Cap. 16 O Limite entre a Amizade e o Amor
Estava nervoso escolhendo uma roupa para sair com Fábio, e quando me dei conta disse fiquei ainda mais nervoso, resolvi escolher uma roupa que parecesse que eu não tinha escolhido, como se não tivesse me arrumando, e depois comecei achar graça da situação, eu estava me preocupando atoa. Ele chegou as 14h07min quase pontualmente, e quando o vi de frente o portão de casa, escorado em sua moto, com uma calça jeans desbotada uma camiseta vermelha, seu sorriso era radiante demais, acho que nunca tinha o visto assim antes, talvez no dia que eu o conheci, ele tinha o mesmo sorriso. Respirei fundo e tentei parecer o mais natural possível, não tinha motivos de estar nervoso.
- Então, vamos!- disse ele
- Ah, deixa sua moto aqui, vamos de pé...-
- Não vou te levar em lugar especial!- seu sorriso estava me desconcertando
- Fábio, não viaja. Só quero conversar.-
- Eu sei. Um amigo não pode querer ir num lugar especial com seu amigo!- ele me ofereceu o capacete
- Tudo bem! Amigo!- enfatizei a palavra e acabei sorrindo
- Segura em mim.- disse ele quando subi na moto
- Não aproveita da situação.-
- Eu jamais faria isso.- disse ele sarcástico e acelerando me fazendo abraça-lo forte.
Ele me trouxe numa cafeteria, era um lugar bonito e aconchegante, sentamos nas mesas que ficavam do lado de fora, onde o clima era agradável corria uma brisa, havia poucas pessoas, pedimos chá gelado de pêssego.
- Sobre o que você quer falar?- perguntou ele
- Primeiro eu quero saber se você falou a verdade quando disse que queria ser meu amigo, e que não se importava com eu e seu irmão.-
- Ah! Então, eu quero ser seu amigo, eu não disse que não me importava com você e meu irmão.- Tentei falar mas ele foi mais rápido. - Mas se isso é o necessário pra ficar perto de você, eu irei respeitar a sua escolha. -
- Certo, obrigado!- disse tomando um gole do chá
- Mesmo sendo a escolha errada.- ele sorriu como se fosse uma brincadeira
- Sei, e porque você pensa assim?- eu poderia começar assim, pois eu queria saber sobre Flávio, e nada melhor do que o irmão dele pra me contar o que eu queria saber.
- Ah, você quer mesmo saber?-
- Quero, tô te dando a chance de falar o que pensa dele.-
- Não é o que eu penso, é o que ele é. O Flávio não tem piedade de ninguém, quando ele quer algo ele não importa de passar por cima dos outros pra conseguir o que quer. Ele e minha mãe são iguais. -
- Sua mãe? -
- É, mamãe sempre teve o Flávio como um troféu, o filho aparentemente perfeito. Ela o induziu a ser o que ele é hoje. Meu pai nunca apoiou esse tipo de coisa, e cobrava dele, que ele fizesse as coisas de modo certo e integro.-
- E porque você não é assim?-
- Eu acabei passando despercebido, enquanto eu pai pressionava Flávio e minha mão o protegia, eu tive liberdade pra fazer mais coisas, enquanto tudo o que Flávio fazia era com intuito de ganhar atenção, eu fazia por prazer, pra me divertir.-
- Então é tudo problema familiar?-
- Mais ou menos, o Flavio se aproveitava de muitas situações. Quando ele se envolveu com drogas, foi só pra chamar atenção, ele detonou um carro do meu pai, vivia de festas. E ao invés de puni-lo ele ganhou um apartamento para aprontar o que quisesse.
- E quanto as namoradas?-
- Namoradas? Ta querendo saber das garotas na minha casa aquele dia? -
- Acho que sim.- respondi sem graça e ele sorrindo.
- Ele nunca namorou por muito tempo, ele teve um caso com uma garota que minha mãe diz que ela foi que deu drogas pra ele, a Amanda. e a Marcela que inventou uma gravidez falsa pra tentar ficar com ele.-
- Ah! só essas? -
- Que eu saiba sim, alguns amigos já me disseram que ele é um promiscuo. Que ele já participou de orgias e coisas piores.-
- E quando ele parou?-
- Parece que ele parou exatamente quando te conheceu.-
- Tá querendo dizer que ele parou, pra poder ficar comigo.-
- Você nunca se apaixonaria por um alguém que se droga e se transforma num cara agressivo, que faz sexo com todo mundo e que não se importa com ninguém. Você é o tipico certinho que fantasia uma historia encantada.-
- Do jeito que falou parece que sou um garoto bobo sonhador, fácil de ser manipulado.-
- Isso foi o que a Mariana disse pra ele.-
- Ele me ama. Eu não consigo acreditar que seja mentira.-
- Eu sei, ele está realmente diferente. Até mesmo meu pai lhe deu uma segunda chance.-
- Ele pode mesmo ter mudado por mim?- perguntei olhando para o lado
- Talvez. Eu mudaria por você!-
Eu olhei em seus olhos, e notei que ele sempre me olhava com este olhar, como se estivesse reprimindo um desejo. Senti o sangue ferver dentro de mim, meu rosto ficou queimando, um calor dentro de mim a respiração cortando. E quando ele colocou sua mão sobre a minha percebi que ele estava tão quente quanto eu.
- Sabe, meu namoro com a Mari nunca foi real. Antes de eu terminar o ensino médio eu tentei terminar com ela e dizer que eu te amava...-
Ele respirou fundo. - Ela sempre soube disso, ela me fez acreditar que você nunca ficaria comigo. Que você só me suportava porque eu e ela eramos namorados. Eu tive tanto medo de você me rejeitar...-
- Desculpe Fábio, eu sinto muito! Mas não podemos trazer de volta o passado.- puxei minha mão.
- Eu sei.- Respondeu ele ainda me olhando
- Fábio, eu me sinto mal de estar fazendo isso. Eu acho que é melhor nos afastarmos e você me esquecer.-
- Mas eu não quero isso. Eu não suportaria ficar longe de você.-
- Você não pode alimentar esperanças sobre nos. Isso não vai acontecer.-
- Se tem tanta certeza então, por que se incomoda de me ver sofrer?-
- Não sei. Acho que é melhor eu ir pra casa.-
- Tudo bem eu te levo. Mas me promete que me liga de novo, que vamos sair, não me importo que seja pra você falar do Flávio. Só não me tira da sua vida.-
Eu não consegui responder, isso me fazia me sentir uma pessoa má, eu estava causando sofrimento a ele, e mesmo que eu pedisse pra ele se afastar, a verdade é que eu o queria por perto. Eu não estava apaixonado por ele, mas eu sentia um carinho por ele, e isso me fazia ter um sentimento de culpa. Não sei se posso ficar bem com isso, não sei o que devo fazer.
Me levantei sem dizer nada, ele pagou a conta e fomos embora, calados, pensativos, quando chegamos no portão de casa, ele desceu também.
- Eu não entendi, você não me respondeu nada!- disse ele ficando bem próximo de mim
- Eu não posso prometer algo que eu não posso cumprir. Mas vou fazer um esforço para sermos amigos.-
Ele me puxou me abraçou, eu não esperava esta reação, seus braços em volta de minha cintura, eu não pude fazer nada, apenas recebi seu abraço, apenas escutando nossos corações, sem pensar em nada. Talvez eu pudesse ser seu amigo, se eu realmente não lhe causasse dor.
Faço minhas as palavras do Victor =D
Nem preciso pedir por mas.