À noite, recuperado, ao invés de preparar o jantar, propus jantarmos fora.
- Porque não ficamos por aqui? - perguntou - Posso preparar algo para nós.
- Primeiro porque quero sair com você e curtir um lugar em que possamos dançar; depois, deveria ter feito mercado e não tenho nada em casa.
- Poderíamos ter feito!
- Não estava a fim de perder tempo em um mercado justo hoje. Topa dançar?
- Claro!
Eu queria mais. Queria experimenta-la em outros lugares, não sabia se isso iria durar ou mesmo se valeria a pena. Sabíamos muito pouco a respeito um do outro, mas nos dávamos muito bem na cama, e isso de uma certa maneira era confuso. Mas saímos e íamos pegar meu carro quando ela lembrou:
- E o pneu?
Lá fomos nós de fusquinha apenas porque havia me esquecido de consertar a porcaria do estepe. Fazia muito tempo que eu não dirigia um e ela não perdeu a oportunidade para brincar.
- Do jeito que você está dirigindo só chegaremos na hora do café da manhã.
- Pelo menos terá sido uma viagem encantadora!
- Claro, ainda mais que podemos fazer muito aqui dentro.
- Esta coisa é um pouco apertada, você não acha?
- O que é isso amor - era a primeira vez que me chamava assim - Pode-se fazer de tudo aqui!
- Pelo visto estamos cheios de experiência! - não estava chateado, mas ela entendeu assim.
- Eu só estava brincando, não precisa criticar! - disse um pouco irritada.
- Não era crítica, eu que estava brincando com a sua defesa do fusquinha. É terrível namorar nesse carro, nem na frente nem atrás. É muito apertado.
- Eu faria qualquer coisa aqui dentro... com você! - chegáramos de novo naquele ponto de nos testar. Ela estava totalmente segura de si e eu queria ver até onde ia essa segurança.
- Qualquer coisa? - perguntei provocadoramente incrédulo.
- Claro que sim! - respondeu com segurança - Você é meu homem (gostei desta parte) e pode pedir qualquer coisa que eu faço para você.
Pensei o mais rápido que pude. Tinha que ser alguma coisa viável, porém que realmente a colocasse em cheque, de preferência, mate. Havia algo...
- Tire a blusa! - poderia ter pedido mais, mas não acreditei que faria.
Mas não é que ela sorriu e em plena Avenida das Américas tirou a blusa e jogou-a no banco de trás.
- Pronto! - e ficou ali me olhando, enquanto eu não sabia se dirigia ou a olhava.
- A saia! - ordenei ainda incrédulo.
Ela não se fez de rogada e a tirou, colocando-a junto com a blusa. Eu não parava de olha-la, seu corpo ali seminu do meu lado, carros passando por nós sem perceber (?) o que acontecia.
- O que você quer que eu tire agora? - perguntou desafiadora - Ainda tem colar, sutiã, calcinha, meia, sapato...
Nessa ela realmente me pegara. Nunca esperava que uma mulher se despisse dentro do meu carro, em uma rua movimentada. Está certo, o carro era dela, mas mesmo assim...
- O que vai ser? - insistiu ela e já que insistia...
- Tudo! - muita coragem da minha parte - Quero que tire a roupa toda!
- Você quer que eu fique nua aqui no carro no meio da rua? - provocou.
- É... - antes que eu começasse a justificar, ela tirou o colar, jogou os sapatos para o banco de trás, as meias, o sutiã e a calcinha. Fez tudo com muito charme, me olhando antes de jogar cada peça para trás. Estava completamente nua no banco do carro do meu lado. Colocou um braço apoiado na porta, o outro no encosto do banco e uma perna sobre o assento, desafiadora... e linda, com aqueles peitinhos me olhando.
- Que tal?
- Maravilhosa! - nem precisava dizer ela sabia, e meu bom-companheiro também.
- O que fazemos agora?
Não existiam palavras para respondê-la e a boate também já estava há muito para trás. Apenas a ação poderia dizer o que eu e ELE sentíamos. Coloquei minha mão sobre seu sexo.
- Bom! - disse fechando os olhos - Mas cuidado com o transito!
Enfiei meu dedo, enquanto ela se remexia.
- Muito bom! - repetiu a sacaninha.
Só houve um jeito. Assim que deu, parei o carro em um acostamento e caí de boca, literalmente. Ela abriu minha calça e sentou-se no meu colo, de frente para mim. Quando paramos de nos movimentar ela disse:
- Viu, não falei que dava para fazer muita coisa? Até strip-tease...
Voltamos para a estrada e fomos para a boate. Lá, foi tudo uma maravilha, apesar do meu cansaço. Dançamos um bocado e bebemos igualmente. O lugar não era um cantinho silencioso para um romance, muito pelo contrário, era uma zoada só, mas com uma música excelente. Na volta para casa ela veio dirigindo e eu me aproveitei para colocar minha mão entre suas pernas. Ela quase gritou, e eu levei um susto danado.
- Não me distraia! Não posso ter minha atenção desviada. Pode ser defeito, mas não sei dirigir assim.
Quando ameacei outra vez...
- Por favor, é sério!
Na verdade, eu estava com muito sono para questionar. Chegamos em casa e eu exausto desabei na cama de roupa e tudo. Foi ela quem me despiu, mais uma vez. Estava de bruços quando senti seu corpo nu sobre o meu. Apesar de até pensar em transar, eu queria mesmo era dormir um pouco. Com uma voz suave ela me tranquilizou:
- Vou fazer uma massagem que vai te fazer dormir como um anjo!
- Pensei que anjos não dormissem! - brinquei enquanto sentia suas mãos nas minhas costas.
A massagem era realmente fenomenal. Quase cheguei a ficar excitado, mas a sensação de relaxamento foi maior e adormeci.
Como dormi bem nessa noite. Realmente dormi como um anjo, se é que eles dormem, mas quando acordei, achei que o meu havia dormido. Passavam das 11 da manhã e não havia nenhum sinal dela. Foi um tremendo susto. Esquecera de esconder a chave e até mesmo de trancar a porta. Corri para o estúdio e tudo parecia em ordem. Verifiquei os dólares, a aparelhagem de som, tudo no lugar, até mesmo as chaves do carro e da porta. Apenas ela havia desaparecido. Conformado, fui para a cozinha e preparei a cafeteira para um café. Enquanto não ficava pronto fui para a varanda. No estacionamento o fusquinha não estava lá. Ela havia ido embora. Mas porque não deixou nem um bilhete. A cafeteira apitou e fui me servir. Estava sentado na varanda olhando o céu quando ouvi barulho de chave na porta de serviço. Antes que eu alcançasse a porta, ela entrou com um saco de pão e um jornal embaixo do braço.
- Está acordado amor? - era a segunda vez que ela me chamava assim. - Comprei pão, jornal e mais umas coisinhas para o nosso café da manhã.
Ela me deu um beijo e colocou tudo sobre a bancada da cozinha me passando o jornal.
- Aqui na Barra tudo é tão longe, bem diferente de Copa. Lá não preciso pegar o carro para ir à padaria. Vá ler o jornal enquanto preparo algo melhor do que este café que está tomando.
Enquanto ela iniciava suas atividades, peguei o jornal, dei-lhe uma palmada no traseiro e fui para a sala. Havia algo de misterioso naquela mulher que eu precisava descobrir. Era tudo muito perfeito, uma verdadeira gueixa. Isso não existe! Ou será que existe? Eu tinha todo o domingo para procurar saber mais sobre ela.
O café da manhã foi delicioso. Coisas que eu não tenho muita paciência em fazer quando estou sozinho, como torradas francesas, frutas e suco de laranja. Mas ela tratou de tudo.