Diálogos e recordações, 01

PORQUE VOCÊ NÃO ME FALOU...

Eu tinha dezessete anos e Carla quase dezesseis quando Cristina desconfiou que tinha alguma coisa acontecendo...

Terça-feira, 7 de junho de 1977

A mãe abriu a porta e ficou parada na soleira, Carla lia o livro de geografia sentada recostada no espelho da cama com pernas abertas e não viu o olhar sério que ela lhe dirigia.
– Posso entrar? – a voz embargada de Cristina fez Carla sentir medo.
Cristina entrou e sentou na cama desalinhada, olhou em volta como se procurasse algo. Carla fechou as pernas.
– Porque você não me contou?...
Carla colocou o livro aberto na barriga e cruzou os braços como se tivesse, repentinamente, vergonha de estar quase nua na frente da mãe.
– Contar o que Cristina? – olhou para a mãe sem entender o motivo da seriedade e do tom de voz reprovador.
Cristina olhou para a filha, recostou-se na cama e fechou os olhos rogando a Deus para que suas desconfianças fossem infundadas.
– Filha... – suspirou profundo e reabriu os olhos – Já conversei muitas vezes com você sobre as implicações de nossas relações... E que precisamos ter muito, mas muito cuidado para que não aconteça...
Carla percebeu sobre o que a mãe queria falar e levou a mão para a barriga e alisou como se acarinhando a implicação de que Cristina falava.
– Você sabe do que estou falando... – tirou o livro do ventre da filha - É sobre isso que falo...
Carla olhou para Cristina, os olhos mareados e os lábios trêmulos denunciavam o medo que passou a sentir.
– Vocês, ou melhor, o Junior é um irresponsável... – suspirou profundo – Porra Carla, tu já tens quinze anos e devias saber que isso poderia acontecer! E agora? – não sentia raiva, só uma frustração imensa por não ter conseguido evitar que chegassem a esse ponto.
– Junior não tem culpa Cristina – olhou para a mãe – Eu é quem quis, ele não sabia...
Cristina olhou incrédula para a filha.
– Eu não tomei as pílulas que ele comprou... Dizia pra ele que tava tomando, mas...
Cristina colocou a mão no ventre da filha e deixou escapulir um pequeno soluço.
– Filha... Transar é muito bom e quando é feito com carinho e amor é melhor ainda...
– Amo o Júnior!... – olhou para a mão da mãe acariciando seu ventre – Amo como mulher e ele também me ama...
Tinha certeza que sim, mas não era esse o caso. Aquela gravidez, por mais desejada pela filha, era um complicador não só para eles, mas para ela também.
– Não duvido isso Carlinha... Não duvido do amor de vocês, mas o que me deixa preocupada é você estar grávida... Grávida do teu irmão! – a mão tremeu – Você já parou para pensar nas implicações de uma gravidez desse tipo? Dos problemas que poderão ocorrer a você e a seu filho?
Carla começou a chorar baixinho.
– Carlinha minha filha... – beijou a cabeça da filha – Você não deveria ter feito isso...
– Mas mãe... Sempre sonhei ser mãe de um filho do mano, sempre!
Mas Cristina sabia que a filha ainda não havia ponderado nas complicações possíveis de um filho gerado dentro de uma relação incestuosa. Como seria essa criança? Nasceria sã ou carregaria pelo resto da vida marcas da irresponsabilidade dos pais?
– A vida não é assim princesa! A vida é o hoje, o amanhã! – voltou a acariciar o ventre da filha – E o que será dessa criança, dessa vida que está se criando dentro de você... – suspirou – Você já pensou no galho que isso pode dar quando descobrirem que você está esperando um filho do Junior?
– Não é preciso que ninguém saiba quem é o pai...
Cristina olhou para a filha e sentiu a inocência pura e sorriu.
– Também não é essa minha preocupação, o meu temor é que essa criança nasça com seqüelas pela consangüinidade dos pais... Você já deve ter estudado isso na escola – empertigou o corpo – Quando os pais são parentes diretos pode haver complicação na formação do feto, complicações muito sérias que, muitas das vezes, resulta na morte prematura da criança ou deixa seqüelas permanentes... – estremeceu só de pensar naquela possibilidade macabra – Isso é a lei da natureza minha filha, são dispositivos plantados que regulam a concepção...
Carla chorava baixinho. Sabia das conseqüências, mas apostava naquela minúscula possibilidade de não haver problemas com seu filho e com ela mesma.
– Mas pode ser que dê tudo certo... – falou baixinho.
– Pode! Mas é um possibilidade bastante remota – antes de ter essa conversa ela procurara saber de tudo o que poderia acarretar aquela loucura – Apenas zero vírgula zero zero dois por cento dos casos de consangüinidade pode ser recessivo contra noventa e nove virgula zero zero oito... Somente uma vez em cada quase dez mil e trezentos e vinte casos pode não ocorrer seqüelas... É muito perigoso filha...
Quando entrou no quarto estava segura que iria obrigá-la a um aborto provocado, mas não tinha essa certeza agora, depois de ver a filha e tocar em seu ventre já arredondando.
– Eu quero ter meu filho mãe...


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Ficha do conto

Foto Perfil anjo
anjo

Nome do conto:
Diálogos e recordações, 01

Codigo do conto:
9175

Categoria:
Incesto

Data da Publicação:
18/03/2010

Quant.de Votos:
11

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