rosto em suas mãos. – Eu vou pegar esse cara e a gente vai viver em paz. Nem que eu tenha que levar a minha vida inteira, mas eu vou fazer esse desgraçado pagar por tudo que ele fez com você. - Eu só quero... que você tome cuidado Rodrigo. – as lágrimas invadem os meus olhos novamente. – Eu não quero te perder, não quero que nada aconteça com você. Eu quero e preciso que você me prometa Rodrigo que se você perceber que está perigoso demais, você desiste, por favor? - Eu não vou prometer isso, Sophia. - Rodrigo, eu..eu não suportaria te perder. Você... e-eu te amo, amo muito. – digo sem vergonha nenhuma de admitir isso. Essa é a primeira vez que eu me declaro dessa maneira. – Você foi o homem que me trouxe à vida, você me mostrou que sim, é possível viver, é possível amar, é possível sentir prazer depois de tudo que eu passei. Você e o meu filho.. vocês me dão forças pra enfrentar tudo que vem pela frente. É por vocês, e eu não suportaria... Não suportaria viver em um mundo em que não haja a sua arrogância, sua estupidez... em que não haja o amor da minha vida. Não suportaria menos ainda saber que eu posso perdê-lo por minha culpa, de certa forma. Eu agradeço tudo o que ele fez e faz por mim, mas eu não quero que ele faça nada que o comprometa. Eu não quero ser a culpada por destruir a vida dele. Eu digo isso, pois, pelo pouco que eu o conheço ele seria capaz de qualquer coisa para nos proteger... e ele também não hesita em deixar isso bem claro em todas as nossas conversas. Ele me olha com seus olhos cheios de lágrimas e com o maior sorriso do mundo. - Repete a parte do eu te amo? Solto uma gargalhada e repito várias vezes... Eu te amo, te amo, te amo, te am.... Ele toma minha boca na sua em um beijo calmo e apaixonante impedindo-me de continuar. - Eu também te amo Sophia, te amo muito. Eu soube disso desde quando eu larguei o BDSM sem pensar duas vezes, por você. Eu vi que eu realmente te amava, eu vi que era com você que eu iria formar uma família. Mesmo você sendo turrona e não querendo falar sobre isso agora, eu sei que um dia conseguirei te convencer. – ele solta uma gargalhada e me dá um selinho. Ele pega o meu rosto em suas mãos e leva o seu olhar ao meu. – Eu prometo que vou me cuidar. Eu não vou desistir, eu nunca desisto e eu não vou te enganar falando que vou recuar quando o negocio começar a esquentar, porque eu não vou. Eu vou me cuidar, me cuidar por você e pelo nosso filho. Me beija novamente. Eu sei que ele vai se cuidar, eu vi verdades em sua fala, mas isso não me deixou nem um pouco tranquila, eu ainda tenho medo de que algo aconteça a ele, e eu não me perdoaria nunca por isso. [...] Duas semanas se passaram depois da minha conversa com o Rodrigo, e desde então eu não ando mais sozinha. Cada dia da semana tem um policial diferente me acompanhado de casa até a creche do Gus e da creche para o meu trabalho, não ando mais de ônibus, pois os “seguranças” me levam em seus carros. Eu prefiro assim, pois me sinto muito mais segura, aquele sensação de estar sendo vigiada não me acompanha mais e isso é muito bom. Hoje já é natal e vamos todos para a casa da Camila, a mãe dela nos chamou para jantarmos lá, eu sei que todo ano tem um jantar de família lá na casa dela nesta época do ano, vão todas as tias, os primos, enfim. Família toda reunida. Minha mãe está super animada, depois que ela viu que a tia Patrícia e a Julia eram gente boa, ela se sente mais a vontade agora para ir até a casa dela. Eu já estava quase pronta, faltava apenas terminar a minha maquiagem, e como sou bastante desastrada na hora de me maquiar, deixei para colocar a roupa depois. Fiz uma maquiagem clara do jeito que eu gosto, mas abusei no batom vermelho. Sim! Eu amo batom vermelho. Depois da maquiagem pronta, pego o macacão branco em cima da cama e o coloco e em seguida faço o mesmo com o salto, que agora depois de duas semanas árdua de trabalho já me acostumei um pouquinho com eles. Saio do quarto e vejo o Rodrigo já na sala com o Gus sentado em seu colo. Como os meus homens estão lindos. – penso. O Rodrigo está com uma calça jeans escura e uma blusa social branca dobrada até o seu cotovelo. Simples, mas lindo. - Vamos? – falo fazendo ele notar a minha presença. Ele passa o seu olhar pelo meu corpo inteiro e para no meu discreto decote. E quando eu digo discreto, é realmente discreto. - Calma Rodrigo, não pira. É natal. É natal. – ele fala baixinho, mais pra ele do que pra mim. Sorrio e vou até ele sentando ao seu lado no sofá. - O que foi Rodrigo? - Nada, você está linda... Só acho que falta um pouco de pano aqui nessa área, não? – diz sinalizando para o meu seio. – Mas tudo bem... tuuudo bem, não vou falar nada. Você está maravilhosa, Morena. Diz e me beija e assim que nos separamos eu levo minhas mãos à sua boca limpando-a do batom que ficou ali. - Mais ciumento que você não existe. - Não é ciúmes é só zelo. Estou cuidando do que é meu. Só estou tranquilo porque eu vou estar do seu lado o tempo todo, só por isso não estou me importando muito para esse decote ai. - Uhuum. – digo e depois solto uma gargalhada. Ele bufa e volta sua atenção para o Gustavo. Pouco tempo depois minha mãe chega na sala já arrumada e saímos do apartamento. Entramos no carro, que estava estacionado na garagem do prédio, o Rodrigo colocou o Gus na sua cadeirinha, minha mãe tomou o seu lugar ao lado dele e eu o meu ao lado do Rodrigo. Em menos de meia hora já estávamos na casa da Mila. Estava tudo muito lindo, a decoração parecia até daquelas casas Americanas em épocas Natalinas, estava a coisa mais linda do mundo. Como previsto, estava presente a família toda. Fiquei um pouco envergonhada, pois assim que chegamos atenção foi toda para a gente. Não sei o que os deixaram tão surpresos, se a minha presença, a presença do Rodrigo, ou as duas coisas. Mas logo a Mila e a tia Patrícia chegaram para nos cumprimentar. - Feliz Natal amiga. – ela me abraça forte e eu retribuo. – Oi amor da tia, eu estava com saudades. – ela pega o Gus no colo, cumprimenta o Rodrigo e a minha mãe. - Feliz Natal tia. - Feliz Natal, minha querida. – diz a tia Patrícia me abraçando. E foi assim pelos próximos vinte minutos, no mínimo, até ter certeza que cumprimentamos a todos, fui apresentada para toda a família e era inevitável não ver os olhares de incredulidade e surpresa de todos ao ver o Rodrigo ali, principalmente com uma criança em seus braços e uma mulher ao seu lado. Deixei o Rodrigo junto com uns tios dele conversando e minha mãe com a tia Patrícia e suas irmãs, e o Gus, como sempre, grudado no Rodrigo. Eu estava em um canto conversando com a Mila e umas primas dela sobre a prova que ela tinha feito algumas semanas atrás para civil. Ela achava que tinha ido bem, mas também não queria se dar falsas esperanças e chegar na hora se decepcionar com o resultado. De repente, no meio da conversa, sinto uma mão passar pela minha cintura e me assusto um pouco, pois não eram as mãos do Rodrigo... de jeito nenhum aquele era o toque dele. Sinto um beijo sendo deixado no meu pescoço e escuto um... - Feliz Natal, morena. Você está muito linda, sabia? Viro-me e vejo o Nando com um sorrisinho safado direcionado a mim. - Feliz natal, Nando. – digo um pouco sem graça por sua aproximação. Tento me afastar um pouco, pois eu conheço bem o namorado que tenho e se ele nos ver assim desse jeito, já era. - Estava com saudades, Você sumiu. – diz agora me abraçando. Falho totalmente no minha missão de afasta-lo de mim. - É. – digo um pouco sem graça – Muito trabalho, eu não tenho mais tempo pra nada. Digo me afastando levemente. A Camila me olha percebendo o meu desconforto, e ela, assim como eu, parece não saber o que fazer. Suas primas parecem perceber também o clima, mas não falam nada. Quando o Nando ia se pronunciar novamente ele para e não sei o por que. Até sentir as mãos do Rodrigo em minha cintura levando o meu corpo de encontro ao seu. - Oi Fernando. – diz sério e seco. Mesmo sem olhá-lo eu sei que está furioso apenas pelo tom de sua voz. - E ai Rodrigo. – ele diz um pouco sem graça. - O que você tanto quer agarrando a minha namorada? – diz sem rodeios e enfatiza no: minha. - Nada, nós somos apenas velhos amigos e eu vim cumprimentá-la. Não é, Sophia? – aceno rapidamente afirmando que: sim. Ele continua. – Mas eu não sabia que... que vocês estavam namorando. Impossível você não saber, Fernando, minha mãe fez questão de anunciar para a família inteira. E você também não é nenhum idiota, nos viu chegando juntos. - Eu ouvi sim, por alto, mas eu não sabia que era sério. - Pois é, muito sério. E da próxima vez que eu ver suas mãos na cintura dela novamente e te ver beijando a minha mulher, eu arranco a sua mão e sua língua fora. Já que não dá pra arrancar sua boca. - Rodrigo. – repreendendo-o. - E eu não estou brincando. – ele dizia isso calmo e seu tom de voz era baixo, mas tinha raiva impregnada nela. - Ooou primo, calma. – diz levantando as mãos em forma de rendição. – Eu só estava cumprimentando ela, sem maldade nenhuma. - Uhuum. Sem maldade. Eu sei. – diz e aperta a minha cintura com mais força ainda em direção ao seu corpo. - Gente, vamos acalmar os ânimos, né? – diz a Mila tentando apaziguar a situação. – Nando eu acho que o papai está te chamando ali com os tios. Ele apenas acena e sai. As meninas ficaram olhando para o Rodrigo um pouco surpresas e eu podia ver elas com o riso preso. - Meu Deus, primo, você realmente está mudado. Foi fisgado direitinho. – diz a Angélica. - Nem me fale Angélica. – diz a Mila rindo e fazendo as outras rirem também. Não consigo me segurar e sorrio junto. Vejo que ele estava ficando mais nervoso e pego na sua mão levando-o para longe dali. Vejo que o Gus estava brincando com umas crianças que estavam na festa e fico tranqüila. Vou com o Rodrigo até o jardim que estava vazio. - Ei, desemburra essa cara. - Quem àquele idiota pensa que é pra te tocar daquele jeito? - Ele sempre me tratou assim, amor. Não tem maldade nenhuma. – digo tentando acalmá-lo. Não queria formar uma discórdia entre os primos. - E eu sou otário agora, né Sophia?... Você acha mesmo que eu não vejo o jeito que ele te olha; o jeito que ele beija a sua bochecha, mas querendo beijar a sua boca? Eu observo isso não é de hoje. - Amor esquece isso, ele pra mim não significa nada, eu o vejo apenas como um amigo e mais nada. Eu só tenho olhos para você. – digo e o beijo. Mas ele não te ver como amiga, caralho. Será que é difícil pra você entender isso? - Tá, mas ele nunca vai conseguir nada de mim. E eu acho que depois do episodio ali da sala ele nunca mais vai chegar perto. - E eu espero mesmo. - Eu só não queria que vocês ficassem sem se falar por minha causa, vocês são primos. - Fica tranquila que é só ele não chegar perto de você e está tudo certo. - Pra quê isso tudo, Rodrigo? Você não confia em mim, é isso? – digo e cruzo os braços na altura dos seios. - Porra, é claro que eu confio em você, Sophia. Eu não confio é nele - E eu que me achava ciumenta. – digo baixinho. - Já disse que não é ciúmes, só estou cuidando do que é meu. Demos o assunto por encerrado e ficamos ali um tempo. Depois a Tia Patrícia nos chamou para o jantar e tivemos que entrar. Estava tudo maravilhoso, o jantar correu tranquilamente bem, naquela hora todas as crianças já estavam cansadas e dormindo. Foi tudo perfeito, posso dizer que foi o melhor natal de toda a minha vida. Eu estava com pessoas que eu amo e que eu considero muito, ao meu lado, e isso era o que importava. Eu tinha um homem maravilhoso ao meu lado e estava muito feliz. O relógio marcava 03h30min da manhã e a maioria dos convidados já tinha ido embora, só estavam mesmo os tios e primos da Mila que eram de outro Estado e iriam dormir ali. Já havia me despedido de todos, menos da dona Julia e assim que cheguei próxima à mesma, ela pegou na minha mão e me levou para um canto mais afastado. Ela me abraçou forte e eu a retribuí. Ficamos bastante tempo assim até ela me soltar. Vejo lágrimas em seus olhos. - Muito obrigada. - Por que Julia? Eu não fiz nada. – digo soltando um sorriso leve. - Por trazer o meu filho de volta. – as lágrimas agora caiam sem parar. - Como assim? – pergunto sem entender o que ela quis dizer com aquilo. - Você não tem noção de quanto tempo o Rodrigo não passa o natal com a família. Ele todo ano dava a desculpa de que iria trabalhar, Ele acha que eu não sei, mas ele fazia questão de trocar o seu plantão para noite, pra não passar o natal com a família. - Ma-mas por que Julia? - Por culpa minha. Única e exclusivamente minha. Eu fiz muito mal ao meu filho na sua infância e até hoje eu tento reparar esse erro de alguma forma, porém ele é sempre muito fechado, às vezes ele me dá uma brecha, mas dura pouco tempo. Logo aquela postura dele volta novamente... E você não sabe o tamanho da minha felicidade em vê-lo aqui hoje, com a família, interagindo, em ver vocês dois juntos... Eu sempre soube, desde a primeira vez que eu te vi, que você traria o meu filho de volta. Eu vi em você tudo o que faltava nele... Muito obrigada, muito obrigada mesmo. Esse foi o melhor presente de natal que eu poderia receber: a presença do meu filho. - Nossa.. e-eu não sei nem o que dizer, Julia, eu não sei mesmo. Mas... você não precisa agradecer nada, pois, assim como eu trouxe o seu filho de volta, como você está falando, ele fez o mesmo comigo... E eu sei que ele guarda algo que o machuca muito, eu nunca quis entrar muito no assunto porque eu sei o quanto dói remexer no passado.. Mas eu não consigo acreditar que a senhora tenha feito algum mal a ele. - Pois eu fiz... – diz e olha para o nada. – Eu poderia ter evitado tanta coisa, mas eu resolvi fechar os olhos e fingir que estava tudo bem... Só que não estava. - Eu não vou perguntar o que aconteceu, pois eu acho que isso diz respeito somente a vocês dois, mas quando ele se sentir a vontade pra me contar eu vou estar aqui para ouvi-lo. - Você é muito especial, Sophia, muito obrigada por ter aparecido em nossas vidas. Muito obrigada mesmo. Diz e me abraça. Eu não consigo imaginar o que aconteceu que os deixaram assim e os afastaram, e acabou tornando o Rodrigo nesse homem que ele é agora... ou era, sei lá. Mas foi algo que machucou muito os dois. Soltamos-nos ao ouvir a voz do Rodrigo atrás de mim me chamando. - Vamos Sophia? - Claro. – digo, mas ele não presta atenção em mim, mas sim na senhora ao meu lado que tentava controlar as lágrimas. - Mãe, a senhora está chorando por quê? – diz ele chegando perto dela preocupado. A Julia solta um sorriso leve e responde. - Nada meu filho. – ela enxuga o rosto com as mãos e volta o seu olhar ao filho novamente. – Me dá um abraço? Ele hesitou um pouco, mas foi até ela e a abraçou forte. Pude ouvir um soluço sair da boca da Julia e eu confesso, fiquei emocionada. Eles ficaram bastante tempo abraçados e depois se soltaram. Vejo que o Rodrigo também está com os olhos vermelhos, mas não derramou nenhuma lágrima. Ele deposita um beijo na cabeça da mãe, se despede e vem até a mim pegando na minha mão. - Cuida bem dessa menina, Rodrigo, ela é muito especial. Não a deixe sair de sua vida nunca. - Pode deixar, mãe, eu estou cuidando. – ele dá um sorriso de lado e depois saímos.
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