Tremi. Nunca tinha falado com Pedro. Sabia que ele era filho de um caso antigo do meu pai, criado longe de nós. Mas liguei de um orelhão, as moedas caindo como lágrimas no cobreado. O telefone tocou três vezes até uma voz grossa atender:
*“Alô?”*
*“É… É o Pedro?”*, engasguei, segurando a barriga como se ele pudesse ver.
*“Quem fala?”*
*“Marina. Sou… sua irmã. A filha do Seu Inácio.”*
Silêncio. Ouvi o som de um isqueiro e ele tossindo. *“Inácio? Aquele velho bêbado?”*
*“É… Ele me expulsou de casa. Tô grávida. Não tenho pra onde ir.”* Meu choro cortou a linha.
Outra pausa. Dessa vez, mais longa. *“Tá em São João ainda?”*
*“Sim.”*
*“Pega o ônibus das seis pra BH. Te espero na rodoviária.”*
*“Mas como eu vou te reconhecer?”*
*“Veste algo vermelho. E para de chorar.”*
Desligou. Fiquei parada, ouvindo o sinal interrompido, sem saber se aquela voz áspera era salvação ou outra armadilha.
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A noite caía sobre Belo Horizonte quando desci do ônibus, o vestido vermelho encardido colado ao suor, as mãos trêmulas segurando a mochila com duas mudas de roupa. Pedro estava encostado numa viatura desbotada, de braços cruzados, olhos escavados pela fadiga. *“É você a dramática?”*, ele disse, jogando uma guimba de cigarro no chão.
Antes que eu respondesse, jogou minha mochila no banco de trás e abriu a porta do carro. *“Isso é um convite pra entrar.”*
O apartamento dele, na região Leste, era um cubículo de dois quartos com cheiro de café queimado. Jogou um cobertor no sofá da sala e apontou para o banheiro: *“Toma banho primeiro. Parece que brigou com um cachorro.”* Seu quarto ficava no final do corredor.
Naquela primeira semana, descobri que por trás da casca de brutamontes havia um homem que acordava às 3h para fazer chá de camomila quando as cólicas me torciam na cama. Que passou duas noites numa cadeira de plástico do hospital, segurando minha mão durante os sustos de sangramento. Gastou mais da metade do salário para comprar fraldas e um berço de segunda mão, montado com vídeos do YouTube.
*“Você não precisa agradecer”*, ele resmungava, evitando meus olhos. *“Só não quero criança chorando de fome aqui.”*
Mas eu via. Via as xícaras de chá deixadas na mesa após meus pesadelos, o jeito dele cobrir meus pés com o cobertor enquanto eu dormia, as perguntas disfarçadas de reclamação: *“Já foi no médico essa semana ou tá inventando moda?”*
Pedro, o policial de risada rara, começou a voltar mais cedo do trabalho. Deixava o coldre em cima da geladeira e lia histórias para minha barriga — *“Pra esse mlk nascer sabendo que o mundo é ruim”*, dizia. Mas suas mãos demoravam no meu ventre, e os silêncios entre nós ficavam quentes, como o café esquecido no fogão.
Pedro tinha 35 anos, um homem alto, forte, corpo definido. Raspava o cabelo e a barba. Quanto mais ele me mimava, mais perigoso esse jogo se tornava. Por vezes, me peguei pensando besteiras sobre nós dois, sonhos proibidos. Quanto mais minha barriga crescia, mais ansiosa eu ficava. Crises e faltas de ar eram normais. Pedro sempre me acalmava e me dava algum tipo de suporte.
Numa dessas noites, acordei no chão com a visão de Pedro me levantando em seu colo.
*“Tá tudo bem, Marina. Foi só um pesadelo.”*
*“Desculpa te dar tanto trabalho, Pedro. Isso não era um problema seu.”*
*“Não esquenta. Vai dar tudo certo. Você só precisa se acalmar.”*
Assim que me deixou na cama, antes que me soltasse, me agarrei em seus braços e questionei:
*“Por que você me ajudou?”*
Ele parou, olhou em meus olhos. *“Você não tem culpa, Marina. Nosso pai é um merda. E você… você é só uma criança.”*
*“Já tenho 18”*, protestei, fraca.
*“Pois é. Uma criança.”*
Nessa hora, me descontrolei e, num ato de desejo e loucura, me joguei contra sua boca.
Pedro correspondeu, mas logo se afastou, questionando: *“Você tem certeza?”*
Apenas sussurrei, com meus lábios ainda tocando os seus: *“Por favor, Pedro… Não me abandona.”*
Dessa vez, ele veio de encontro à minha boca. Beijava minha língua, contornando a dele em movimentos circulares. Nossas salivas escorriam para fora, tudo já estava molhado. Eu vestia uma camisola surrada e uma calcinha. Quando coloquei a mão por dentro do pijama de Pedro, o safado estava sem cueca. Essa não era a única surpresa: seu pau estava rijo como uma rocha. Enquanto o tirava para fora, Pedro já arrancava minha calcinha e começou a dedilhar dois dedos em minha buceta. Assim que seus dedos ficaram encharcados, levou-os até minha boca, fazendo eu sentir meu próprio fluido. Estava perplexa, mas muito excitada. Minha buceta formigava.
Então, sua voz quebrou a sinfonia que até então era composta apenas por respirações ofegantes e movimentos de nossos corpos:
*“Fica de quatro pra mim.”*
Assim que seu pau me invadiu, fui à loucura. Tive um baita orgasmo. Não consegui ficar muito tempo nessa posição.
*“Pedro, tô cansada, meu amor…”*
Nessa hora, ele me deitou na cama e começou a me penetrar de ladinho. Eu já não tinha noção do tempo. Estava exausta, mas Pedro continuava num ritmo nem rápido nem lento — o suficiente para me maltratar.
Já estava começando a gemer e comecei a implorar:
*“Goza logo, meu amor. Não aguento mais!”*
Nessa hora, ele me colocou de costas na cama, achando o melhor encaixe para nossos corpos.
*“Só relaxa e aproveita, maninha.”*
Nisso, ele começou num ritmo rápido, mas ainda suave. Não demorou muito para que estudasse minhas pernas e o ritmo ficasse pesado e lento. Pedro me martelava ao meio. Sacou seu pau rápido e gozou em cima da minha barriga.
Caímos na cama com nossos corpos colados e assim ficamos até eu pegar no sono. Quando acordei, Pedro já havia saído para trabalhar.
E assim se passaram sete anos. Eu continuo vivendo de favor na casa do meu irmão (rsrsrs). Brincadeiras à parte, Pedro sempre me apoiou para estudar e trabalhar. Eu, que sou avoada mesmo, prefiro ficar em casa cuidando de Helena, minha filha.
Nunca mais vi meu pai. Minha mãe já nos visitou algumas vezes. Talvez ela saiba que eu e Pedro vivemos como um casal, porém ela nunca questionou. Acho que o que importa é que ele faz eu e minha filha felizes. Dedicamos parte do tempo para nos sustentar, e outra parte nos damos amor. Ele me trata como prioridade.