Caça ou Caçadora?

(Parte 12)
Após eu e Pedro sairmos de São Paulo e viajarmos a noite inteira, chegamos a Joinville. Falei para ele sobre a necessidade de passarmos em um lugar antes de prosseguirmos para Camboriú. Pedimos para o motorista parar o ônibus quando saímos da zona urbana da cidade, caminharíamos dois quilômetros até uma casa onde morei. A parada não programada do busão também serviria para confundir possíveis perseguidores fazendo os caras perderem o nosso rastro.

Jessie mantinha essa estratégia como um hábito já há alguns anos, o Pedro só há alguns meses. Ela se sentia mais segura e confiante estando ao lado do seu novo parceiro, no entanto, se questionava: "Até onde ele seria capaz de comprometer-se comigo?".

Durante a caminhada:
— Seria bom se a gente conseguisse uma moto para locomoção… também seria ótimo pra fugir, se fosse preciso — disse o Pedro.
— Era para ser surpresa, mas vou contar agora mesmo. Tenho um carro enterrado aqui perto, estamos indo para lá.
— Enterrado?
— É modo de dizer, está escondido.

Chegamos na casa do meu antigo senhorio, eu morei em um quarto e cozinha nos fundos antes de ir para Campinas. Agradeci o homem e o retribuí por guardar o meu Santana.
Passamos um tempinho dando uma geral no carro, ele ficou parado vários meses. Mas enfim colocamos para rodar novamente o bichão fabricado há mais de vinte anos, e fomos às compras. Precisava de um material específico para usar caso encontrasse os canalhas traidores.

Compramos os bagulhos em lojas diferentes, evitando assim, chamar a atenção indesejada devido ao conteúdo, o nomeei de “kit sequestro”: abraçadeiras de nylon para usar como algema, fita adesiva Cinza de PVC para tapar a boca e prender o corpo, uma boa faca de caça estupidamente afiada, um punhal automático e luvas descartáveis.
Lá pelas nove da noite fomos à casa noturna onde a Paola, ex-companheira do Maciel, trabalhava meses atrás. O cartaz com sua foto em destaque na entrada facilitou nossa investigação, ela ainda era uma das atrações principais em um show de stripper e erotismo.
Em razão do horário o movimento ainda era fraco, então montamos guarda do outro lado da rua contando com a possibilidade do concierge aparecer. O plano B seria seguir a Paola quando ela saísse, assim, chegaríamos em sua residência e ao seu filho. Segundo algumas conversas obtidas com o Maciel anteriormente, ele costumava pegar o garoto nos fins de semana para dar um passeio no shopping e o devolvia na casa da mãe horas depois.

A Paola chegou como passageira em um veículo e entrou no estacionamento em torno das 22h. Saiu logo depois em companhia de um gordinho grisalho. Os dois adentraram a casa noturna e não demonstraram serem íntimos.

As horas passaram e o concierge não apareceu. Era quase duas da manhã quando a stripper saiu, dessa vez, acompanhada de uma mulher. Entraram no estacionamento e saíram juntas em um Pálio vermelho. Nós as seguimos até pararem defronte uma residência onde a Paola desceu. A mulher seguiu em frente e sumiu de vista. Nós demos por encerrada a noite de campana e fomos para um hotel dormir um pouco.

No dia seguinte, sábado, retornamos à residência e vigiamos desde as nove da manhã. Durante o dia o menino apareceu duas vezes no quintal para olhar a rua, talvez na esperança de ver o pai, deduzi.
Era quase três da tarde quando o mesmo Pálio da noite anterior, com a mesma mulher ao volante, parou defronte à casa. A Paola saiu do interior da residência com o menino e uma senhora, beijou a ambos, saiu caminhando portão afora e retribuiu os beijos jogados pelo filho antes de entrar no veículo. Nem sinal do Maciel, decidi seguir o carro.

Jessie não imaginava que de caçadora poderia virar caça, em razão do Tenório (o Nordestino) também ter chegado em Itajaí no mesmo dia e estava bem próximo a ela. O ex-policial veio seguindo informações obtidas em Campinas sobre o concierge. Visitou prováveis lugares onde poderia estar, segundo suas apurações. Após horas de conversas e interrogatórios em Itajaí, o Tenório não obteve êxito, ninguém o havia visto nos últimos meses. No entanto, conseguiu o endereço do filho do Maciel e da sua ex. Ele faria uma visita à família.


Eram cerca de três da tarde quando o homem rude e frio chegou ao local, e no mesmo instante em que virou à esquerda entrando na rua onde morava a stripper, o Santana da Jessie havia deixado para trás a mesma rua ao virar à esquerda cinquenta metros adiante.
O Nordestino parou defronte à casa e observou o movimento durante cinco minutos antes de descer do carro e tocar a campainha. Foi o menino a primeira pessoa a aparecer, mas ao ver o homem no portão chamou pela avó. O Tenório perguntou para a senhora que surgiu por trás da criança, se poderia falar com o Maciel, tinha um trabalho para ele, mas o colega não atendia suas ligações.
— Ele não mora aqui.
— A senhora sabe como eu posso encontrá-lo? — ou perderá uma vaga ótima.
A resposta da mulher foi negativa, ela ficou incomodada como se não quisesse falar do pai do menino. O ex-policial insistiu pedindo para falar com a filha, mantendo o celular na mão o tempo todo e registrando imagens da avó e neto sem ambos perceberem.
— Ela não está no momento — falou a mulher desconfiada, incomodada e empurrando o menino para dentro. — Desculpe, não sabemos dele.
O Tenório agradeceu a atenção e foi embora. Já sabia onde a Paola trabalhava durante a noite, iria até a casa noturna mais tarde e teria uma conversa com a ex sobre onde estava o pai do seu filho. Com sua arte de persuadir mediante ameaças e violência, o profissional tinha certeza da colaboração da stripper caso ela soubesse. "E será melhor para ela que saiba", pensou com maldade.

Eu e o Pedro seguimos o carro com as duas mulheres até o Balneário Camboriú, elas entraram em um dos melhores motéis da região.
— Será que as duas são namoradas? — quis saber o rapaz.
— Não, elas vão trabalhar; só não sei se em quartos separados ou no mesmo, tipo duas com um cara ou um swing — isso vai demorar umas duas horas e eu estou morrendo de vontade de fazer xixi, melhor irmos embora — concluiu Jessie.
— E eu estou com fome —disse o Pedro.
— De noite a gente volta na casa noturna, precisamos grudar em mãe e filho dia e noite, pois cedo ou tarde o escroto virá até eles — disse ela.

21h40, os dois jovens estavam a meia hora montando campana do lado de fora da casa de shows.
— Me beija! — ela ordenou.
Pedro ficou confuso, mas não perdeu tempo quando a moça tomou a iniciativa colocando sua boca na dele. Ela acariciou seus cabelos, mas com a intenção de manter seu campo de visão na surpresa avistada… O concierge. Seu ex-parceiro apareceu até antes do que ela esperava, o reconheceu ao surgir caminhando pela calçada. "É o cara com certeza", pensou. Apesar da mudança na aparência: escureceu e fez permanente nos cabelos, incluiu bigode e cavanhaque no seu novo visual, mas o tipo físico e as passadas eram as mesmas. Quando passou pelo casal de supostos namorados, Jessie cessou o beijo e murmurou:
— Fica ligado, é ele — e fez um sinal com a cabeça em direção ao cara caminhando à frente.
O casal foi atrás e deu um bote no sujeito, Pedro colou de um lado e ela do outro. O Maciel tentou fugir, mas foi duramente detido pelos dois, Pedro mostrou a pistola empunhada sob a camisa, do outro lado a jovem o abraçou pela cintura com um braço e fez carinho na região do seu ventre com o outro para averiguar se ele estava armado.
— Perdeu baby, não faz bobagem e vem com a gente! — ordenou Jessie.

Continua…

Foto 1 do Conto erotico: Caça ou Caçadora?


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Ficha do conto

Foto Perfil kmilinha
kmilinhaeseudiario

Nome do conto:
Caça ou Caçadora?

Codigo do conto:
213323

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
06/05/2024

Quant.de Votos:
5

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