20 – A Outra Face
A mais ou menos quatro meses atrás minha vida era bem diferente, eu ainda tentava me entender porque os homens me atraiam tanto, eu não fazia muita coisa do dia, ouvia musica, ajudava minha mãe em casa, saia com meus amigos. E agora esta tudo diferente, as musicas parecem que estão falando da minha vida, estar em casa é agonizante, e meus amigos já não são mais meus amigos.
Estava na sorveteria em que eu acostumei a me encontrar com Mari e Fábio, pensando nas mudanças da vida, que começaram quando Flávio entrou na minha vida. E por ironia do destino, Mari cruzou a porta da sorveteria com novas amigas, passou por mim e sentaram no fundo. Pouco tempo depois ela sentou-se na minha mesa de frente para mim.
- Pensei que você não fosse falar comigo! – Eu disse
- Porque está se sentindo sozinho? – disse ela sorrindo. – Pensei que estivesse adorando essa disputa dos irmãos loiros por você. –
- Não tem disputa nenhuma. Nossa você está chateada assim comigo? –
- Eu! Chateada! – Ela riu debochando. – Eu quem provocou tudo isso. Estou adorando te ver com essa cara, eu quero que aqueles dois se matem. –
- Credo! Desde quando você se tornou essa pessoa tão rancorosa? –
- Desde o dia que você resolveu se meter no meu caminho. –
- Eu pensando que éramos amigos. –
- Mas porque está triste? – Ela puxou um guardanapo e amassou. – Está arrependido por estar com Flávio e não consegue terminar com ele pra ficar com Fábio. –
- Não! Não tem nada haver! –
- Hmmm! Se não é isso. Já sei! – Ela estalou os dedos. – O Flavio está se transformando numa pessoa totalmente diferente daquela que você conheceu. –
Eu nada respondi, e o pior é que ela tinha acertado, o jeito que ela falava mexendo as mãos, gesticulando, seu olhar maléfico, o sorriso sarcástico, Eu estava conhecendo uma outra Mariana, sua outra face, que eu jamais imaginei que existia.
- Sabe, existem duas coisas capaz de transformar um homem. O amor, e o ciúme. –
- Você ainda tem falado com o Flávio? – Ela me parecia saber muita coisa sobre nos. –
- Hmm! Que espertinho, acho que me entreguei. – Ela colocou a mão na frente da boca sorrindo.
- Você quem está envenenando ele. –
- Não queridinho, não me venha colocar a culpa disso. – Ela se inclinou sobre a mesa ficando mais próxima de mim. – Você é o culpado por tudo, você seduziu Fábio, depois seduziu o Flavio, e ainda está se encontrando as escondidas com o Fábio, o que vai fazer agora, seduzir um amigo deles? –
- Você esta louca, você que provocou tudo isso. Planejou desde o inicio. Eu não te desejo o mal, mas se você esta sofrendo a culpa e toda sua. –
- Pois eu quero que você sinta muita dor e desejo que seja infeliz. –
- Você precisa se internar, sua psicopata. – Eu me levantei da cadeira e lhe dei as costas.
- É mesmo? E o seu namorado, o Flavio. Também devia internar aquele tarado ninfomaníaco. – Ela gritou
De repente senti que todos me olhavam, eu olhei para trás e a vi rindo, parecia que ia dançar, ela conseguiu me deixar envergonhado na frente de pessoas estranhas, e que historia é essa de ninfomaníaco. Era melhor eu sair dali, ia acabar ficando pior, ela queria armar um circo e eu não ia ficar para isso.
A culpa de Flavio estar agindo como um louco, era dela, plantando ciúmes, e porque ele ainda mantinha contato com essa bruxa, minha vida virou um novela com direito a vilã rejeitada fazendo intrigas. Será mesmo que a culpa era minha, mas eu não fiz nada. Eu não procurei por eles, eu não pedir para me apaixonar por Flavio, nem tive culpa por Fabio se apaixonar por mim.
É errado você querer que as pessoas fiquem bem, é errado querer ser feliz?
Não a errada desta historia com certeza e a louca da Mariana, achar que pode manipular as pessoas, como se fossemos fantoches. Eu não podia deixar que ela continuasse a infernizar minha vida, manipulando o Flavio para que ele se tornasse uma pessoa ruim.
Peguei meu celular e liguei para ele.
- Oi, amor! Tudo bem? – falei quando ele atendeu.
- Ah, oi! Sim, porque? Aconteceu alguma coisa? – respondeu ele.
- Não! Eu não posso ligar mais pro meu namorado? –
- Pode, mas você estava tão chateado comigo, e nem me ligava mais. –
- Eu sei, me desculpe por isso! –
- Na verdade a culpa é minha. –
- Esquece isso. Então, vem na minha casa hoje? –
- Claro, mas eu só vou poder passar lá pelas 23h00min. –
- Ah! Eu queria tanto te ver. –
- Tudo bem eu passo! – Disse ele sorrindo. – E você vem dormir comigo? –
- Tudo bem, vou te esperar! –
- Beijo, te amo! – disse ele
- Também te amo! – respondi
Desliguei e fui tomar um banho, eu precisava relaxar, meus pensamentos fervilhavam, eu tinha agora uma explicação para o ciúme excessivo de Flavio, e se eu pedisse para ele parar de dar ouvidos a Mariana, ele voltaria a ser carinhoso e romântico, voltaria a ser como antes.
A tarde minha mãe chegou sorridente, me beijou a testa, e sentou-se ao meu lado no sofá, tirou os sapatos com os pés, eu tinha feito janta pra nos, ela tinha uma cara engraçada, como se quisesse me contar algo que a deixava muito empolgada.
- Hmm! Alguém está muito animada hoje! –
- Claro! Eu tenho um filho maravilhoso, que fez um jantar delicioso pra nos... – disse ela sorridente.
- Tá para de enrolar e conta logo. –
- Vamos jantar que eu te conto. – Nos sentamos a mesa e eu morrendo de curiosidade. – Eu conheci uma pessoa! –
- Jura? Tá namorando? – perguntei interrompendo ela.
- Não, nos conhecemos mês passado. Ele me convidou para sairmos. –
- Nossa, e você vai? –
- Não sei, estou me sentindo uma adolescente que vai sair pela primeira vez com seu pretendente. – disse ela em risos.
- Ai mãe! Eu acho que você trabalha demais, você precisa de vida social. Porque não dá uma chance pra ele. –
- Agora você esta me aconselhando, como o tempo passou. – disse ela tomando um copo de suco. – E você, porque anda meio triste? –
- Ah não é nada demais. Eu e Flávio andamos meios brigados, mas a gente vai se entender. –
- Imaginei, mas qual o motivo das brigas? –
- Ciúmes. –
- Hoje é quinta-feira, você vai pra casa dele? –
- Vou, ele vem me buscar! –
Terminamos o jantar minha mãe foi tomar banho e eu fui para sala esperar por Flávio. Que já devia estar quase chegando.