Cap. 19 O Strike!
No sábado eu já estava na casa de Flávio, terminando de me arrumar, era engraçado como o Flávio se arrumava tão rápido, eu já tinha experimentado a terceira calça para combinar com a camiseta laranjada que eu ia usar e a jaqueta preta, pois estava fazendo frio. Eu estava olhando a calça que era mais escura e bem justa, olhando no espelho meu bumbum que ficou bem arrebitado.
- Acho que vou com esta! – disse eu.
- Eu prefiro a primeira. – disse Flávio que estava me observando escolher a roupa.
- A primeira não combinou. –
- Então veste a outra. – resmungou ele.
- Essa ficou melhor. –
- Essa é muito apertada amor. Troca! –
- Ai amor, agora vai ficar com ciúmes das minhas roupas? – Eu fui ate ele e lhe dei um beijo na boca. – Isso tudo já é seu! –
Ele me jogou na cama e nos beijamos com muita paixão, se eu o deixasse me tiraria a roupa e acabaríamos ficando em casa como todos os finais de semana, mas eu queria sair com ele me divertir de outra forma que não fosse so na cama.
- Vamos amor! – Eu disse saindo debaixo dele.
- Hmm! Tudo bem, estamos quase atrasados. –
Saímos e pegamos o elevador, ele meu roubou um beijo lá dentro, então o elevador parou no quarto andar e disfarçamos, e o vizinho do outro dia entrou no elevador todo arrumado, e perfumado, de fato muito bonito. Ele olhou direto nos olhos de Flavio, e pela nossa proximidade ele deduziu que estávamos nos pegando no elevador.
- Boa noite! – disse ele sorrindo.
- Boa noite! – respondemos, Flávio e eu.
E novamente o clima tenso, todos calados, Flávio olhando para frente, o vizinho olhava disfarçadamente para Flavio e eu os observava, sem entender este clima tenso. Ele desceu no térreo e nos descemos ao subsolo, onde o carro de Flavio esta estava estacionado.
- Esse cara é afim de você. – disse eu entrando no carro.
- Porque tá falando isso? –
- Pelo jeito que ele te olha. Vai dizer que ainda não percebeu? –
- Não! Eu só tenho olhos pra você. – disse ele me dando um beijo. – E você devia parar de ficar olhando pra ele. –
- Ai meu Deus, que ciumento. Ele nem olha pra mim. –
- Não estou te entendendo, você quer que ele olhe pra você, é? –
- Tudo bem! Melhor você dirigir e pararmos com essa conversa. –
Fiquei rindo dele, como ele podia ser tão ciumento, e distorcendo as coisas, tudo bem o Flávio não tinha interesse neste cara, mas era bom ficar de olho nele, ele tinha cara de safado.
Quando chegamos ao clube de boliche, os amigos de Flavio já estavam nos esperando. Marcos usava jeans, uma camiseta vermelha e boné com aba para trás, deixando-o com uma cara de maroto, e ao nos ver abriu um sorriso mostrando todos os dentes, ele era bonito de uma forma intrigante, seu tamanho assustava um pouco. Jonas vestia jeans e camiseta branca, apenas sorriu.
- Maninho! – disse Marcos pra mim me tirando do chão num abraço.
- Oi Marcos! – respondi corado quando ele me colocou no chão de novo.
- Oi Dilan. – Disse Jonas segurando minha mão e eu respondi.
- Poxa vocês demoraram. Estavam fazendo o que? – perguntou Marcos
- A culpa é do Dilan, quase que não viemos, sabe? – Flavio respondeu usando duplo sentido.
Eu fiquei ainda mais corado, enquanto eles riam e se zoavam, eu observava o lugar, era agradável, o piso de madeira brilhando, varias pistas de boliche, pessoas jogando, iluminação e tocava musicas agitadas, estava tocando “Roar” da Katy Perry. Um ambiente familiar, e enquanto eu passava os olhos por todo o lugar, eu vi os cabelos avermelhados de Marcela dançando no ar, enquanto ela vinha em nossa direção, usava um vestido florido curto de alças, sorridente, passou direto por mim a se pendurou no pescoço de Flávio.
- Nossa quanto tempo você não vinha no clube! – disse ela ainda o abraçando.
- Oi Marcela! – Respondeu Flávio se livrando dos braços dela delicadamente.
- Então vai jogar comigo? – ela passava a mão no peito de Flávio, enquanto eu observa.
- Na verdade! – ele deu um passo para trás e aproximando de mim. – Eu vim trazer meu namorado pra jogar, sabe! –
- Ah! – Ela me olhou e fez um sorriso sarcástico de canto de boca. – Então é você, o namoradinho de fim de semana do Flavio? –
- Sim! Porque você é a namorada da terça-feira? – Respondi com a voz controlada, e minha vontade era de xingar e mandar ela para aquele lugar, e ela continuava com o sorrisinho. – Pois é mas só pra lembrar hoje é sábado, portanto hoje ele é meu! –
- Nossa você tem um senso de humor ótimo! –
- Que bom que gostou! – eu continuava respondendo suas provocações.
- Pois é Flavio quando você sozinho de novo, pode me ligar. – disse ela passando novamente a mão no peito de Flavio.
- Olha, você esta querendo me provocar, só que eu tenho que te dizer que tem duas coisas que eu não acredito... – eu disse e ela me olhou com descaso. – Não acredito em papai-noel e em garotas que fingem estar grávidas. Então me desculpa eu não acredito em você! –
- Seu... –
Ela levantou a mão para me bater, e Jonas a segurou pelo braço e Flavio também me puxou me abraçando por trás. Eu não iria brigar com ela, só queria devolver a provocação, e me mostrar superior a ela, e mesmo se ela me batesse, ela sairia por baixo por não ter argumentos. Eu tirei o sorrisinho sínico da cara dela, e comecei a sorrir provocando ela, enquanto ela estava preste a babar de ódio.
- Já chega Marcela, é melhor você ir! – Jonas a soltou.
- Você não perde por esperar! – disse ela apontando o dedo para mim e saiu.
- Agora você tem o meu respeito maninho! – Dizia Marcão empolgado e sorrindo. – Você viu só, ela pôs o rabinho entre as pernas e saiu. –
- Foi desnecessário essa discussão. – Disse Flávio. – Você não precisava ter dito aquilo. –
- O que? Ela que veio aqui me provocar. Você esperava o que, que eu ficasse calado? –
Flavio suspirou, encheu os pulmões como se fosse esbravejar, e os olhos dele se incendiaram. Eu não entendi sua reação. Eu não tinha culpa daquela garota vir me desafiar, eu apenas me defendi das provocações dela, seu eu fui insensível, ótimo assim ela saberia com quem estava lidando.
- Que tal começarmos o jogo hein? – Disse Jonas. – Vamos cara deixa disso! –
- Vem vamos trocar seus sapatos, daí podemos começar. – disse Marcão me puxando pelo braço ate um balcão no canto esquerdo do clube.
Eu fiquei perturbado, olhei para trás e o Flavio me olhava com raiva nos olhos, não é possível que ele ia me culpar por isso. Suspirei imergido nos pensamento e como sempre quando ficava muito emocionado meus olhos lacrimejavam, dizem que choro fácil.
- O que foi? Tá tudo bem? – perguntou Marcão.
- Tá! Tudo bem. – respondi limpando os olhos antes que as lagrimas escorressem.
- Fica tranqüilo! É normal, sempre tem mulheres brigando pelo Flavio. Sem querer ofender – Disse ele levantando as mãos e me fazendo rir. – Isso mesmo vamos nos divertir. –
- Eu tô legal! –
- Ah, só mais uma coisa. É a primeira vez que o Flavio se importa por ter alguém brigando por ele. Eu já cansei de ver tapa na cara, puxão de cabelo, sabe! E ele nunca se importava a gente sempre ria muito. A Marcela mesmo já brigou demais por causa dele. –
- Mas por que ele brigou comigo? –
- Porque ele gosta de você maninho! – Eu sorri ele afagou meus cabelos eu sorri tímido. – Vamos lá que eu vou te ensinar um “Strike”!
Jogamos, mesmo com Flavio aparentemente de mal humor, ele se divertiu me ensinou como se jogar, porque ele não quis deixar que Marcão me ensinasse. De fato seria desconfortante, porque Flavio ficou atrás de mim meio curvado, segurando minha mão, só de imaginar eu e Marcão assim já fiquei com vergonha. As horas foram passando eu só conseguia derrubar alguns pinos e ficava feliz quando conseguia.
Marcela apenas observava e comentava com seus amigos, e eu tinha certeza que ela estava falando de mim.
Por volta das nove resolvemos ir embora, Marcão até nos convidou para um barzinho, mas Flavio disse que estava cansando e dirigindo, acabamos voltando para casa, no caminho eu tentava conversar.
- Foi divertido, apesar de eu não ter conseguido fazer um strike. – eu sorri.
- Foi! – respondeu ele seco.
- Estou com fome, você está? –
- Tem um drive-in aqui perto. –
Ele passou no drive-in do McDonald’s e pediu lanches pra gente, e depois fomos pra casa, calados, ele não queria conversar. Chegamos em casa levei os lanches para a cozinha, comecei a comer o meu ele apenas beliscou e levantou-se e não voltou. Quando terminei ajeitei as coisas na pia, guardei o dele, arrumei a mesa e fui ate o quarto ele já estava deitado com uma calça de moletom, os braços cruzados atrás da cabeça, fui ate o banheiro me higienizei e voltei para o quarto, o clima era tenso eu não sabia se me deitava com ele, por um instante tive vontade de ir embora, mas poderia ser pior. Me aproximei da cama me sentei olhando para ele.
- Você está chateado comigo? –
- O que você acha? –
- Poxa o que eu fiz pra te deixar assim? –
- Aquilo que você disse pra ela foi desnecessário? –
- Ela que veio me provocar, eu só revidei. –
- Era só ignorar. – Disse ele se sentando na cama também e me olhando nos olhos. – Aquela historia da gravidez, quem te contou? O Fábio? –
- Não! –
- Vai mentir pra mim? –
- Não estou mentindo. Quem me contou foi a Amanda. Então é por isso que está com raiva. –
- Eu estou com raiva porque você fica dando ouvido a essas historinhas. Poxa eu te falei que eu não sou perfeito. E você fica indo atrás dessas historias do passado. Como você quer que eu fique? –
- Eu indo atrás! Essas pessoas que aparecem do nada e ficam falando essas coisas. Eu não tenho culpa. –
- Ta certo a culpa é minha, por ter ferrado com tudo no meu passado, não é mesmo. –
- Não foi isso o que eu disse, para de distorcer as coisas Flavio. –
- Eu já te falei se você quer um cara perfeito, fica com o Fabio porque eu nunca vou ser esse cara perfeito. –
- Flavio! – Eu já não controlava minhas lagrimas. – Quer saber, não dá pra terminar o que não começou. Essas garotas acham que a qualquer momento você vai voltar pra elas, vai ligar e procurar por elas. Se é isso o que você quer, termina comigo e volta pra sua vida de macho solteirão promiscuo. –
- E isso o que você pensa de mim? –
- Não! Isso é o que os outros pensam. Eu fiz a minha escolha, você quem tem que fazer a sua. –
- E qual é a sua escolha? –
- Eu escolhi amar você. Mas parece que você não acredita em mim. –
Eu me levantei chorando e sai do quarto, encostei me na parede e fiquei olhando a porta de saída, e minha vontade era de sair por ela correndo, mas eu não conseguia me mover.
Flavio saiu do quarto parou de frente para mim, ele não chorava mas seus olhos eram tristes, ele me puxou e me envolveu com seus braços e me falava aos ouvidos.
- Eu acredito em você. – disse ele
- Então por que está sempre duvidando de mim. Sempre me julgando, com seus ciúmes. –
- Porque eu tenho medo que deixe de me amar. –
- Por que eu deixaria de te amar? – perguntei
- Porque eu sou assim. – disse ele depois de uma pausa. – Eu sempre estrago tudo. Hoje era pra ser um dia perfeito e o que fiz foi te fazer chorar. –
Ele era o único que poderia me fazer desistir dele, ninguém mais, nem mesmo eu. Esse amor era assim, muitos obstáculos, pessoas que eram contra nos, mas eu precisava ser forte, como a bola de boliche derrubar todos eles e fazer um strike.
Cara adoro seus contos! O bacana é que vc se envolve com oque esta lendo. Só acho que demora muito pra postar os próximos rs Parabéns!!! aguardando os próximos capitulos....
oi autor, seu conto foi muito bom, bom nao ótimo, como sempre mas pq a demora? voce tem agum blog?
Muito lindo,seus contos são um dos poucos que vale a pena.