“Foi estranho ver aquela cena, mas hoje sei queaquilo ia acontecer um dia...”
08/12/2002,domingo.
Não foi uma noite muito agradável apesar de ainda ter vivo, na mente, ocorpo e o sexo da amiga da filha, mas também não saia da memória a cena da filha se masturbando chamando por ele.
No quarto Joana não estava entendendo nada e entendeu menos ainda quando Marília voltou correndo para a cama e chorou.
— Que é isso amiga – sentou do lado dela – Que foi que ele fez pra ti?
— Eu vi... – Marília enxugou as lágrimas e assoou o nariz com o lençol – Eu vi tu dando pra ele...
Joana estranhou ela estar chateada, afinal de contas as duas tinham conversado sobre essa possibilidade e, naquele momento, até que ela achou que poderia ajudar fazer ele deixar de ser tão certinho.
— Mas... Marília? – Joana olhou para a amiga – A gente...
— Mas não era pra ti dar pra ele... Era só pra ficar de brincadeira!
Joana se levantou e foi para a rede onde estava dormindo.
— Porra pequena! – parou e virou – E o que é que tem? – Marília desviou o olhar – Espera! Tu...
Começou entender a aperreação da amiga, na certa ela era quem queria estar no lugar dela.
— O que é que tem? Diz! – Marília sentou – Tu acha que...
— Puxa amiga? – Joana voltou e tentou abraçá-la, mas foi rechaçada – Tu queres trepar com ele... Tu... – riu.
Marília ficou parada olhando a perna cruzada, deu um suspiro longo e encarou a amiga. Ficaram se encarando até Joana voltar a tentar abraçá-la e, dessa vez, Marilia aceitou.
— Ele sabe?
Marília fechou os olhos e lembrou de como ele ficou, na certa já estava parado no quarto a mais tempo e tinha visto e ouvido.
— Tu estais louca... – empurrou o corpo da amiga – A gente não pode pensar nisso... Ele é meu pai... Meu pai!
— Então não estou entendendo nada – Joana olhou pra ela.
— Tu gostou? – resolveu mudar de assunto, não tinha coragem de dizer a verdade.
Joana também não tinha argumentos para continuar aquele papo pesado e aceitou, quase aliviada, a mudança de assunto.
— Puxa vida! Se gostei? – se deitou e estirou o corpo e voltou a sentir uma sensação gostosa correndo a espinha – Foi uma trepada e tanto... – riu, Marília também deixou escapar um arremedo de riso – Tava doida pra dar pra ele... Desde o banho na piscina...
— Porra Joana! – Marília sabia que a amiga ia terminar trepando com o pai, mas não pensou que ia ser tão de repente – Desde o primeiro dia?
Joana riu e deitou de bruços dobrando as pernas.
— Ora amiga? Ele é o coroa sarado, um pouquinho metido a muito certinho... – riu lembrando de como ele ficou quando viu as duas pegando sol com os peitos pra fora – Mas tem uma rola que faz a gente gozar desde o primeiro toque...
— Tu ta parecendo uma piranha – se afastou e sentou encostada na cabeceira da cama.
Joana olhou para ela e deu uma risada um pouco mais alta.
— Tu ta é com ciúme...
— É meu pai... E o que tem de mais sentir ciúmes dele?
Não tinha nada, mas não era só ciúme de uma filha, era também um pouco de frustração por não ter conseguido despertar os desejos dele por mais que tenha tentado.
— E o que ele vai ficar pensando de ti agora? – olhou para a amiga e viu um pouquinho de preocupação no olhar – Na certa ele ta pensando que tu é mulher de programa!
Joana não tinha pensado nisso, a amiga tinha razão, ela tinha sido muito fácil. Mas ainda tinha quase certeza de que Marília queria mais dele que carinho de pai.
— Não! Ele não vai pensar isso de mim não... – Joana sentou e cruzou as pernas – Qual é Marília! Tu sabe que eu não sou isso não...
E não era. Tinha perdido a virgindade no natal com um primo e Gustavo era só o segundo homem com quem transara.
— Me diz o que ele viu? – ainda estava com a pulga atrás da orelha – Tu tava fazendo o que aqui no quarto quando ele entrou?
Marília puxou o travesseiro e cobriu a nudez, mas não ia falar pra ela que estava se masturbando pensando nele.
— Esquece isso... É entre eu e meu pai... – queria terminar logo aquela conversa – Vamos dormir, amanhã a gente vai pegar uma praia na litorânea...
Joana ainda ficou olhando para ela antes de ir para a rede. Marília se deitou e pareceu ter pego no sono.
No quarto Gustavo fumava um cigarro atrás do outro sempre com a imagem da filha esfregando o dedo na xoxota murmurando o nome dele. Tinha que tentar colocar uma pedra naquilo, tinha sido um erro cair nos braços de Joana; é só uma menina, pensou, nem tem peito formado!
Sim! Era uma quase menina que trepava como gente grande. Suspirou, apagou o cigarro do cinzeiro cheio, apagou a luz e deitou tentando dormir. Amanhã ele ia conversar com ela e colocar o trem nos trilhos, pensou no escuro do quarto.
** * * * *
Como no dia anterior, acordou sentindo um beijo dado pela filha.
— Vamos lá rapá! – deitou do lado dele e lhe deu um abraço apertado – Tu dorme muito pai... O café já deve ta frio...
Ele abriu os olhos, se espreguiçou e abraçou também a filha. Parecia que tudo o que tinha acontecido na noite anterior tinha ficado guardado em uma gaveta bem escondida.
— Pô filha, hoje é domingo! – riu e deu um cheiro no cangote dela – O velho aqui tem direito de dormir um pouquinho mais, não tem?
Marília sentiu o corpo eriçar com o cheiro no pescoço e se aninhou em seus braços.
— Tu não sabes como sinto saudades... – beijou a bochecha dele – Vamos pai, levanta logo!
Gustavo olhou para a garota por alguns instantes relembrando do susto que tinha levado, sorriu e a apertou nos braços. Ela se aninhou a ele sentindo que a respiração dele estava descompassada.
— Minha garotinha maluca!
— Tu me desculpa?... – falou baixinho – Não sei o que deu em mim...
Mas ele não estava se referindo àquilo.
— Desculpar o que? – beijou a cabeça úmida exalando perfume de sabonete alma de flores – Não tenho nada que desculpar... Você sim, afinal eu fiz uma grande besteira...
— Há pai! Esquece isso... – queria tirar da cabeça a imagem e o desejo que sentiu, mas sentia que a xoxota estava melada – Vocês dois quiseram... Eela não é mais uma criancinha...
Parecia ser a coisa mais normal e corriqueira vê-la falar assim, mas ele sabia que tinha de se redimir para que aqueles dias não se transformassem e malgo que lhes afetaria profundamente.
— Ta bom filha... Mas... – olhou para ela e não teve coragem de dizer que Joana não era mais que uma criança – Deixa pra lá! Quem fez o café hoje?
Empurrou ela para o lado e se levantou, não sentiu vergonha de estar só de cuecas, não depois dos últimos acontecimentos. Entrou no banheiro, escovou os dentes e abriu o chuveiro.
Marília ficou deitada pensando em como ia ser depois das coisas que ela tinha feito e visto. Cheirou o travesseiro e sentiu o perfume dele impregnando seus sentidos, fechou os olhos e sem se dar conta, a mão desceu e tocou a calcinha úmida.
— Marília? – olhou pra porta e viu Joana parada – Tu ta doida garota?
Sorriu e saiu do quarto de mãos dadas com a amiga.
— Se ele te ver fazendo isso... – Joana deu um aperto na mão da amiga – Tu precisa se conter amiga...
As duas tinham combinado darem um tempo, não iriam disputar o mesmo homem.
— Oba! – Gustavo entrou na cozinha enxugando os cabelos, estava só de cuecas – Tem até bife?
Se meteu no meio das duas e deu um abraço que as fez ficarem imprensadas frente a frente.
— Tu queres suco pai? – Marília abriu a geladeira e tirou a jarra com suco de carambola – Lembro que tu gosta de carambola...
— E onde vocês encontraram carambolas? – ele recebeu o copo e provou – Aqui não tem pé?
As duas se entreolharam e sorriram baixinho.
— Segredo! – Marília serviu para ela também – Que tal? Ta bom?
Falou que estava ótimo e tomaram café quase em silencio não fosse pedirem que passassem isso ou aquilo.
— E aí? O que minhas gatas querem fazer... – terminou o desjejum – E não me venham dizer que vão querer ficar no ninho!
Joana lavava as louças enquanto Marilia arrumava a mesa.
— Tua filha falou que a gente vai pra praia... Na Litorânea... – Joana se virou – Não é naquele lugar que a gente passou?
Gustavo tinha levantado, estava na porta da cozinha, acendeu um cigarro, deu uma tragada antes de responder brincando.
— É sim! Lá mesmo onde vocês duas encheram a cara...
Riram e ele foi para a beira da piscina, precisava filtrar a água e peneirar as folhas e gravetos que boiavam na água azulada pelo cloro. Ficou limpando a piscina enquanto as duas terminavam a arrumação da cozinha.
— E aí pai? – Marília sentou na beirada da mesa – A gente vai mesmo pra Litorânea?
Gustavo terminou de peneirar a água e ligou o filtro. O dia estava gostoso e, apesar de ser quase nove e meia, uma brisa fria soprava do mar para a terra.
— Você é quem manda... – voltou e se encostou na filha – Tirei quinze dias de férias para poder dar assistência à minha princesa...
Se abraçaram e ficaram parados, ouvindo o batucar dos corações e sentindo o pulsar das respirações. Gustavo queria poder não ser daquele jeito, queria poder ser mais liberal – e estava fazendo das tripas coração para, pelo menos naqueles dias, esquecer um pouco as convenções ditas pela sociedade – para aceitar que nada acontecia sem um objetivo maior. Tinha sido essa a conclusão tirada das coisas do dia anterior. Era claro que não iria aceitar ou fazer algo mais forte com a filha, não tinha se livrado das regras seculares de relacionamento familiar. Não se pula uma cerca sem se preparar bem, sem saber que do outro lado algo grande pode estar esperando.
— Olha essa saliência! – Joana apareceu levando um copo com uísque que entregou para ele – Vamos deixar dessas coisas, viu?
Marília olhou para o pai, sorriram juntos e ele segurou no queixo dela e deu um beijo estralado na ponta do nariz. Recebeu o copo e deu uma golada.
— Como é? Vão ficar aí o dia todo? – Joana sentou na cadeira de sol – Vamos ou não vamos?
— Vamos sim moreninha... Vai te vestir...
Joana se levantou e correu para se arrumar, parou antes de entrar e se voltou.
— Não vem não Marília?
Marília falou que já tinha vestido o biquíni e Joana entrou.
— E aí pai? Ela é gostosa? – não teve coragem de olhar pro rosto dele.
Gustavo esperava uma pergunta do gênero e não se assustou.
— É... É gostosinha sim... – puxou a filha pelo braço e ficou abraçado a ela – Ela falou alguma coisa? Vocês conversaram sobre...
Marília fechou os olhos e falou que conversaram mas não sobre isso.
— Ela não é assim não pai... – se virou e encarou o pai – Acho que foi a bebida... Mas ela não anda transando com todo mundo não...
Gustavo também encarou a filha.
— Sei disso filha... Deu pra perceber... – lembrou de como ela era justinha.
— Pai?... – respirou fundo e pareceu não querer ou não ter coragem de continuar, ele esperou – Ontem lá no quarto...
— Não vamos falar nisso Marília... – puxou ela e a abraçou – Vamos deixar como está...
— Não papai... A gente tem de conversar...
Ele afrouxou o abraço e ela deu um passo para trás.
— Ontem eu...
Ele não a deixou concluir, pegou sua cabeça e colou a boca à dela. Marília se assustou, não esperava que ele tomasse aquela atitude, mas era o que estava querendo desde que tinha entrado no seu quarto pela manhã e ficado olhando para ele dormindo por muito tempo.
— Pai... Eu... – gaguejou quando ele terminou de beijá-la.
— Não fala nada... – colocou o dedo indicador tapando sua boca – Isso é loucura eu sei, mas ontem...
Joana voltou e ele parou de falar, ela percebeu que tinha interrompido alguma coisa.
— Desculpa!... – ia voltar.
— Espera Joana... – ele segurou em sua mão – A gente tava falando sobre ontem...
Ela voltou e ficou esperando pensando que ele ia dar um sermão nela e em Marília.
— Adorei ficar com você...
Marília cruzou os braços e ficou brincando com uma pedrinha com o pé.
— Estava justamente falando... – olhou para a filha – Ou melhor... Falamos sobre você e... Sobre essa maluquinha aqui...
— E falaram o que? – Joana perguntou interessada.
— Você sabe... Sobre o que fizemos ontem e que... Que adorei... – olhou para a filha – Aquilo desencadeou uma série de outras coisas... Não sei o que vocês conversaram sobre isso, mas passei boa parte da noite remoendo tudo o que está acontecendo aqui e... E entre a gente...
— Pai...
— Espera filha... Deixa eu falar logo tudo senão... Senão posso me arrepender antes do tempo...