Rodrigo Porra! Eu não podia segurar o meu pau? Eu nunca gostei de misturar sexo com trabalho. Até porque as mulheres não costumam aceitar muito essa ideia de sexo sem compromisso. Elas gostam de rotular muito as coisas e eu sabia muito bem que a Clara era uma dessas. Ontem nós saímos com alguns amigos da delegacia para beber. Eu até estava precisando espairecer um pouco. A Sophia estava me deixando louco. Eu nunca pensei que ficar sem falar com ela as poucas palavras que trocávamos normalmente, me afetaria tanto. Eu já não estou me reconhecendo mais... Fomos á um barzinho muito frequentado por policiais e passamos uma boa parte da noite ali. A Clara á todo momento se insinuava “discretamente” pra mim. Eu tentei não dar ideia. Não que ela não fosse atraente. Pois sim. Ela é. Mas eu não queria problemas. Nós trabalhamos no mesmo departamento de policia e eu não queria que depois ficasse um clima chato. Na hora de ir embora ela me pediu uma corona, disse que seu carro estava na oficina. Eu muito contra gosto lhe dei a bendita carona... Mas no meio do caminho, quando eu parei o carro no sinal vermelho, do nada ela começa a passar a mão pela minha perna e subi-la para o meu pau. Bem direta. De inicio eu lutei um pouco contra. Mas quando eu vi, ela já estava com o meu pau na boca. E já que ela queria tanto, não seria eu que tiraria o seu brinquedinho. Mas eu a tratei do jeito que ela merecia ser tratada naquele momento. Pressionei sua cabeça no meu pau fazendo com que ela o engolisse por inteiro, não me importando com o fato dela ter engasgado. Quando eu solto sua cabeça, ela a levanta rapidamente, posso ver seus olhos cheios de lágrimas e seu rosto vermelho. Ela parecendo não se importar, respira fundo e toma novamente o meu pau em sua boca. - Isso sua puta, chupa direitinho, vai. Digo e ela geme com o pau na boca. O sinal abriu e eu voltei a colocar o carro em movimento. Quando eu dou por mim já estou estacionando-o carro na garagem da minha casa. Assim que desligo o carro, gozo dentro de sua boca e ela faz questão de engolir tudinho. Entro em casa e ela vem atrás de mim. Assim que abro a porta do quarto de hospedes, a jogo na cama e não me importando com mais nada, a fodo. Da maneira que tinha que ser. Da maneira que ela merecia Vocês devem estar se perguntando agora, o porquê de eu ter a levado para o quarto de hospedes e não o meu. É simples. Na minha cama não deita qualquer uma. Eu já fiz demais trazê-la pra minha casa. Ela não merecia isso tudo. Uma foda com ela no carro já seria de bom tamanho. Mas quando eu vi já estava aqui, então... [...] Assim que eu acordei e olhei para o lado e vi a Clara deitada na cama, eu percebi a besteira que eu tinha feito. Mas agora não da mais para voltar atrás. Porra Rodrigo! Você só faz merda. Levanto-me da cama e vou ao banheiro. Faço as minhas higienes, tomo um banho e assim que saio do box, me enrolo na toalha. Volto para o quarto, mas não encontro a Clara onde eu deixei. Porra! Onde essa mulher foi? Vou para o meu quarto, coloco uma boxer e desço. Não a encontro na sala, então deduzo que esteja na cozinha. Vou para a cozinha e ela realmente está. Mas porra! O que a Sophia está fazendo aqui? Hoje era o dia de folga dela. Normalmente nesse horário ela já havia saído daqui a muito tempo. Por algum motivo, que eu realmente não sei qual. Eu fiquei com medo do que a Sophia pensaria da Clara aqui e vestida daquele jeito. Ela com certeza não é burra. Sabe que rolou algo... E caralho, eu realmente não sei por que estou me importando com o que ela vai pensar sobre isso. A Clara vem até a mim e me dá um beijo. Afasto-me dela rapidamente. Mas ai ela me mostra um lado dela que eu nunca vi. Eu trabalho com a Clara um bom tempo e nunca vi esse lado dela. Não sabia que era preconceituosa. E isso é umas das coisas que eu não tolero. Pra mim todos são iguais, independente de cor, raça ou gênero sexual. Ela falou com a Sophia de um jeito que me fez ficar com nojo de ter colocado o meu pau nessa mulher. Mandei-a sair da minha casa antes que eu mesma a levasse presa daqui. E pode ter certeza que eu faria isso. Só não fiz porque a Sophia não quis denunciá-la. Depois que ela foi embora eu percebi que estava apenas de boxer e com a Sophia muito próxima a mim. E isso não daria certo. Não daria mesmo. Então eu fui até o quarto e coloquei uma roupa. Quando eu voltei para a cozinha, ela estava encostada na bancada da pia de costas para mim. Ah essa bancada! Só de lembrar o que quase fizemos em cima dela... Para Rodrigo. Para! Vou até ela e me seguro o máximo que eu consigo para não envolvê-la em meus braços. Ela não sabe a falta que eu sinto de tocar em sua pele. De sentir os seus lábios nos meus. De ouvir sua voz... Como me faz falta ouvi-la todos os dias falando comigo. Por mais que fosse coisas simples e bobas. Eu sinto falta. Mas isso tudo é culpa minha, só minha. Otário! Assim que me coloco do seu lado na pia, ela sai de perto. Isso se tornou bem comum nos últimos dias e isso, de uma forma que eu detestava com todas as minhas forças, me matava por dentro. Eu não queria sentir o que eu sinto quando estou perto dela. Eu não queria sentir tanta vontade de tê-la pra mim, como eu sinto. Eu já me conformei em saber que o que eu sinto por essa mulher é muito mais que tesão. Eu não sei como ela conseguiu fazer isso comigo. Não sei como ela conseguiu me deixar tão vulnerável assim. Ela me tira dos meus devaneios me perguntando se eu queria que ela fizesse o meu café. Eu claro, não rejeito. Mas eu ainda não estava entendendo o porquê dela estar ali. - Aceito. Mas não era pra você estar em casa? - Sim, mas é que... - Oi gente! Cheguei. – me surpreendo com a Camila entrando na cozinha. Mas o que ela está fazendo aqui? - Camila, o que você está fazendo aqui á essa hora? - Ainda não falou com ele, né? – ela faz um pequeno bico e coloca as mãos na cintura. - Falar o quê comigo? O que está acontecendo? Solto o copo na pia, cruzo os braços e intercalo o meu olhar entre as duas. - Eu estou esperando pra ver quem vai ser a primeira a me explicar o que está acontecendo. A Sophia olha para a Camila um pouco preocupada, parecendo pedir ajuda. - É que..senhor Rodrigo.. e-eu. - É o seguinte, Rodrigo. – diz a Camila percebendo que da boca da Sophia não irá sair nada. – Precisamos da sua ajuda. - Pra quê? - Está tendo uma operação lá na Rocinha e a coisa está feia. A Sophia está preocupada, quer ver o filho e a mãe. Só que a mãe dela disse que é melhor ela não ir, pois a situação lá não está nada boa. - Mas aconteceu alguma coisa com o Gustavo? – pergunto preocupado. Por algum momento a possibilidade de ter acontecido algo com esse menino fez meu coração se apertar. - Não, senhor Rodrigo. Mas é que eu estou muito preocupada. Eu só queria ver eles e ter certeza de que está tudo bem. - E ai eu pensei que você como delegado pudesse nos ajudar a entrar lá, sei lá. – completa a Camila. - Por que não me falou isso antes, Sophia? – agora quem está preocupado sou eu. - Eu fiquei com vergonha de te pedir ajuda. - Pois não tem que ter vergonha de me pedir nada quando se trata do Gustavo. – passo as mãos rapidamente pelos meus cabelos e saio da cozinha. Vou para o meu quarto e ligo para a delegacia pedindo o numero do delegado que estava responsável por essa operação. Ligo para o delegado Borges que prontamente atende. - Oi Borges, aqui é o Delegado Rodrigo Albuquerque. - Oi Rodrigo, o que devo a sua ligação? - Eu quero que você me deixe a par sobre essa operação na Rocinha. - Desculpa a pergunta. Mas por que o senhor quer saber? A PF não é muito ligada nessas coisas. E estou sabendo que o senhor está responsável sobre outra investigação. O erro das pessoas é acharem que a policia federal só lida com “peixe grande”, digamos assim. Mas não é bem assim não. O dever da Policia Federal é exercer a segurança pública do país, bem como dos bens e interesses da união. Exercendo a atividade de policia marítima, aeroportuária e de fronteiras, repressão ao tráfico de entorpecentes, contrabando e descaminho, e exercendo com exclusividade as funções de policia judiciaria da União. Mas como geralmente nesses casos de tráfico e invasões em morros são comandados pela PM ou Civil. As pessoas acham que a PF não se envolve. - É motivo pessoal. A minha empregada mora ai. O filho dela e a mãe estão no meio disso tudo. Ela esta desesperada. Eu queria arrumar um jeito de tirar os dois daí. - Isso é loucura, Rodrigo. - Eu sei. E é por isso que eu quero que você me deixe a par de tudo o que está acontecendo. - Bom. Tudo bem... Acontece que o DG, um dos bandidos mais perigosos do Rio de Janeiro, fugiu do presidio... Assim que eu ouço esse nome, lembro-me imediatamente do dia em que a Sophia teve um pesadelo. Ela chamava por ele. Melhor. Pedia para ele parar de machuca-la. Respiro fundo tentando conter a raiva que começa a surgir dentro de mim. Que nem eu mesmo sei ao certo por que. - Recebemos denuncias de que ele estaria aqui. E de fato está. Tentamos invadir ontem, mas esses bandidos estão mais armados do que a policia. Então resolvemos recuar pela manhã, quando vimos que não ia dar jeito e que não conseguiríamos mais subir. - Há quanto tempo ele estava preso? - Três anos, mais ou menos. Foi preso em uma operação que fizemos aqui no morro. - Eu quero assumir essa operação com você. - O quê? – ele pergunta parecendo não acreditar. - Isso mesmo que você ouviu. Eu quero assumir essa operação junto com você. Eu não sei o que. Mas algo dentro de mim, diz que eu preciso pegar esse cara. Que eu preciso colocar as minhas mãos nele. - Pra mim vai ser um prazer trabalhar com o melhor delegado do Rio de Janeiro. - O prazer vai ser todo meu. Não sei por que, mas estou doido para colocar as mãos nesse bandido desgraçado. - Todos nós estamos Rodrigo. Finalizo a ligação, entro no closet, coloco minha calça jeans escura, minha blusa preta do uniforme e meu coturno. Coloco o coldre na cintura e minha arma, pego o celular e saio do quarto. Antes de ir, eu tenho que ter uma conversa com a Sophia. Eu não sei o que esse cara fez pra ela. Mas eu vou descobrir. Ela vai me contar. Ou eu não me chamo Rodrigo Albuquerque. Chego à sala e encontro as duas sentadas no sofá. - Demorou Rodrigo. Mas pelo visto parece que vai ajudar a gente. Ignoro a Camila e direciono o meu olhar para a Sophia. - Quero falar com você. No escritório. E sozinha. – assim que termino de falar me viro e vou em direção ao escritório. Entro e deixo a porta entre aberta. Me sento no sofá apoiando os meus cotovelos na perna, esperando ela chegar. Uns minutos depois ela entra na sala, com o seu típico ar de submissa... Menina assustada. Porra! Isso não é hora de se excitar Rodrigo. Foco. - Senta aqui. – digo me referindo ao sofá, onde eu estava sentado. Ela nada diz, mas poderia ver o medo estampado no seu olhar. - Senhor Rodr... - Pare de me chamar de senhor. – as palavras saíram rude demais de minha boca e fez com que ela se sobre saltasse de leve. – Pelo menos agora... Me chame de Rodrigo. Apenas Rodrigo. Ela acena a cabeça e continua. - Rodrigo, aconteceu alguma coisa? - Isso é você quem tem que me dizer. - Co-como assim? - Quem é DG e o que ele fez com você? – seus olhos se arregalam em surpresa e ela mexe sua boca diversas vezes abrindo e fechando na tentativa de dizer algo. Mas nada sai. - Eu quero a verdade. Não adianta me dizer que não foi nada, porque eu sei que houve alguma coisa. Sophia não mente pra mim, eu preciso saber. Posso ver os seus olhos agora cheios de lágrimas, que ela insistia em segurar. - E-eu não sei... Não sei do que você está falando. Nã-não aconteceu na... - Para de mentir, Sophia. – me controlo para não gritar, mas minha voz sai um pouco alterada. Me levanto do sofá e começo a andar de um lado para o outro na sala. Posso ouvir o seu choro baixinho e isso me deixa com ainda raiva desse bandido. Eu sei que ele fez algo com ela... Eu sei que fez. - Há três anos... – ela começou com sua voz baixa e tremula pelo choro. - ... Eu subia o morro. Estava vin-vindo da festa de aniversário de 17 anos da Mila. Lembro bem dessa festa. Ela ficou meses sem falar comigo porque eu não fui. Continuo andando pela sala e ouvindo atentamente cada palavra que com tanta dor saia de sua boca. - Já era um pouquinho tarde. Minha mãe tinha dito pra eu ir para a casa cedo. Ela não gostava muito quando eu dormia na casa da Mila... – seus olhos estavam fixos em suas mãos postas sobre suas pernas. – Ela e o Nando me levaram até o morro. Ela até quis subir comigo, mas eu achei muito perigoso, então a convenci que eu iria bem sozinha... Conforme ela ia falando, o choro ia caindo livremente pelo seu rosto. A cada palavra dita, ela fechava os olhos com força e respirava fundo, parecendo reviver tudo aquilo novamente. E me doía vê-la daquele jeito. Ver o sofrimento em suas palavras e em seu rosto. - Eu já estava chegando em casa... Faltava pouco. Algumas quadras. Foi quando ele apareceu. - O DG? - Sim. – solta um soluço. - Ele... Ele era nojento. Eu o odiava. Odiava a maneira que ele me olhava... Odiava o jeito que ele falava comigo. Eu sempre tive medo. Sempre procurei manter distancia.... Mas... Mas naquele dia não deu. Naquele dia éramos apenas nós dois lá. Eu aperto minhas mãos com extrema força, tamanha é a raiva que eu estou sentindo nesse momento. “Ele não fez o que eu estou pensando que fez. Ele não fez.” – eu repetia isso como um mantra na minha cabeça. Pelo próprio bem dele. Que ele não tenha feito o que eu acho que fez. - Eu estava com medo. Na verdade eu sempre tinha medo até dos olhares dele... Eu queria ir embora, sair de lá correndo. Mas eu tinha medo, medo que ele fizesse algo comigo... Mas talvez se eu tivesse corrido nada daquilo teria acontecido. - Eu já entendi. Não precisa continuar... Eu já entendi – falo entre dentes e dou um soco na parede perto de mim, encosto minha cabeça nela ficando de costas pra a Sophia. Mas já pensando numa forma de matar esse desgraçado, filho de uma puta. - Ele perguntou se eu queria carona. – ela ignora totalmente o que eu disse e continua. – Eu disse que não precisava. Mas ele insistiu. Praticamente me obrigou a sentar na moto dele. Quando dei por mim ele já estava parando a moto e frente a sua casa... Eu tentei, tentei fugir. Tentei me soltar. Mas de nada adiantou. Com muito custo me viro para olha-la e a vejo levando as mãos ao rosto. O seu choro sai ainda mais alto. Vou até ela e a abraço forte, tentando inutilmente de alguma forma tirar essa dor dela. - Não precisa continuar. Eu já entendi. Como eu pude comparar a sua dor com a minha? São situações diferentes, bem diferente. Mas que ninguém merece passar. Ela desencosta sua cabeça do meu peito e diz olhando nos meus olhos. - Eu era quase uma criança... Eu sei. Eu tinha 17 anos na época... Mas eu era... Eu era virgem e... E ele.. Ele tirou isso de mim da forma mais suja que uma pessoa poderia tirar... Eu não conseguia entender como ele sentia prazer com o meu sofrimento. Como ele sentia prazer com a minha dor... Ela não aguenta continuar e encosta sua cabeça novamente no meu peito. - Por que você não me falou isso antes Sophia? Eu podia te ajudar. - Não é assim que funciona, Rodrigo. As pessoas acham que é só chegar e falar que está tudo certo. Mas não é assim. Isso é humilhante. É vergonhoso. Nenhuma mulher merece passar por isso na vida... Nenhuma. Ela tem razão. Eu vejo como as mulheres, vitimas de abusos sexuais, agem depois. Elas ficam traumatizadas. Se sentem humilhadas. - Quem mais sabe disso? - A Camila, tia Patrícia e agora você. - A minha tia sabe e não me procurou pra te ajudar? – não acredito! - Eu pedi a ela que não contasse nada. Eu estava desesperada com a gravidez e em qual desculpa eu daria a minha mãe em relação ao pai da criança que... - Espera. – a afasto de leve a fazendo olhar pra mim. – Esse filho da puta desgraçado é o pai do Gustavo? - Sim. – ela diz e abaixa o seu olhar do meu. Parece se envergonhar. Ela não tem nada que se envergonhar. Ela tem é que ter muito orgulho de ser essa mulher forte que é. Muitas no lugar dela teria abortado, mas eu não tiro de jeito nenhum a razão delas de fazer isso. Eu não tenho a mínima ideia do quanto deva ser doloroso para uma mulher carregar um fruto de um estrupo e ao mesmo tempo conseguir amá-lo como a Sophia ama o seu filho. Do jeito que ela cuida. Como ela faz de todo o possível pela felicidade e bem estar dessa criança. Realmente essa mulher á minha frente é única. A minha admiração por ela cresce cada vez mais. A Sophia não existe. Trago-a novamente para os meus braços e sussurro no seu ouvido. - Você é a mulher mais forte que eu já conheci em toda a minha vida, Sophia. – deixo um beijo sobre sua cabeça e abraço-a com força e ela retribui da mesma maneira. - Sua mãe sabe disso? - Não. Eu não tive coragem de contar pra ela. O DG me ameaçou, disse que a mataria caso eu contasse. Típica ameaça de estuprador. - Eu disse pra ela que não sabia quem era o pai do Gus. - O quê? - Era isso ou ver minha mãe morta. E eu preferi vê-la decepcionada e com nojo de mim do que perdê-la pra sempre. Eu não acredito no que eu estou ouvindo. Ela preferiu que a mãe pensasse que ela era uma “puta” do que contar toda a verdade? - Você em momento nenhum pensou em tirar a criança? - Lógico que pensei. De cara foi a primeira coisa que veio na minha cabeça. Eu não achava que conseguiria ama-lo. Pra mim, todas as vezes que eu o olhasse eu me lembraria do estupro... E foi ai que entrou a sua tia. Ela me fez mudar de ideia. Mas pra falar a verdade eu também não conseguiria matar uma criança. Mesmo a odiando no começo, eu não conseguiria. - E ele não te faz recordar dos momentos que você passou nas mãos daquele cara? - Na primeira vez em que ele se mexeu dentro da minha barriga eu senti algo diferente. Eu senti um amor fora do normal surgi dentro de mim. Eu achava aquilo uma loucura. Eu nunca entendi essa coisa de amor incondicional que eu ouvia as mães falando, sabe? Aquele amor que você mata e morre. Eu não entendia até senti-lo mexer dentro de mim... Essa mulher é maravilhosa. Como pode alguém fazer mal á ela? Eu estou aqui totalmente arrependido da forma na qual eu a tratei dias atrás. Agora eu entendo o seu lado de se afastar. Entendo o seu medo. Isso tudo é trauma. Com certeza a partir de hoje eu vou trata-la diferente. Completamente diferente. - Agora respondendo a sua pergunta. Sim. Ás vezes eu me lembro dele. Até porque o Gustavo é muito parecido com ele. Os olhos são os mesmos. – já posso sentir minha blusa molhada por suas lágrimas. Mas eu não me importo. Não me atrevo á soltá-la um segundo sequer – Mas amor que eu sinto por ele é tão grande que eu não consigo sentir raiva dele, por de alguma forma, me tudo o que passei... Eu não sinto. - Você não existe, Sophia. – acaricio de leve as suas costas e sinto o seu corpo relaxar junto ao meu. Mas nem por isso o seu choro cessou. – Ele sabe do Gustavo? - Não. Pelo menos eu acho que não. Quando ele foi preso eu tinha acabado de descobrir a gravidez. E agora ele voltou..e-eu não sei. É disso que eu tenho medo. Rodrigo, ele é maluco. Eu não sei o que ele é capaz de fazer com o meu filho se descobrir que ele é fruto daquele estupro. Pego o seu rosto em minhas mãos a fazendo olhar nos meus olhos. - Você confia em mim? - Confio. Ela diz rápido, sem pensar. O que me dá certeza que ela realmente confiava em mim. - Então fica aqui que eu vou trazer o Gustavo e a sua mãe. - Como assim, trazer eles? - Eu não vou deixa-los lá no morro correndo perigo. Eu conheço a mente dos bandidos sei do que são capazes de fazer, Sophia. - Eu também sei Rodrigo... Mas eu não tenho o direito de tirar sua privacidade, seu silencio. - Eu não me importo... - Mas eu sim. Eu não vou trazer minha família toda pra cá... Eu... Eu só quero vê-los pra saber se eles estão realmente bem. Eu não me importaria nem um pouco com o Gustavo aqui em casa. Eu me afeiçoei a ele de uma forma que chega a me assustar. Assim como com a mãe dele. - Tudo bem, Sophia. Tive uma ideia melhor então... Não adianta que eu não vou deixa você e o Gustavo no mesmo lugar que aquele filho da puta desgraçado. Então eu vou até lá. Tento tirá-los da favela e levo para um apartamento que eu tenho em Copacabana. - Não vou... - Lá ou aqui. Você decide. Mas eu não vou deixar vocês naquele morro, pelo menos não enquanto esse cara estiver vivo, que será por pouco tempo. Ela me olha assustada. Não falo mais nada. E não. Eu não disse isso da boca pra fora. Realmente quando eu puser as mãos nesse desgraçado vou mata-lo. Mas primeiro vou fazê-lo sofrer e pagar por todo mal que causou a Sophia. - Eu não quero atrapalhar... - Sophia, você não vai atrapalhar. Eu não uso aquele apartamento, ele está lá abandonado. Não vai me custar nada levar vocês pra lá. E como eu disse, é por pouco tempo até eu meter as mãos nesse cara. - Tudo bem. Eu aceito. - Ok. Liga pra sua mãe e manda ela juntar todas as coisas de vocês. - Eu vou tentar, mas eu acho que vai ser um pouco difícil. A minha mãe é bem cabeça dura. - Você vai ser obrigada a contar a verdade pra ela. - O quê? – ela me olha assustada e faz um sinal de negação com a cabeça, repetidamente e por fim diz. – Não! - Sophia é para o próprio bem de vocês. Você também terá que denunciá-lo. - Não Rodrigo. Eu não vou fazer isso. – seus olhos estão arregalados e posso ver medo estampado neles. - Sophia, você tem que fazer isso. - Não.. Ele disse... Ele disse que ia matar a minha... - Sophia confia em mim, eu não vou deixar nada acontecer com vocês. Confia em mim. - Eu confio, mas... - Mas nada Sophia... Olha! Eu não vou te obrigar a fazer nada que você não queira. Mas isso seria o certo a se fazer. - Me deixa pensar um pouco? - Claro. Olho no relógio e vejo que já perdi tempo demais aqui. Me levanto e ela se levanta também se pondo a minha frente. - Obrigada por te me escutado. Melhor!... Por ter me entendido e não me julgado. - Você não tem que agradecer. – levo minha até a sua nuca, segurando-a de leve. Ela fecha os olhos e respira fundo. Olho para sua boca e uma vontade imensa de beija-la me atinge. Sem pensar duas vezes grudo o meu corpo no dela calmamente, para não assusta-la e com a outra mão seguro sua cintura. Ela continua com seus olhos fechado e agora sua respiração era um pouco mais acelerada. Encosto a minha testa na dela e roço nossos lábios. Ela abre levemente a boca e eu faço algo que nunca fiz antes. - Posso? Peço permissão e ela acena levemente com a cabeça. Sem pensar duas vezes, colo nossos lábios e me delicio com o seu beijo. Ela leva suas mãos para o meu cabelo os puxando de leve, eu a trago para mais perto de mim. Aprofundo o beijo e ela solta um leve gemido. Isso é novo pra mim. O beijo é terno, apaixonante. Um beijo que eu nunca tinha provado em toda a minha vida... - Gente que demora é ess...A Opa! Desculpa ai. – A Camila já ia fechando a porta novamente, mas ela já tinha estragado o clima mesmo, então... - Que porra em Camila. – digo ainda colado na Sophia que escondia o seu rosto no meu pescoço. - Desculpa gente. Não queria atrapalhar ai não, viu? - Mas atrapalhou. - Foi mau ai. – diz sorrindo boba. Já sei o que ela está pensando. - Foi péssimo! - E-eu vou lá ligar pra minha mãe. – diz a Sophia antes de sair do escritório. A Camila vem até a mim e agora me olha sério. - Rodrigo, por favor! Não brinca com ela. Ela não é igual a essas putas que vocês está acostumado a surrar, não. - Eu sei Camila. Eu já sei que ela é diferente. Eu já sei de tudo. - De tudo o quê? - Do DG. - Então você sabe que por conta disso ela é um pouco fechada, digamos assim. - Eu sei Mila. Mas eu estou disposto a enfrentar. Eu estou disposto a mudar isso... - O que fizeram com o meu primo em? – diz com um sorriso enorme. - Eu não sei. Me pergunto isso toda hora. Essa mulher virou minha vida de cabeça pra baixo e eu estranhamente gosto disso. Eu já não me vejo mais sem ela ao meu lado. Mesmo que seja assim, sem toca-la. Eu só quero tê-la por perto. - Você está apaixonado e ela também. E não adianta negar. - E nem poderia. [...] Saio de casa e dou a chave do meu apartamento para a Sophia. A Camila ficou de leva-la até lá. Antes de sair, falo para a Sophia que quando eu voltar iriamos ter uma conversa sobre nós dois. E ela apenas assentiu, mas era notória a sua timidez. Assim que entro no carro, pego o meu celular e ligo para um amigo meu que trabalha comigo. Irei precisar muito dele para tirá-los de lá. Ele ficou de se encontrar comigo no morro. Alguns minutos depois coloco o meu carro perto das inúmeras viaturas paradas ali e me junto ao Delegado Borges. - E ai Rodrigo? - Borges. – lhe dou um aceno de cabeça e aperto sua mão. - Então, eu preciso tirar duas pessoas daí. E eu vou entrar. - Isso é loucura, Rodrigo. Se você subir eles vão atirar em cima de você. - É um risco que irei correr. Mas eu tenho um plano e eu vou precisar de sua ajuda. Na verdade, só se der errado. - Se estiver ao meu alcance. – diz e faz um sinal com a cabeça para que eu continue. - É o seguinte... Eu já tenho homens de minha confiança lá em cima, inclusive pelos arredores da casa onde eu irei buscar essas pessoas. Eu irei subir por uma entrada que vem da mata, que segundo aos meus homens, está livre. Eu só preciso saber se eu posso contar com vocês se algo der errado? Eu já até chamei reforços, caso precisem. - Rodrigo os bandidos devem estar de olho em todas as entradas da favela. - Os que estavam os meus homens já demos um jeito. E nós sabemos que eles não irão colocar a cara agora, estão muito bem escondidos. Eu tenho homens infiltrados lá comigo, mas eu preciso saber se posso contar com você se algo der errado. - Claro que pode. Estamos juntos nessa, não estamos? - Estamos. Qualquer coisa eu te passo o rádio. Entro no meu carro e ligo novamente para a Sophia, ela me diz que a mãe já está a minha espera. - Rodrigo. – diz antes que eu desligue o celular. - Oi. - Se cuida, por favor. Se você perceber que é muito perigoso, desiste. - Está tudo bem Sophia. Já chegou ao apartamento? - Já. - Ok. Então não saia daí enquanto eu não chegar. - Tudo bem. Finalizo a ligação com a Sophia e ligo novamente para o Eduardo, um dos meus homens que estão infiltrados lá em cima. Ele novamente me garante que a entrada pela lateral está liberada. Vou o mais rápido que posso e quando chego à entrada, vejo os três bandidos que fazia a vigilância daquele ponto, deitados no chão com tiros em suas cabeças e dois dos meus policiais ali em pé. - Senhor Rodrigo, pode ir, está tudo limpo. É só pegar essa reta aqui que é a única que dá acesso a carros e que dá direto na casa da senhora. Assim que ele termina de me indicar o caminho, pega o seu rádio e ouço-o avisando para os outros infiltrados que eu já estava chegando. Fui dirigindo mais cuidadosamente pelas ruas desertas da favela. Podia ver alguns corpos jogados pelas vielas na qual eu passava perto. Todos os comércios estão fechados e ninguém se atrevia a colocar o rosto para fora de casa. Assim que chego ao endereço no qual a Sophia me deu, destravo as portas do carro e antes que eu possa pegar o meu celular, o Eduardo aparece ao lado do meu carro abrindo a porta e colocando duas malas dentro. - A Senhora Marta e o menino já estão vindo, senhor. - Seja rápido. Não podemos dar bobeira aqui. - Sim senhor. Ele volta para dentro da casa e não demora muito, vejo a dona Marta com o Gustavo, que dormia em seus braços. O seu olhar era desesperado, ela rapidamente entra no carro e o Eduardo coloca uma terceira mala dentro fechando a porta logo em seguida. Rapidamente dou ré no carro e saio dali. - Não sei nem como agradecer ao senhor por isso. Mas não precisava, nós estávamos bem. - Precisava sim. Quando a Sophia conversar com a senhora, a Senhora vai ver que precisava. - Como assim? - Quando chegar ao apartamento vocês conversam. – digo por fim. Volto pelo mesmo caminho que eu vim e logo eu já estava na pista. Um suspiro aliviadosai de minha boca. Graças a Deus deu tudo certo. Pra falar a verdade foi até fácil demais. Mas o importante é que eu consegui tirá-los de lá em segurança. Meia hora depois paro o carro no estacionamento do prédio. O Gustavo já estava acordado e quando percebeu a minha presença, abriu um sorriso lindo pra mim e esticou os braços para que eu o pegasse. Sem pensar duas vezes eu o pego do colo da avó. Ele envolve seus braços no meu pescoço e deixa a sua cabeça deitar no meu ombro. Eu deixo um beijo no seu pescoço e o seguro com mais firmeza em meus braços. Esse menino é tão puro. E consegue tirar o melhor de mim, nos piores momentos. Chamo uns seguranças do prédio para me ajudarem com as malas e entro no elevador junto com a dona Marta. Aperto o botão do ultimo andar e assim que o elevador para na cobertura eu abro a porta do apartamento adentrando-o. Quando a Sophia vê o Gustavo no meu colo, ela corre na minha direção nos envolve em seus braços. Ela distribui beijos pelo rosto do filho sem parar. - Filho eu fiquei tão preocupada. – ela diz encostando o seu rosto no rosto do Gustavo. Solto, por um momento, uma das mãos que eu segurava o Gustavo e envolvo-a na cintura da Sophia, trazendo-a para mais próximo. Deixo um beijo em sua cabeça e por um momento, em meio á essa loucura toda, eu me senti leve. Eu me senti bem. Me senti o Rodrigo de sete anos de idade. Quando eu era apenas um menino feliz que sonhava em seguir os caminhos do pai “herói“. Aquele menino feliz. É assim que eu me sinto quando estou perto desses dois. Um homem feliz. Olhando assim parecíamos até uma família. Mas só parecíamos.
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