Violência e iniciação sexual 19 (Nascimento da paixão)

Aquilo que muitas vezes reune os casais é a dor, é ausência é a incapacidade. A vida real, é uma escolha e vida de Caio aqui retratada não é um conto de fadas, logo não esperem isso.

Havia se passado uma semana depois do término oficial. Caio se sentia mal, se sentia só. Pensava consigo se talvez não tivesse cometido um erro ao abrir mão de Erik. Era bom estar com ele, ele gostava de ser acordado com café da manhã e receber um beijo com gosto de sono. Aquilo porém havia passado, ela sabia que poderia ter isso a qualquer momento, contudo, não se permitia por carência usar alguém. Resolveu dar uma volta na Praia. Andou por Icaraí ( praia de Niterói) e passou o MAC, avistou alguém que o olhava com cobiça um preto, magro com uma barriga trincada sentado no ponto de ônibus, passou direto. Não foi para rua para pegação, ele só queria ver a lua e tomar uma cerveja no quiosque depois. Chegando perto da ponte que dá há uma Igreja histórica na praia de boa viagem, viu Arthur e sua namorada. Eles estavam em um clima de romance, que fez a alma de Caio doer. Nem um milhão de anos ele achou que seria possível estatisticamente encontrar os dois ali, mas, parecia que o destino zombava de sua cara. Ele seguiu para o primeiro quiosque e bebeu, bebeu como se não houvesse amanhã. Era um sábado à noite, e ele queria somente relaxar, até que uma mão tocou seu ombro.
Caio.
Ao olhar para trás, ele vê Arthur e sua namorada, a estudante de medicina.
Oi.
Amor esse é o Caio
Já o conheço, Arthur.
Caio, Milene, minha rainha.
Também já nos vimos, só não lembrava seu nome.
Todos sorriram de leve.
Bebendo só lek?
As vezes é com se curtir Arthur, a vida só tem sentido quando a gente aprende isso.
De fato Caio, super concordo. Quando eu era solteira amava ver o pôr do sol em Itaipu. Hoje vejo com meu Arthur.
Aquela frase atravessou Caio de modo que ele não soube descrever, deu vontade de chorar, gritar e fugir. Arthur notou ao fita-lo o choque e por respeito ou sei lá o que, tratou de inventar uma desculpa:
Não vamos tomar seu tempo meu amigo, já estamos partindo.
Não íamos tomar uma água de coco vida ( questionou Milene)?
Tô meio cansado, vamos pedir algo de casa. Tchau, Caio.
Caio apenas meneou a cabeça se despedindo deles.
Moço pelo amor de Deus, me dá uma cachaça ai.
Ele pediu para o rapaz que trabalhava ali.
Tem certeza rapaz, vai misturar?
Se eu não fizer isso eu piro. Relaxa, que antes de ficar bêbado eu pago.
O rapaz riu e foi buscar a cachaça. Caio bebeu em uma golada e pediu uma outra cerveja. Beber acreditava ele, era o que lhe restava.

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Um novo período se iniciou e Caio descobriu por Ale um notícia que o matou por dentro:
Migo, tá sabendo?
O que é louca?
Caio vai ser Pai.
Seu mundo caiu, ou melhor, ele nem sabia o que havia caído. Desde que se separa de Erik ele e Arthur conviviam como bons colegas de classe, não houve mais investidas e ainda que às vezes na sala ele parecia mira-lo o que poderia ser coisa da sua cabeça, nada, nada mesmo aconteceu. Outrora a notícia de um filho era realmente um fim, era uma entrave que ele sabia que jamais seria superado. O sonho de Arthur era ser pai, e ele levava muito jeito com criança. Lembrou-se de sua festa e como Arthur acalmará seu sobrinho que queria comer um bolo antes da hora e isto se deu no momento em que ele foi para varanda com a desculpa de tomar ar. Naquele momento ele chorou e Ale que achou que estava contando uma fofoca, entendeu o que aquela notícia simbolizava. Ela o abraçou e ele chorou mais ainda, eles estavam no corredor perto de sua sala. Pedro que ainda estava ficando com Ale ( gente essa porra era milagre, desculpem o palavrão aquele garoto era um galinha ahahahha) se aproximou deles:
O que houve gente?
Nada amor Caio só não está bem.
Pedro tocou o braço de Caio:
Vem vamos beber uma água, Ale pega as coisas dele, te espero lá em baixo.
Caio se permitiu ir com Pedro e desceram a escada:
Você já soube né?
Caio confirmou com a cabeça.
Tá vendo, não quis ficar comigo. Era sexo garantido.
Caio olhou para Pedro se afastando dele.
Calma caralho, é brincadeira. Eu em...
Caio acabou rindo sem querer.
Até me vendo na merda, você consegue ser ridículo.
Você sabe que eu sou pior que isso né? Eu tô assustado pelo fato de não tá te jogando na parede agora.
Pelo visto Ale fez um milagre.
Essa sua amiga, é foda. Até quando eu quero pegar alguém a imagem dele me impede.
Saber que você é capaz de gostar de alguém me assusta.
Ah vá se fuder. Tá pensando que eu sou o quê?
Caio riu mesmo sem querer, já estavam perto de um trailer no térreo e Ale chegou:
Ele te bulinou? Me fala que eu largo ele agora.
Caio sorriu de novo, tê-los ali foi tão acolhedor. Pedro xingou os dois e foi comprar a água.
Mana, se conseguiu um milagre.
Como assim Caio.
Esse garoto tá gostando mesmo de você.
Ahahahaha duvidoooo. Estamos ficando ainda por que ele tem uma pegada que deixa louca.
Só vocês para animar minha animar a minha dor. Nunca pensei que Pedro seria um porto seguro para alguém.
Se acredita que a gente ainda não transou?
Você tá brincando?
Não mesmo migo, esse garoto é bem piranho. Eu amo fuder, mais estou dando um gelo nele, mesmo com muita vontade. Quando ele acha que vou ceder arrumo uma desculpa.
Os dois riram e Pedro voltou com olhar de desconfiança.
Vocês dois juntos não valem a água que bebem.
Os três riram, e Caio agradeceu ao universo naquele momento. Estar ali o fez perceber que mesmo sem Arthur a vida ainda tinha sentido.
Milene estava no segundo mês de gravidez, quando perdeu o bebê em um aborto espontâneo. As coisas entre ele e Arthur ficaram pesadas, ela não queria mais vê-lo, pois lidar com o luto lhe trouxe uma dor profunda e estar com ele era lembrar o que nunca teve. Ao mesmo tempo Arthur sofria, pois, queria apoiá-la e ao mesmo tempo chorar a dor do seu filho.
Foi no meio desse turbilhão que Caio avistou Arthur sentado na orla, pensou duas vezes antes de chegar a ele. Ele estava como que desarmado, destruído e desolado.
Arthur.
Ele nem olhou, Caio se aproximou dele.
Ei, você está bem?
Arthur mal ia às aulas, e quando ia, ficava algusn minutos e sumia.
Arthur.
Ele olhou para Caio, parecia estar fora de si.
Meu bebê se foi princesa, meu bebê se foi.
Caio não tinha o que dizer, somente segurou seu rosto e o acarinhou puxando-o depois para seu peito.
Eu estou aqui.