Meu Delegado - Capítulo 30

Duas semanas atrás...
Eu fiquei muito frustrado quando fui ontem visitar o Gustavo e a Sophia não estava lá, eu
queria pelo menos me despedir dela também. Por mais difícil que fosse, eu prometi pra mim
mesmo que nem sequer ligaria pra ela.
Isso me matava, pois eu ficaria um mês fora e depois que eles entraram na minha vida eu
nunca fiquei tanto tempo assim longe do Gustavo e muito menos dela. Mas agora eu sei que
seria bom pra mim, pra gente.
Eu tinha conseguido as minhas férias fácil, pois há anos que eu não tirava, então não foi
muito difícil isso. Eu só não sabia se conseguiria ficar de fato um mês longe. Eu acho bem
difícil.
Eu escolhi viajar para o Rio Grande do Sul, eu amo aquele lugar, nesse calor do Rio de
Janeiro, nada melhor do que o frio delicioso de lá. Alguns anos atrás eu acabei comprando
uma chácara lá. Ela é enorme, tem um lago, um campo enorme para cavalgar, piscina e um
pequeno celeiro com alguns cavalos que eu adoro. Eu não os deixo sozinhos todo esse
tempo, é claro, até porque eu não costumo ir muito lá. Por isso eu pago um caseiro pra cuidar
de tudo pra mim.
Eu iria embarcar hoje mesmo e o meu coração ainda estava apertado em ter que ir sem falar
com ela. Mas eu acho que assim é até melhor, do jeito que aquela mulher me domina é capaz
de eu ficar e desistir de tudo.
A Camila e a minha mãe sabem que eu estou indo pra lá, inclusive já vieram se despedir de
mim, minha mãe também adorou a ideia de eu viajar.
Já tinha arrumado as minhas malas e pego tudo que precisaria.
Chamei um taxi, que não demorou muito a chegar, e coloco as minhas malas dentro do carro.
Partimos para o aeroporto. Faço o Check-in, despacho as minhas malas e logo meu vôo foi
anunciado e eu fui até o portão indicado.
Assim que me sento na poltrona e o avião decola, eu pego no sono. Mas sempre pensando
nela.
[...]
Senhor... – sinto uma mão me balançando delicadamente e abro os meus olhos, dando de
cara com uma aeromoça. – Já pousamos, senhor.
- Aah..tudo bem. – me despreguiço e me levanto.
Olho as horas no relógio e vejo que o vôo foi bem rápido, são dez horas da noite e eu me
lembro de ter saído de casa as sete.
Desço do avião e vou pegar as minhas malas que não demorou muito, como sempre
acontecia. Assim que chego na sala principal vejo o Marcus, o meu caseiro.
Vou até ele que assim que me vê se levanta.
- Oh senhor Rodrigo, boa noite. – diz estendendo a mão.
- Boa noite, Marcus. – digo apertando a sua mão. – Vamos que estou cansando e ainda tem
chão pra andar, né?
- Sim senhor, vamos então.
Ele me ajudou com uma mala, mesmo eu dizendo que não precisava, e fomos para o
estacionamento, colocamos as malas no porta malas da caminhonete e entramos no carro.
Já conseguia sentir a mudança drástica de temperatura, e fui obrigado a colocar a jaqueta
que estava em minhas mãos.
Algumas longas horas depois a estrada lisa e asfaltada da cidade deu lugar as ruas
esburacadas e batidas de chão do interior. Desde a primeira vez que eu vim aqui eu me
apaixonei por esse lugar, aqui é calmo, tem um frio bom que eu adoro, mas que eu sofro
muito com a ausência dele morando no Rio. Sem falar que é sempre bom se ter um lugar
calmo pra você relaxar, pra fugir de tudo, pra se privar do mundo. Ainda mais o meu trabalho
que é estressante demais e eu já não sou uma pessoa muito compreensível e calma, então
desde quando eu vim com um amigo meu, eu descobri que precisava de um lugarzinho assim
só pra mim. E acabei comprando uma das maiores chácaras da região.
Abro um leve sorriso ao ver o nome escrito sobre a porteira “Chácara Albuquerque” a Sophia
ia adorar esse lugar, já podia imaginar nós dois aqui... quer dizer, nós três passando as
férias... Eu espero que isso realmente aconteça algum dia.
A porteira se abre e o Marcus dirige ainda um bom pedaço até chegar á casa, esse lugar é tão
bonito e calmo que não dá vontade de sair nunca daqui.
Ele estaciona o carro em frente a casa e desce para me ajudar a pegar as malas.
- A minha mulher já deixou tudo arrumadinho pro senhor, viu, tem comida nos armários e
geladeira. – diz colocando a mala no chão da enorme sala. – Amanhã de manhã ela vem pra
fazer o café da manhã do senhor. Obrigado Marcus... Agora você já pode ir dormir que está tarde.. Muito tarde por sinal.
- De nada senhor, se precisar de qualquer coisa é só chamar.
Aceno pra ele, que logo se retira indo para a sua casa, que fica aqui na chácara também, só
que um pouquinho afastado.
Olho ao meu redor e está tudo limpinho, exatamente do jeito que eu me lembrava quando
vim aqui uns dois anos atrás, mais o menos. Mas um cheiro forte de lavanda indicava que
haviam feito uma limpeza recente ali.
Minha barriga reclama de fome e vou até a geladeira, tem um bolo enorme de laranja com
calda de chocolate. E porra! Isso me lembrou da Sophia, ela sabe fazer o meu bolo favorito
como ninguém. Eu estou falhando completamente na minha missão, que foi de me afastar
um pouco e tentar esquecer, por um momento, tudo isso. Pois eu vim aqui realmente pra
tentar relaxar e parar de pensar nessas coisas que me tiram do sério. Mas a quem eu estou
querendo enganar? Eu não vou conseguir parar de pensar nela.
Como uma grande fatia do bolo com uma xícara de café, que também já estava pronto. O
bolo estava bom, mas não como o dela era bom.
Depois peguei as minhas malas e subi para o meu quarto, que também estava
impecavelmente limpo.
Coloco minhas malas no chão e retiro a minha jaqueta jogando sobre a cama, abro uma das
malas e pego uma toalha e uma muda de roupa.
Vou até o banheiro, tomo um banho quente e demorado, depois eu volto para o quarto e
começo a colocar as minhas roupas de qualquer jeito no guarda-roupa.
Pego o meu celular, que eu havia jogado sobre a cama e mando uma mensagem para a Mila e
para a minha mãe avisando que eu já tinha chegado. Logo em seguida eu o coloco em modo
silencioso e ponho dentro de um das malas fechando-a e jogando em cima do guarda-roupa.
Se eu não fizer isso, eu sei que vou cair na tentação de ligar para a Sophia. Então fazendo isso
eu vou consegui me conter. Eu acho.
Como já estava bem tarde, eu fui dormir, pois amanhã eu queria aproveitar ou pelo menos
tentar aproveitar o meu dia aqui.
[...]
Duas semanas depois...
Duas semanas sem nenhum contato com a Sophia e o Gustavo.
E como eu estou me sentindo?
Horrível, péssimo um completo bosta.
Não aguento mais ficar sem ouvir as suas vozes, mesmo pelo telefone, sem tocá-los, sem
beijá-los. Todos os dias, antes de dormir, eu olho para a mala em cima do guarda-roupa e a
minha vontade é de ir lá, pegar o meu celular e ligar pra ela e dizer que estou voltando pra
casa, estou voltando pra ela e eu não aceitaria não nenhum como resposta. E que se fosse
preciso eu ficaria com ela a força, mas eu não a deixaria sair da minha vida. Mas ai eu desisto,
e fico firme no meu foco de continuar aqui.
Esse lugar não é ruim, como eu já disse, é ótimo para se relaxar, o que eu estou conseguindo
fazer aqui, não muito, pois sempre me pego pensando nela e em um dilema entre voltar ou
não, mas estou conseguindo... Aos poucos eu estou conseguindo.
Fico todos os dias, horas e horas andando a cavalo, essa é uma das coisas que me tranqüiliza.
A primeira delas é atirar. Eu nunca pensei em ter um cavalo, até eu comprar uma chácara e
aprender a montar. É uma sensação libertadora, cavalgar, e quando estou fazendo isso me
esqueço de tudo. Quase tudo, pois eu penso o quanto o Gustavo ia adorar esse lugar. Posso
imaginá-lo jogando bola nesse enorme gramado, pescando no lago e cavalgando comigo. Eu
teria tanta coisa para ensinar a ele... Tanta coisa, que eu ensinaria com todo o prazer do
mundo.
Eu fico com o coração partido por não ter ligado pra ele nem um dia sequer, eu sinto tanto a
falta do meu filhão, eu espero que ele não fique bravo ou ressentido comigo por eu ter
sumido por tanto tempo. Se eu pudesse teria trago ele comigo, mas eu infelizmente não
podia... Mas um dia terei o prazer de trazê-lo aqui.
Alguns desses dias eu fui até a cidade espairecer um pouco, ficava algumas horinhas em
alguns bares e depois voltava para a chácara novamente.
Os meus dias aqui já estão acabando, o que por um lado me deixa feliz, porque eu consegui
ficar bastante tempo longe, consegui pensar, descasar um pouco e também porque eu logo
voltaria pra casa. Ai eu poderei conversar com a Sophia. Mas se ela ainda continuar com
aquela ideia louca na cabeça eu não sei o que sou capaz de fazer com ela... Eu realmente não
sei.
[...]
Estava dentro de casa e não tinha nada pra fazer, como sempre, o sol já estava se pondo e o
frio estava bom pra dormir, mas eu não queria fazer isso, o que eu queria mesmo era
cavalgar. Pra falar a verdade já virou uma espécie de vicio pra mim.
Pego a minha jaqueta de couro preta, coloco uma bota de borracha que estava na varanda e
saio.
Faço uma bela e longa caminhada até o celeiro. Abro a baia do Fênix, o meu cavalo, ele é
lindo, os seus pelos pretos e brilhantes, e o seu porte elegante deixa qualquer um amante de
cavalos doido, por mais que eu não fosse um, mas ele é lindo.
- É Fênix vamos dar uma volta, rapaz. – digo passando as mãos nele.
O selo rapidamente, pois depois de duas semanas fazendo isso todos os dias, acabei pegando
a pratica.
O levo para fora do celeiro e monto nele.
- Bora Fênix... Bora. – digo assoviando.
E assim ele fez, saiu cavalgando rapidamente por toda a área da chácara, quando eu vi, já
estávamos em um campo aberto enorme que tinha ali. E eu confesso que me senti um
verdadeiro fazendeiro pela forma que cavalgava com ele. Eu acho que todo mundo na vida
deveria experimentar fazer isso. É bem relaxante.
Eu nem sei por quanto tempo ficamos ali, só percebi que era hora de voltar quando uma
chuva forte começou a cair e já estava completamente escuro. A única coisa que iluminava
aquelas áreas são umas poucas luzes espalhadas pela chácara e a luz da lua.
Faço com que o Fênix volte para a casa, mas antes eu resolvi dar mais uma volta naquela
chuva. Estava tão bom, tirando a parte que estava me tremendo de frio, estava bom.
Quando estava passando próximo á entrada da chácara escuto algo que me faz puxar as
rédeas do cavalo rapidamente. Isso fez com que o Fênix ficasse em pé apenas sobre sua patas
e esse movimento brusco quase me fez ir ao chão, mas eu consegui me equilibrar e ele logo
voltou a ficar sobre as quatro patas. Só depois a minha mente pôde voltar a prestar atenção
no que me fez parar.
Uma voz me chamava e eu conhecia bem aquela voz.
- RODRIGO!! RODRIGO, APARECE!
É a Sophia... Mas não é possível. Ela não viria até aqui? Ou viria?
Isso não pode ser coisa da minha cabeça, não pode mesmo. Se for eu preciso urgentemente
voltar com as minhas consultas á psicóloga, pois estou ficando louco.
Faço com que o cavalo se aproxime mais da porteira e posso ver que realmente não era coisa
da minha cabeça... Não era. Era ela ali, debaixo daquela chuva me chamando.
- Rodrigo, por favor, me deixa entrar. – ela diz me olhando em suplica.
Ela estava completamente molhada, mas mesmo assim eu pude perceber que chorava.
- O que você veio fazer aqui, Sophia? – digo sério, não demonstrando toda a felicidade que
me consome nesse momento.
Ela merecia um pouquinho de gelo por me fazer esperar todo esse tempo.
- E-eu vim pra gente conversar, Rodrigo... Por favor, me deixa entrar.
Desço do cavalo e vou até a porteira abrindo-a, fazendo com que ela entre rapidamente.
A vontade que eu tenho agora é pega-la pelos cabelos e beijá-la... Beijá-la como se fosse a
ultima coisa que eu fosse fazer na vida. Mas eu não posso, pelo menos não agora, tenho que
me conter.
- O que você quer?
- A-a gente.. po-pode sair dessa chuva, pri-primeiro? – ela batia os dentes, não sabia se era
do frio ou do choro.
Simplesmente me viro e monto no cavalo. A Sophia me olha parecendo não acreditar e eu
estendo uma mão pra ela.
- Vem.
- A-a gente não vai cair? – pergunta ela com medo no olhar.
- Não. Vem.
Ela anda rapidamente até a mim, pega na minha mão, coloca o pé na cela e sube com um
pouco de dificuldade. Assim que ela se acomoda sinto os seus braços envolverem o meu
corpo e sinto a sua cabeça cair sobre as minhas costas. E porra! Isso me desmontou. Mas eu
não demonstrei. Continuei firme.
- Como eu senti falta desse perfume. – diz baixinho acariciando o meu peito.
Que droga, eu já estou começando a me excitar.
Não digo nada, apenas faço o cavalo andar e não demorou muito chegamos em frente a casa.
Eu falo para ela descer e ela imediatamente obedece.
- Me espera que eu irei levar o cavalo pra o Celeiro... Pode entrar, se quiser.
Não fico para ouvir a resposta dela e saio cavalgando.
Chego ao celeiro, retiro a cela molhada do cavalo e o tranco em sua baia novamente. Depois
volto o enorme caminho correndo, por conta da chuva, e ainda sem conseguir acreditar que ela realmente está aqui. Ela veio atrás de mim. Isso significa que ela me quer de volta.
Por mais que a minha vontade seja de pegá-la nos meus braços, beijá-la e tê-la pra mim como
se fosse a ultima coisa que fosse fazer na vida, eu não vou fazer isso. Se ela veio aqui é
porque ela sentiu realmente que estava me perdendo. E eu posso dizer que imaginava tudo,
menos ela vir até aqui, atrás de mim.
Isso já é uma prova de arrependimento e amor, apesar de eu nunca ter duvidado do amor
dela. Mas mesmo assim eu vou ouvir o que ela tem pra me dizer, antes de fazer qualquer
coisa. Por mas que a minha vontade nesse momento seja de mandá-la calar a boca e apenas
fodê-la a noite inteira, tamanha é a minha saudade por ela. Mas eu não vou fazer isso.

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Ficha do conto

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erodev

Nome do conto:
Meu Delegado - Capítulo 30

Codigo do conto:
111058

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
31/12/2017

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