15/12/2002 ,domingo.
Gustavo ficou mais de uma hora deitado na rede e só se levantou quando Angélica voltou e o chamou.
— Não fica assim Guga.... Eu vi tudo... Não foi culpa tua...
Mas ele sabia que, bem no fundo, tinha sido culpa dele.
— Merda! – sentou e apoiou a testa nas mãos espalmadas – Claro que foi culpa minha! Eu tinha de ter impedido...
Angélica sentiu pena dele.
— Vamos... Vamos tomar um banho pra esfriar a cabeça...
Foram para a piscina de mãos dadas.
— Cadê ela? – perguntou ao chegarem na borda.
— Não te preocupa... Dei um banho nela e botei ela de castigo... – olhou para ele – Clarisse sempre aprontou muito...
Ele tirou a camisa e se atirou na água, nadou submerso até sentir falta de ar. Emergiu respirando agoniado, Angélica continuava em pé olhando para ele.
— Tu não vens? – chamou.
Angélica ficou um pouquinho mais olhando para Gustavo antes de tirar o camisão e se atirar de ponta cabeça na água, nadou até ele.
Gustavo olhou para a casa, não viu ninguém.
— Tu estais maluca Angel? – estava agoniado ao ver que ela estava só de calcinha – Cadê as pequenas?
Angélica sorriu e se abraçou a ele.
— Tão cuidando da piranhazinha... – sentiu o peito arfante dele espremido em seus seios – Tu tirou o cabaço da mãe e da filha, seu escroto!
— Eu não queria... Juro por Deus e pela felicidade de minha filha que eu não fiz nada para que isso acontecesse!
— E sei amor, eu sei... – fechou os olhos e veio na mente a imagem de Marília na rede com ele – Mas a felicidade de Marília está assegurada...
Gustavo se retesou, gelou e abriu a boca incrédulo.
— Assegurada como?
Angélica olhou dentro dos olhos dele e meteu a mão dentro de sua cueca, apertou o pênis meio mole.
— Esso cacete deixa qualquer uma feliz...
— Clarisse falou?
— Não... – sorriu achando graça da máscara de incredulidade que ele tinha no rosto – Eu vi aquela moleca contigo na rede...
Gustavo respirou agoniado.
— Só falta tu me comeres!
Ele olhou para ela e fechou a cara, não era brincadeira o que estava acontecendo e, como sempre, Angélica achava uma maneira de se divertir com as situações mais complicadas possíveis.
Ficaram banhando até sentirem frio. Saíram e entraram na casa, as garotas estavam trancadas no quarto.
Trocaram as roupas e Angélica preparou um lanche.
— Acho que vou dormir aqui... – Gustavo estava sentado na copa – Só tenho compromisso na parte da tarde.
— Pensei que tua ia querer levar Clarisse embora – levantou a vista da revista que lia.
Angélica não respondeu, continuou coando café que inundou a casa com aroma gostoso.
— E vai mudar alguma coisa ela ficar aqui com vocês ou lá em casa sozinha? – serviu café em duas xícaras e sentou – O que tinha de acontecer já aconteceu amoreco!
Gustavo tomou um gole de café quente, queimou a língua.
— E o Pedro? – olhou para ela – Ele vai ficar fulo da vida comigo...
— Deixa ele comigo e... Ele não tem que saber de nada...
— Eu sou mesmo um grande filho da puta! – tornou beber outro gole – O coitado...
— Olha Gustavo! – ela cortou – O Pedro sempre soube de nos dois, e nunca falou nada... No início eu achava isso muito esquisito, ele não falar ou brigar comigo ou contigo... Mas depois eu acho que entendi, ele não se sente traído por você e por mim, é estranho dizer isso, mas é a pura verdade... Acho mesmo que ele sempre quis que a gente não mudasse em nada...
— Mas a Clarinha... É diferente... É filha!
— Pode ser que sim... Mas já falei que ele não precisa ficar sabendo e, se um dia souber, a gente vê o que faz... – olhou para ele – Casa com ela!
Ele olhou sério para ela.
— Pois é isso! Tu não quis casar comigo, então!
— Deixa de ser maluca Angel! – se levantou para lavar a xícara – Tu não leva nada a sério!
Parecia impossível conversar assunto sério com Angélica, foi sempre assim desde que se conheceram.
— Ta certo! Mas... Dá pra falar sério uma vez só?
Angélica olhou para ele e sentiu que ele precisava falar, precisava ouvir, ter um ombro amigo de verdade.
— Desculpa amor... – pegou a mão dele – Não vou brincar com teus sentimentos.
Ele voltou as se sentar.
— E agora Angel, como vai ficar?
Angélica suspirou e sentiu vontade de fumar, se levantou e voltou com a carteira de cigarros e cinzeiro, acendeu um e deu uma tragada forte.
— Olha Guga... Não é brincadeira, não vou brincar com isso tudo... – deu outra tragada e esperou que ele acendesse um cigarro para ele – O que tinha de acontecer, e que jamais deveria acontecer, já aconteceu... Tu e Marília e agora tua afilhada... A gente se conhece há uma vida...
— Quase trinta anos... – ele falou soprando fumaça.
— É... Quase trinta anos que te conheço e sei quem tu és e o que tu és... – parou e suspirou – Tu sabes que sou... Que sempre fui apaixonada por ti... Não deu certo a gente casar, mas nunca deixei de te amar...
— Tu sabes que te amo também...
— Sei... Claro que sei e isso é o que nos tem ligado todos esses anos... Já vivemos muita coisa juntos... Luiza e você, eu e Pedro... Apesar de saber que tua ex mulher nunca foi com minha cara... – sorriu – Acho que ela tinha medo dete perder para mim... Mas, voltando ao assunto de agora, a gente não deve ficar grilado não... Tua afilhada quis te dar como eu te dei e... Vamos viver porque...
Parou e ficou olhando para a porta da cozinha.
— Porque a gente sabe o que se quer... Eu, você e minha filhota... – fez um bichinho e jogou um beijinho, Gustavo se virou e viu que Clarisse estava parada à porta – Não tinha acontecer, mas aconteceu...
Clarisse caminhou para ela e parou.
— Você sempre foi assim minha filha... – segurou a mão dela – Meio maluca e não pensa nas conseqüências dos seus atos, não pensa nos sentimentos do outro, apenas no seu...
— Mãezinha!... Padrinho?! – puxou uma cadeira e sentou no meio dos dois – Me desculpem... Me desculpem...
Gustavo olhou para ela e para a mãe.
— Tua mãe tem razão... Sempre teve... – colocou a mão no ombro da garota e ficou brincando com os cabelos sedosos – Mas a gente não pode viver assim Clarisse, o outro é muito mais importante que a gente mesmo, em dadas ocasiões...
— Poxa gente! – Clarisse encarou a mãe – Já falei que errei e que me arrependo...
— E o que isso vai mudar minha filha? – Angélica apagou a ponta do cigarro no cinzeiro – Você tinha que ter pensado antes de... – olhou para ele – De trepar com teu padrinho...
— Ta bom mamãe... Eu... Eu juro que nunca mais viu fazer isso de novo, viu Guga?
Angélica teve vontade de sorrir, refreou o desejo por saber que Gustavo não iria aprovar uma demonstração assim, mas não pode deixar de apimentar a conversa.
— Você não fez nada ainda... Só perdeu o cabaço... – olhou para ele e viu que ele ia falar – Ainda não sentiu a vara fazendo a gente gozar como uma potranca...
— Pára com isso Angel!
Clarisse olhou espantada para a mãe, nunca esperava que ela falasse aquilo.
— Olhem aqui vocês dois! Agora o mel já foi derramado e eu sei que essa moleca estava querendo sentir mais que aquela dor... Merda gente! Não sou puritana não... – puxou o queixo da filha – Você perguntou e ele não respondeu se a gente tinha transado depois que me casei com teu pai... Gustavo nunca ia te falar dessas coisas... Mas a gente transou sim e a primeira vez foi quando você não passava de um toquinho de gente, lembra Guga?
Gustavo abaixou a vista, claro que se recordava e ainda sentia o sabor do leite salobro descendo goela abaixo.
— Foi a maior foda de minha vida, melhor até que a primeira... As primeiras... – emendou – Pois naquele dia na sauna a gente transou umas três vezes... – riu, ele também sorriu – Lembro como se fosse hoje... Você estava mamando, teu pai tinha viajado e o Guga tinha ido nos visitar... Quando você se fartou de mamar eu perguntei se ele não queria mamar também – olhou para ele e para a filha – Foi a coisa mas gostosa do mundo sentir a boca dele sugando meu leite... Eu estava alimentando meu homem e minha cria... Depois eu rasguei a roupa dele e sentei na vara... Porra! Foi divino sentir entrando até quase tocar em meu útero...
Clarisse sentiu as pernas tremerem lembrando da dor tomando conta da vagina.
— E eu?... – falou baixinho interessada – Tava no quarto?
Angélica olhou para Gustavo.
— Tava... Nos meus braços... – apertou a mão da filha – Eu transei com você aninhada em meus braços e você terminou dormindo... Minha xoxota ardia de tanta vontade de voltar a sentir o mastro dele dentro de mim, e você ali em meus braços, e eu cavalgando ele enquanto você dormia como uma anjinha...
— Porra mãe? – olhou para os dois – E tu Guga?
— Quem tem eu?
— Sei lá... O que tu sentiu transando com mamãe e comigo... – riu baixinho.
— Não foi com ela e com você, sua pirralha fogosa.... – puxou a cabeça dela – Por acaso você estava nos braços dela...
— Mas era como se eu estivesse com vocês... – riu e encostou a cabeça em seu ombro – Acho que é por isso que sou maluca por ti, meu padrinho sacana... Mas... E o papai? Ele...
— Sabe sim filha... O Pedro sempre soube que eu amo esse cara... Sempre soube que ele foi meu primeiro homem... E... O único... – viu que a filha estava mais solta como se tivesse jogado fora um peso enorme – Teu pai nunca falou nada, nem pra mim e nem pro Gustavo, mas não precisava falar nada... Eu sentia que ele sabia e que, de alguma forma, aceitava viver nesse triangulo amoroso muito nosso e... E... E agora você! – respirou – Mas eu gostaria que ele não ficasse sabendo de nada... Por enquanto... Vamos deixar o tempo dar tempo... Outra coisa! – olhou para ele – Sei que não vão ficar só nisso... O Gustavo sabe cuidar das coisas, mas você vai ter que se precaver...