Caio entrou em casa, queria chorar, gritar, queria um colo, um beijo, queria dormir, enfim queria tudo ao mesmo tempo. Sua mãe estava sentada no sofá quando ele se encaminhou para o quarto após fechar a porta da sala:
O que houve, para estar voltando cedo filho.
Nada. Foi muito bom, eu que estou cansado mesmo boa noite mãe .
Pela sua cara, parece que você voltou de um enterro.
Boa noite mãe.
Caio queria acabar com aquele interrogatório, correu para o quarto e chorou e acabou pegando no sono. Chegou a segunda, dia de aula. Caio estava nervoso, nenhum dos meninos havia mandado mensagem, como seria ao encontrá-los?
Quando Caio entrou na sala, Pedro e Arthur já estavam lá, um em cada lado da sala, ele tentou contato visual com Arthur e este nem o olhou. A semana passou rápido, Caio foi ignorado todos dias pelos meninos. Na quinta feira porém, uma surpresa, Caio viu Pedro e Arthur conversando no corredor na hora do intervalo, de longe não pareciam os mesmos amigos de antes, contudo, estavam ali se falando. Aquilo lhe irritou, ele saiu indignado e desceu as escadas, encontrando Ale na portaria:
Ei temos aula, vai para onde?
Vou beber e foda-se não vou entrar naquela sala e ver aqueles dois otários juntos.
Ei, calma, não estou entendendo nada.
Caio contou o que viu.
Filhos da puta. Eu te disse que homem não presta. Vem migo, vou até beber com você.
Ale e Caio foram beber a praça estava lotada, como toda quinta.
Meu irmão perguntou por você
Sério???
Sim, sério. Por que você não sai dessa coisa hetera com esses dois babacas e chupa rola de quem realmente não vai te usar como segunda opção.
Amiga, a senhora é grossa e direta.
Ahhahaha desculpa se fui dura, é que amo você, sabe? E gostaria que fosse feliz. Meu irmão é lindo e vocês fazem um lindo casal, apesar do seu tamanho
Sua ridícula. Obrigado amiga.
Caio vê Pedro e Arthur juntos saindo da UFF, seus olhos se encheram de ódio. Ele sempre foi muito discreto, medroso tanto que Pedro fez o que fez e ele ficou quieto. Mas, ali no calor do álcool ele se levantou com sua latinha na mão e foi em direção dos dois. Quando Ale percebeu, Caio já estava atravessando a rua e correndo até Pedro e Arthur que estavam conversando.
A cena foi cômica para não dizer desastrosa, Caio chegou aos meninos jogando a cerveja da lata neles e aos berros os chamando de idiotas, de encubados. Todos os alunos que saiam da faculdade olhavam a cena, alguns riam, e outros curiosos paravam para entender o acontecido. O susto deles foi real, os dois ficaram molhados de cerveja e olhavam para Caio incrédulos. Ale veio correndo atrás de Caio o puxando pelo braço, mas ele gritava e xingava os garotos. Pedro recobrou a consciência, pegou Caio pelo braço e saiu o arrastando. Ale os seguia mandando Pedro parar e solta-lo, Arthur seguia os três ainda sem entender direito o que se passava. Finalmente chegaram em uma rua que ficava a lateral de uma Igreja católica, Pedro encostou Caio na parede e o encarou:
Que porra pensa que está fazendo?
Solta ele agora. ( Ale, falou os alcançando em seguida)
Pedro olhou para o lado e falou com Arthur:
Leva ela daqui, quero falar com ele a sós.
Eu não vou a lugar, nenhum e se você colocar um dedo nele eu grito
Arthur disse a Pedro:
Deixa isso para lá, deixa os dois irem embora mano.
Arthur, faz o que eu tô pedindo, leva ela daqui.
Se me tocar, vai se arrepender.
Caio tentava se soltar do braço de Pedro que estava o apertando-o contra a parede, enquanto o mandava soltá-lo sem sucesso.
Alessandra eu vou lhe pedir que espere na praça com Arthur, eu vou falar com Caio e daqui a pouco encontraremos vocês. Eu não vou machucar ele.
Eu não tenho nada a falar com você.
Pedro o ignorou e pediu a Arthur para levá-la, e eles saíram rumo a praça.
Enfim, a sós, o que quer ? Vai me bater, me ameaçar?
Quero comer você.
Pedro beijou Caio, o pressionando na parede, suas mãos desceram para sua bunda e ele as apertou com força. Caio o empurrou:
Você tá maluco??? Não tô entendendo nada.
Nem eu to entendendo viado, nem eu. Mas, vou te dizer uma coisa, não faz mais isso. Não vou passar vergonha por causa de um boiola.
Claro. Me beijar, me chupar e me comer pode, isso não te faz viado né? Não sei como pude transar com você.
Ah, para de charme caralho. E ouça não vou avisar de novo. Meu erro foi querer te repetir, Viado a gente come uma vez só para esvaziar o tesão e vaza, se não essas porras acham que a gente se apaixonou.
Caio começou a chorar, Pedro virou-se e o deixou. Minutos depois Ale veio correndo em sua direção, eles se abraçaram e Caio chorou mais ainda, pediram um uber e foram embora.
*********
Caio havia tomado banho e estava deitado quando a campainha tocou. Ele se assustou, ouviu a voz de sua mãe falando com alguém e pediu para esperar eram quase uma da manhã:
Tem um amigo seu ai na porta, isso não é hora né filho.
Como assim mãe?? Quem está ai?
É um tal de Arthur, está com seu pai na sala.
Caio levantou-se aquilo não podia ser real, Arthur devia estar maluco, por aparecer ali aquela hora da madrugada. Assim que ele chegou na sala Arthur que estava sentado foi se pondo de pé:
Desculpa eu precisava falar com você.
Isso não é hora não é?
Os pais de Caio estavam indignados, mas, foram receptivos inclusive disseram a Arthur que ele dormiria ali.
Não precisa, Pai, ele já vai, nós nos falaremos amanhã.
Eu não seria um bom Pai se deixasse esse menino, que parece estar embriagado ir embora essa hora. Sua mãe vai colocar um colchão do lado da sua cama e ele vai ficar ai.
Senhor André, não precisa. Eu…
Fim de papo rapaz, você toca em minha casa essa hora da madrugada bêbado e pensa o que? Eu e minha esposa vamos nos deitar, ao contrário dos dois trabalhamos cedo.
Os pais de Caio foram para o quarto. Caio olhou para Arthur que estava visivelmente embriagado e mirando o chão:
Vem, vamos para o meu quarto.
Assim que entraram no quarto, Arthur o abraçou Caio tentou empurrá-lo sem sucesso, sendo beijado em seguida e cedendo aquele aos carinhos daquele macho.
Eu não vou mentir para vocês, que algumas coisas que Caio me contava, me irritavam profundamente. Essa fragilidade era uma delas, mas, nem sempre escolhemos como lidamos com a vida, às vezes só lidamos. Obrigado a todos que estão acompanhando, comentando e votando nessa história. A vida real é sempre contínua, mas, as histórias precisam de um fim e este está perto.