Sophia Eu não estaria sendo verdadeira com ele agindo dessa forma. Pelo simples fato de eu saber que eu tenho a minha grande parcela de culpa por ele ter feito o que fez, por ele ter agido daquela forma. Meu coração dói muito vendo-o neste estado. Eu sei que ele está arrependido da forma como agiu, mas isso não tira o grande peso das minhas costas e não muda o fato de que eu ainda preciso digerir tudo isso, não muda o fato de que eu realmente não consigo vê-lo mais da mesma forma e que ele errou. Errou por mim, mas errou. E isso me assusta. Me assusta pensar que ele foi capaz de agir dessa forma por mim. Eu sei que foi pelo meu bem e do meu filho, mas isso não me deixa menos assustada e menos culpada. Se fosse qualquer outra pessoa que tivesse feito isso, eu com certeza não me espantaria tanto, mas não foi qualquer pessoa. Foi ele. Foi o Rodrigo e eu não esperava isso vindo dele, nunca esperei. - Me desculpa Rodrigo, por favor, me desculpa. Mas eu preciso disso, eu preciso desse tempo pra eu pensar, pra eu tirar essa cul... - Você está com pena dele? Depois de tudo o que ele te fez. - ele diz parecendo um pouco indignado. - Lógico que não, não fala besteira, Rodrigo. Eu sei que nenhuma pessoa merece morrer daquela forma, e mesmo assim eu não vou ser hipócrita de dizer que eu não me sinto aliviada em saber que ele nunca mais vai atormentar a minha vida, que a partir de agora eu posso sair pela rua sem medo de estar correndo risco. Pois sim, eu me sinto muito aliviada com isso. Mas entenda que eu não queria que você tivesse feito isso, Rodrigo. Eu não queria que você tivesse sujado as suas mãos e se igualado aquele crápula. Eu não queria que.... - o bolo na minha garganta me faz parar e um soluço sai de minha boca. Meu rosto está extremamente molhado pelas lágrimas e com o Rodrigo não é diferente. – que fosse você a fazer aquilo, pelo simples fato de eu saber que você não é assim. E isso de alguma forma assusta, me assusta e ao mesmo tempo eu me sinto extremamente culpada em saber que você agiu daquela maneira por minha causa... Única e exclusivamente por minha causa, Rodrigo. - Culpada? Você não é culpada de nada, Sophia, eu fiz porque eu amo vocês e pra protegê- los, apenas. totalmente sem paciência com algumas muitas pessoas. Mas eu te conheço o bastante pra saber que você não teria coragem de fazer algo do tipo, sem um motivo muito forte... E essa droga desse motivo sou eu, eu que provoquei tudo isso. Eu não tinha que ter metido você nessa e... - Não fala besteira, Sophia, para. Vocês são a minha família. E na hora eu estava destruído, destruído por uma perca de algo que eu queria e desejei tanto.... - Desculpa, Rodrigo. - abaixo o meu rosto sobre minhas mãos e uma dor forte aperta o meu peito. - Eu sabia o quanto você desejava aquela criança, desculpa... - Amor, esquece. - ele passa suas mãos de leve em meu cabelo - Não se culpe por isso... A dor que me transformou, não foi você. Foi a mistura de tudo que estava acontecendo que acabou comigo e me fez agir daquele jeito. Você não tem culpa de nada. Eu negava com a cabeça, o meu coração doía pelas palavras ditas e escutadas. O que me deu ainda mais certeza de que eu precisava pensar, eu precisava de alguma forma tentar entende- lo e com isso fazer com que a culpa de ter o feito fazer o que fez, vá embora... Eu o amo incondicionalmente e disso eu não tenho nenhuma dúvida, mas eu tenho que ter um tempo, apenas pra eu pensar nisso tudo que aconteceu. - Rodrigo eu só te peço um tempo, por favor. Eu vou entender se você me odiar por isso, eu sei o quanto você... Você esperou por mim... O quanto você so-sofreu. E eu te amo ainda mais por isso, te amo ainda mais por... Por você na-não ter me abandonado. Só me desculpe por estar parecendo ingrata, mas eu preciso pensar, eu preciso aceitar isso... Não por você, mas por mim. - Tu-tudo bem, Sophia. - ele pega em minhas mãos e me faz olhá-lo. - Só me prometa uma coisa? Aceno a cabeça e ele continua. - Não me afasta do Gustavo, por favor. E-eu não suportaria. Deixá-lo ver o Gustavo não mudaria nada, pois consecutivamente nós teríamos contato também e isso seria muito difícil pra mim. Mas de jeito nenhum eu o privaria disso. Ele realmente é um pai pro meu filho e eu não tenho coragem de afastá-los. Se eu fizer isso, aí sim, eu seria uma puta ingrata. Pois depois de tudo que ele fez pelo meu filho todos esses meses que eu estive em coma e fora isso também, ele sempre mostrou o carinho e o amor que sente pelo Gustavo e vice-versa. Eu não tenho coragem e não seria justo com nenhum dos dois, afastá-los - Você pode vê-lo quando quiser, Rodrigo, eu não vou te impedir de fazer isso. Obrigado. - ele diz e se levanta secando o rosto. - Então eu-eu vou pra casa. - Eu também vou pra minha. – digo me levantando. - Como assim? A sua casa é aqui. - ele diz espantado. - Não Rodrigo, a minha casa é na Rocinha. - Não precisa disso, Sophia, eu não me importo de vocês ficarem aqui. O Gustavo já se acostumou com tudo e você vai fazer outra mudança. - Eu nunca, nunca me esquecerei do que você fez por mim e pelo meu filho, nunca mesmo, muito obrigada por ter me acolhido aqui e por ter me ajudado... Mas não ajudaria em nada eu continuar aqui. E o melhor a se fazer, Rodrigo é eu voltar pra minha casa. - Tudo bem, Sophia. – dá um suspiro triste e abaixa o seu olhar. - Quando você quiser vê-lo é só me ligar que eu o levo até você ou... sei lá... - Tá... Eu... eu vou ligar. Ele vai até o guarda roupa, pega uma muda de roupa e coloca, vai para o banheiro e alguns longos minutos ele volta já arrumado. - Tchau, Sophia. – diz ele olhando-me tristemente. - Tcha-Tchau Rodrigo. – não consigo impedir as lágrimas que vieram violentamente. Sinto os seus braços fortes envolto ao meu corpo, ele leva sua mão a minha cabeça encostando-a em seu peito e deixa um beijo sobre ela. - Me desculpa... - Já disse que não precisa se desculpar, Sophia, eu realmente não esperava que você fosse gostar de saber disso... Essa sua reação era tudo o que eu mais temia. Ele me solta e segura o meu rosto em suas mãos, quando dou por mim, as nossas bocas estão grudadas e eu não me afasto. Ele desce a sua mão e me prensa novamente ao seu corpo, abro a minha boca e deixo que ele entre com sua língua nela. O meu coração está quebrado, apertado e o choro se intensificou mais ainda entre o beijo. Era um claro beijo de despedida e eu me permiti aproveitar cada segundo, pois não sabia quando seria o próximo. Ele separa nossas bocas, um pouco ofegante e limpa de leve o meu rosto, deixa um beijo na minha testa e sai sem dizer nada. Ouço-o abrindo a porta do quarto do Gus e o deixo sozinho com ele. Vou para o banheiro e me enfio debaixo do chuveiro, querendo de alguma forma começar a entender desde já o que havia acontecido. Começar a mandar a culpa ir embora, pois eu sei que não aguentarei muito tempo longe dele. [...] - Eu não acredito que você vai fazer uma coisa dessas, Sophia. Minha mãe dizia incrédula enquanto eu arrumava as nossas coisas para voltarmos para a Rocinha. - Pois eu vou, mãe. - Você está sendo ingrata com ele, Sophia. Depois de tudo que ele fez por você e para a gente, você vai fazer isso? Ele te esperou todo esse tempo, ele não saia do seu lado nenhum segundo, ele se desdobrava pra conseguir dar atenção ao seu filho. – ela da ênfase no seu – Pra conseguir fazer com que ele sofresse menos por você... E agora você vem e faz isso com ele? Pelo simples fato de ele ter matado o cara que acabou com a sua vida? É isso mesmo? - Muito obrigada por me fazer sentir pior ainda do que eu já estava. - Mas é pra você se sentir mesmo, Sophia, não é certo isso que você está fazendo com ele. Não é... Ele sempre fez tudo por vocês, pelo bem de vocês e agora você vem com essa de culpada? Você também não tem culpa de nada, o único culpado é o DG e ele mereceu passar por tudo que passou nas mãos do Rodrigo. - Não é isso que está em julgamento, mãe. Não é questão de eu achar que ele merecesse isso ou não. É só que eu não queria que o Rodrigo tivesse feito o que fez. Não pelo DG, mas sim pelo Rodrigo, ele não merecia e não tinha que ter se sujado daquela maneira, por mim... E eu me sinto sim culpada por isso, eu tenho uma grande parcela de culpa nisso tudo, sim. - Você está enlouquecendo, a queda afetou realmente a sua cabeça. - Mãe, eu não quero discutir com a senhora... Eu agradeceria muito se me ajudasse a arrumar as nossas roupas para levar. Digo andando até o guarda-roupa e pegando o restante das minhas roupas e jogando em cima da cama para arruma-las na mala depois. - Você não sabe o que você está fazendo, você está deixando o homem da sua vida, o homem que te ama sair da sua vida assim... de bobeira... Eu só espero que quando você se tocar do tamanho da burrada que você está fazendo, não seja tarde demais e ele não esteja com outra. Diz e sai do quarto me deixando sozinha com os meus pensamentos. E só a hipótese de vê-lo com outra, o meu peito se aperta. Mas esse é infelizmente um risco que eu tenho que correr. Eu simplesmente não conseguiria continuar com ele vendo-o de outra forma e me culpando. Não conseguiria. [...] Já faz uma semana que eu estou de volta na Rocinha. Eu morro de saudades do Rodrigo, do seu beijo todos os dias, de ele indo me buscar no trabalho para almoçar... Mas eu estou aos poucos aquietando o meu coração em relação a tudo o que aconteceu. A culpa aos poucos está saindo, mas bem aos poucos mesmo, eu ainda me sinto muito responsável por tudo e eu realmente estou conseguindo pensar melhor em relação a tudo isso mais longe dele. Aos poucos a imagem ruim, que eu certa forma formei dele dentro de mim, também está indo embora. Eu tento colocar na minha cabeça que ele de fato não é daquele jeito. E eu sei que não é. Ele foi apenas tomado pela raiva. A Camila veio conversar comigo no mesmo dia em que eu voltei pra cá e eu expliquei tudo o que aconteceu, eu sabia que nela eu podia confiar a contar isso. Ela, assim como eu, ficou surpresa, mas não apoiou a minha atitude de me afastar, assim como minha mãe e o Rodrigo, ela não acha que eu tenha culpa e também não acha que o Rodrigo agiu errado. Mas por outro lado ela também conseguiu entender o meu lado de não querer que o Rodrigo tivesse agido daquela forma, mas por ele e não pelo DG. Esse foi o único ponto no qual ela concordou comigo, pois de resto ela teve o mesmo pensamento que minha mãe. E eu me sento realmente uma ingrata agora, mas eu prefiro não me ligar muito a isso. Eu só quero poder deitar a minha cabeça no travesseiro e não me sentir mais culpada por tudo o que aconteceu. E aos poucos, bem aos poucos, eu estou conseguindo isso. O que me deixava bem feliz. Por incrível que pareça eu consegui o meu emprego no Shopping de volta. E eu agradeci muito a Deus por isso, pois o emprego é ótimo e vai me ajudar bastante. Quando eu voltei para cá foi exatamente como eu esperava que fosse: o falatório de sempre. As pessoas nunca estavam satisfeitas em cuidarem da própria vida e tinham que vigiar as vidas alheias. As fofoqueira e as assanhadas de plantão ficam ainda mais acesas quando o Rodrigo vem aqui visitar o Gus, o que aconteceu apenas duas vezes, mas foi o que bastou para o povo falar. Até porque, ninguém está acostumado a ver um carro preto enorme parando em frente a minha casa e muito menos um homem do porte do Rodrigo saindo de dentro dele. Ai já viu né, as piriguetes da rua, como se não fosse possível, encurtam mais ainda o pedaço de pano que elas chamam roupa e ficam em grupo paradas na rua. A minha vontade era de enfiar a mão na cara de cada uma delas, tamanha é a minha raiva em vê-las se oferecendo pra ele. Mas o que me satisfaz é ver que o Rodrigo nem dá bola. Assim como ele entra sem olhar para os lados, ele sai. Agora a Rocinha está muito mais tranquila, a UPP já conseguiu tomar conta de tudo, mas é aquela coisa, né, o tráfico de verdade nunca acaba mesmo, só substitui para os bandidos de farda. Não estou falando de todos os policiais que trabalham na UPP são corruptos, pois não são, mas só nós moradores sabemos de fato o que acontece aqui dentro e a mídia esconde, mas pelo menos está muito mais tranquilo do que há alguns meses, e já conseguimos andar tranquilos pelas ruas sem medo de um confronto a qualquer momento. Essa é uma grande vantagem. Tinha acabado de chegar em casa do trabalho e encontro a minha mãe sentada na sala dando comida ao Gus. - Boa noite, gente. - Boa noite, filha. - Boa Noite, mamãe. Vou até o Gustavo, dou um beijo em sua bochecha e logo em seguida a aperto. - Que coisa gostosa, meu Deus. Ele faz uma careta, como sempre odiando que eu aperte as suas bochechas. - Ai mamãe. – ele diz passando as mãos onde eu tinha apertado. - Desculpa, mas eu não resisto. – digo sorrindo. Fico um tempinho na sala com a minha mãe e o Gus, tentando fazer com que os meus pés parassem de doer por um momento. Quando minha mãe termina de alimentar o Gustavo, ele vem para o meu colo e diz... - Mamãe eu quero ver o meu papai. – isso sempre acontecia. Sempre. Minha mãe me olha com um olhar de quem já sabia que isso aconteceria. E eu tento não me importar. - O seu papai está trabalhando, meu amor, mamãe já explicou que ele só vem quando pode. Digo passando as mãos pelos seus cabelos e eu já sabia que a qualquer momento ele dormiria, seu olhar está visivelmente cansado e como ele já estava de barriga cheia, dormiria rápido e eu agradeço por isso. - Quero que ele ‘vem logo. – diz com sua vozinha já bem grogue. - Dorme que ele logo vem. – digo por ultimo e ele logo pega no sono de vez. Minha mãe me olhava como quem já queria jogar uma de suas perolas, mas eu já logo a olhei reprovando-a. Não preciso me sentir ainda mais culpada. Ela adorava me fazer sentir assim, e eu por um lado não posso culpá-la. Se eu tivesse assistindo tudo isso de fora eu com certeza também me julgaria. Eu acho! Levanto-me com o Gus nos braços e levo para o nosso quarto, o coloco sobre a cama e retiro a minha sapatilha colocando em qualquer canto, pego uma muda de roupa e vou para o banheiro. [...] Duas semanas... Estava no restaurante junto com a Jessica no nosso horário de almoço. Conversávamos bobagens, eu amava sair com ela, pois ela me fazia rir. A Camila que não me ouça falando isso, ela já sente um baita ciúmes da Jessica, se me ouvir falando desse jeito então... Sou acordada dos meus pensamentos quando o meu celular começa a tocar em cima da mesa. Meu coração acelera quando vejo o nome do Rodrigo na tela. - Atende logo, Soph. – diz a Jessica me instigando. Ela sabe que não estamos mais juntos, lógico que não sabe o real motivo da separação, eu disse que tínhamos nos desentendido, mas também não entrei em detalhes e ela pareceu acreditar. Pego o celular e o atendo. - Alô. – parece que tem uma escola de samba dentro do meu peito. Que droga, estou parecendo àquelas adolescentes conversando com o namoradinho, toda nervosa. - Oi Sophia, sou eu. Eu sei que é você. Oi Rodrigo, como você está? - Bem. E você? - Bem também. “Melhor agora” – quis dizer, mas algo me travou. - É... – ele coça a garganta e depois continua. – É que eu queria ver o Gustavo hoje, tudo bem pra você? Eu não poderia e nem queria dizer não. Ele não vai lá desde semana passada, hoje já é sexta-feira e o Gus não para de perguntar por ele, eu não tenho coragem de ligar pedindo pra ir lá vê-lo, então o negocio é esperar ele querer ir. E eu sei que o Gustavo vai ficar muito feliz em vê-lo. - Claro Rodrigo, o Gus vai ficar muito feliz. - Não só ele. – Diz a Jessica, baixinho. Faço uma careta para ela e logo volto a minha atenção para o Rodrigo, que falava do outro lado da linha. - Então eu posso passar no Shopping pra te pegar, ai nós vamos juntos? - Eu pensei que você iria agora. - Não, agora não dá, tenho muito trabalho na delegacia e não vai dar pra sair agora. Mas se tiver muito tarde pra você, tudo bem, eu vou outro dia não quero atrapalhar. - Não, não é isso... Não tem problema nenhum, é só que eu não imaginava. - Então eu passo ai ás sete, tudo bem? - Sim, tudo bem. - Okay então... até daqui a pouco. – diz e sinto a sua voz engrossar levemente, o que me faz arrepiar de leve. - Até. Desligo o telefone e a Jessica já faz uma cara de safada e pergunta. - Huum então quer dizer que o Gosto... digo.. O Rodrigo vai vim te buscar, é? – diz com malicia em tudo, na voz, no olhar... - Vai, mas não é nada disso que você está pensando, tá... Ele quer ver o Gustavo. Não é só o Gustavo que ele quer vê não. Apenas dou uma olhada feia para ela e fico quieta na minha. Terminamos de almoçar e como sempre de costume fomos até o Mc Donalds para tomarmos um sorvete. Voltamos para o trabalho, pois o nosso horário de almoço já tinha acabado. A loja estava cheia, o que é muito bom para todas nós, conseguimos vender bastante e eu não sei quanto a elas, mas eu já estou vendo a minha comissão bem gorda no final desse mês. Isso vai me ajuda muito, pois esse dinheiro eu vou juntar para pagar os meus estudos... Por incrível que pareça o horário passou bem rápido e as 19h00min logo marcava no relógio sinalizando que eu já estava liberada. Recebi uma mensagem do Rodrigo avisando-me que já está a minha espera na entrada do Shopping e eu rapidamente subo para a nossa salinha e pego a minha bolsa, apenas, já que eu irei de carro hoje não preciso colocar a sapatilha. Despeço-me da Jessica e das outras meninas que ficariam para fechar a loja e desço rapidamente. Eu não entendia essa euforia... Merda! A quem eu estou tentando enganar? É claro que eu entendia. Eu estou morrendo de saudades do Rodrigo e quero vê-lo também. Assim que chego do lado de fora do Shopping é impossível não ver aquele enorme carro preto, muito conhecido por mim, parado em frente. O Rodrigo pisca os faróis duas vezes para que eu tenha certeza de que era ele. Mal sabe ele que não precisa disso. Vou até o carro, abro a porta e rapidamente entro, fechando-a novamente. O seu perfume maravilhoso inebria todo o carro e isso me fez fechar os olhos por alguns segundos para sentir o aroma maravilhoso. - Oi. – digo abrindo um sorriso e não conseguindo não olhá-lo por completo. Pois sim, ele está do jeito que eu mais amo e ao mesmo tempo odeio tanto... Fardado. Mas agora eu não tenho mais o direito de odiar nada, eu pedi um tempo. Certo? Certo. Assusto-me um pouco quando ele debruça o seu corpo de leve sobre o meu, passa a mão pela minha nuca segurando o meu cabelo e fazendo-me aproximar dele. Mas o seu beijo não é onde eu queria e sim na minha bochecha, onde ele deixa os seus lábios um tempo a mais. Quando dou por mim os meus olhos já estavam fechados e eu me permiti sentir o seu simples toque em minha pele. - Oi Sophia. Ele diz roucamente depois de me soltar. Sinto o meu rosto esquentar ao perceber que ele me soltou e eu continuo com os olhos fechados. Obrigo-me a abri-los e nesse momento vejo um sorriso lindo, sexy e debochado em sua boca. Ele sabe exatamente o que causa em mim. E eu não consigo e nem preciso disfarça nada. - Vamos, né? – falo tentando, inutilmente, mudar o foco. Ele sorri fraco novamente e coloca o carro em movimento. - Como você está? – começa puxando o assunto. - Indo... E você? - Também estou indo... Eu estou indo num psicólogo por causa do..do que aconteceu... Eu não estava muito bem. Merda! Olha o que eu fiz. Abaixo o meu olhar para as minhas mãos e digo... - Me desculpe por iss... - Sophia, quantas vezes eu terei que dizer que você não tem culpa de nada? - Não adianta, Rodrigo. Eu sempre me sentirei culpada... - E eu sempre te direi que você não tem culpa nenhuma. Apenas aceno de leve com a cabeça, mesmo não concordando com o que ele disse. - E... Você está vendo alguma melhora? - Ele já não me perturba mais com tanta frequência. – ele diz um pouco cabisbaixo. Isso que me mata, saber que ele estava mal por isso. - Sinto muito por isso. - Não precisa. Está tudo bem. – ele diz e me lança um breve sorriso. Não tive coragem de dizer mais nada e ficamos calados o resto do caminho. Algumas horas depois estávamos já na entrada do morro, como sempre os policiais pararam o carro do Rodrigo e ele abaixou o vidro para que os policiais o vissem. Ele mostra o seu distintivo e o policial do lado de fora se assusta. - O senhor veio em alguma missão, Delegado? – ele pergunta e me olha rapidamente. - Não. Vim visitar o meu filho. Ele novamente não consegue disfarçar a surpresa, mas diante das palavras do Rodrigo ele o deixa passar. Alguns minutos depois já estávamos estacionando em frente de casa. Ele retira o coldre da cintura e a arma que nele estava e a coloca na cintura dentro das calças. Ainda de dentro do carro já posso ver as putinhas da rua se reunindo em um grupinho olhando para o carro. Que raiva. Descemos, e assim como eu esperava os cochichos voltaram com ainda mais força. Acredito eu que seja pelo fato de elas estarem o vendo fardado, pois ele nunca veio assim. E eu sei bem o que esse homem de farda causa nas mulheres. Ooh se sei. Assim que entramos em casa e o Gustavo viu o Rodrigo, ele simplesmente deixa a minha mãe e a comida de lado e vem correndo até a gente. - Papai. – ele corre todo desengonçado e assim que chega perto do Rodrigo, ele o pega nos braços, levantando-o e logo em seguida o abraçando. - Que saudade, meu pequeno. - Saudade também, papai. – o Gus o abraçava com força. Eu deixei os dois ali e fui até o quarto. Coloquei a minha bolsa em cima da cama, tirei os meus saltos e prendi o cabelo. Volto para sala e o Rodrigo estava sentado no sofá com o Gustavo e os dois estavam em uma conversa muito empolgante, minha mãe estava na cozinha e de lá ela mesmo fala. - Fica para o Jantar, Rodrigo? Ele me olha como se estivesse pedindo a minha permissão. - Não pos... - Ele vai ficar, mãe. As palavras saem sem permissão de minha boca, mas eu não me importo. Eu realmente quero que ele fique.
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