Meu Delegado - Capítulo 14

Diogo ( DG )
Três anos... Três anos preso naquele inferno de lugar. Três anos longe da minha mulher. Sim,
minha.
A Sophia é minha e de mais ninguém. Ela é e sempre foi. Eu fui o primeiro homem em sua
vida eu sou o pai do filho dela.
Ela não sabe, mas todos esses anos que passei longe, eu nunca deixei de saber um passo
sequer que ela dava. Eu tinha os meus homens sempre por perto, seja lá onde quer que ela
fosse.
Quando eu fiquei sabendo que ela estava grávida, eu não tive duvidas, sabia que era meu
filho. Eu fui o único homem na vida dela e eu sabia que era meu, pelo simples fato de eu ter
feito isso propositalmente. Eu não usei a camisinha com a intensão de engravida-la e tê-la
pra sempre ao meu lado.
Eu sempre fui louco na Sophia. Ela era diferente. Era a única mulher do morro que não dava a
mínima pra mim e para o meu poder. E isso me excitava, me fazia querer ela pra mim, sempre
mais. Todas as outras putas do morro faziam questão que eu as notassem. Muitas vezes elas
brigavam para ver quem conseguiria ir pra minha cama naquela noite. Elas me queriam por
vários motivos: pela minha beleza; pelo meu poder; pelo o que eu proporcionaria a elas não
só na cama, mas também fora dela caso eu as escolhessem com minhas putas fixas. E isso
enchia os olhos delas. Menos os da Sophia. Ela não era assim. Ela era completamente
diferente. Eu sempre a via descendo o morro bem cedo, antes mesmo de o sol estar posto,
para estudar.
Eu sempre achei essa porra de estudos uma perda de tempo. Eu estudei até os meus 16 anos,
foi quando o meu pai, o antigo dono da Rocinha, começou a ter problemas com a saúde e eu
fui obrigado a largar a escola, mesmo contra a vontade de minha mãe que pra falar a
verdade, naquela época a sua vontade não valia de nada. O que meu pai dizia dentro da
favela era lei, assim também valia para dentro de casa. E se ela ou qualquer um ousasse
discordar dele sofreria com as consequências. Aquilo não me abalava nem um pouco. O meu
pai sempre me disse que as mulheres tinham que ser tratadas daquela forma. Que elas nos
deviam obediência sempre. Então eu não me espantava quando o via batendo em minha
mãe. Se ele fazia aquilo é porque, com certeza, ela estava merecendo.
Fiquei junto ao meu pai cuidando dos assuntos da favela. Naquela altura do campeonato, eu
com 17 anos, já participava de invasões e era praticamente um sub dono do morro. O meu
pai a cada dia mais piorava ainda a sua saúde e eu já sabia que o velho não iria durar muito
tempo. Pouco tempo depois de eu ter completado os meus 18 anos, ele morreu e com isso,
eu fiquei com comando da favela nas mãos. Não foi fácil eu me impor, não foi fácil para as
pessoas me respeitarem. Afinal, eu só tinha 18 anos e já era dono de uma favela do tamanho
da rocinha, nem mesmo os caras que trabalhavam comigo não colocavam muita fé em mim.
Tentavam invadir várias vezes, tanto a policia, quanto as facções rivais, na esperança de que,
com a morte do meu pai e com um “garoto” no comando do morro, eles conseguiriam. Mas
eu calei a boca de todo mundo. Eu consegui impor respeito em muito pouco tempo. E toda a
favela viu que comigo não se brinca.
Com um tempo eu acabei ficando mais frio. Esse contato mais intenso, digamos assim, com o
crime, me transformou completamente. Não demorou muito e a minha mãe também se foi. E
ai só restou eu e a Isabela, mas ao contrário de mim, ela não tem nenhum contato direto com
o tráfico.
Eu lembro como se fosse hoje a primeira vez que eu notei a Sophia e ela me enfeitiçou com a
sua ingenuidade e beleza. Eu tinha 25 anos, até então eu nunca tinha reparado nela. Eu
estava descendo da boca e passei em frente a sua casa, era de manha bem cedo, no horário
que ela costumava ir para a escola. Ela estava linda com aquele uniforme da escola: uma saia
azul rodada, uma blusa branca de botões com o brasão da escola bordado no peito, uma
sapatilha preta e a sua meia que ia até a sua panturrilha. O seu uniforme me deixava louco e
excitado. Neste dia, assim que ela viu parado, encarando o seu corpo e imaginando como eu
a teria para mim, eu pude ver medo em seus olhos. E isso me deixou louco. Me deixou ainda
mais excitado e com vontade de fazê-la minha.
Depois daquele dia, eu passava todos os dias e naquele mesmo horário em frente a sua casa
para vê-la. Eu oferecia carona a ela, mas ela sempre com medo, negava e saia praticamente
correndo de perto de mim. Mas algo dentro de mim me dizia que aquilo era apenas vergonha
e que ela também me desejava.
Eu tentei por incansáveis vezes ficar com ela. Mas nem um beijo ela me dava. Eu poderia
ameaça-la e tê-la pra mim, mas naquela época eu gostava daquela brincadeira de gato e rato.
Aquilo me excitava e eu imaginava que uma hora ela finalmente cederia. Fiquei nessa
durante dois anos. Até um dia que Deus colocou ela no meu caminho. E ela estava muito
gostosa com aquele vestidinho preto apertado e eu não resisti. Já estava tarde e ali naquele
canto estava deserto por conta do baile que ocorria na quadra. Não perdi tempo e logo
cheguei nela. Ela a principio desviou de mim. Mas eu já tinha dentro de mim a certeza de que
daquele dia não passava, ela seria minha de qualquer jeito. Eu já estava cansado de jogar.
Ela lutou um pouco contra, mas pela primeira vez, ela finalmente aceitou minha carona. Essa
foi a deixa para o que eu queria. Não perdi mais tempo, a levei pra minha casa e fiz o que eu
tanto quis fazer todos aqueles anos. E para tê-la pra sempre ao meu lado, eu a engravidei
propositalmente. Depois que eu a tive uma vez, eu vi que não conseguiria mais ficar longe.
Até que eu fui preso. Eu nunca tinha sido preso em toda a minha vida porque eu sempre fui
esperto, eu nunca deixei eles chegarem tão perto assim para colorem as mãos em mim. Mas
daquela vez, naquele dia eu vacilei. Deixei uma das entradas da favela sem proteção e eles chegaram até a mim por lá. Quando eu vi, já estava dentro da viatura sendo levado para a
cadeia. Mas agora eu voltei. Voltei para ter o que é meu de direito: a Sophia e o meu filho.
Todos esses anos que eu passei longe, não teve um dia que eu não tramasse cada parte da
minha fuga. Demorou. Mas chegou.
A primeira coisa que fiz quando consegui minha liberdade foi ver a minha morena. Tanto
tempo sem vê-la pessoalmente e eu já não aguentava mais toda a distância. Eu também
queria ver o meu filho. Eu recebia fotos deles, mas nada comparado a vê-los pessoalmente.
Escondo-me em um beco e fico ali em frente a casa da Sophia. Não muito diferente de alguns
anos atrás, ela sai de casa bem cedo. Só que hoje, eu sei que é pra trabalhar. Os soldados que
eu colocava pra ficar atrás dela, me disseram que ela está trabalhando na casa de um
delegado federal. Admito que fiquei muito puto quando soube. Eu não queria minha mulher
à semana inteira dormindo na casa de um homem, imagina então ele sendo um verme de um
policial.
Quando eu percebo que ela me viu, eu rapidamente saio dali. Eu não queria que ela me visse.
Pelo menos não ainda. Acompanhei a ida do meu filho à creche, de longe é claro. Ele estava
tão grande e era a minha cara. Já consigo imagina-lo correndo pela favela inteira e quando eu
não puder mais, ele que vai comandar isso tudo aqui.
Na sexta feira à noite, estávamos muito bem na boca fazendo os preparativos do baile de
sábado, que seria a comemoração da minha volta. Estava tudo calmo, até ouvirmos uns
barulhos de tiro. Não pensei muito e peguei o meu fuzil que estava jogado em cima da mesa
e na mesma hora um dos vapores entram na sala correndo.
- Patrão, eles estão invadindo. – diz ofegante.
- Eles quem? – pergunto carregando o meu fuzil.
- Os policia. Eles descobriram que você fugiu e estão tentando invadir.
- Mas não vamos deixar não porra. Vamos mandar esses filhos das putas ralá. Temos mais
armamentos que eles. Vamos pra cima.
Digo saindo da sala. Já consigo ver os soldados descendo o morro correndo e metendo bala
nos policia.
- Ei DG! Não é melhor você se esconder em algum lugar não, mano? É muito perigoso, se os
cana te pegar de novo cê vai pra vala. – Diz o Marcelinho, o meu gerente.
- O caralho que eu vou me esconder, por acaso eu tenho cara de cuzão? Vamo enfrentar eles,
porra.
- Você que sabe. – diz e dá de ombros.
- Manda os caras ocuparem todas as entradas, até as da mata. Não podemos dar bobeira
igual da ultima vez. Falou chefe. – diz e sai correndo com o seu fuzil nas mãos.
Vou junto, mas com alguns soldados me cobrindo. Não arregramos em nenhum momento.
Metemos bala mesmo em cima desses vermes. Passamos a noite inteira nessa troca intensa
de tiro. No meio da noite sentimos eles recuarem um pouco, mas mesmo assim não pararam
e nós também não. Estávamos com um armamento mais forte e isso nos favoreceu.
Logo pela manhã, quando eles viram que não recuaríamos e que eles estavam perdendo
bastantes homens, eles recuaram. Mas uma grande tropa continuou instalada na entrada da
favela.
Vou para a minha casa, tomo um banho e resolvo deitar um pouco. Tinha homens armados
até os dentes em volta da minha casa. Eu estava bem protegido ali e também sabia que os
policiais não tentariam subir novamente agora.
Acordo e já era de tarde. Depois dessa guerra eu acabei ficando preocupado com o meu filho.
Chamo um dos homens que faziam a segurança da minha casa.
- Eu quero que você vá até a casa da Sophia e traga o Gustavo pra cá.
- Mas e a velha? Ela vai empatar.
- Da um jeito nela. Só não mata.
Ele acena e sai.
Vou para a cozinha comer alguma coisa e de repente o Marcelinho entra igual um furacão
pela sala.
- O que foi?
- Os soldados que estavam na entrada lateral da mata foram encontrados mortos.
- PORRA! COMO ASSIM?
- Eu não sei. Eu estava chamando eles no rádio pra ver se estava tudo nos conforme lá, só que
os caras não tava respondendo. Mandei uns homens irem lá ver o que tinha acontecido e eles
estavam caídos no chão os dois com um tiro na cabeça.
- QUE PORRA! ELES DEIXARAM OS CARAS ENTRAREM... – ando pela sala tentando pensar. –
Aumenta a segurança por aqui e em todas, todas as entradas... Eles não podem me pegar,
não vou voltar para aquele lugar.
O homem que eu mandei ir buscar o Gustavo entra sozinha na sala.
- Cadê o meu filho?
- Ele não estava lá, senhor.
- PORRA! COMO NÃO? EU VI A HORA QUE ELE CHEGOU ONTEM E AQUELA VELHA NÃO SAI PRA LUGAR NENHUM.
- Eu não sei explicar, senhor. Mas nós envadiu a casa dela lá e não tinha ninguém. Entramo
nos quartos e não tinha nenhuma roupa nos armários. Passei o rádio para os muleque que
estavam por aquela área e ninguém viu eles saindo.
- PORRA! COMO NINGUEM VIU O MEU FILHO SAINDO, CARALHO? – paro um tempo e penso.
Porra! Deve ser aquele filho da puta daquele delegado, caralho. Só assim pra ela conseguir
sair daqui com o meu filho sem que ninguém veja. Com certeza foi aquele filho da puta. Eu
sei que foi. E ainda matou dois dos meus homens.
- QUE PORRA! – digo jogando um vaso de vidro na parede.
- O que foi DG?
- Alguém tirou o meu filho daqui e mataram aqueles homens e eu só sei uma pessoa que
teria o interesse de tira eles daqui.
- Quem DG?
- A Sophia.
- Ela não ia matar dois homens. – diz o Marcelinho.
- Mas aquele delegado pra quem ela trabalha, sim.
- Porra e o que você quer fazer? O cara é delegado, cara e provavelmente já estão bem longe
daqui.
- NÃO ENTEREÇA, PORRA! É O MEU FILHO E MINHA MULHER. EU QUERO ELES AQUI COMIGO...
Você. – aponto para o homem que ainda continuava parado na minha sala. – Chama o
Flavinho aqui.
O Flavinho foi o cara que eu deixei responsável por me dizer cada passo que a Sophia dava
enquanto eu estava preso.
Não demorou muito e ele entrou na sala.
- Fala chefe.
- Eu quero que você volte a seguir a Sophia. Quero que descubra onde ela está agora.
- Mas o senhor tá ligado que ela tá trabalhando na casa de um delegado, não tá?
- Foda-se! Se vira, eu te pago não é atoa.
- Mas ela fica a semana inteira lá na casa dele e o condomínio é todo cheio de segurança...
- Eu não quero saber, porra. Dá o seu jeito. Nem que você tenha que dormir a semana inteira
na calçada em frente da porra aquele condomínio pra saber pra onde ela vai depois, você vai ter que descobrir pra onde ela foi.
- Tudo bem chefe.
- Está esperando o quê? Vai logo porra.
Ele sai dali correndo e eu vou para o meu quarto. Eu vou descobrir onde ela está e vou trazer
ela e meu filho de volta pra favela, mas dessa vez é pra ficarem do meu lado e na minha casa.
Eu vou trazer eles de volta pra mim. Ah eu vou!

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Ficha do conto

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Nome do conto:
Meu Delegado - Capítulo 14

Codigo do conto:
110210

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
11/12/2017

Quant.de Votos:
3

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