Meu Delegado - Capítulo 8

Sophia
Acordo com o som do despertador. Vejo que marca cinco e meia da manhã. A segunda-feira é
o único dia em que eu não preparo o café da manha do Rodrigo, pois eu chego um pouco
mais tarde, pelo fato de eu não ter dormido em sua casa no dia anterior.
Me levanto com toda a preguiça do mundo. Vou para o banheiro, tomo um banho gelado
para me despertar, se não é capaz de eu dormir debaixo do chuveiro mesmo do jeito que eu
estou cansada. Depois de um tempo, o tempo necessário para que eu realmente me
desperte, saio do box e me arrumo. Coloco uma calça jeans escura e uma segunda pele preta.
Ajeito o meu cabelo e passo um batom nude na boca e nada mais.
Volto para o quarto, pego minha pequena bolsa que deixei arrumada. Volto novamente para
a cozinha preparo o café rapidamente, assim que pronto coloco em uma xicara e começo a
toma-lo.
- Bom dia, filha. – diz minha mãe entrando na cozinha.
- Bom dia, mãe. Não está cedo demais pra senhora estar acordada, não? Ainda são 06h00min.
- O cheiro de café me despertou e daqui a pouco terei que arrumar o Gus pra creche mesmo.
Então não faz diferença.
- Ah sim.
Levo a xicara a boca, bebendo o ultimo gole e logo em seguida a deposito dentro da pia.
Vou para o meu quarto, me sento de frente para o berço do Gus e começo a acariciar de leve
os seus cabelos, com cuidado para não acorda-lo.
Todas as segundas-feiras eu fazia a mesma coisa. Ficava um tempo ali o olhando dormir, até
eu finalmente tomar coragem de ir embora. Me doida o coração todas as vezes que fazia isso,
mas é preciso. Depois de um tempinho ali, me levanto, dou-lhe um beijo e saio do quarto.
Encontro com minha mãe na sala, me despeço dela e saio de casa.
Quando estava me virando para fechar o portão de casa, algo faz o meu corpo se petrificar no
lugar e um arrepio sobe pela minha espinha. Pisco várias vezes e mesmo com medo, decido
me virar novamente na mesma direção para ter certeza do que vi. Mas quando me viro não
há mais nada lá.
Eu poderia jurar que vi aquele par de olhos azuis que tanto assombrou minhas noites de
sono. Giro o meu corpo e varro os meus olhos por toda aquela rua a procura de algum sinal
dele. Mas não encontro nada.
“Isso é coisa da sua cabeça, Sophia. Ele está preso. Não tem como ele sair de lá.“ – tento me
convencer disso.
Deve ser coisa da minha cabeça. Deve ser por causa do pesadelo que eu tive com ele sábado.
Ele está preso, eu acho que ele não teria como sair de lá.
Pelo menos eu espero.
Tento tirar essas coisas da minha cabeça. Respiro várias vezes tentando me tranquilizar.
Tranco o portão e saio em direção ao ponto.
[...]
Finalmente chego à casa do Rodrigo e vou rapidamente preparar as coisas para o almoço.
Vou para o meu quartinho, vejo que ele jáconcertou a fechadura da porta. Troco de roupa,
colocando o meu uniforme e volto para a cozinha. Começo a adiantar as coisas para o almoço
e enquanto deixo a panela no fogo, vou para o quarto do Rodrigo para arruma-lo.
Assim que entro no quarto dele o seu cheiro inebriante entra nas minhas narinas. E parece
que aqui o cheiro dele é ainda mais forte. Começo por abrindo as cortinas e logo em seguida
fui arrumar a cama que ele deixou bagunçada. Vou para o banheiro, dou uma ajeitava em sua
bancada que estava um pouco bagunçado e depois vou para o seu enorme closet. Como o
restante do quarto, ali havia algumas pouquíssimas roupas jogadas pelo chão, nas quais eu
fui catando e separando as sujas das limpas. Quando eu abri o seu guarda roupa para
guardar as roupas limpas, eu vi que a enorme gaveta que pegava uma boa parte do guarda
roupa, que por sinal, vivia trancada por uma chave estava um pouquinho aberta. A
curiosidade tomou conta de mim. Eu sempre quis saber o que ele guardava naquela gaveta
pra haver uma tranca. Cheguei a pensar que fosse dinheiro, mas descartei essa possibilidade
quando descobri que tem um cofre no escritório.
Eu estava em uma luta interna entre abrir ou não abrir.
Se ele trancava era porque havia coisas que não me dizia respeito. Mas se ela esta abertinha
agora é porque ele já não faz questão de “me esconder” o que quer que seja que esteja ali.
Mas ele também sempre deixou claro que não gosta quando invadem a privacidade dele.
E droga! Por que eu tenho que ser tão curiosa?
Ah que se dane. Ele não está aqui mesmo. Nem vai perceber que eu mexi.
Coloco as roupas que estão em minhas mãos, em cima do sofá que tem ali no centro, volto
para perto da gaveta e termino de abri-la. Arrependendo-se logo em seguida de ter feito. Eu
posso apostar que estou querendo ficar vermelha. Consigo sentir meu rosto queimar de
vergonha. Eu não acredito no que estou vendo. Ajoelho-me de frente para a gaveta e pego
um daqueles vários chicotes nas mãos. Assim como chicotes, ali havia palmatórias, algemas,
que se não estivessem onde estão, poderia até dizer que são para o uso de trabalho dele.
Havia aqueles tipos de mordaças. E o que realmente me deixou muito constrangida;
vibradores. Muitos vibradores e plugs anal. Não entra na minha cabeça de que um cara
daquele precise de um vibrador. Será que ele não dá conta, é isso?
Não é possível, um cara daquele tamanho... Se só o jeito que ele me olha me faz sentir coisas.
Imagina esse homem em uma cama.
“Meu Deus, Sophia que pensamento é esse, garota?” – me repreendo.
Começo a reparar melhor naqueles instrumentos. Não são coisas comuns que um homem
tem em casa pra satisfazer sua parceira. Quem usa uma corrente, coleira, chicote e algemas
pra satisfazer algué...
Espera aí! Só se ele for um dominador.
Não... Será?
Por essas coisas que eu estou vendo aqui nessa gaveta, parece que sim.
Agora está explicado porque ele é daquele jeito. Agora eu entendi o que a Camila quis dizer
sobre o Rodrigo não assumir as mulheres com quem sai. Agora tudo faz sentido pra mim. Esse
jeito autoritário dele, em querer sempre dominar tudo.
Merda!
Coloco todas aquelas coisas novamente dentro da gaveta e a fecho. Pego as roupas em cima
do sofá e desço correndo. Chego à cozinha a tempo de desligar a panela de arroz que estava
prestes a queimar. Levo as roupas para a lavanderia e coloco-as na maquina de lavar.
Ainda não consigo acreditar no que eu acabei de ver. Não entra na minha cabeça isso. Ele
bate em mulheres. É isso?
[...]
Agora mais do que nunca não consigo desprender a minha atenção dele, que se encontra
sentado á mesa.
Se eu soubesse que ficaria assim não tinha mexido naquela gaveta. E seria melhor mesmo. Eu
não consigo entender como uma pessoa se submete a ser agredida e ainda deixar que o cara
transe com ela depois disso, ou durante. Sei lá.
- Algum problema, Sophia? – pergunta sem desgrudar os seus olhos de mim.
- Aãn?... – digo ficando ereta. – É... não senhor. Nenhum, por quê?
- Você está me encarando mais que o normal. Está inquieta e está me deixando também.
Droga, ele percebeu.
Cacete.
- Na-nada não senhor. Está tudo bem. É só que eu estou apreensiva pra saber se o senhor
gostou da minha lasanha.
- É boa. – diz curto e grosso.
Volta a atenção para o seu prato e eu respiro aliviada. Eu tenho que disfarçar, não posso ficar
dando na pinta desse jeito.
[...]
Já tinha ligado para minha mãe e dado um beijo de boa noite no meu filho. Agora eu me
encontrava sentada na cama com a imagem de todas aquelas coisas na minha cabeça,
novamente...
Já tinha passado da meia noite, mas eu não conseguia pregar os meus olhos. E o motivo de
tal coisa, era o homem maravilhoso do outro lado do jardim. Ele vestia apenas uma bermuda
mole e estava na academia. Eu não sei o que da na cabeça de uma pessoa em malhar a essa
hora da noite.
Obrigo-me a me deitar e tirar os meus olhos da janela. Mas nem isso me impediu de pensar
nele. De repente começou a subir um calor insuportável pelo meu corpo, o que era estranho,
pois o ar estava ligado na temperatura mais baixa. Meia hora girando na cama e nada do
sono vir e do calor abaixar, eu me sento novamente e olho para a janela e as luzes da
academia já estavam apagadas. Decido então por me levantar e ir até a casa beber um copo
d’água e pegar um ar, pra ver se esse calor passa.
Assim que entro na cozinha, acendo as luzes e vou direto para a geladeira pegar uma
garrafada de água. Levo-a até a bancada enchendo um copo com um pouco de água, logo em
seguida devolvendo a garrafa à bancada.
- Sophia é você? – a voz do Rodrigo me assustou e me fez derramar um pouco de água, que
caiu sobre o meu baby doll. O que não seria problema nenhum se ele não fosse branco e
estivesse colando nos meus seios nesse momento.
Assim que ele entra na cozinha e me vê, ele para e fixa os seus olhos nos meus seios. Eu
rapidamente cruzo os meus braços na altura dos mesmos, para os tamparem, ainda com o
copo na mão.
- Porra assim não dá. – ele disfere bem baixo, mas fui capaz de ouvir. Os seus olhos
continuavam nos meus seios, agora tampados.
Ele parece perceber que estou um pouco desconfortável, devo dizer assim. Pra falar a
verdade, nem eu mesma sei o que sinto agora. Ele tira os seus olhos dos meus seios e sobe
para me encarar.
- O que está fazendo acordada á uma hora dessas?
- Eu perdi o sono e acabei ficando com sede.
- Parece que tivemos o mesmo problema, então. – diz lentamente. Seu olhar varria por todo o
meu corpo em questão de segundos, mas logo depois ele os voltava para os meus olhos. O
meu rosto queima de vergonha e a vontade que eu tenho e de sair correndo daqui.
- Parece que sim. – digo por fim.
Não aguentando mais manter essa tensão toda. Viro-me para a pia, coloco o copo dentro da
mesma. Pego a garrafa de água para guarda-la novamente na geladeira, mas quando vou me
virar, dou de cara com uma parede de músculos na minha frente.
- Não guarde. Também quero um pouco. – diz com seus olhos fixos nos meus lábios.
Sinto-o tirar a garrafa de minha mão e ao contrário do que eu pensei, ele não se distanciou
de mim para pegar o copo. Ele vaga seu olhar pelos meus seios molhados e meus lábios. Vejoo
passando sua língua lentamente sobre seus lábios, os umedecendo, logo em seguida ele
deixa uma mordida em seu lábio inferior e volta a olhar fundo nos meus olhos. Uma estranha
vontade de beijá-lo me atinge. Mas me contenho. Nunca faria uma coisa dessas.
- Foda-se. Eu não aguento mais. – sua voz sai baixa e mais rouca que o normal.
- Do quê o Senh...
Sou impedida de continuar, pois sinto sua mão segurando forte a minha nuca, me levando
para próximo dele. Ele rapidamente coloca a garrafa de água em cima da pia e puxa a minha
cintura me colando a si. Arregalo os meus olhos em surpresa. Eu não acredito no que ele está
fazendo, mas também não recuo.
Eu quero isso. Quero muito.
Ele sobe um pouco sua mão de minha nuca e agarra os meus cabelos com força. Olha mais
uma vez para a minha boa e meus seios...
- Puta que pariu. – ele diz.
Não perde mais tempo nenhum e toma a minha boca na sua. Meu corpo começa a tremer em
seus braços. Os meus braços moles jogados aos lados do meu corpo. Meus olhos estavam
abertos em surpresa. Eu não acredito que ele me beijou. E mesmo atônica eu estava
gostando.
Obrigo-me a reagir. Abro de leve a minha boca e ele a invade brutalmente com sua língua.
Subo minhas mãos para os seus cabelos e os puxo de leve fazendo com que ele solte um
gemido na minha boca. O calor que eu estava sentindo há minutos parece que triplicou. Ele
enrola sua língua na minha e começa a fazer uns movimentos com a mesma. Movimentos
esses que estava me deixando louca. Eu sentia a minha calcinha molhar e minha intimidade
contrair.
Como isso é possível com apenas um beijo?
Ele não me tocou nem nada.
Deixo-me levar pelo beijo. Até que eu me toco do que eu estou fazendo. Isso não deveria
estar acontecendo. Isso é errado. Ele é o meu chefe. O que ele vai pensar de mim?
Ele vai achar que eu estou aqui com outras intenções. E não é.
Desço minhas mãos, que estavam nos seus cabelos, e as posiciono em seu peito. Deixo-me
aproveitar por mais alguns segundos a sensação de ter nossas bocas coladas. A sensação de
sentir o seu gosto, o seu toque. Quando vejo que já fui longe demais, o empurro. Com muita
relutância ele separa sua boca da minha. Mas continua com suas mãos em minha cintura e
sua testa colada á minha. Sua respiração, assim como a minha, está acelerada. Os seus lábios
estão rosados e inchados. Ele abre os seus olhos devagar e eles estão mais escuros. Posso
dizer que escuto de desejo.
- Is-isso... Não deveria... Não deveria ter acontecido. – falo com muita dificuldade por conta
da respiração acelerada.
Na verdade não era isso que eu queria dizer. Eu queria dizê-lo o quanto eu gostei de senti-lo.
O quanto eu gostei de estar em seus braços... Eu queria continuar neles e não sair nunca
mais.
Droga! Eu não estou mais me reconhecendo.
- Por quê? Eu sei que você queria esse beijo tanto quanto eu.
Não me dá chances nenhuma de responder e novamente sobe sua mão para a minha nuca e
toma a minha boca em um beijo ainda mais feroz que o anterior. Eu não tenho forças pra me
afastar e deixo.
O Rodrigo desce suas mãos pelo meu corpo o acariciando, fazendo-me arrepiar. El pega na
minha cintura me colocando sentada em cima da bancada da pia, a segura com força e me
aproxima mais dele. Posso sentir seu membro duro roçando na minha intimidade.
E cacete! Isso é tão bom.
Essa sensação é muito boa.
[...]
Rodrigo
Tanto que eu evitei. Tanto que eu lutei contra isso.
MAS ELA TINHA QUE MOLHAR A PORRA DO BABY DOLL BRANCO E ME DEIXAR DE PAU DURO?
Nesse momento eu perdi o pouco de juízo que eu tinha e fui pra cima dela. Não dei chances
para que ela saísse dos meus braços... Para que ela fugisse. Nem me importei se estava ou
não sendo grosseiro com ela. O que eu acredito que não, pois ela estava gostando muito. Sei
que estava.
Porra o seu gosto... Sua boca é melhor do que tudo que eu já tenha imaginado um dia. Ela é
quente, doce, maravilhosamente boa.
Porra! Se eu estou assim por conta de um beijo, não imagino o que essa mulher pode
provocar em mim, em cima de uma cama e nua.
Não dou ideia para o que ela disse. Eu sei que ela falava aquilo da boca pra fora. Ela queria o
beijo tanto quanto eu. Eu sei muito bem disso. Novamente não a deixo dizer uma palavra a
mais. Pego-a pela cintura, colocando com força em cima da bancada da pia. Esem perder
tempo nenhum calo a sua boca com a minha. Com minhas mãos apertando forte sua fina
cintura, a trago um pouco mais para perto de mim. Esfrego o meu pau ereto em sua
intimidade. Ela solta um leve gemido, que me deixa ainda mais louco de tesão. Ela enrola
suas pernas na minha cintura fazendo com que o contato seja um pouco maior. E porra! Está
muito bom. Mas seria muito melhor se estivéssemos nus e de preferencia, na minha cama.
Tiro minha mão direita de sua cintura e vou subindo lentamente por sua barriguinha. A cada
toque meu eu sentia seu corpo se arrepiar em resposta. Sem desgrudar nossas bocas, minha
mão sobe mais, ela solta um gemido mais alto e abafado quando finalmente consigo tocar
seu seio. Eles são tão durinhos e macios. Nem parece que já é mãe. Quando estava indo
passar a minha mão para o outro seio, ela desgruda rapidamente sua boca da minha e me
empurra com toda força.
A sua respiração é acelerada e suas bochechas estavam vermelhas. Eu podia ver um misto de
arrependimento e vergonha em seu olhar. Ela desce da bancada e abaixa a cabeça, em
momento nenhum ela me olha. Decido chegar perto dela novamente, mas ela se afasta.
- Não chega perto! Por favor. – ela estica os seus braços para manter uma certa distância
nossa.
- Sophia não preci...
- Isso foi um erro... Droga que vergonha. – ela está visivelmente envergonhada. Nem nos
meus olhos ela tem coragem de olhar, o seu olhar é fixo ao chão.
Percebendo que eu não irei mais me aproximar dela, ela cruza os braços e encolhe os
ombros.
- O senhor deve estar pensando que eu sou uma pu...
- Não! Lógico que não. Por que eu pensaria algo assim de você?
- O senhor ainda pergunta? Olha! Eu não sou assim tá legal. Eu não sei o que deu em mim
agora, mas...
- Tesão, isso foi o que deu em você. – digo e dou um passo para perto dela, que recua.
- O Senhor, por fav...
- Se você realmente não quiser que eu te foda agora, é melhor que pare de me chamar de
senhor.
Ela rapidamente levanta a sua cabeça, me olha assustada e dá um passo pra trás.
- E-eu vou embora daqui. É melhor você arrumar outra empregada.
- O quê? Não! Você não vai embora. Eu não vou deixar. – digo firme.
De jeito nenhum eu vou deixa-la sair da minha vid... Da minha casa desse jeito.
- Você não pode me impedir, eu vou embora sim.
Ela se vira para sair da cozinha. Mas com apenas algumas palavras ela petrifica no lugar.
- Você vai deixar o Gustavo passar necessidades por conta do seu orgulho besta?
Ela se vira. Agora com um resquício de incredulidade e raiva no seu olhar.
- Eu prefiro que ele passe necessidades, a eu ter que ir pra cama com você.
Posso ver os seus olhos lacrimejarem. Mas ela respira fundo fechando-os.
Porra! Eu não deveria ter dito isso. Não deveria tocar no nome do Gustavo. Eu estou sendo
um filho da puta jogando tão baixo desse jeito. Mas eu realmente não entendo essa reação
dela e muito menos a minha de querer tanto mantê-la aqui, perto de mim.
Muitas mulheres não perderiam a oportunidade de ir pra cama comigo. Seja pela minha
aparência. Pelo cargo que eu ocupo que enche os olhos de muitas mulheres, ou pelo meu
dinheiro. Mas com ela... Com a Sophia isso parece não ter importância nenhuma.E essa é
mais uma prova de que ela é totalmente diferente de qualquer mulher que eu venha á ter
conhecido um dia.
Sem sombra de duvidas ela é diferente.
- Olha Sophia, me desculpa. Eu errei. Realmente eu errei. Não deveria ter feito isso. Não
deveria ter te beijado.
- Não deveria mesmo. – diz séria.
- Só não vá. Pensa no Gustavo. Pensa na sua mãe. Pensa na vida melhor que você quer dar á
eles.
- Eu já disse que não vou tran...
- Eu não quero transar com você. – as palavras saíram de minha boca com mais agressividade
do que deveria.
Vejo-a ficar totalmente envergonhada, mas logo depois ele volta á expressão normal.
- Vamos esquecer o que acabou de acontecer aqui, tudo bem? Isso não significou nada. Foi só
um beijo e mais nada. Isso não vai se repetir.
Porra é tudo mentira. Se dependesse de mim isso se repetiria por muitas e muitas vezes. Se
dependesse de mim eu estaria a fodendo agora nesse exato momento. Mas algo dentro de
mim não pode e não quer deixa-la sair, não quer deixa-la ir embora. Algo dentro de mim
estranhamente quer tê-la por perto. E quando ela disse que iria embora um medo muito
grande tomou conta de mim.
- E então? Vai ficar?
Ela fecha os olhos, suspira fundo algumas vezes e quando os abre, posso ver seus olhos
coberto por lágrimas.
E porra! Isso acabou comigo.
- Pe-pelo o meu filho eu vou ficar... Mas agora quem quer distância sou eu. Agora sou eu que
peço para que só se dirija a mim em caso de extrema urgência.
Caralho! Eu não estou me reconhecendo. Eu nunca deixaria uma empregadinha falar assim
comigo. Nunca deixaria uma empregadinha me fazer exigências. Mas ela não é qualquer uma.
QUE PORRA DE MULHER!
- Vai ser melhor assim. Cada um no seu devido lugar. Você como uma simples empregada e eu
como o homem que paga suas contas.
Falo e antes que eu me vire para ir embora vejo uma lágrima descendo pelo seu olho. Isso me
machucou mais ainda.
Melhor assim.
[...]
Sophia
O meu coração esta quebrado. Eu senti uma dor tão grande quando eu ouvi aquilo tudo
saindo de sua boca.
Continuo parada aqui na cozinha deixando que as lágrimas descessem. Não movi nenhum
musculo desde o momento em que ele disse aquelas coisas pra mim e logo em seguida saiu
da daqui.
Se eu pudesse. Se tivesse opção de escolha, eu sairia por aquela porta e não voltava nunca
mais. Mas eu não posso. Eu não posso deixar esse emprego. Eu não posso deixar o meu filho
passando necessidades por um orgulho meu.
Eu não sei o que deu em mim em deixar o beijo chegar onde chegou. O pior é que eu estava
gostando. Gostando muito. Gostando de sentir suas mãos fortes em minha cintura. O jeito
que ele me segurava era um pouco possessivo, um pouco grosseiro, mas nada que me
assustasse. Nada que me trouxesse más lembranças. Na verdade esse homem tem o poder de
me fazer esquecer tudo quando está por perto. Ai ele começou a me tocar de um jeito mais
intimo, que fez meu corpo inteiro se acender. Mas eu não podia. Eu não podia deixar aquilo
tudo continuar. Eu sabia muito bem onde aquilo tudo iria parar. E eu não sei se ainda estou
preparada pra isso. E mesmo se estivesse, não seria com ele que aconteceria. Nunca que
permitiria algo assim. Então eu me afastei.
Eu não sabia onde enfiar minha cara. Não sabia o que fazer. A vergonha tomou conta de mim
e a primeira coisa que veio a minha cabeça, foi ir embora, sair dessa casa... Da vida dele. Eu
não suportaria olha-lo todos os dias e lembrar o que aconteceu aqui nessa cozinha. Quando
ele tocou no nome do meu filho, eu tive a certeza de que teria que sair daqui. Eu não
imaginava que ele seria tão baixo ao ponto de usar o Gustavo para me levar pra cama... Mas
não. Não era isso. Ele deixou bem claro que não me queria. Deixou bem claro que o beijo não
significou nada. Deixou bem claro que eu não passava de uma empregadinha pra ele... Deixou
bem claro que ele pagava as minhas contas.
E na medida em que ele ia dizendo essas palavras, uma vontade grande de chorar me invadia.
Mas eu não ia fazer isso. Não na frente dele...
Enxugo as lágrimas que teimavam em cair. E nem eu sabia o real motivo de estar chorando
tanto assim. Não sei se foi pelo sentimento de rejeição dele, por ele deixar bem claro que eu
não passo de uma empregada, ou por ele ter jogado na minha cara que eu dependo dele. O
que não é de toda mentira, pois se não fosse por ele me dar uma chance eu nem sei o que
seria de mim e da minha mãe com aquela aposentadoria dela.
Resolvo voltar para o meu quarto. Eu não quero correr o risco dele voltar para a cozinha e me
ver chorando desse jeito.
Tranco a porta do quarto e me jogo na cama obrigando as lágrimas a pararem de cair...
Proíbo-me de chorar por causa dele. Ele não merece... Eu não mereço.
[...]
A semana que se passou, foi a pior de todas. Nós não nos falamos uma vez sequer. Não que
antes nos falássemos como se fossemos melhores amigos, também não era assim. Mas posso
dizer que pelo menos não ficava um clima chato e incomodo entre a gente.
Parecia que a cada dia que se passava e eu ali perto, mas ao mesmo tempo tão longe dele, o
que eu sento por ele ia crescendo mais e mais. E eu me odeio muito por isso. Eu me odeio
por estar nutrindo um sentimento por um cara que apenas me ver como uma empregada.
Hoje já é sexta-feira e eu estou arrumando a minha pequena bolsa para voltar pra casa
amanhã e ver o meu filho. A única coisa que me deixava feliz nesse momento.
O Rodrigo não veio para casa jantar. Melhor. Ele até veio, mas se arrumou e saiu sem nem
mesmo dizer pra onde. Mas eu não esperava que ele fizesse isso. E também não me
importava saber para onde ele estava indo. Com certeza bater em alguma mulher por ai.
Desde o dia em que eu vi aquelas coisas em seu quarto, a ideia de que ele é um dominador
não sai da minha cabeça. Mas eu também não me atreveria a perguntar, até porque ele iria
saber que eu mexi nas coisas dele sem sua autorização e poderia sobrar pra mim.
Assim que termino de arrumar a minha bolsa, pego o meu celular com a intenção de ligar
para a minha mãe. Mas ela é mais rápida.
- Oi mãe. – atendo o celular.
- Filha. – sua voz era de desespero. Podia ouvir o choro do Gustavo bem alto atrás e um
barulho que eu conheço muito bem: de tiro.
E na mesma hora eu já comecei a entrar em desespero.
- Mãe o que está acontecendo? – pergunto, preocupada.
- Filha, não vem pra casa manhã. A policia está subindo o morro.
- Que droga mãe. Como assim? Por quê?
- O DG minha filha, ele voltou.
Quando ouço o nome daquele nojento, meu corpo começa a tremer e a certeza de que sim,
eu o vi naquele dia, toma conta de mim. Não consigo impedir e as lágrimas já começam a
descer sem parar.
- Mã-mãe, como assim ele voltou? Ele estava preso, mãe. – me controlo para não gritar.
Ainda podia ouvir os tiros do outro lado da linha que era o que me deixava ainda mais
desesperada. Com medo de que alguma bala acerte o meu filho ou minha mãe.
- Ele fugiu e voltou para o morro, minha filha. A policia parece ter descoberto que ele está
aqui e estão atrás dele. O tiroteio está muito forte. O Gustavo está assustado, não para de
chorar.
- Mãe, por favor, me diz que isso é mentira. Me diz que ele não voltou. – o choro sai com
tanta intensidade, que o meu pescoço e seios já estão totalmente molhados pelas lágrimas.
- Minha filha, fica calma...
- Mãe! Como eu posso ficar calma? Esse nojento voltou. Vocês estão agora no meio de um
tiroteio. NÃO TEM COMO EU FICAR CALMA, MÃE.
Levanto-me da cama e começo a andar de um lado para o outro no quarto, procurando
alguma solução. Mas não tinha. Não há nada que eu possa fazer nesse momento.
- Mãe, pelo menos me diz que a senhora e o Gus estão protegidos?
- Sim minha filha, nós estamos aqui encolhidinhos no chão. Eu estou tentando distrair o Gus,
mas não adianta. O barulho dos tiros está ficando cada vez mais alto e está assustando-o
mais ainda.
- Meu Deus, mãe! Coitado dele. -Uma sensação de impotência toma conta de mim. Eu deveria
estar lá com o meu filho protegendo-o. Ele não merece passar por uma situação dessas. Ele é
tão pequeno.
- Filha, fica tranquila. Vai ficar tudo bem. Ora minha filha, ora.
- Mãe eu não quero saber, eu vou para ai amanhã. Eu vou tirar vocês dois daí.
- Sophia, você vai tirar a gente daqui e nos levar pra onde? Para e pensa. Nós não temos pra
onde ir.
- NÃO SEI MÃE! EU DOU O MEU JEITO, MAS EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊS DOIS AÍ.
- Filha não adianta. Faz o que eu te falei. Fica ai esse final de semana e quando as coisas se
acalmarem aqui, você vem.
- Mas mãe... Eu não posso... – um soluço de choro sai da minha boca. Levo minha mão ao alto
da cabeça e seguro os meus cabelos com força. – Eu não posso deixar vocês ai... O meu filho...
Não posso.
- Sophia, por favor! Eu não sei o que eu faria se acontecesse algo a você. Fica ai. Eu cuido do
Gustavo. Vai ficar tudo bem aqui.
- Mãe, por favor, promete que vai me manter informada. Eu não vou consegui dormir, então
eu peço pra que me ligue sempre que der.
- Tudo bem minha filha, eu vou ligar. – ela já ia desligando quando eu a impedi.
- Mãe espera. Deixa-me falar com o Gustavo.
Eu sei que ele não vai me entender. Mas eu precisava. Eu precisava tentar acalmar o meu
filho de alguma forma. Eu sei pelo desespero do seu choro, que ele estava muito assustado.
Quando minha mãe me avisa que já posso falar eu começo tentando acalma-lo.
- Meu filho...
- Mamãe. – ele chama o meu nome em desespero, o que faz o meu coração apertar e começo
a chorar mais ainda.
- Filho, olha vai ficar tudo bem com você, tá? Não precisa ter medo a mamãe vai ir te buscar
e...
Fico alguns míseros segundos conversando com ele, tentando fazer com que ele se acalme. E
eu que deu certo, pois ele cessou o choro.
Despeço-me da minha mãe, com a promessa de que ela me manteria informada de tudo que
ocorresse por lá.
Eu não consigo acreditar que esse monstro voltou. Eu sabia que tinha o visto. Sabia que não
era coisa da minha cabeça. O desespero toma ainda mais, quando eu penso que ele já possa
estar da existência do Gustavo. Ele não é burro. Não é idiota. Ele com certeza irá ligar as
coisas e saber que o Gustavo é filho dele.
Que merda!
Ele não pode. Não pode voltar depois de tanto tempo pra assombrar a minha vida. Não
pode!
Passo a noite inteira cordada, rolando na cama. Não consegui pregar os olhos um minuto
sequer. Ouço o Rodrigo chegando, que por sinal foi um pouquinho tarde, mas não me
importei. Tinhas outras coisas muito mais relevantes para eu me preocupar naquele
momento.
Minha mãe me ligou algumas poucas vezes durante a noite, apenas para me tranquilizar. O
tiroteio ainda estava acontecendo lá, o que me deixava mais aflita. Ela me disse que com
muito custo conseguiu fazer o Gustavo se acalmar. Mas eu não. Eu não estou calma. Eu não
consigo ficar calma. Não com a minha família lá correndo risco. Não com aquele estuprador
nojento de volta.
Assim que amanheceu minha mãe me ligou dizendo que o tiroteio já havia acabado, mas que
a situação ainda estava muito feia lá na Rocinha. Os policiais ainda se encontravam no pé do
morro e a quantidade de mortos era enorme. Ainda assim ela me aconselhou a não ir para
casa. Por um lado eu agradeço, pois eu não quero trombar com aquele homem por lá. Mas
por outro, eu quero ir, pois preciso ver com os meus olhos se o meu filho está realmente
bem. E eu não vou descansar enquanto não fizesse isso. Eu darei o meu jeito, mas farei.
Por volta de 08h00minme levanto da cama e vou para o banheiro. Tomo um banho, coloco
uma bermuda um pouco acima das minhas coxas, uma regata branca e deixo os meus cabelos
soltos.
Por mais que eu vá ficar aqui esse final de semana, não significa que eu vá trabalhar. Até
porque são meus dias de folga. Assim que saio do banheiro o meu celular toca e é a Camila.
- Oi amiga.
- Soph, como você está? Já fiquei sabendo que aquele cara fugiu. E o Gus e sua mãe, estão
bem? – diz tudo muito rápido e pela sua voz está bastante preocupada.
- Amiga, eu estou com medo. Eu conheço o DG, eu sei do que ele é capaz de fazer. E se ele
descobrir o Gus e tentar fazer algo? Eu não sei o que eu faço. – a vontade de chorar
novamente me atinge, mas eu tento me controlar.
- Meu Deus fica calma Soph. Onde você está?
- Na casa do Rodrigo. Minha mãe disse que era melhor eu ficar aqui esse final de semana. As
coisas não estão nada boas pra eu subir o morro hoje.
- Eu entendo claro. E melhor você ficar ai mesmo.
- Mas Camila eu estou preocupada. O meu filho e a minha mãe estão lá sozinhos. Eu não vou
conseguir, eu tenho que vê-los pra ter certeza de que eles estão realmente bem.
- Pede ajuda ao Rodrigo.
- Não. – digo rapidamente.
- Sophia, para de ser orgulhosa. Esquece por um momento o episodio do beijo e pensa no seu
filho, na sua mãe.
Sim, a Camila sabe do beijo. Ela sabe de tudo, eu contei a ela. Até mesmo a parte em que ele
disse aquelas coisas... Mas enfim, isso não vem ao caso.
- Você tem razão. Pelo menos agora eu tenho que deixar o meu orgulho de lado.
- Eu vou ai te ajudar. Daqui a 15 minutos eu chego ai.
- Está bom Mila, obrigada.
Desligo o telefone e a na mesma hora ouço a minha barriga roncar de fome.
Saio do quarto e assim que entro na cozinha, eu paro petrificada na porta. Tento focar os
meus olhos novamente para ter certeza de que é isso que eu estou vendo; uma mulher loira
vestida com uma blusa do Rodrigo mexendo em algo dentro da geladeira.
Quem é ela? O que faz aqui?
“Que pergunta idiota, em Sophia. Tomar o seu lugar de empregada éque não foi. Pelo jeito que
está vestida, ela veio tomar foi outro lugar.”– diz a minha terrível consciência.
Não sei qual lugar ela veio roubar, eu de fato nunca tive um. Esse espaço sempre esteve
disponível.
Perdida em meus estúpidos pensamentos, que não me levam à lugar algum. Percebo que ela
notou a minha presença quando ouço sua voz falar comigo.
- Quem é você? –
Volto a minha atenção total a ela e vejo-a me olhando de cima a baixo. O seu olhar
direcionado a mim, era de total nojo.
Quando eu estava preparada para responder, o Rodrigo entra na cozinha.... MERDA!
Por que ele não colocou uma roupa?
“Uma Sophia passando vergonha em 3, 2, 1...”– diz minha consciência mais uma vez, mas dessa
vez eu tenho que concordar, eu vou passar vergonha se eu não controlar pra onde olho.
Eu nunca tinha visto-o desse jeito. O máximo foi um shorts de malhar. Mas nunca de boxer. E
meu Deus. O que é isso? Não estou falando do abdômen, pois esse eu de có cada curva, de
tanto que eu olho. Retiro o meu olhar de onde não deveria estar e viro para o outro lado.
Olho para um ponto qualquer na cozinha, apenas para tirar o foco desse homem.
- Clara, o que você está fazend...
Assim que ele percebe minha presença na cozinha, vejo pela minha visão periférica, que ele
para imediatamente e pensa em voltar por onde veio. Mas a tal da Clara é mais rápida e vai
até ele, ela praticamente pula no pescoço do Rodrigo e o beija.
Abaixo minha cabeça para não ver a cena e respiro fundo para controlar a dor no meu peito e
as lágrimas que queria descer. Mas eu não deixo. Mesmo com a cabeça levemente abaixada
consigo vê-lo afastando-a.
- Quem é essa? – ela o pergunta com o mesmo tom de nojo.
- Minha empregada. Que por sinal não deveria estar aqui, hoje. – levanto a minha cabeça e
percebo que ele tem seus olhos presos a mim.
- Desculpa senhor Rodrigo. É que eu tive um probleminha e...
- Empregada vestida desse jeito? – ela me interrompe e só o tom da sua voz, misturado com o
som irritante da mesma, começou a me tirar do sério – Parece que está aqui para outra coisa
e não pra trabalho, com esses trajes. – ela me olha novamente de cima para baixo e a
expressão de nojo continua presente.
- O que você está insinuando com isso? – digo com a raiva já transbordando.
Quem essa mulher pensa que é pra dizer isso?
- Insinuando nada. Eu estou dizendo. Isso não é roupa de empregada. Não de domestica e
sim de outro tipo de empregada. Se é que você me entende.
- Olha aqui, eu não admito que você fale assim comigo. – quando eu vi já estava de frente pra
ela, com o meu dedo apontado na sua cara.
A Clara continua com sua pose de superior e seu sorrisinho de deboche, parecendo amar a
minha reação. O que mais me doía era o Rodrigo ao lado dela, quieto. Em momento nenhum
ele se meteu para me defender.
“Mas estamos falando do Rodrigo, não posso esperar algo assim dele.” – digo a mim mesma.
- Posso apostar que é uma favelada morta de fome. Já está até querendo arranjar barraco. –
ela abre um sorriso nojento e balança a cabeça de um lado para o outro.
Ah eu não vou deixar essa mulher falar assim de mim. Não vou mesmo!
- Olha VOCÊ...
- Pare as duas. – diz o Rodrigo com sua voz firme e forte. Ele parece ter percebido que eu não
ia deixar isso barato.
Eu já estava a ponto de meter a mãos na cara dessa mulher. Eu nunca fui de partir pra
agressão. Muito pelo contrario. Eu sempre fui mais de levar desaforo pra casa do que arrumar
confusão pela rua, eu sempre detestei isso. Mas essa mulher conseguiu me tirar totalmente
do sério, a ponto de querer meter a mãos na cara dela.
O Rodrigo se vira para ela e diz.
- Acho melhor você ir embora.
- O quê? Por que Rodrigo? Eu achei que íamos passar o dia juntos. – diz com um ar de
decepção.
- Não. Acho melhor você ir.
- Está me dispensando, é isso?
- Eu não te prometi nada. Foi apenas sexo. Nunca disse que seria mais do que isso.
Ela engole em seco. Parecendo estar muito sem graça, ela dirige agora o seu olhar raivoso pra
mim, que estou me segurando para não rir de sua cara.
Se fosse outra pessoa, ou se ela não tivesse me tratado do jeito que tratou, eu até sentiria
pena dela, pois nenhuma mulher merece ser tratada assim, como ele está a tratando agora.
Mas como é ela, eu não me importo. Acho até muito bem feito.
- O que você está olhando sua negrinha?
Ainda por cima é racista?
Ah não!
- O que você disse? – pergunto sentindo a raiva voltar novamente.
O Rodrigo assim como eu a olhava com incredulidade. Quando ela se prepara para responder,
o Rodrigo a impede.
- Saia daqui agora, Clara. – ele fecha os olhos, respira profundamente e aperta as próprias
mãos com força. A raiva é presente em sua fala é nítida.
Ela parece perceber a gravidade de suas “simples” palavras.
- Rodrigo não me interprete mal...
- Eu quero que você cale a boca e saia da minha casa agora. Aproveita que eu vou te dar a
chance de trocar de roupa... Alias pode levar essa blusa com você, não irei mais usar isso.
- Rodrigo você... Está me tratando assim por causa dessazinha?
Ele fecha os olhos e respira fundo. Novamente.
- Se você não sair daqui agora mesmo eu serei obrigo a te prender por injuria racial... Na
verdade é isso que eu deveria fazer nesse momento. – ele cruza os braços e se vira pra mim. –
Se você quiser eu faço isso agora, Sophia. É só dizer.
- O que? – a Clara praticamente grita. Seus olhos estão arregalados e seu rosto passa a fazer
mais ainda jus ao nome, pois ela perdeu totalmente a cor.
O Rodrigo ainda mantinha àquela postura imponente de sempre, mas agora ele transmite
mais raiva.
- Eu estou esperando a sua resposta, Sophia. Eu só preciso dela pra fazer o que eu tenho que
fazer.
- So-sophia, você entendeu errado. Não foi isso que eu quis diz...
- Nós sabemos muito bem o que você quis dizer, Clara.
- Rodrigo... Deixa isso pra lá. – digo cansada.
- Você tem certeza, Sophia? – pergunta novamente parecendo não acreditar na minha
decisão.
- Sim. – digo e balanço a cabeça. Olho com desdém para a mulher ao lado dele e depois volto
a minha atenção para o mesmo.
- Ela não vale tudo isso. Eu tenho pessoas importantes que precisam realmente da minha
atenção neste momento. E essa aí não está inclusa... Ela não vale apena
Eu quero saber da minha família. Eu quero ver o meu filho e saber se ele está realmente bem.
Essa preconceituosa de merda eu só quero que suma daqui e não volte nunca mais.
- Já que você quer assim. – ele dá um aceno de levo com a cabeça e se vira novamente para
olhar a mulher ao seu lado. – Eu te dou cinco minutos pra te ver fora da minha casa, Clara. –
ele diz entredentes.
- Rodrigo não...
- Trinta segundos já se foram. – diz firme.
- Você não sabe a besteira que está fazendo.
Assim que a Clara sai da cozinha, o Rodrigo volta a sua atenção para mim e eu o agradeço.
- Obrigada. Eu acho que se você não tivesse se metido eu teria partido pra agressão. Ela
estava me tirando do sério.
- Eu não sabia que ela era assim. Trabalho com ela há anos e nunca a vi agindo dessa forma.
Ah então eles trabalham juntos?
Quer dizer que ela é uma policial. Então foi até bom mesmo eu não ter enfiado a mão na cara
dela, se não eu poderia até ser presa...
Alguns minutinhos depois, ela desce e avisa ao Rodrigo que está indo embora. Ele nem se
presta o papel de olhá-la, muito menos de respondê-la. Antes de ir, ela me direcionou um
olhar mortal. Mas eu não me importei. Ela tem é que me agradecer por eu não ter feito o que
deveria ter feito se eu não estivesse com a minha cabeça em outro lugar.
O Rodrigo foi para o quarto e eu abri a geladeira, peguei uma garrafa d’água e tomei um
copo. Em questão de segundos ele já está de volta na cozinha, mas desta vez, completamente
vestido. Ele se coloca ao meu lado, próximo a enorme pia, pega um dos copos dentro do
armário e se serve com a água também.
O seu cheiro, como sempre, me tirou do chão. Por isso fiz questão de me afastar.
- O senhor quer que eu faça o seu café?
Digo procurando coragem para, de alguma forma, que nem eu sei qual, lhe pedir ajuda.
- Aceito. – ele se vira de frente para mim e encosta-se à bancada da pia com o copo de água
na mão. – Mas não era pra você estar em casa, Sophia?
- Sim, mas é que...
- Oi gente! Cheguei. – diz a Camila entrando na cozinha e me interrompendo.
- Camila, o que você está fazendo aqui á essa hora?
- Ainda não falou com ele né? – ela faz um pequeno bico e coloca as mãos na cintura.
- Falar o quê comigo? O que está acontecendo?
Na mesma hora ele desencosta o seu corpo da bancada, deixando-o ereto. Coloca o copo
dentro da pia , cruza os braços na altura do peitoral e intercala seu olhar entre mim e a Camila.

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Comentários


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coroapraiana Comentou em 21/12/2017

Contos maravilhosos...votado!




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Ficha do conto

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erodev

Nome do conto:
Meu Delegado - Capítulo 8

Codigo do conto:
110204

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
11/12/2017

Quant.de Votos:
4

Quant.de Fotos:
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