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— Que é isso mãe?
Regina olhou um resto de porra pregado no cabelo de minha xoxota, estávamos no banheiro e eu fazia xixi.
— Não é nada não filha... – pequei o papel higiênico e limpei.
Regina me olhou de modo estranho, no rostinho um ar de anjo sapeca. Pegou o papel amassado, abriu e tocou com o dedo. Fiquei olhando, não tinha como ela saber o que era aquilo, mas deixei que sentisse e até que cheirasse.
— Joga isso fora menina... – tomei o papel e coloquei no vaso.
— Tá parecendo com uma coisa... – ela acocorou ao pé da parede – O piru do tio tem um negócio assim...
Olhei pra ela, cada dia que passava pareciam décadas de amadurecimento.
— Como assim?
— Assim mesmo... – sorriu moleca – Na ponta...
— E como você viu?
— Ora mãe? Ele tá dormindo nu e...
Balancei a cabeça, Beto nunca gostou de dormir vestido, mas como será que a capeta tinha visto?
— Você entrou no quarto?
— Foi pegar minha roupa e... – não havia constrangimento ou vergonha – E dei um abraço nele...
— Filha?! Você acordou seu tio?
— Acordei não mãe... Só dei um abraço e vi...
* * * * * *
Depois ela falou que tinha visto uma gota saindo do pau de Beto, que tinha pegado e colocado na boca para saber o gosto. E não tinha sido a primeira vez que Regina havia tocado no tio enquanto ele dormia, também o sono pesado de meu permitiu que minha filha tomasse conhecimento antes do tempo, que cheirasse e até mesmo chupasse o pau de Beto enquanto ele dormia repetindo as coisas que me via fazendo com meu irmão.
Tomei um banho morno gostoso e saí do banheiro ainda nua, mas parei ao ver o que Regina estava fazendo. Não falei nada, apenas fiquei espiando minha filha chupar o pau do tio. Esperei um pouco e só me fiz notar quando Beto se mexeu.
— Tá gostando?
Regina se virou ligeiro, ainda segurava o pau já meio duro do tio. Sentei na cama, minha filha não falou nada, apenas me olhava entre assustada e extasiada. Pequei um travesseiro e joguei no meu mano.
— Acorda preguiçoso! – levantei e abri a cortina, o sol invadiu o quarto – Vá para a piscina filha, já vamos descer...
Regina veio até mim e me abraçou, virei e beijei sua testa.
— Desculpa mãe...
— Não liga não, sei o que você sente... – peguei em seu queixo – Lava a boca antes de sair...
Ela sorriu, passou o dorso da mão nos lábios e sentiu aquela pequena gota de gosma. Beto bocejou e sentou na cama.
— Que horas é essa... – se espreguiçou.
— Hora de marmanjo sair da cama... – olhei para minha filha – Vai filha...
Beto tomou banho e descemos para o restaurante, as meninas conversavam deitadas em cadeiras de sol protegidas por sombrinhas. Não falei nada sobre o que Regina havia feito, tomamos café e fomos ao encontro das duas.
Naquele dia não fomos para praia, fomos mostrar para as meninas o centro histórico de São Luís onde almoçamos em um mercado chamado Mercado da Praia Grande. O guia turístico também nos levou para conhecer algumas praças (Praça Gonçalves Dias, também conhecido por Largo dos Amores, Praça Benedito Leite, Praça da Alegria, Praça da Saudade, Praça da Bíblia) ricamente arborizadas com bancos de ferro trabalhado onde a população costuma se reunir em rodas de conversas e crianças brincam sempre acompanhadas por babás ou avós.
— Que a gente vai fazer amanhã pai? – ouvi Luiza sentada no colo do pai.
— Estava pensando em irmos para Alcântara... – respondeu.
Eu e Regina estávamos sentadas nos degraus do coreto na Praça Gonçalves Dias, o dia estava terminando e famílias inteiras passeavam por entre palmeiras reais ou simplesmente ficam debruçadas na mureta trabalhada espiando o sol morrer na Baia de São Marcos. Aquela cidade tem encantos como em nenhum outro lugar do mundo, ora se vê multidões apinhando a Rua Grande , ora uma quitetude gostosa como naquela praça também conhecida por Largo dos Amores .
— Mãe...
Regina olhava o tio conversando com a prima.
— Fala filha... – puxei seu ombro e ficamos aninhadas.
— Desculpa viu?
— Esquece isso filha... – passei o braço por seu ombro – Mas você deve ter mais cuidado...
— Não sei porque fiz aquilo... – respirou fundo – Vocês treparam ontem de noite, não treparam?
— Porque você diz isso?
— É que tinha gala no pau do tio... – olhou para meu rosto – Porque vocês não se casam?
Na minha infância esse era meu sonho, casar com meu irmão. Mas...