Meu Delegado - Capítulo 20

Sophia
Suas mãos se encontravam uma em minha cintura me acariciando de leve e a outra em meu
rosto. Posso ver prazer em seus olhos, e o seu sorriso nojento não saia de seu rosto.
É inevitável não me lembrar de tudo aquilo novamente. Só que agora eu não posso mais ser
fraca. Não posso deixar esse medo transparecer.
Eu tenho o meu filho, que está em algum lugar desse morro, precisando de mim. E por um
momento eu tenho que respirar fundo e deixar toda essa dor, todo esse trauma de lado e
reagir. Reagir por ele.
Eu prometi pra mim mesma, que nunca mais deixaria o DG encostar em mim daquela
maneira e nem de maneira nenhuma.
Ele ia chegando mais perto e eu ia tentando tirar suas mãos de mim. Mas era em vão. Ele era
muito mais forte.
- Me solta DG. – tento deixar minha voz firme para não transparecer o medo. Mas ele não se
importa.
- Você nunca muda, não é? Sempre marrenta, fazendo cu doce, mas na hora...
Em um movimento rápido, ele consegue capturar a minha boca, e suas mãos agora envolvem
brutamente a minha cintura. Meu celular começa a tocar insistentemente em meu bolso e ele
leva a sua mão para a minha bunda e antes de tirar o meu celular do bolso ele a aperta. O
que me faz grunhir de nojo.
O DG separa a sua boca da minha por um momento e eu a limpo com as minhas mãos, tento
me soltar dele, mas ele me prendia com tanta força na parede que estava me deixando sem
ar. Ele olha no visor do celular e eu consigo ver que é o Rodrigo me ligando.
- É o merdinha, filho da puta. – diz jogando o celular com toda força na parede fazendo com
que ele pare de tocar.
Antes que eu possa dizer algo e tentar me soltar dele, ele toma minha boca novamente. Eu já
estava muito enjoada com aquilo tudo, eu sentia que poderia vomitar a qualquer momento.
Fecho minha boca com força não dando acesso nenhum para ele, e começo a distribuir socos
pelos seus braços na tentativa de me soltar. De repente eu ouço um choro na sala e uma voz
feminina.
- Diogo ele não para de chorar, faz alguma coisa, eu não aguento mais.
Nesse momento eu mordo a boca do DG com força e ele se afasta de mim. PORRA SOPHIA!
O seu olhar era de raiva. Ele leva sua mão até a sua boca que sangrava pela intensidade da
mordida. Mas antes que ele faça alguma coisa, eu saio correndo em direção a Isabela, a irmã
do DG, que estava com o Gustavo nos braços.
Pego o meu filho rapidamente de seus braços, ele me abraça com força e deixa sua cabeça
cair no meu ombro.
- Calma meu filho. – dizia passando as mãos por suas costas. – Está tudo bem. A mamãe está
aqui agora.
- ‘To com medo, mamãe.
- Não precisa ter medo meu amor. Eu estou aqui, agora. – deixo um beijo em sua bochecha e
ele me olha. Seus olhos e bochechas estavam extremamente vermelhos pelo choro.
- Eles fizeram alguma coisa com você, meu filho? Eles te machucaram?
- Você acha que eu sou um monstro, né Sophia?! Até parece que eu ia fazer alguma coisa com
o moleque, ele é meu filho.
Ele diz vindo da cozinha com um gelo na boca.
- Eu não acho que você é um monstro. Você É um, seu desgraçado. E não, ele não é o seu
filho, nunca foi e muito menos será.
- Ele é meu filho sim, porra. – ele joga o gelo no chão e vem pra cima de mim com raiva. Eu
recuo. A Isabela entra na nossa frente o impedindo de chegar mais perto.
- Diogo para. Olha o seu filho, você está assustando ele, deixando ele com medo, cacete. É
isso que você quer? Que ele tenha medo de você?
- Não caralho, mas ela falando que ele não é o meu filho, isso me tira do sério.
- Mesmo assim, você fazendo isso só vai fazer com que ele te considere menos ainda como
pai.
Eu nem sequer me atrevi a me meter na conversa, eu apenas observava.
Vê-se que a Isabela não é que nem o irmão, pelo menos é o que parece, eu nunca tive
contato com ela, até porque ela sempre foi muito na dela. Ela falava com quem falava com
ela, e como eu também era assim, o resultado era nenhuma de nós duas nos falarmos. Mas o
que eu não fazia muito questão e também pelo fato da minha mãe não gostar muito que eu
tivesse contato com ninguém do tráfico eu não me importava nem um pouco. Por mais que
ela não tivesse nada a ver com as coisas que o irmão fazia. Mas bem ou mal, ela vivia daquilo.
- Aah caralho tá desculpa ai. – ele diz estressado, pega uma arma que eu nem vi, mas estava
em cima da mesinha de centro, coloca na cintura e sai da casa.Segundos depois ele volta e aponta a arma pra mim.
- Não tente nenhuma gracinha pra tentar sair daqui, ou você já sabe. – a sua voz tinha um
tom frio, que me fez arrepiar por inteira, eu via raiva em seus olhos e verdades em cada
palavra.
Ele novamente sai, mas dessa vez não volta.
O Gustavo já tinha parado de chorar, mas mesmo assim não se desgrudou de mim. A Isabela
se senta no sofá e me chamou para sentar também. Penso duas vezes antes, mas por fim
aceito. Ela não ia me faria nenhum mal, pelo menos eu acho. O pior já foi embora e de
qualquer jeito, eu já estou aqui, já estou ferrada mesmo. O negocio agora é eu ter fé de que o
Rodrigo tenha recebido a carta e que ele venha nos tirar daqui o mais rápido o possível.
Sento-me ao seu lado, mas um pouco mais afastada.
- Eu nunca imaginaria que o Gustavo fosse filho do meu irmão... Meu sobrinho. – ela franze a
testa parecendo pensar. – Cara, isso é tão surreal. Você era a menina mais na sua que eu já vi
nessa Rocinha, eu poderia jurar de pés juntos que você era a única que nunca daria moral
para o meu irmão.
Ela falava e em cada palavra tinha incredulidade e espanto.
- Tanto que quando se espalhou por ai a noticia de que você estava grávida e não sabia de
quem era o pai, eu logo pensei que era fofoquinha de gente que não tinha o que fazer. Nunca
que a Sophia que eu via passando na rua toda quietinha e na dela, ficaria grávida tão cedo,
muito menos não saber quem era o pai do próprio filho.
- Vai ver foi por isso que o seu irmão fez o que fez. Porque ele sabia que eu nunca daria moral
pra ele.
- Como assim, Sophia? Eu não estou entendendo. O que o meu irmão fez?
- Ele me estuprou, Isabela.
- O..o quê você está me falando, Sophia? – ela parecia não acreditar nas minhas palavras.
Seus olhos se encheram de lágrimas sua expressão era de incredulidade.
- Que o seu irmão me estuprou, ele me forçou a transar com ele. O seu irmão foi o culpado de
eu não conseguir mais ser tocada por homem nenhum por três anos da minha vida. O seu
irmão foi responsável por me ferir da maneira mais suja que existe no mudo. O seu irmão
tirou a minha virgindade da pior forma possível. O seu irmão é a pessoa mais nojenta e sem
escrúpulos que eu já vi em toda a minha vida e a única coisa que eu quero dele é distancia.
Se eu estou aqui hoje, Isabela é por causa do meu filho, que ele teve a crueldade de
sequestrar.
Quando eu terminei de falar ela se encontrava em lágrimas no sofá. Ela chorava de soluçar. E
eu não entendia o porquê daquilo. Até parece que ela não conhece o irmão que tem. Ela leva as suas mãos ao rosto parecendo
não acreditar em tudo o que eu disse.
Não sei como, mas o Gustavo já estava adormecido em meu colo.
- E-eu não estou acreditando. Is-iisso não é.. não é possível, Sophia. O meu irmão, ele... ele é
bandido eu sei, mas ele não é um estuprador. Ele nunca faria uma coisa suja dessas. Ele tem
uma irmã..ele... ele não faria isso.
- Mas ele fez, Isabela, ele foi cruel. Sem pena. E posso dizer que ele não se arrependeu nem
um pouco por todo mal que ele me causou todos esses anos. O seu irmão é um doente, ele
precisa de tratamento. Ele realmente acha que eu sinto algo por ele... Huum! Mas eu sinto
mesmo, sinto nojo, sinto raiva por tudo que ele me causou. Nada mais que isso.
- E-eu... eu realmente não consigo entender como ele pode, como ele teve coragem de fazer
isso com você, Sophia. Ele sempre teve a mulher que ele queria aqui no morro, não tem
sentido ele fazer isso.
- Vai ver foi por isso. Eu era a única que não dava a mínima pra ele. Eu estava pouco me
importando se ele era ou não o dono do morro, se ele era ou não bonito, não estava nem i
para poder que ele exercia aqui, pois era exatamente isso que as mulheres gostavam nele.
Eu simplesmente não gostava dele, eu não me sentia bem com seus olhares... E com o tempo
eu aprendi que os homens gostam das mulheres difíceis, das mulheres que não dão à mínima
pra eles.
- Eu nunca imaginei que o Diogo fosse capaz de fazer uma coisa dessas, ele é sangue frio, já
fez e faz várias coisas erradas, mas agora, á estuprar alguém isso é demais pra mim.
Ela estava inconformada.
Surpreendo-me quando ela me abraça. Não consigo retribuir, pois estou segurando o
Gustavo.
- Eu queria tanto te ajudar a sair daqui, Sophia, mas eu não posso.
- E eu acho que nem conseguiria. Eu vi o tanto de bandidos armados tem ali fora. Não vai ser
tão fácil assim eu sair daqui.
- Mas eu não vou te deixar sozinha um minuto, ouviu bem? Eu não vou deixar que ele abuse
de você novamente.
- Eu nunca permitiria que ele me fizesse isso de novo. Mas mesmo assim eu agradeço, Isabela,
muito obrigada.
- Não precisa agradecer. É o mínimo que eu posso fazer. Você não tem noção do quanto eu
estou envergonhada disso tudo.
- Você não precisa se envergonhar de nada, não foi você que fez isso comigo. Mesmo assim.
Ela me da um sorriso fraco e eu retribuo.
- Você pode colocar ele no meu quarto.
- Não.
Não confio em deixa-lo sozinho nessa casa. Eu não sei do que aquele maluco é capaz de fazer.
- Ei, fica tranqüila, não vai acontecer nada com ele. Eu sei que o meu irmão é louco e eu tive
mais certeza ainda depois do que eu acabei de saber. Mas ele não faria mal nenhum ao
Gustavo. Desde quando ele chegou aqui ele tenta se aproximar, mas parece que o Gustavo
tem medo dele.
- As crianças sentem mais do que a gente quando as pessoas são do mal.
- Tá, mas fica tranquila que eu não vou deixá-lo fazer nada com o Gustavo. Pelo menos
quando eu falo, ele me ouve. E o Diogo acabou de sair agora, pelo visto foi pra boca, não vai
voltar tão cedo, e seu braço vai cansar e você deve estar com fome.
- É..eu realmente estou morrendo de fome.
- Então pronto. Vamos lá, a gente o coloca na cama e depois fazemos a janta. Tudo bem?
Ela me parecia estar sendo muito sincera, mas eu tinha medo de que desse a louca no DG e
ele machucasse o meu filho, ou disso tudo ser apenas um teatrinho dela. Mas ela me parecia
tão sincera em suas palavras. A Isabela teria que ser uma ótima atriz se ela estivesse
mentindo.
- Tudo bem.
Deixo o Gustavo no seu quarto e depois descemos para a cozinha pra fazermos algo pra
comer.
Eu estava inquieta, com medo do DG aparecer a qualquer momento e tentar algo, ou só dele
aparecer mesmo já me deixava aflita.
Eu estava torcendo para que o Rodrigo tivesse lido a carta e já estar traçando algum plano
para nos tirar daqui.
[...]
Levanto-me da cama correndo e vou até o banheiro que tinha ali naquele quarto para
vomitar todo o meu jantar. Fico cerca de dez minutos com a cabeça abaixada na borda do
vaso colocando tudo o que comi, para fora. Minha cabeça estava zonza e eu tive que me
controlar para não desmaiar. Quando me sinto um pouco melhor, levanto-me devagar, vou até a pia e lavo minha boca.
Volto novamente para o quarto e me deito na cama tentando controlar a tontura.
Isso aqui parece mais uma prisão do que um quarto. O DG nos colocou aqui dentro assim que
ele chegou da boca, ele ainda estava com raiva e nos trouxe para cá. Um quarto bem
escondido no final do corredor. Por um lado eu agradeci muito a Deus por isso, pois ele não
tentou mais nada. Apenas nos jogou aqui e disse que seria nosso quartinho por tempo
indeterminado, ou só até a gente aprender a conviver com ele. Pelo menos foi isso que ele
disse.
O quarto tem uma cama grande e um banheiro. Mas em compensação as janelas são todas
reforçadas por grades de ferro e bem fechadas com cadeados. Assim como a porta também é
trancada pelo lado de fora, também por um cadeado. Eu já estava me sentindo sufocada aqui
naquele quarto. E também fiz de tudo para não dormir, com medo de que isso tudo fosse um
truque e ele aparecesse de madrugada querendo me estuprar de novo. Mas o cansaço do
meu corpo falou mais alto, quando eu vi já estava acordando com o vômito entalado na
garganta. Só tive tempo de chegar ao vaso e pôr tudo pra fora.
Isso é tão estranho, eu não comi nada de diferente e nada que me fizesse mal, muito menos
estragado.
A ultima vez que eu senti esses sintomas eu estava... Grávida.
CACETE EU ESTAVA GRÁVIDA!
Mas não, não é possível. Daquela vez que eu e o Rodrigo transamos sem camisinha eu tomei
a pílula do dia seguinte e também fui ao médico para tomar os remédios certos e a Doutora
me garantiu que eu não estava grávida. Depois desse dia eu passei a tomar os remédios
certinhos, eu não me esquecia de tomar nenhum dia sequer. Até alarme para me lembrar eu
colocava.
Não! Não pode ser.
Eu não estou grávida novamente, não agora, não no meio dessa loucura toda.
Eu não posso e eu não estou.

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Comentários


foto perfil usuario coroapraiana

coroapraiana Comentou em 21/12/2017

Eu li ávidamente todos os 20 capítulos. Espero que o restante não demore. Parabéns...vc é uma escritora em potencial. Bjks...Nanda

foto perfil usuario jjilzua

jjilzua Comentou em 14/12/2017

Cade o restante do conto... delicia de conto

foto perfil usuario escritos

escritos Comentou em 12/12/2017

Tudo bem você me viciou, já pode liberar a continuação!!




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Ficha do conto

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erodev

Nome do conto:
Meu Delegado - Capítulo 20

Codigo do conto:
110217

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
11/12/2017

Quant.de Votos:
4

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