Não estou dizendo isso por ser puritano, ou moralista. Muito ao contrário: sou assumidamente bissexual e “wife sharer”. Quem já leu meus contos, por aqui, sabe disso.
Aos dezenove anos fui convidado por um amigo da faculdade (eu fazia jornalismo na USP) a passar o Réveillon na chácara da sua família, próxima à cidade de Itu, aqui perto da capital paulista. Como eu trabalhava, saí de São Paulo apenas na noite de quinta-feira, dia 30 de dezembro. Meu amigo já estava lá, desde o Natal, com toda a sua família.
Quando cheguei, assustei-me ao ser recebido por meu amigo, totalmente nu. Ele saiu de casa e veio me abraçar, deixando-me um pouco sem graça.
Passando a mão sobre meu ombro ele me conduziu para dentro da casa, onde encontrei, na sala, seus pais, totalmente nus. Eles levantaram e vieram me cumprimentar. Abraçaram-me, também, aumentando minha timidez e deixando-me ainda mais sem graça. Eu não sabia para onde olhar, enquanto eles falavam comigo na maior naturalidade.
Percebendo minha situação, o pai dele tentou me deixar mais à vontade dizendo:
- Eu percebi que você está meio perdido. Desculpe-nos. É que somos naturistas. - Eu nunca tinha ouvido aquela expressão. Até então, eu conhecia apenas o conceito do “nudismo”, que descobri ser mais restrito que o naturismo. Como eu não dissesse nada, ele continuou:
- Acreditamos que a nudez é mais saudável que o uso de roupas. Evitamos usar roupas, dentro da nossa casa, e descobrimos que nos tornamos menos falsos, menos interesseiros, mais fieis a nossos parceiros…
Ele passou uns cinco minutos explicando o que era o naturismo e eu, embora entendendo tudo, não conseguia me liberar de um certo mal estar, pela situação.
Meu amigo foi me levar até o quarto em que eu ficaria, durante minha estada naquela casa. No meio do corredor encontrei uma mulher de seus trinta e poucos anos, que também estava totalmente nua. Fomos apresentados e ela me abraçou e beijou meu rosto. Exatamente enquanto era abraçado por aquela mulher jovem e nua, apareceu um cara alto (praticamente da minha altura, que tenho 1,91m) e um pouco acima do peso. Fui apresentado a ele e descobri que era o marido daquela mulher, e também estava nu.
Com um sorriso no rosto ele pediu para falarmos mais baixo para não acordarmos as crianças. Abraçou-me, também, dando as boas vindas e fazendo com que eu fosse à loucura.
Alegando cansaço eu declinei do convite para jantar e pedi para ficar no quarto e dormir. Eu tinha o hábito de ficar nu, enquanto estava sozinho, trancado no meu quarto, em minha casa. Mas nunca me imaginei em uma situação daquela.
No dia seguinte, ao acordar com barulho de crianças correndo e falando alto no lado de fora da casa, bem debaixo da janela da suíte em que fui acomodado, levantei, tomei um banho e vesti-me com calção e camiseta, saindo do quarto para descobrir como seria meu final de semana com aquela família de gente que ficava o tempo todo pelada.
Encontrei-os à mesa, tomando café da manhã, exceto meu amigo que, como disse seu pai, dormiria, como sempre, até por volta da uma da tarde. Mais uma vez estavam todos nus, mas eu já tinha absorvido o impacto daquela realidade e conseguia conversar com eles ocultando qualquer desconforto.
Ao terminarmos de tomar o café da manhã, a irmã do meu amigo disse:
- Vamos todos para a piscina. Você vem conosco, não?
Sem me tocar da impropriedade do que iria dizer, eu falei:
- Vou só colocar um calção de banho - (era assim que chamávamos as sungas, que usávamos naquela época) - e já vou.
Ela olhou-me de um jeito divertido, enquanto o marido dela deu uma sonora gargalhada e dizia:
- Faça como quiser, Mar. Se quiser ficar pelado, fique à vontade.
Coloquei o calção e fui para a piscina. A convivência com eles era fácil e gostosa. Ninguém se sentia intimidado pela sua sexualidade, nem pelas características de seus corpos. Mesmo o pai e a mãe do meu amigo, já com idade avançada, portavam-se como se tivessem os corpos mais bonitos do mundo. Antes do meu amigo levantar, no início da tarde, eu já tinha tirado o calção e me sentia à vontade, no meio daquelas pessoas.
Até hoje tenho amizade com esta família, embora o pai e a mãe do meu amigo já tenham falecido. Voltei àquela casa em muitos outros feriados e finais de semana. Levei algumas namoradas comigo, em mais de uma ocasião. Conheci quase todas as namoradas deste meu amigo e fui apresentado à esposa dele (única, pois está casado há mais de vinte anos) quando ela estava totalmente nua, naquela mesma chácara.
Nunca transei com nenhuma daquelas pessoas, nem consigo vê-las com algo parecido com o sexo.
Passei a praticar o naturismo e somos, eu e minha mulher, habituées no Mirante do Paraíso (comunidade naturista em Igaratá, bem próxima a São Paulo), na Praia do Pinho (em Balneário Camboriú, para onde eu e minha mulher viajamos três ou quatro vezes ao ano) e em outros locais reservados à prática do naturismo. Já visitamos todas as praias naturistas públicas do Brasil e em nenhuma delas qualquer manifestação sexual é permitida.
Só para vocês terem uma ideia: na Praia do Pinho, homens desacompanhados de mulheres não podem entrar na área reservada a mulheres e casais. As pessoas que visitam a praia, mas não querem praticar o naturismo (tirando suas roupas), só podem ver a área reservada a homens desacompanhados de mulheres. Vai ver apenas homens pelados, raramente conseguem ver uma mulher.
Na maioria das praias naturistas, homens desacompanhados de mulheres nem podem entrar.
Se algum homem tiver uma ereção, nos espaços naturistas, pode ser - e é, normalmente - expulso e impedido de voltar.
Dentro de nossa casa, eu e minha mulher ficamos nus e sabemos que, eventualmente alguns vizinhos, nos prédios próximos, nos vêm. Não nos importamos com isso e não nos excitamos assim; ao agirmos assim não estamos sendo exibicionistas, somente naturistas.
Deu para entender o que é NATURISMO? Percebe por que eu digo que estas histórias de putarias em praias naturistas são mentirosas e fantasiosas?
O que o pessoal procura mostrar nestes textos, ao falar em sexo liberado em qualquer lugar, pessoas nuas o tempo todo e se pegando abertamente, sem limites e sem regras, é o HEDONISMO. Uma filosofia que nasceu na Grécia antiga e tem como centro mundial, hoje, a Jamaica, onde existem diversos Resorts hedonistas.
Conheço apenas um clube hedonista, em Guaratiba, no Rio de Janeiro (a última vez que eu o visitei, a compra de um título de sócio deste clube custava R$ 7 200,00, mais o pagamento de uma mensalidade por volta de R$ 350,00), e uma casa noturna hedonista, aqui em São Paulo, frequentada por pessoas que gostam de mais liberdade que aquela conseguida em uma casa de swing. São os únicos casos hedonistas públicos, aqui no Brasil. Não há registro de praias hedonistas ou outros ambientes assim.
Continuando meu comentário, vale lembrar que, antes dos portugueses chegarem aqui, os índios viviam nus. Tenho vontade de conhecer praias de naturismo, pois creio que as pessoas que frequentam são mais verdadeiras e confiáveis. Mas creio que role algum flerte, até porque é algo normal. Quanto a sexo, creio que devia ser permitido, pois também é natural. Gostei do texto, e claro, votei!
Eu havia escutado sobre homens irem tomar banho de mar para resolver uma ereção, ou serem convidados a se retirar. Nunca fui a uma praia assim, mas acho que uma ereção seja algo involuntário, e poderia acontecer com meu marido, sem ser por desrespeito. Mas percebo que essas familias naturistas se preocupam é com pessoas mal intencionadas, que querem tirar proveito da liberdade alheia
Muito bom o texto .votado
Show! eu tinha que ter lido isso antes de ir a uma praia de nudismo, aqui no Rio, só tinha homens e estavam alguns se pegando...
Realmente, na calada da noite sacanagem existe em qualquer lugar....votei.
Meu caro, concordo com vc que a filosofia naturalista é exatamente esta que você descreveu. Mas sou frequentador de uma praia naturista também, tambaba. Que tem todas essas regras que você falou, onde vão muitas famílias e pessoas assim como vc, puramente naturistas. Mas também vão muitos casais exibicionistas e swingers. Que não fazem nada explicitamente, mas nas escondidas e entocas...
Muito esclarecedor, muito embora paquera pode ocorrer em qualquer ambiente. Os contistas devem realmente exagerar na dose. Votei.
acho que vou contar um episódio que ocorreu comigo em uma praia de nudismo, criei coragem rs rs beijos ja votei