Foi andando do meu lado, e eu falei "Não vou dar essa volta para entrar no campo". E pulei pela grade, que era alta. O cara ficou meio impressionado, deu uma risada larga, e falou "aí sim, hein". Ri de volta, e segui até os aparelhos de calistenia. Até ali não tinha pensado em sacanagem, apesar do cara ser muito atraente, até porque estava imaginando ele sujo, e tal. Mas fui seguindo paralelo a ele, eu dentro do campo e ele por fora, o nível um pouco mais baixo. Chegando perto do portão, paro para dar uma mijada numa árvore, num lugar escuro, tiro o pau por baixo no short esportivo de nylon, e ele, em vez de continuar, para no ponto de ônibus do outro lado da rua, mas ainda não tinha me notado mijando.
Quando olha para mim, falo com ele que era só descer a rua, e ele disse que estava esperando o ônibus.
"Ué, você tinha passagem?", pergunto eu ainda mijando.
E ele "vou mandar ideia no motorista pra ir sem pagar".
"Ah, de boa", respondo e balanço o pau para secar, mas balanço mais que o necessário, e ele nota.
"VOCÊ É VIADO??", grita do outro lado na rua. Alguns carros passam e eu pergunto o que ele tinha gritado. Dava para entender, mas eu queria ter certeza. Me aproximo da grade e ele grita de novo, mas é abafado pelo barulho dos carros. Insisto:
"Não entendi, cara".
"Ah, não entendeu, né...", ele comenta e vira a cara.
Dei de ombros e comecei meus alongamentos.
Dá uns dois minutos ele atravessa a rua e chega na grade, não lembro o que falou de início, se pediu cigarro ou dinheiro. Falei que não tinha nada, e ele parecia nervoso.
"Fala aí, você é viado, é?"
Fiquei surpreso e desconsertado, pois não parecia que ele estava dando em cima de mim. Mas comecei um jogo.
"Oxe, nada a ver! De onde cê tirou isso, cara?".
"E isso aí?", perguntou apontando o nariz pro meu pau marcando no short, que nem estava duro, mas confesso que o short passa essa impressão, ainda mais sem cueca.
"Isso o quê? Isso aqui? Que que tem?"
"Tá de pau duro".
"Não tô de pau duro". Não estava mesmo, mas aquele cara fitando meu pau, o que vocês acham que aconteceu? Começou a endurecer, e tentei pensar em qualquer coisa para conter a ereção.
"Olha o tamanho disso aí, não pode isso não, sabia?".
Eu estava incrédulo, levando lição de moral de um maloqueiro, ao mesmo tempo não conseguia conter o tesão.
"Cara, só tô sem cueca. Um monte de gente faz isso".
Ele não parecia acreditar, dava um riso virando a cara. E meu pau começou a marcar de verdade.
"Olha isso aí", insistiu ele, "como você fala que não tá duro".
"Cara, rs... esse é meu pau normal, mas com essa conversa, tá começando a ficar duro"
Meti o foda-se, coloquei o pau para fora.
"Olha como tá agora".
Ele não pareceu se empolgar, mas tampouco pareceu se assustar, mas achou graça e entrou na brincadeira.
"Olha aí, eu disse, haha, você é um safado. E é viado", disse sorrindo.
"Viado por quê? Porque tô de pau duro?"
Ele continou rindo com a cabeça baixa e falou "deixa eu ir aí".
Deu uma mistura de excitação e medo, não sabia se ia querer brigar, ou se ia avançar, não senti mau cheiro, mas não tinha certeza se estava limpo. Ele entrou pelo portão e veio até mim. Nem me lembro se me cumprimentou, mas acho que não.
"Quer dizer que você vem aqui bater punheta".
"Venho aqui treinar, olha lá os aparelhos".
O cara fica meio obcecado pela história que ele mesmo criou, mas mesmo assim não avança. De piada em piada, fico sabendo que (se não for mentira), que morava na Casa Verde, era separado fazia alguns meses, tinha uma filha, mas que não tinha contato coma família por causa do vício no álcool. Tinha um piercing na maçã do rosto, desses de pedrinha, mas nem isso fazia parecer que ele era gay ou qualquer coisa. Mesmo assim, mesmo eu tentando mudar de assunto, ele trazia de volta, olhava para meu pau, perguntava por que estava duro.
"Você não para de voltar a esse assunto", dizia eu. Às vezes colocava o pau para fora de novo, até que falei "mete a mão aí". Ele se virou sorrindo e falou "tá louco? Não sou viado!". Perguntou se eu gostava de comer um cuzinho, e eu disse "quem não gosta? Você não gosta?", ele ficou com vergonha. "Ele perguntou se eu já tinha comido homem, eu disse que sim, e mandei a pergunta de volta. Ele disse "já". Perguntou onde eu morava, se ele não poderia tomar banho lá em casa... No fim, era isso que ele queria, provavelmente hétero querendo putaria por dinheiro. Fiquei receoso e disse que morava com a minha irmã. Ele comprava a história, mas depois voltava a perguntar. Só em um momento consegui ficar com o pau mole, mas não demorou muito. A gente já estava sentado na mureta.
"Mas cara, então você vem aqui de pau duro bater punheta".
"Cara, eu venho aqui treinar, e nem tô mais de pau duro, olha aí".
Tirei o pau mole e dei uma balançada.
"E esse tanto de pelo aí?", perguntou.
"Gosto assim, parece mais macho. Você não tem?". Ele disse que raspava, e levantou o moletom para mostrar, mas não mostrou a rola, só a pubis raspada, uma marriga normal e umas tatuagens muito mal feitas.
"Então você come cu de homem...".
"Sim, e você também".
"Se eu te desse meu cu você comia?". Perguntou, mas nesse momento eu já nem o estava levando mais a sério. Talvez até ele me desse de verdade, mas estava claro que não seria de graça.
"Ué, comeria sim". Eu poderia perguntar se ele queria dar, mas, se dissesse "sim", teria que levar para casa, dar um banho, não era de confiança, não tinha onde deixar a cachorra... Meu pau voltou a ficar duro.
"Olha aí, esse pau duro de novo. Bate uma aí".
Saquei o pau, comecei a bater, e ele ficou olhando e sorrindo.
Ficamos nessa bricadeira um tempão, até que o vigia do parque anunciou que ia fechar, e o cara tinha um pitbull, que, apesar de dócil, não quis arriscar avançar na cadela do maloqueiro.
Falei para o maloca e disse que era melhor a gente sair. Achei que ia dar para ficar naquele jogo mais um pouco, mas naturalmente pegamos lados opostos, provando que era só um hétero atrás de dinheiro. Acho que ficou longo, né.
Toda vez que gozarem nos meus contos, votem para eu sentir que fiz um bom trabalho.
Abraços.