Domingo a noite estava esperando Gabriel na Praça Da faculdade, que fica localizada bem próximo ao Centro de Maceió, não sabia o motivo pelo qual ele não queria que eu fosse busca-lo em casa. As meninas iam direto para Boate.
Achei estranho quando Gabriel disse que a gente iria para uma Boate gay, mas pelo que eu estava conhecendo dele, percebi que Gabriel era muito seguro de si, ele não ligava para o que os outros falavam ou pensavam, ele fazia o que queria. Todas os dias conversávamos no Whatsapp, não era nada sexual ou coisa do tipo, falávamos sobre tudo, Futebol , estudos, relacionamentos.
Gabriel era totalmente diferente do que eu imaginava e eu gostava de conversar com ele, gostava do seu sotaque paulista, de todas as nossas conversas ele nunca falou porque veio morar em Maceió, nada relacionado ao que Felipe tinha mencionado, que Gabriel tinha se metido com coisas erradas. Nunca perguntei, não era da minha conta.
- Pensando na vida ? - ele fala já ao meu lado.
- Estava distraído.
Olho para ele e vejo o quão lindo estava e cheiroso também, lembro com perfeição da calça colada em seu corpo.
- Se continuar me olhando assim, vou cobrar ingresso. - ele fala rindo.
- Palhaço ! Não entendi porque você não quis que eu fosse te buscar em casa, tem vergonha de mim ?
- Não é isso, já te disse, podemos ir ? - Gabriel fala sem dar nenhuma explicação.
Entrego o capacete a ele que logo sobe na Moto.
- É para te agarrar ?
- Fique a vontade - respondo.
Gabriel começa a rir e segura com suas mãos em meus ombros.
- "Simbora" que as meninas já estão na porta nos esperando.
Em menos de 20 minutos já estávamos na porta da Boate, assim que tiro o Capacete vejo logo Lívia, estava abraçada em uma menina linda, que apesar de ter o dobro de seu tamanho, formavam um casal lindo.
Quando dou por mim, Gabriel já estava abraçando as duas. Vê aqueles amigos se abraçando e felizes me fez lembrar de De Melo e Souza. Como eu sentia falta deles. Não percebi quando eles se aproximaram, meus pensamentos já foram interrompidos por um abraço caloroso de Lívia, assim que me solta ele me apresenta a sua namorada.
- Thales, essa é meu amor Kyra.
- Prazer ! - falo dando um abraço e dois beijos em Kyra.
Ela era linda, olhos verdes, cabelo cor de caramelo, bem branca, tinha duas covinhas nas bochechas quando sorria.
- Lívia falou muito bem de você, é um prazer te conhecer.
Eu só conhecia Lívia a menos de uma semana, mas nossa química bateu no dia que ela foi lá para casa. Ela já sabia de toda minha história, todo meu passado.
A Boate estava cheia, com pessoas de todos os tipos, Gabriel não era o único hetero, haviam vários casais héteros, e também os famosos " Papa" doidos para serem bancados por algum coroa gay. Pegamos nossas bebidas e fomos para pista de dança. Fizemos uma rodinha nós quatro e começamos a dançar, assim se seguiu a noite.
Kyra e Lívia eram bastante animadas, em nenhum momento ficamos com a impressão de segurar vela, perdi as contas de caras que deram em cima de Gabriel, ele sempre com muita educação, abraçava os caras e dizia que não curtia. notei que ele trocava olhares com uma Galega que estava com uma turma de amigos, dançando bem na nossa frente.
Quendo Lívia e Kyra começam a dançar agarradas e se pegar, Gabriel vem para meu lado, a essa altura ele já estava sem camisa.
- Não vai pegar ninguém hoje ?- ele pergunta no meu ouvido.
- Hoje só quero beber, dançar e me divertir. - respondo - E por falar nisso, você está parecendo um "Papa" que tira a camisa e fica desfilando pela boate procurando um coroa para ser bancando.
Gabriel dá uma gargalhada.
- Você é hilário Thales.
- A galega ali não tira os olhos de você, não vai investir ? - pergunto.
- Não! Hoje eu sou de vocês.
Somos interrompidos pelas meninas nos abraçando e gritando, puxando nos dois para um abraço quádruplo, pulando e dançando.
Depois de muita dança já estava exausto de tanto dançar e estava tomando uma Caipirinha no balcão, quando outro cara de muitos da noite se aproxima, para puxar conversa, não estava afim de ficar com ninguém e logo dispenso ele. Gabriel não estava mais na Pista de dança com as meninas, ainda procurei todo o local com o olhar, mas não o vi, era difícil achar alguém naquele monte de gente, com apenas as luzes do jogo de luz que tinha na área da pista. Viro minha Caipirinha e vou ao Banheiro.
A essa altura já passava das 2 da manhã, então o que mais se via eram pessoas de todos os tipos se pegando pela Boate, quando saio do banheiro, me sento no sofá e fico olhando o ambiente, ao longe vejo Gabriel saindo do meio da galera, parecia procurar alguém, até que ele me vê, abre um sorriso e vem até mim. Ele brilhava de suor.
- Estava te procurando. - Fala ele.
- Estou um pouco cansado, acho que não tenho mais idade pra isso.
- Você está na flor da idade, 30 anos é a idade perfeita.
- Sei ! Tava pegando alguém ? Não te vi na Pista com as meninas.
- Não , fui lá fora fumar um Cigarro.
- Não sabia que você fumava.
Nunca tinha visto Gabriel fumando.
- Fumo as vezes quando eu bebo. Quer sair daqui ? Queria te mostrar um lugar., Tá de boa pra Pilotar a Moto ?
- Tô de boa sim, todo o álcool que consumi hoje já saiu no suor dançando. Mas e as meninas ?
- Relaxa, elas vão ficar bem.
Nos despedimos das duas e pagamos nossas comandas, estávamos na frente da Moto, quando Gabriel acende um cigarro Black.
- Deixa só eu fumar esse cigarro pra gente ir , tudo bem ?
- Tranquilo ! Mas eu posso pelo menos saber pra onde nos estamos indo ?
- Deixa de ser curioso Thales.
Pouco tempo depois Gabriel me guiava pelas ruas da cidade, chegamos na Ponta Verde, Bairro nobre de Maceió, em frente a um grande prédio, assim que paramos, Gabriel tira e Capacete e fala com o porteiro, que estava na Guarita.
- Boa Noite Francisco!
- Boa noite Sr. Gabriel. - fala um senhor de cabelos brancos e Bigode.
Na mesma hora a porta da entrada se abre.
- Pode entrar Thales. - ele fala.
Estaciono a Moto no sub-solo do prédio prédio e vamos até o elevador. Era um prédio de luxo e eu não tinha a menor ideia do que a gente estava fazendo alí, Gabriel não falava nada, até que quando entramos no Elevador eu quebro o silêncio.
- Quem mora aqui Gabriel ?
Gabriel coloca a mão no bolso da calça e tira uma chave.
- Eu cuido da cobertura do meu tio, ele não mora aqui, vem de vez em quando, nas folgas e nas férias.
- Não sabia que sua família era tão rica, Felipe nunca comentou nada.
- Por que você sempre quer saber de tudo ? Sempre que está no controle da situação. Relaxa e deixa eu te mostrar uma coisa.
- Por que você é cheio de segredos ?
Gabriel ri, logo estávamos na cobertura do Tio de Gabriel, era um apartamento lindo, elegante e tudo de bom gosto. Achei muito estranho tudo aquilo, Felipe nunca falou que sua família era rica e aquilo me deixou um pouco assustado, Gabriel percebeu isso.
- Calma, eu vou te contar, mas antes vou pegar cerveja.
Ele some no meio do apartamento imenso, mas logo aparece com duas cervejas na mão, me dando uma .
- Vem comigo ! - ele fala .
Gabriel me leva para varanda onde dava para ver toda a orla, a praia , o céu, que parecia mais estrelado lá de cima, tinha uma Piscina que brilhava a luz da Lua.
- Esse é meu lugar, passo horas e horas aqui, olhando o Mar , as pessoas lá em baixo, as Estrelas, isso me ajuda e me acalma .
- Aqui é mesmo lindo.- falo.
- A um ano atrás eu comecei a trabalhar com meu Tio, - Gabriel fala se sentando em uma cadeira- ele tem uma pequena empresa, meu tio sempre foi o rico da família, não que minha família seja pobre, mas nada comparado a isso aqui.
Gabriel faz uma pausa, abaixa a cabeça e continua.
- Descobri que meu tio mexia com coisa errada.
- Que tipo de coisa errada ?
- Drogas ! - ele fala baixo, quase não dando para escutar - Então comecei a trabalhar com ele nesse meio também, era dinheiro fácil, comecei a levar uma vida muito errada, festas, Mulheres, Drogas. Minha mãe notou o quanto eu estava mudado e fez de tudo para me afastar do meu tio. Mas já era tarde.
Vejo lágrimas nos olhos de Gabriel, acho que não era fácil ele falar sobre aquilo comigo, então depois de uma pausa ele continua.
- Não me orgulho de nada do que fiz Thales, fiz muita coisa errada, e o pior de tudo, fiz minha mãe sofrer, meu pai morreu quando eu tinha 5 anos e minha mãe sempre me deu tudo do bom e do melhor, porque se matava de trabalhar e eu simplesmente não dei valor a isso e a fiz sofrer muito. Quando minha família soube que meu Tio era traficante, todos se afastaram dele, inclusive eu, por diversas vezes , eu quis sair desse mundo, já estava arrependido, mas ele não deixava. Então minha mãe me mandou para Maceió depois que eu fui preso com Drogas no Carro e desde então estou na casa do Felipe.
- Por que você não quis que eu fosse te buscar lá ?
- Eu não queria que Felipe visse a gente e te falasse antes de mim. Eu amo meu Primo, mas ninguém na minha família confia em mim, estou concertando as coisas, mas isso vai levar um tempo.
- Se você diz que se afastou de tudo, porque está com as chaves do apartamento do seu Tio ?
- Eu ainda tenho contato com ele, claro que não como antes, mas ele me pediu para cuidar daqui, para não deixar tudo abandonado e eu amo esse lugar. Então aceitei, esse local é uns dos poucos que não foi comprado com dinheiro sujo, foi fruto do negócio dele.
- Fico feliz que você tenha me contado sobre isso, valeu por confiar em mim.
- Eu fiz muita coisa errada Thales, e me arrependo muito disso, ainda estou sofrendo as consequências disso, mas eu estou ajeitando as coisas. Só não me pede para contar que coisas foram essas, por favor.
- Eu não vou pedir para você contar nada Gabriel, eu estou conhecendo você agora, o que você fez ou deixou de fazer no passado não interessa.
- De todos os amigos que eu tinha, só a Lívia não me abandonou, ela mora em Maceió a 5 anos, veio fazer Faculdade aqui, nunca mais voltou para São Paulo. agora eu estou construindo essa amizade com você e isso está me fazendo bem. Obrigado !
- Não precisa agradecer cara, quem diria que o cara que eu chupei na praia, iria se tornar meu amigo .
- Nossa ! Estragou o momento.
Rimos.
Ficamos ali sentados, olhando o dia amanhecer em silêncio, bebendo. Estava gostando de ficar ao lado dele, ele supria a falta de De Melo e Souza, quando o Sol estava nascendo, Gabriel me pergunta.
- Com que frequencia você visita os lugares de sexo fácil ?
- Por que essa pergunta ?
- Quero entender melhor porque você faz isso, mas se não quiser responder, de boa.
- Não tem uma frequência, vou quando o tesão bate, 2,3 vezes por semana. - respondo.
- Não é perigoso ?
- Sim é , claro que é, mas eu procuro não pensar sobre isso.
- Sinto muito !
- Pelo quê ?
- Sinto que uma pessoa tenha te machucado tanto, que fizesse você deixar de acreditar no amor. Sabe qual foi a impressão que eu tive de você quando te conheci Thales ?
- Qual ?
- Eu me identifiquei com você, achei você sozinho, com olhar triste e perdido, ai eu pensei " vou ajudar esse cara e ele vai me ajudar" , então aqui estamos.
- Então você está aqui para me ajudar ?
- Sim ! E chega desse papo depressivo e vamos mergulhar nessa piscina.
Gabriel fala já tirando a roupa e ficando só de cueca, o cara sabia que eu era gay, mas aquilo não parecia ser problema para ele, em pouco tempo Gabriel estava na piscina.
- Você vem ou não ?
Me levanto e tiro minha roupa ficando só de cueca também, mergulho na piscina, eu e ele começamos uma luta besta, entre risos e empurrões, mas logo estávamos em silêncio nos encarando, nunca tinha visto o semblante dele tão sério, me olhava com um olhar penetrante que me fez tremer . Aos pouco Gabriel vai se aproximando de mim e quando percebo ele já está na minha frente .
- Gabri...- ele coloca o dedo indicador na minha boca pedindo silêncio, com o braço esquerdo me abraça com forma e me beija, e que beijo, não lembrava da última vez que tinha beijado alguém, nos sexo casuais não rola beijos, na maioria das vezes nem trocamos sequer uma palavra.
Estava completamente entregue, sentindo seu corpo, seu pau duro já encostando no meu em baixo d'água, sua boca invadindo a minha, sua mão segurando minha nuca enquanto a outra me abraçava forte. Não !!! Isso não podia está acontecendo, não de novo, então eu o empurro, o assustando.
- Não Gabriel ! Eu não posso, eu não quero passar por isso de novo .
- Eu não sou ele Thales, eu sou Gabriel , sou outra pessoa.
Não queria ouvir, saio da piscina e pego minhas roupas.
- Preciso ir, depois a gente se fala .
Saio correndo, estava tudo confuso, aquilo não podia ter acontecido, eu prometi a mim mesmo que nunca mais iria acontecer. Vou embora com Gabriel me chamando ao fundo.
Cont...
votei pela primeira vez nessa serie, seus contos me parecem ter um padrao heterossexual, acredito que vc precisa ser mais bicha
Ainnnn Thales... Sinto muito que você tenha ficado assim.
Momentos de tensão!!! que bom, que vc está bem!!
seus contos são muitos bons e eu já tô adorando essa nova história!!
Sempre bom ler seus contos! Já estou curtindo muito essa história
Que bom que vc voltou rsrs, eu tava com saudades do seu conto perdi minha conta antiga!
nossa, tá de parabéns, adoro a sua escrita pq ela rápida e fluida...adorando.
Poxa, cada história mais linda que outra.
O diabo atenta e cupido ataca novamente. O corpo fala, a intuição TB, mas algo mais forte nos leva a beira do abismo. A adrenalina é a melhor droga e um amor só se cura com outro, mas a paixão é diferente. É como uma doença. O coração dispara, tremores e suores frios, estômago embrulha, o pau trinca, dói...mas é gostoso. Não demora!...rs
Pistantrofobia???